Soluço, o líder de Berk: A guerra pela paz escrita por Temperana


Capítulo 32
Flechas & Decisões


Notas iniciais do capítulo

Oiii!!!
Animados?? Já está chegando o fim dessa fanfic... Muitas coisas nesses capítulos finais... Muito obrigada, especialmente nos últimos capítulos, pelos reviews, foram incríveis,animadores e encantadores. Obrigada...
Vamos a mais um??? Por favor leiam as notas finais....



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Infelizmente aquele ambiente de felicidade, com a família reunida novamente, durou pouco naquele mesmo dia. Ainda faltavam as flechas. Flechas e um pouco de mais dor.

Como você sabe as cerimônias vikings para a partida dos mortos, consistem em coloca-los em um barco e queimá-los com as flechas. Se você não sabe, o barco queima tão rapidamente (pelo menos nas cerimônias nas vilas vikings) porque jogamos um líquido que é altamente inflamável (liquido esse que descobrimos a muito tempo, antes mesmo de eu ter nascido). Se você não o tiver na ocasião, é necessário mais flechas (como foi no caso do meu pai que na verdade não havia morrido e... Deixa para lá).

Acho que você não faz ideia de quão grande é a dor de atirar uma flecha flamejante em quem você ama. E é muito pior ser o primeiro a atirá-la, como era o meu caso.

Quando finalmente chegou a hora da cerimônia, eu peguei o que restou das minhas flechas na aljava e o meu arco, assim como os outros pilotos deveriam fazer. Eu simplesmente não queria ir para a cerimônia, não queria falar elogiando os guerreiros, eu não queria atirar a primeira flecha nos barcos, eu não queria elogiar o Bocão e chorar com isso depois, eu não queria ver o sofrimento de Cabeça Quente e Cabeça Dura pela perda dos pais, eu não queria ver a dor dos meus outros amigos... Mas eu fiz tudo isso...

Nós cinco nos dirigimos para o porto onde seria a cerimônia (sim, cinco. Como eu já disse o Banguela era sentimental demais e não gostava de ser excluído). No porto era onde estavam posicionados os três barcos com os vikings (Berkianos e Beserkers).

Íamos andando pela vila. Algumas casas estavam queimadas e outras com o telhado quebrado (e outras com os dois problemas). Ainda havia produtos da guerra na vila. E também no coração de todos... Porque grandes pessoas caíram e outras se levantaram.

Além do Bocão e de Senhora Thorson e Senhor Thorson, também se foram (das pessoas mais próximas a mim): o avô de Perna de Peixe (ele sempre insistia em lutar conosco e nem parecia que tinha 70 anos, era forte e bravo, foi atingido pelas costas enquanto lutava com outro inimigo) e Estrume (o fiel companheiro de Baldão. Era uma grande pessoa, sempre disposto a ajudar, mesmo quando o Baldão fazia perguntas sem sentido. Ele foi atingido por uma pedra dos inimigos, pedra essa que tinha a marca dos ex-Incontroláveis. Que original...) além de muitos outros guerreiros em Berk e na Tribo Beserker. Os dragões todos ficaram bem, apenas alguns gronckels ficaram feridos gravemente, mas ficaram bem depois.

Perdas, perdas, perdas...

Enquanto caminhava, eu pensava.

–Acho que eu estou em um impasse pai – eu falei de repente enquanto estávamos quase chegando. – É que eu acho que você ainda é o líder da Tribo. Você não renunciou de verdade, eu assumi porque pensávamos que você havia morrido, mas você está aqui, vivo. E quem faz a cerimônia é o líder.

–E eu acho que ninguém iria querer que você saísse da liderança agora e nem eu quero, se você quer saber. Todo mundo considera você um ótimo líder. Você deve continuar tudo deve continuar a ser o que era. E, além disso, eu já estava querendo me aposentar antes mesmo.

–É. Eu lembro quando você me empurrava isso.

–Ah, acho que agora você sabe o que pode fazer. É um líder melhor do que eu era na sua idade, acredite. Afinal, você mudou Berk com 15 anos e venceu guerras... Você é tudo que Berk precisa filho.

Eu contentei-me em acenar com a cabeça em concordância. Enfim chegamos ao porto. Os barcos já estavam todos prontos. Os pilotos estavam enfileirados com suas flechas e arcos.

Como é tradição, eu acendi o fogo, formando uma brasa no chão. Os pilotos um a um acenderam suas flechas e esperaram por minhas palavras. Já era a segunda coisa que eu não queria fazer naquele dia, mas fiz.

–Cada um aqui deu o melhor de si nesta guerra. Os vikings sempre dão o melhor de si em tudo, disso ninguém tem dúvidas. Mas esses vikings que agora partem para Valhala deram tudo. Deram a própria vida por uma causa nobre. Pela causa de todos nós. Que todos se lembrem com honra e glória de nossos guerreiros, de nossos parentes, de nossos amigos. Que eles possam levar a marca da bravura e dignidade com eles. Porque grandes Berkianos caíram, mas se levantarão com a nossa paz.

E com essas palavras, eu acendi a minha flecha e atirei no primeiro barco, seguido pelos outros pilotos que atiraram nos outros dois. Os barcos queimaram rapidamente, mostrando que haviam usado o líquido naquele dia. Não darei detalhes de como estavam divididas as pessoas nos barcos (quem estava em qual). Isso me causa dor até hoje.

–Sabe Bocão – eu continuei a falar. Mas uma coisa que não queria fazer. – Você sempre foi meu conselheiro, amigo, tudo. Sempre tentava me ajudar, mesmo sendo de uma maneira que nem sempre ajudava – Sua sinceridade é comovente, eu lembrei. – Você me ensinou muita coisa, desde a trabalhar na ferraria a como sobreviver aos meus problemas na vida. Saiba que tem um lugarzinho no meu coração que é só seu, do meu eterno amigo. Ainda sou uma espinha de peixe falante, eu acho. Mas você me encorajou a ser o melhor, assim como o meu pai. Você era o meu segundo pai. E fico feliz que você tenha visto que eu tentei melhorar.

A essa altura, todos já haviam notado meu pai ao meu lado o tempo todo. Ninguém falou nada, mas também devem ter levado um susto. Mas em todo caso eu convoquei uma reunião mais tarde para esclarecer tudo.

–Você fez uma cerimônia para mim, meu irmão – meu pai começou o seu discurso. Ele falou pouco, mas tocou profundamente. Obviamente eu já havia derramado as minhas lágrimas até ali. - Mas eu acabei sobrevivendo. E agora eu lhe digo tudo que você era e continuará sendo, da mesma forma que você falou de mim uma vez. Continuará sendo um doido, amigo, guerreiro, irmão. Sempre esteve ao meu lado dando conselhos quando eu não entendia meu filho. E é por isso que você sempre será lembrado por mim...

Depois dos barcos perderem-se de vista, foi terminada a cerimônia. Os vikings saíam com a tristeza no ar frio de Berk. Pois o inverno havia chegado de vez. Pouco a pouco todos iam embora.

Eu fico olhando para onde os barcos estariam. E tento aceitar que ele se foi. Meu pai coloca a mão no meu ombro. Ele olha-me e entendo que ele quer dizer que deveríamos ir. Eu apenas aceno a cabeça em concordância.

–Precisamos superar isso tudo - ele diz calmamente.

–Ele sabe que vou – referia-me a Bocão, obviamente.

Passam-se quase duas semanas

A dor da perda vai sendo escondida. Os vikings nunca querem aparentar sofrimento ou tristeza para os outros. Mas em casa derrubam suas lágrimas.

Não, eu não derramei mais nenhuma lágrima por ele. Aos poucos fomos conversando sobre outros assuntos. E os que se foram apenas se tornaram as lembranças. As boas lembranças que nunca se apagam e sempre retornam.

Nessas duas semanas a vila foi reconstruída (uma vila antiga com casas novinhas em folha). Tudo voltara ao normal. Tudo precisava voltar ao normal. E aos poucos a alegria viking natural foi retornando para suas faces.

Acho que seria relevante dizer onde Nevasca foi parar, não é mesmo? Ele foi levado para a Ilha do Santuário, era o melhor lugar para ele. Alguns dragões simplesmente gostavam de lá e também apareciam dragões feridos e Nevasca podia cuidar deles e vigia-los. E a minha mãe não precisaria ir lá tantas vezes. O Nevasca gostou da ideia e ao me despedir dele prometi que iria visita-lo sempre que pudesse. E realmente cumpri a minha promessa.

Os Beserkers voltaram para a Ilha dos Exilados (Ilha Incontrolável) que se tornou a Ilha Beserker (essa ilha já mudou de nome muitas vezes, não acha? Que confuso...). Nossas tribos formaram uma aliança. Uma aliança de paz, um em relação ao outro, e a promessa de ajuda um ao outro caso enfrentássemos futuramente mais uma ameaça como essa.

E chegara finalmente à noite da reunião com os representantes dos clãs. Minha mãe voltou duas noites antes e também acompanhou a reunião. Resolveríamos as situações pendentes. E sim, isso incluía meu pai e a liderança de Berk, afinal adiamos aquilo por duas semanas.

Eu decidi que precisava desocupar a minha cabeça antes daquela reunião. Apenas pensar em outra coisa por algumas horinhas. Isso exigia uma única alternativa: voar! E foi exatamente isso que eu e o Banguela fizemos. Voamos sem rumo pelo céu, apenas indo aonde bem entendíamos. Ninguém ficou mais alegre que o Banguela por voar comigo sem um lugar para ir. Ser livre...

Nós voltamos para Berk e aterrissamos no Grande Salão alguns minutos depois da reunião ter começado. Adianto que não foi um Grande Encontro de Todos, porque não houve nenhuma discursão a ser feita.

Nós entramos. Todos já haviam chegado inclusive meu pai, que já estava no final do seu relado de como havia se salvado mais ou menos dois anos antes. Todos olhavam para ele espantados e admirados, era Stoico, o Imenso que havia ressurgido.

Fui até ele quando já havia terminado sua história de sobrevivência e avistei a mesa dos pilotos e minha mãe sentada com eles. O Banguela foi até ela. Ela me mandou um sorriso de força que eu respondi com outro.

–Bom – meu pai começou a dizer. – Estamos aqui, quero dizer, eu estou aqui para falar sobre a liderança de Berk. Adianto a vocês que gostaria muito que o Soluço continuasse como o nosso líder. Eu acompanhei o máximo que pude nesse tempo que estava recuperando-me. E sinceramente, confesso que fiquei impressionado com o meu filho – ele finalmente olhou para mim e sorriu. Eu senti todo o carinho desse sorriso. – Um líder protege os seus e ele faz mais do que isso. Ele cuidou de Berk como se fosse a sua própria vida. Ele luta por toda a Terra, por todos os dragões e por todos nós. E eu também já estava querendo me aposentar antes de tudo isso acontecer. E tenho certeza que não haverá herdeiro e melhor homem para ser o meu sucessor do que ele. Isso eu garanto.

Eu sorri em agradecimento e ele deu batidinhas em meu ombro. Um dos vikings (que eu não me lembro do nome, desculpe, mas às vezes minhas memórias falham) então falou.

–Sem querer ofendê-lo ou diminui-lo Stoico, mas preferia, e acho que a maioria de nós concorda comigo, que o Soluço continuasse na liderança. Desde que ele nos mostrou que podemos confiar nos dragões, treinar os dragões e conviver com os dragões, nós também confiamos nele. E eu sei Stoico, que você vai auxilia-lo se ele tiver dúvidas. Mas por si só ele é capaz de liderar o mundo – houve concordância por toda a Grande Sala. Eu fiquei sem palavras, estava lisonjeado pelas palavras dele.

–Eu acho que isso está resolvido então – meu pai fala batendo na mesa e vejo o sorriso feliz em seu rosto. Ele abre espaço para que eu fale. Recupero-me e começo.

–Obrigado por confiarem em mim, por acreditarem em mim. Obrigado por me darem forças direta e indiretamente para continuar. Vocês são a razão de tudo, de todo os nossos esforços. Saiba que continuarei lutando por nós. Muito obrigado Berkianos.

Meu pai acenou concordando comigo.

–Bom pessoal – eu falei, mudando um pouco de assunto. – O inverno está chegando, ou melhor, já chegou. E com ele vem o Snoggeltog – isso fez todos se animarem.

O Snoggeltog é simplesmente a maior festa do ano para nós vikings. É verdade que ela acontece nos dias mais frios do ano, mas com os dragões conosco cada ano fica melhor. Como os dragões chocam seus filhotes nessa mesma época (o que é uma grande alegria, ter lindos dragãozinhos voando por aí), nós construímos (três anos depois da primeira experiência não muito bem sucedida em que todos os dragões partiram para chocar os seus ovos em outra ilha e nem sabia dizer por que haviam ido embora) ninhos para esse acontecimento, e desde quando o inauguramos, todo ano dá mais do que certo as festividades.

Além disso, nos reunimos no Grande Salão (onde é bem mais quentinho) e cantamos velhas cantigas e contamos antigas histórias, além de trocarmos presentes uns com os outros. É decididamente a melhor época do ano para os Berkianos.

–Como vocês sabem – eu continuei a falar. – Daqui a três semanas já é o Snoggeltog e a chegado do inverno rigoroso. Então, os grupos de pesca devem trabalhar muito nessas próximas duas semanas para terminar de nos abastecer para o inverno. Utilizem os dragões para ajudar também, eles são ótimos pescadores. Além disso, os agricultores devem guardar os animais nos abrigos e os alimentos aqui no Grande Salão onde é mais quente e é melhor para o seu armazenamento. Na semana da festa tudo deve estar pronto para que possamos enfeitar a vila como sempre enfeitamos e sermos contagiados pela alegria da ocasião. Além disso, como todos sabem no primeiro dia de Snoggeltog será realizado o casamento da Cabeça Quente e do Melequento – apontei para eles na mesa dos pilotos. Houve exclamações de alegria e felicitações aos dois. – Então já iremos preparar tudo para a festa deles também. Bem pessoal, eu acho que isso é tudo. Já estão livres de mim – eles riram. – Até mais.

O que eu não esperava era que eles batessem palmas para mim. Todos bateram palmas para mim e eu fiquei sem reação. Afinal eu só havia dado avisos, dito o que havia de ser dito. E agradecido. Mesmo assim eles bateram palmas. Eu agradeço a eles. Como é bom saber que confiam em você.

Meu pai então vem até mim e me abraça.

–Você é o orgulho de Berk filho – ele sussurrou.

–Obrigado por estar aqui comigo pai – eu digo-lhe.

–Eu sempre estarei ao seu lado. Não importa como.


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Notas finais do capítulo

Oiii de novo rsrsrs
Gostaram???
Então, fiquei muito feliz e lisonjeada pelo comentário da Queen of Games. Ela perguntou-me sobre uma Segunda Temporada... Então... Eu ainda não comecei a escrever, porém a fanfic meio que precisa sim de uma continuação... Mas isso vocês verão depois e então eu falarei sobre isso com calma nas notas finais (finais mesmo, o último capítulo que será só eu falando rsrsrs).
Obrigada Queen of Games!!
Até o próximo capítulo pessoal!!
Beijos, Temp