These Days escrita por Riqui


Capítulo 23
Roubado é mais gostoso?


Notas iniciais do capítulo

Olá amigos leitores. THESE DAYS is back !!!!!



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Aquele fim de semana eu simplesmente fiquei estudando sem parar. O motivo principal era para eu recuperar os pontos perdidos na recuperação, porém eu só me dediquei tanto aos estudos para não pensar na Bianca, eu mantive minha cabeça ocupada o tempo todo. Aproveitei que meu irmão passaria fim de semana na casa de uns amigos e minha mãe tinha trocado o plantão dela no hospital e trabalharia sábado e domingo, e com isso ele nem iria vir pra casa, ficaria na casa de uma amiga que é perto do trabalho dela.

Eu tinha a casa só pra mim. Simplesmente passei dois dias ouvindo a discografia do Oasis, eu sentia que cada música significava alguma coisa.
Meu foco eram nas provas e depois de estudar mais de 8 horas por dia, enfim chegou a segunda-feira.

«»

Eram quase 13h e eu estava no banco, a escola estava bem vazia comparada as semanas anteriores, realmente nem todo ficou de recuperação.
Infelizmente não avisaram recuperações seriam em cada dia, sei que era uma média de 3 provas por dia, isso se você ficou em todas as matérias.

Eu não tinha subido para sala pois a minha turma era a única do colégio inteiro que os dois Ar condicionados não funcionam. Então ficar esperando no pátio perto da árvore era bem melhor. Resolvi me levantar e ia beber água no bebedouro central que tinha no pátio.

Me abaixei para beber água, então percebo alguém ao meu lado, eu olho ainda abaixado. A água tocava sutilmente os lábios dela, ela fazia um biquinho e eu simplesmente sorri com aquela cena. Ela se levantou e me olhou com aquele sorriso de sempre, com as covinhas de sua bochecha ressaltadas como sempre.

– Oi Rick. - Ela me abraçava
– Oi Bruna. - Eu apertava por algum motivo.
– Tá bem? - Ela se afastava um pouco.
– Tô sim e você?
– Bem. Nem sei as matérias que fiquei de recuperação, por isso vim.
– Eu estou em todas, até educação física. Não fiz a prova e tal.
– Puts... Te vejo daqui a pouco então?
– Claro.
– Então até logo! - Ela dava um tchauzinho com as mãos e sorria enquanto ia para o prédio dela.

Eu gostava de estar sempre perto dela, vê-la me fazia me sentir vivo, me fazia bem. Mas eu não queria me preocupar ou pensar nisso naquele momento. Eu apenas fui para a sala. E chegando lá não tinha tanta gente na minha turma. Eramos quase 50 e naquele dia, só tinha 17 alunos e me senti mal por fazer parte desses 17.

A primeira prova do dia era de Português, eu estava com a média 4,5 e fiquei bem chateado com isso, Fred, nosso professor dessa matéria era chato, a aula dele era chata e me deixar por meio ponto era sacanagem, mas okay, abri um leve sorriso assim que peguei a prova, era exatamente igual a que eu tinha em casa.
Fiz a prova em exatamente três minutos, assinei meu nome e me levantei. Quando entreguei a prova para ele, ele ficou olhando com de um jeito como se eu tivesse me ferrado, mas antes de sair, eu parei na porta e olhei para trás, ele estava com uma cara de surpreso olhando minha prova. Eu sabia que tinha gabaritado, eu sabia que minha média com ele aumentaria drasticamente.

Eu desci e esperei quase hora até subir novamente para a próxima prova. Dessa vez era a professora de filosofia, Simone era uma mulher que nunca casou, tinha seus 30 e poucos anos e sempre me olhava de um jeito estranho, eu realmente achava que ela não gostava de mim.

– Você ficou de recuperação, Henrique? - Ela parecia surpresa ao me entregar a prova.
– Sim senhora, fiquei com 3,0 na senhora.
– Relaxa então, a recuperação tá bem facinha. - Ela botou a mão no meu ombro e sorriu.

E realmente estava fácil, lembro que filosofia eu mal estudei, era tudo múltipla escolha e eu só decorei a ordem: C, C, D, A, A, B.
E com isso mais uma prova que eu gabaritava. Dessa vez eu fiquei na sala por quase trinta minutos, não tinha nada para fazer no pátio e onde eu estava sentado, batia um vento forte do ventilador. Estava bem quente neste dia.

Lá em baixo eu fui na cantina comprar algo para comer, estava com fome já. Eram quase três da tarde, eu teria só mais uma prova e iria embora. Como era recuperação, muita gente já tinha ido embora. Comi um salgado e nisso vi Bruna na frente do espelho ajeitando o cabelo. Ela me olhou de longe e fez um sinal que podia ir embora. Eu falei que ia subir pois tinha mais uma prova, então ela parecia indecisa se ia embora ou me esperava. Ela ficou parada por uns cinco segundos pensando até decidir ficar, ela tirou a bolsa dela e botou na mesa e sentou, fez um expressão de estar cansada, eu sorri pois achei fofo.

Então subi novamente para a última prova, era de história. Nessa matéria eu não sabia se estava de recuperação então pedir para ele conferir, ele conferiu e eu estava com 5,5. Pouco acima da média, eu tinha estudado demais para história, e resolvi fazer a recuperação para aumenta a nota e assim o fiz.

Eu demorei quase vinte minutos para fazer, pois ter que justificar resposta é um saco, convenhamos. Mas entreguei e o professor Paulo corrigiu na hora, falou que eu gabaritei, minha média ficaria 9,0. Eu simplesmente sorri com aquilo. Pelos meus cálculos eu tinha 18 pontos nele em dois bimestre, só precisava tirar 2,0 no terceiro que no quarto eu simplesmente poderia faltar todas as aulas.

Enfim a parte chata do dia passou. Eu desci, eram quase 16h. Bruna estava no mesmo lugar onde a vi pela última vez, tinha um garoto sentado na frente dela conversando, e pela primeira eu me incomodei, eu fiquei com ciúmes.
Eu olhei para o garoto enquanto me aproximava devagar, era um moleque do meu prédio, ele estava... ele estava se declarando??

– Sério, você poderia pensar pelo menos? - Ela falava meio tímido.
– Desculpa... - Bruna estava tentando ser educada.
– Mas você disse que não tem namorado né?
– É, não tenho...
– Então, você pode pensar?

Então eu sentei e olhei para ela, Bruna parecia sem graça e não saber o que fazer, olhei para o garoto, e metade dele queria me matar por ter sentado e outra metade ele queria chorar de tão nervoso ele estava. Eu apenas abri um leve sorriso e botei minha mão em cima da mão de Bruna.

– Vamos embora? - Falei ignorando completamente o garoto.
– Vamos... - Bruna respondeu olhando para baixo. - Se cuida viu, tchauzinho. - Ela falava para o garoto, abria um leve sorriso sem graça.
– Tchau... - O garoto levantava e ia na direção do outro banco onde seus amigos estavam sentados.
– Quem é? - Perguntei para ela e sem perceber que ainda segurava sua mão.
– Não sei, ele veio e sentou agora, começou a se declarar, me pediu uma chance e etc.
– Por que não falou que a gente namorava? acabava com isso! - Eu falava sério enquanto caminhava na direção do portão.
– Mas a gente não namora... - Ela me olhou e sorriu.
– Mereço ter que ver esses moleques dando em cima de você! - Olhei na direção do banco e vi os amigos do tal garoto zoando ele, ele me olhava querendo me matar, eu sabia.

Só soltamos nossas mãos depois de cruzamos o portão, minha mão estava começando a soar, eu fiquei nervoso com essa situação de mãos dadas. Sequei na calça e imaginei se poderia segurar suas mãos novamente, chegaram se tocar nossos dedos enquanto caminhávamos mas eu não tive coragem... atitude.

– Como foi nas provas? - Perguntei.
– Fiz só uma, foi matemática, foi fácil eu acho. E você?
– Fiz três, e... acho que fui bem. - Sorri.
– Só tenho outra prova na quinta-feira, então não vou para a escola amanhã e nem quarta. - Ela falava com certa tristeza, acho que ela queria me ver tanto quanto eu gostava de vê-la.
– Parte boa que vou poder me focar só nas provas e não pensar em você. - Falei e ri em seguida, mas fiquei rindo de sem graça, pois não sei o motivo que falei isso.
– Verdade, vai se concentrar direitinho. - Ela ria também.

Andamos mais alguns metros até chegarmos na pracinha, Bruna sentou num banquinho de baixo da árvore, sentei ao seu lado, o batia um vento bem agradável.
A olhei e era uma das melhores cenas que já presenciei, Bruna estava de olhos fechados, com a cabeça um pouco erguida, deixava o vento bater e fazer seus cabelos balançarem, era impressionante como eu gostava de admira-la.

– Você é linda demais. - Falei enquanto a olhava.
– Nossa... obrigada. - Ela ficou sem graça e sorria me olhando.
– Acho que fiquei com ciúmes do garoto lá da escola.
– Ciúmes de que?
– De você oras... ver um garoto dando em cima de ti... sei lá, não gostei.
– Hahaha deixa de bobeira, ninguém vai me roubar de você não.
– Será?
– Sim senhor Henrique, o seu lugar em mim, ninguém tira.

Por alguma razão eu mexi em seu rosto, acariciei perto de sua orelha ajeitando seu cabelo, Bruna me olhava meio assustada com essa situação, eu não me dei conta do que estava fazendo ou acontecendo. Alguns segundos depois eu tirei a mão, ela continuava me olhando fixamente.

– Só vou te ver na quinta? - Perguntei enquanto desviava o olhar
– Pois é. Vê se não morre de saudades. - Ela falava enquanto se levantava.
– Digo o mesmo! - Ficava sentado a olhando.
– Levanta para se despedir!! - Até o agudo da sua voz era relaxante.
– Eu gosto dessa visão. - Eu a olhava em pé com o brilho do sol atrás dela.
– Vai ficar sem abraço então! - Ela se virava e começava a caminhar.

Deu três passos, foi o suficiente para eu me levantar e quase que correr atrás dela, a puxei pelo braço e a abracei como se fosse a última vez que eu a veria em anos. Bruna correspondeu meu abraço da mesma maneira, botou suas mãos nas minhas costas, enquanto meus braços ficavam envolta da sua cintura. Eu sentia seu perfume vindo de seu pescoço, e não minto que deu vontade de beijar e morder aquele pescoço que meus lábios tocavam mesmo que indiretamente.

Ficamos nesse frenesi por alguns segundos que pareceu vários e vários minutos. Diria a vocês que parecia que tudo rodava enquanto eu abraçava. Foi difícil ter que desgrudar meu corpo no dela e ver seu rosto à poucos centímetros do meu. Ela sorria, acho que gostava do meu abraço tanto quanto eu gostava do dela.

Dei um beijo longo em sua bochecha que por um centímetro não tocou seus lábios, pois juro que dava até pra sentir a maciez dos seus lábios, seu hálito, o sabor... foi uma cena que não esqueci.

– Te vejo quinta! - Ela sorriu.
– Uma eternidade... mas até lá. - Falei enquanto a soltava.
– Até... - Ela dava um passo para trás, o suficiente para eu dar dois passos para frente e lhe dar um selinho roubado.
– Ei! - Bruna se assustou e riu em seguida.
– Desculpa! - Falei rindo enquanto me afastava, rimos da situação e nos despedimos ali.

Meu coração estava disparado, eu atravessei a rua e olhei para trás e via Bruna já longe. Eu me perguntei novamente o motivo de não tê-la beijado, eu realmente não sabia. Mas sabia que não queria que nosso primeiro beijo não fosse assim, não fosse roubado.
Eu sabia que meu coração era complemente dela desde o primeiro segundo que a vi cruzar o pátio da escola, desde o primeiro sorriso, do primeiro "oi", do primeiro abraço, e sentia meu coração apertar toda vez que nos despedíamos.
Eu estava totalmente, incondicionalmente e perdidamente apaixonado pela Bruna.


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