Devaneios escrita por Leona Landucci


Capítulo 2
Dia 4 - Parte 1




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– Depois que você entrou pra essa faculdade com esses amiguinhos novos você esqueceu de mim.

Os dois estavam na praça, e a conversa que estava tensa, só tendia a piorar.

– Fernando, o que você tá dizendo ? Por que eu te abandonei ? Por que não nos falamos a cada minuto do dia ? Não é como se eu ainda trabalhasse na loja, não sei se você percebeu.

Ela já estava impaciente. Praticamente todos os dias os dois brigavam por motivos completamente bobos, ou pela personalidade de Mallu.

– Eu preciso que você seja mais carinhosa comigo amor. Você é a mulher da minha vida. Quero me casar com você. Não quero que isso demore a acontecer. Se digo isso, é porque me sinto deixado de lado. Não se esqueça que a culpa da minha desconfiança foi toda sua.

A face branca dela ruborizou, de tanta irritação. Um erro. Em toda a droga de namoro ela cometeu um erro, e foi o suficiente.

– Isso já faz tempo. E quando voltamos, perguntei se você poderia lidar com isso. Se não podia, porque diabos voltou comigo ?

O comentário saiu seco. Desprovido de afeto. Apenas a questão levantada como um muro entre os dois.

– Porque eu te amo. Mas eu sei o quanto ele foi importante pra você. E o fato de você ter ficado meia hora com ele no telefone, e depois ter mentido pra mim sobre isso acabou comigo.

– Fernando, eu te disse umas mil vezes que eu precisava daquela conversa. Que eu passei um ano da minha vida me perguntando como seria aquela merda daquela conversa. Eu estou com você. Eu escolhi estar com você. E isso deveria bastar para conter essa insegurança toda.

– Então me dê valor, Maria Luíza ! Eu sou um ótimo namorado. E você prefere dar atenção a todos, menos a mim. Sou sempre sua segunda opção !

– Dramáticooo ... Como se eu tivesse mil pessoas me rodeando. Só falo com a Nina.

Ironia, um ponto forte da garota que agora estava sentada ali. Aguentando uma situação que sempre jurou que não aguentaria. Sendo a garota que repudiava. Se odiando a cada segundo por isso.

As aulas em geral estavam sendo maçantes. Mas não essa. Essa era a melhor aula na qual Mallu e Nina já tinham participado. A essa altura das aulas, os grupos de afinidades já estavam definidos, e as duas já eram as mais destacadas. Daniela, do outro lado da sala fazia comentários analisando um por um.

– Aquelas duas ali do canto são bem metidas, né ? Parecem que saíram de uma fôrma.

Realmente, Mallu e Nina seguiam o mesmo padrão de beleza. Ambas não muito magras, de olhos e cabelos escuros e pele bem branca. A diferença era que Nina tinha cabelos longos, enquanto os de Mallu passavam na altura dos ombros. Não faziam questão de se socializar, ponto Mallu fazia questão de ressaltar sem a menor cerimônia. Seu celular tocava incessantemente. O nome de Fernando na tela foi suficiente para ela não atender, mas quando tocou pela décima terceira vez pediu licença e saiu da sala.

– Alô.

– Oi amor. Como você tá ?

– To na aula. Posso te ligar quando sair daqui ?

– Não. Vou estar trabalhando. Não quer falar comigo não ?

– Não é isso, é que meu professor está dando matéria, e não posso demorar.

– Mas eu to nos meus quinze minutos de lanche. Fica aqui comigo.

– Fê, meu intervalo é daqui a uma hora, te ligo assim que sair de sala.

– Quer saber, não precisa. Fica aí com seus amiguinhos, que eles devem ser bem mais interessantes do que eu.

Sem fazer barulho, Mallu gesticulou positivamente com as mãos e com a cabeça, rindo consigo mesma.

– Ok. Até mais tarde.

E desligou o telefone. Mais uma, duas, três chamadas.

– Alô.

A voz impaciente ecoou pela ligação.

– Só pra te falar mais uma coisa.

– O que ?

– Não precisa me ligar mais.

E o telefone ficou mudo. Ele desligou. Sempre fazia essas coisas. Poderia apostar que ele ligaria mais outras vezes. Era a rotina. Eles estavam bem, ele surtava de ciúmes, eles brigavam, ela cedia, eles faziam as pazes. Até chegar a um ponto em que ela não era mais quem costumava ser.

– Mallu, tá tudo bem ?

Nina perguntou preocupada com a carranca que a outra voltou pra sala.

– Não. Meu namorado extremamente doente de ciúmes, outra vez.

–Quer conversar no intervalo ?

– Não, não precisa.

Ela não era de expor sua vida assim. Guardou para si a raiva que estava sentindo. Seu namoro ultimamente, era sinônimo de dor de cabeça e brigas.


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