Estávamos todos nós, quinze para ser mais direto, a mesa do café, tomando algo que parecia mingau, porem tinha um gosto horrível, parecido com ferro.

Eu, Marcelo, Pedro, Jorge, Gui, Bianca, Leo, Carmen e a lindíssima Ana Beatriz, formávamos o nosso grupo contra os outros, Luan se achava o fodão, Kevin só porque era o mais velho pensava que tinha o direito de bater na gente, Luiza namorada do Kevin, desprezava-nos, e Allan que era o mais inteligente, e não estava em nenhum grupo.

Ah e é claro a doce tia Lucy, e a maléfica tia Keila.

A Bagunça dos órfãos fazia com que minha cabeça doesse mais quando tentava me concentrar no meu sonho.

Tia Keila olhava nos nossos rostos com desprezo como se quisesse nos matar ou algo do tipo.

Esse era só mais um dia comum no orfanato, comum até o ponto que eu ainda não tinha brigado e apanhado, ainda.

Era acabada agora a hora do café da manhã tia Keila dava o seu sermão de sempre.

– Pestinhas, briguem a vontade, mas não vão se arrebentar tanto ao ponto de que tenha que leva-los ao hospital, até porque não quero explicar aos juízes nem aos médicos o porquê de estarem arrebentados.

Estávamos eu e o resto da turma para fora do orfanato.

Estava jurado de morte porque, “sem querer” dei um soco em Kevin por estar mexendo com a Aninha.

Todos já formavam um circulo entre mim e Kevin, havia gritos de briga.

Kevin é mais alto e forte que eu, mas mesmo assim conseguia dar algumas batidas nele.

– É agora que você morre garoto. - Disse Kevin

Então ele começou a vir com toda a sua velocidade e deu seu melhor soco em minha cara. Senti-me um pouco tonto, e percebi que estava saindo sangue de minha boca, limpei-a passando a costa da minha mão.

É claro que aquilo tinha doido, mas fingi que não.

–É só isso que tem pra mim? – Provoquei-o

–É claro que não.

Lembro de uma vez que meu pai disse que entrar em brigas era algo que só um idiota fazia e que se fosse possível era para eu evitar e que se mesmo assim eu entrasse em uma briga o melhor era eu ter uma boa defesa, estudar o inimigo, e esquivar de seus golpes.

Um bom conselho.

Kevin avançou de novo com os punhos fechados, os olhos cerrados em meu rosto e os pés firmes no chão, como rochas.

Começou a vir um passo atrás do outro, rápidos e sua mão agora esticada perto ao meu rosto.

Desvio meu tronco para o lado direito, sinto o vento de sua força gelar o meu nariz, mas sua mão passa direto por mim e acerta em cheio a cara de Luan.

O nariz de Luan que era algo como uma coxinha se transforma em uma coxinha amassada e com catchup.

–Você errou o alvo idiota. –Gritou Luan com olhos de agua e o nariz quebrado.

Apesar de se achar valentão Luan nunca entrava em uma briga, porque, como ele dizia “não queria estragar sua beleza em futilidades como briga”, por isso sempre mandava alguém no lugar dele.

–Você vai se arrepender Kevin! Escutou? Se arrepender.

E assim saiu Luan com a mão no nariz e com os olhos cheios de lagrima em rumo à enfermaria.

Kevin agora estava balançando a mão que batera em Luan como se sentisse dor, após uns momentos assim, parou e olhou para mim.

Veio em minha direção me agarrou pela camisa e me levantou.

– Agora você não escapa.

Ele estava certo, não tinha mais como eu me esquivar, só se algum milagre acontecesse.

– Quem foi que quebrou o Nariz do Luan

A Tia Keila apareceu ninguém sabe de onde, a roda se dispersou rapidamente, todos tinham medo dela, não os julgo, mas era só falar que o Kevin tinha batido nele.

Ela viu a situação em que eu estava com o Kevin.

–Bom já que ninguém falou, os dois para a sala dos castigos já.

Kevin deu mais uma encarada que perfurou todos os meus medos.

Mas não havia nada que eu sentia mais medo do que a sala dos castigos