Eu ficava pensando se o que sentia pela Bruna era passageiro ou não. Me envolvi com outras garotas, namorei, me relacionei várias vezes e até posso afirmar que me apaixonei em algumas delas. Mas o que eu sentia em meu peito quando a imagem daquela baixinha magricela vinha em minha cabeça, eu sabia que era um amor incondicional.

Uma vez eu li um livro que falava bem sobre diferentes tipos de amor: o primeiro amor, o amor puro, o amor de amigo, de família, de irmão, o amor bandido, o amor carnal... São tantas formas de amar que você fica facilmente confuso e perdido. Mas dentre eles tinha um que não estava nessa lista, que é o true love. Não que os outros não sejam amores verdadeiros, mas acredito que na vida você só se apaixonará com todas as suas forças apenas uma vez e será eterno. Desde o momento que entendi isso e quando conheci a Bruna, mesmo depois de quase uma década longe dela, eu afirmo, Bruna é o amor da minha vida.

«»

A água ia caindo na minha cabeça, e com os olhos fechados eu repetia em minha mente aquela cena de meia hora atrás.
Aquele momento que, por dois segundos, meus lábios encostaram nos lábios dela. Eu estava com o maior sorriso do mundo, parecia um adolescente idiota. Quer dizer... eu era um adolescente idiota, um bobo (completamente) apaixonado.

Eu ia para meu quarto e sentava em meu computador. Eram quase oito da noite, meu MSN estava no status de ausente e ela estava online, eu poderia falar que abri um sorriso com isso, mas eu ainda estava sorrindo desde o fim daquela tarde.

– Oi - Chamei com um frio na barriga.
– Oi Rickzinho. - Respondeu instantes depois, quase que automático.
– Wow, ia falar comigo?
– Sim! Vi que o seu status mudou pra online e cliquei, mas você foi mais rápido.
– Ah, o que quer me falar? - O frio na barriga aumentou.
– Nada, apenas conversar. hahaha
– Ah, pensei que ia falar do quase-beijo que lhe roubei.
– Idiota! Você não era assim não.
– Assim como?
– Assim, meio espertinho. KKKKKKK
– Pensei que ia ficar boladona comigo por causa do quase-beijo.
– Não foi um quase-beijo, foi um selinho e ROUBADO!
– Tá, tá... mas achei que ia reclamar.
– Por qual motivo eu reclamaria?
– Ué, se por exemplo aquele garoto de mais cedo que estava dando em cima de você te roubasse, você não reclamaria.
– Claro que sim, mas ele é diferente.
– Diferente como?
– Diferente... não tenho intimidade alguma com ele, contigo é diferente. Levei como uma brincadeira.
– Da próxima vez eu dou logo um beijo então.
– Eii, tá achando que é bagunça? kkkkkkkkkkkkkkkkkkk - Eu ri do comentário dela
– Tá reclamando aí que não foi um quase-beijo e sim só um selinho.
– Mas foi um selinho! E roubado! Seu marginalzinho. kkkkkkkkkkkk
– Idiota! Quando eu beijar de verdade, vai reclamar.
– Vou reclamar mesmo!
– Antes, durante ou depois do beijo?
– IDIOTA!!!!!!!! Não terá beijo.
– Aff, já estava até imaginando a cena.
– Hahahahahahah E como imaginou?
– Uma musiquinha de fundo...
– Gay!
– Deixa eu terminar!
– Tá, termine.
– Uma musiquinha de fundo, a gente abraçado, você olhando para meus olhos verdes...
– Hahahahahaha Lindos por sinal.
– Obrigado.
– Continue!!!!
– Tá muito interessada, hein?!
– Iiiih, só curiosa para saber como sua mente funciona e como você é criativo.
– Sei, Bruna, sei.
– Hahahaha. É sério! Só sei que alguém vai morrer por não me ver a semana inteira. Só sexta e depois disso, só daqui a um mês.
– Tá convencida demais.
– Fazer o que? Você me mima.
– Daqui a pouco vai achar que estou apaixonado por você, afff.
– E não tá? Quem não ficaria apaixonado por mim? Normal isso.
– HAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHA Vou até estudar depois dessa.
– Vai nada, pode ficando aqui!
– Que isso?? saudade?
– Não, tédio mesmo.
– Fica aí sozinha então.
– Paraaaaa, fica aqui!
– Eu não.
– Tá, eu estou com saudades. Fica agora?
– Hmmmmmmmmmm
– Hmmmm o que, senhor Henrique?
– É fofo você falando que está com saudade, mesmo eu sabendo que não está.
– Não estou mesmo.
– Idiota, eu estava te dando moral, e ia até ficar.
– Fique!
– Não, agora eu vou é sair.
– Afff
– Sério. Vou comer e talvez eu volte.
– Tá... Beijo.
– Outro.

Eu realmente fui jantar, mas estava cansado. Se tinha algo que eu aprendi nesses 5 meses, foi criar menos expectativas com tudo. Eu estava mais calmo dessa vez. E depois de jantar o sono veio com tudo e eu nem voltei para o computador. Apenas me deitei e dormi.

«»

Eu estava sentado em frente à doutora Ana Paula e olhava para o teto naquele divã. É uma sensação ruim ter de ficar olhando para o nada e conversar com alguém, mas a doutora falou que assim era melhor, eu poderia me concentrar mais e talvez não teria medo ou vergonha de esconder ou revelar nada.

– E a Bianca? - Ela perguntava com sua voz doce e tranquila.
– Eu ainda sinto falta dela até hoje e acho que sempre sentirei.
– É só saudade que sente?
– Não, me sinto culpado também.
– Pelo que?
– Eu a magoei, e muito... O que me conforta é que ela hoje já namora, e sei que o que ela sente pelo namorado dela é muito maior do que já sentiu por mim.
– Você não acha que o amor da vida dela possa ser você? - Essa pergunta me deixou pensativo por alguns segundos.
– Não... acho que não. Bianca não merece amar alguém como eu.
– Alguém como você? Como você é, Henrique?
– Não sei, ainda tento me entender. Mas acho que é algo que eu nunca vou conseguir.
– Um dia todos nós nos encontramos e nos entendemos, isso é com o tempo, com a maturidade e o aprendizado.
– Espero que seja isso.
– E é! Bianca com certeza aprendeu muito com você. Digo... em relação ao que aconteceu.
– Hahaha Eu pensei besteira, doutora. Desculpa. - Fiquei rindo sem graça e a doutora Ana Paula também soltou uma leve risada.
– Tudo bem. E a Bruna, quando vai me contar sobre o beijo de vocês?
– Esse é o ápice da história, mas para contar isso, tenho que falar das minhas férias de inverno.
– Ótimo! Conte-me tudo.