Soluço, o líder de Berk: A guerra pela paz escrita por Temperana


Capítulo 31
Revelações


Notas iniciais do capítulo

Oii!!
Acho que esse é o capítulo que todos estavam esperando. Os meus leitores curiosos... Estou acabando com o suspense amores... Obrigada pelos reviews queridos, eu simplesmente os amo...
Até as notas finais...



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Acho que como você deve ter percebido que eu não morri, já que eu quem estou narrando essa história. Mas também não foi por falta de esforço (como meu pai me disse uma vez). Na verdade eu quase morri mesmo (segundo a minha mãe e a Astrid).

Como eu disse, eu não me lembrava de nada do que aconteceu depois que eu apaguei até eu acordar. Mas a Astrid e minha mãe fizeram-me o favor de contar-me tudo depois. Foi mais ou menos assim que elas contaram para mim:

Quando eu desmaiei e caí em cima do Banguela, a Astrid se jogou em cima de mim (e consequentemente em cima do Banguela, mas acho que ele não se importou com isso). Ela começou a me balançar para que eu acordasse.

–Por favor, não faz isso comigo... Soluço! – ela dizia (ou melhor, meio que gritava) para mim chorando. Só de pensar, até hoje fico com pena da Astrid... Eu também sofreria se tivesse em seu lugar.

Minha mãe chegou e me viu caído em cima do Banguela. Ela entrou em desespero como todas as mães entrariam caso visse seu filho ferido e desmaiado. O Banguela já estava desesperado e como havia “gritado” minha mãe escutou e veio até nós.

A Astrid e mamãe tiraram-me de cima do Banguela e levaram-me para o Pula Nuvem. A Astrid foi até o Banguela. Ele já estava com a cauda automática e ele ficava mais nervoso ainda, já que o piloto dele (no caso eu) estava morrendo (pelo menos para a maioria do pessoal).

–Fique calmo Banguela – Astrid disse-lhe calmamente (bom, ela tentou). – Ele é o Soluço, ele sempre dá um jeito – ela fez um carinho nele e ele apenas assentiu. Na maioria das vezes eu dou o meu jeito mesmo...

Todos nós (inclusive Eric, não se esqueça dele, ele também não estava nada bem) fomos para a minha casa. Os outros vikings que estavam na vila ainda olhavam preocupados para o seu líder desacordado.

Quando nós chegamos em casa, eles (não se esqueça daquele dragão ciumento chamado Banguela) levaram-me para o meu quarto e Eric subiu e sentou-se em uma cadeira ao lado da minha cama.

Quando tiraram a parte de cima da minha armadura, deixando-me só com a blusa verde que eu usava em baixo dela, viram que não eram só os dois ferimentos no braço direito, ele era apenas o mais profundo e o qual a dor mais se destacou. Havia um corte no ombro direito, um corte na barriga (no lado direito) e um corte na mão direita (será que eu abri a guarda demais no meu lado direito? Bom, acho que não, eu só desviava para que ele machucasse o lado direito mesmo, para que o lado esquerdo estivesse em perfeitas condições). Além disso, o curativo no corte do meu supercilio havia saído. É eu estava muito mal...

–Astrid, vá buscar a anciã, por favor. Eu vou ficar aqui e cuidar dos ferimentos do Eric e do Soluço – minha mãe falou.

Astrid olhou para mim por um segundo. Na verdade ela não queria deixar-me ali. Ela não podia deixar-me ali.

–Vá Astrid, não se preocupe, eu vou cuidar dele – minha mãe disse gentilmente.

–Tudo bem Valka – ela concordou, embora não quisesse ir realmente. Ela saiu e foi em busca da anciã, que provavelmente estaria em sua casa.

Minha mãe limpou os ferimentos de Eric e fez os curativos nele. Depois ela cuidou carinhosamente dos meus ferimentos. Eric desceu seguido da minha mãe. Banguela ficou do meu lado com a cabeça encostada na cama e posicionou sua cabeça embaixo da minha mão. Ele estava muito preocupado comigo, como eu ficaria preocupado com ele.

A anciã finalmente chegou e todos a acompanharam até mim. Sorte que a minha mãe sabia interpretar os seus desenhos também, assim como, estranhamente, Eric sabia. Um dia minha mãe ensinou-me a interpretar seus desenhos, mas isso foi um bom tempo depois. A anciã então disse:

O nosso líder viverá por muito tempo, ele é muito forte. Ele verá a sua causa expandir. Tudo ficará mais do que bem, por muito tempo com todos nós de Berk.

Todos no quarto (com exceção de mim, é claro) suspiraram aliviados.

A anciã disse que poderia voltar sozinha para sua casa e que ninguém precisava se incomodar, mesmo minha mãe insistindo em acompanha-la.

Então os quatro começaram a esperar eu acordar.

Quando eu finalmente acordei, olhei de um lado para o outro e vi que estava no meu quarto. Vi o Banguela animar-se todo quando me viu acordando e sorrir sem os seus dentes. Ele deu uma suave lambida na minha mão.

–Também é ótimo ver você amigão – eu disse carinhosamente.

Olhei para o outro lado e vi a Astrid. Ela estava sorrindo e chorando ao mesmo tempo. Ela estava sentada em uma cadeira do outro lado da minha cama. Ela pegou minha outra mão e a beijou.

–Logo quando eu pensei que ia livrar-me de você? – ela disse. Porém a seriedade de suas palavras foi embora com as suas lágrimas.

–Acho que vai ter que me aturar mais um tempinho Astrid – eu disse finalmente me sentando. Ela então se inclinou e deu-me um beijo. Como era bom sentir seus lábios e saber que não haveria guerras por muito tempo. Como era bom saber que nós iríamos nos casar em breve. Como era bom ter a Astrid ali comigo. Como tudo era bom...

–Só não te dei um soco por você ter me dado um susto, porque você já não está nada bem – ela disse. Eu ri. – Ah, e segundo a anciã, você vai viver por muito tempo ainda. Fazer o que? Vou fazer esse esforço para suportá-lo até lá.

–Hum, a anciã? – eu perguntei. Verifiquei se a minha outra perna ainda estava lá. – Pelo menos não perdi a outra – eu murmurei.

–A anciã sim, vou te contar tudo o que aconteceu nesse tempo que você ficou desacordado – e foi aqui que ela contou-me tudo. Minha mãe chegou depois e sorriu para mim e ajudou a continuar a história.

–Bom, digamos que eu gostei dessa profecia – eu disse quando elas terminaram. – Obrigado por tudo meninas. E o Eric, como está?

–Ah, ele está ótimo, está lá embaixo – minha mãe respondeu e finalmente abraçou-me.

–Quando vai ser a cerimônia? – perguntei referindo-me a cerimônia para os mortos na guerra.

–Mais tarde – minha mãe respondeu. – Se você não estiver sentindo-se bem, não precisa...

–Não, eu estou ótimo – eu a interrompi. Elas cruzaram os braços e olharam-me de um jeito que dizia você vai mesmo dizer isso na nossa cara? – Eu estou bem o suficiente – eu concertei. – mas eu preciso ir, preciso fazer isso, vocês entendem?

–Nós não vamos conseguir fazer você mudar de ideia mesmo – Astrid deu de ombros. Eu sorri.

–Obrigado.

O Eric apareceu na porta.

–Ah, oi Soluço. Que bom que você acordou e está bem – ele disse-me.

–E que bom que você também está bem Eric. Eu fiquei preocupado contigo. Afinal nós íamos te socorrer e acabamos tendo que me socorrer.

–Eu também fiquei preocupado com você. Mas eu... Precisava falar contigo... A sós – Astrid e minha mãe deram um pulo.

–Ah claro, pode deixar que nós estamos indo e... – Astrid começou a falar rapidamente.

–Preciso te mostrar uma coisa Astrid, vem comigo – minha mãe falou. Eu ri das duas tentando disfarçar...

–O Banguela pode ficar? – eu perguntei apontando para ele, depois que elas saíram.

–Ah claro – ele disse.

Banguela ficou feliz por poder ficar. Ele colocou sua cabeça em meu colo e eu comecei a acaricia-lo. Eric sentou na cadeira ao meu lado.

Então ele manteve-se em um silêncio de mais ou menos cinco minutos. Ele deu um longo suspiro.

–Estava procurando uma maneira de começar – ele finalmente começou a falar. – Sabe Soluço, eu já havia lhe dito que, quando toda essa guerra acabasse, eu lhe contaria tudo, lhe explicaria tudo – eu balancei a cabeça concordando. – E acho que essa hora finalmente chegou. Eu sinceramente queria ter me revelado no nosso primeiro encontro, ter te abraçado e falado toda a verdade. Mas por tudo que eu havia visto, observado, por tudo que essa guerra prometia, eu sabia que o melhor era me manter no anonimato. Depois eu decidi lhe dizer que me chamava Eric. Mas eu não me chamo Eric.

–Digo que não estou surpreso – eu falei.

A voz dele. A voz dele estava como no nosso primeiro encontro... Estava parecida com a grave voz do meu pai. Eu já estava me sentido incomodado com isso.

–Bom – ele continuou. – Eu sei que você é esperto, me orgulho disso. Acho que você já percebeu quem eu sou de verdade, não é mesmo Soluço? Desculpa. Desculpe-me, por favor. Eu não podia arriscar que usassem isso contra você, não podia arriscar seu plano. Eu tinha razão quando dizia que você era o orgulho de Berk. Tinha razão quando dizia que você seria um ótimo líder. E você é. Você não é só o orgulho de Berk, é o meu orgulho filho – eu comecei a chorar aqui. O Banguela saiu do meu colo. Eu não conseguia acreditar no que estava ouvindo. – Você conseguiu ganhar uma guerra. Conseguiu reerguer-se. Conseguiu ser um bom líder sem a minha ajuda. Eu peço desculpa por não ter estado aqui para te ajudar. Mas você fez um ótimo trabalho.

Ele então tirou a capa que tampava o seu rosto, a sua barba e seu cabelo. Cabelos ruivos, barba ruiva. As minhas suspeitas se comprovaram afinal.

–Pai? É vo-cê? – eu balbuciei no meio de lágrimas. – É você mesmo?

–Sim meu filho, sou eu. Stoico, o imenso – ele disse e abraçou-me. E então começou a chorar também. Foi a primeira vez que o vi chorar em toda a minha vida.

O que eu senti nesse abraço? Tudo. Tudo se foi. Tudo que eu sofri. Alívio, felicidade. Tudo. Ele estava ali. Meu pai estava ali. Ele estava vivo. Ele me protegeu todo aquele tempo. Ele estava bem. Eu não conseguia acreditar, apenas chorava e chorava.

–Desculpa Soluço – ele dizia, alisando os meus cabelos.

–Não há por que se desculpar pai. Você fez o certo, eles tentariam algo contra você – eu soltei-me de seu abraço (que foi carinhoso, por sinal). – Mas eu não entendo. O Banguela... – e foi aí que eu lembrei-me.

O Banguela! Eu virei-me rapidamente para ele. Ele olhava para baixo. Voltei a olhar para o meu pai e ele sorriu dizendo que estava tudo bem. Ele também sabia que a culpa não era do meu dragão. Fui até o Banguela (ignorando a dorzinha que teimava em aparecer no meu braço direito e nas outras partes do meu corpo). Ajoelhei-me em sua frente.

–Eu já lhe disse que a culpa não foi sua amigão. Ei, está tudo bem agora – eu o abracei. – Não há com o que se preocupar. Meu pai está vivo! Até ele sabe que você não fez nada. Você nunca faria nada contra ele. Você estava sendo controlado. Você não era você. Agora vem! – eu o chamei.

Ele relutou um pouco, mas acompanhou-me até o meu pai. Quando o Banguela chegou perto dele, baixou os seus olhos. Ele ainda se sentia culpado pela morte do meu pai. Mas acontece que ele não havia morrido...

–Não foi culpa sua Banguela – meu pai falou. – Hey – ele chamou. O Banguela o olhou com os olhos dilatados. - Está tudo bem comigo não está? Você é um ótimo dragão, um dos melhores e dos mais fiéis que já conheci. Aliás, isso elevou minha autoestima, afinal sobrevivi ao tiro de um Fúria da Noite. – o Banguela sorriu junto com o meu pai e ronronou. Ele deu a sua habitual lambida nele. Eu ri – Banguela! – ele exclamou. – isso nunca mais vai sair. – Banguela o empurrou, pedindo carinho, que foi recebido.

–Sai com água quente – eu falei. – Depois de um tempão pesquisando, já que ele faz isso toda hora em mim – eu falei olhando para o Banguela, que riu da minha cara. – Eu descobri como tirar isso.

–Essa carinha do Banguela nunca, nunca faria mal a ninguém.

–Eu concordo. – o Banguela veio me pedir carinho, que eu dei. Ele sempre conseguia o que queria com aqueles olhos. – Só... Como você sobreviveu?

–Eu fui atingido pelo Banguela sim. Porém o tiro pegou apenas no meu pé direito – ele mostrou-me uma área enfaixada em sua perna direita. – O ferimento me fez desmaiar, pois foi muito profundo. A potência do tiro deles é elevada e me fez desmaiar de uma maneira que meus batimentos cardíacos ficaram inaudíveis. E aí todos pensaram que eu havia morrido, e realmente parecia.

–E quanto ao barco? Bom, nós fizemos a cerimônia viking, com as flechas de fogo...

–Bom, o Bocão não percebeu que me cobriu com um tecido a prova de fogo. Era um dos que ele encontrou num dos barcos do Drago que havia ficado. E era a prova de fogo e isso me salvou também.

–UAU! Eu... Eu estou espantado e muito, muito feliz. Você não faz ideia do quanto eu chorei e de como o meu coração está pulando de alegria agora – então eu entristeci. – Como eu queria que o Bocão estivesse aqui também... Ele sofreu tanto... Você era um irmão para ele. Ele estaria pulando de alegria por aí, gritando aos quatro ventos que seu irmão estava vivo.

–Você não sabe como eu estou me sentindo Soluço. Nem pude despedir-me dele... – houve um silêncio triste.

–Vamos falar com a mamãe? Ela vai ficar tão feliz – eu falei mudando o assunto, já que estávamos quase chorando de novo.

–Ah claro! – seus olhos iluminaram-se. O amor deles era infinito...

Eu e o Banguela descemos na frente. Astrid e minha mãe estavam sentadas no sofá e quando me viram levantaram-se. Eu sorri.

–Acho que a família está completa agora – eu falei. Elas olharam-me de forma indagadora. Então meu pai terminou de descer as escadas e olhou para a minha mãe. A Astrid levou as mãos à boca.

–Stoico – minha mãe sussurrou, como os olhos cheios de lágrimas.

–Valka – ele sorriu.

–Stoico – ela repetiu. Ela sorriu e correu, abraçando meu pai. – Querido...

–Meu amor...

Sim, eu já estava chorando. Sim, a Astrid também estava chorando e me abraçando. Ah, mas diga-me se você não estaria chorando também? Foi uma das cenas mais lindas que eu já vi na minha vida. Foi uma das maiores demonstrações do amor. Do amor eterno.

Meu pai e minha mãe juntaram-se ao nosso abraço (meu e da Astrid), tornando-o coletivo.

–Agora nossa família está completa – eu repeti, e não pude deixar de sorrir.


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Notas finais do capítulo

Pois é amores eu chorei muuito nesse também. Chorei em todos os capítulos finais, porque são os mais emocionantes para mim... Gostaram?? Espero que sim..
Obrigada por tudo... Está chegando o final. Só mais três capítulos e o epílogo. Já estou com saudades...
Até o próximo capítulo... Temp