“ 05 de março de 2014

Minhas suspeitas se confirmam a cada dia que passa, mas ainda tenho que ser muito discreta, qualquer passe em falso e já era. E as coisas com o meu marido só estão vindo a piorar. Deus, tenho tanto medo que ele me deixe, acho que enlouqueceria de vez. Não sou de escrever muito, e você já sabe disso, mas obrigado por escutar minhas poucas e míseras palavras”

E aqui estou eu, aproveitando que o pessoal saiu para passear pela cidade. Inventei uma desculpa de que não me sentia bem e depois de muita discussão, consegui ficar sozinha. Não paro de ler esse diário e fico chocada a cada página. Isso é real e definitivamente não parece nem um pouco com minha vida. Cada vez que leio, é como se estivesse lendo um enredo de um filme de drama/ação. Mas a única coisa que não tenho certeza é como isso vai acabar. Minha curiosidade é tanta que não consigo parar mais de ler. Dormir então? Tá certo, nem com remédios.

[…]

“25 de abril de 2014

Essa festa está um inferno, quanta falsidade tenho que suportar. Consegui dar uma fugida e preciso falar com você antes que eu faça uma loucura. Não sei por quanto tempo mais vou conseguir viver longe do Edward, me senti uma merda no momento que ele desceu aquelas escadas com nossa filha no braço e me lançou o olhar mais gelado que já vi. Eu quis sair dali correndo e me afogar em lágrimas, mas ainda não. Não, eu ainda não tenho esse direito de o fazê-lo. Vou manter a cabeça erguida, continuar firme e forte, eu tenho fé que um dia isso vai acabar e vou poder pedir perdão ao homem que amo.”

Quanta tristeza, eu não sei como consegui segurar e aguentar isso por tanto tempo. Acho que Deus teve piedade de mim e fez esse acidente ser uma solução na minha vida. Li em uma das páginas que eu resolvi abrir a minha própria empresa para controlar o dinheiro que saia e entrava na empresa do Edward. Claro, eu fazia o que faço ainda, mas as escondidas, era eu quem cuidava da maioria das finanças da outra empresa. Esse foi o um dos meus desgastes, trabalhando para duas empresas, sem tempo para mais nada. A campainha tocou, dando-me um susto horrível. Olhei no relógio e eram uma e meia da tarde. Desci as escadas e vi o James perto da mesma.

– Ai droga, James! Eu esqueci completamente que iríamos almoçar juntos hoje.

– Tudo bem, porcelana – Sorriu – Hei, está tudo bem por aqui? Seus olhos estão vermelhos. Foi o Edward? Eu acabo com ele.

– Não, não foi ele. É tudo James, tudo está acontecendo. Várias coisas estão vindo a tona e é apenas o começo.

– Você sabe que é só pedir que eu te ajudo.

– Estou nessa sozinha, tenho que resolver tudo isso antes que seja tarde. Ontem eu e Edward conversamos e acho até que nos entendemos. Mas ainda não sei bem em que posição estamos.

– Você o ama mesmo, não é? - Forçou-me a deitar em seu peito.

– Você sabe que sim, Jans. Posso ter perdido a memória, mas é como se o amor estivesse sempre aqui – Pus a mão sobre o peito – Como dizem, o amor quebra qualquer fronteira. E se um dia eu o perdi junto com o acidente, passei a amá-lo de novo no dia que o vi no meu quarto.

– Não fica assim, eu sei que tudo vai se ajeitar. Esperança, fé e uma boa comida, lembra?

– Esse é o nosso lema – Sorri fraco.

– E agora, eu não vou ficar com fome e espero que você também não tenha comido. Vou pedir comida italiana e bastante chocolate.

– Isso é música para os ouvidos de uma chocólatra – Rimos. Enquanto a comida não chegava, eu e Jans arrumamos a mesinha de centro e colocamos o que precisamos. Pensei logo na Nessie, ela iria amar essa bagunça aqui. Tudo agora gira em torno dela, nem imagino como seria minha vida daqui para frente sem ela. Vinte minutos depois, o James chega gritando.

– O rango chegou – Depositou na mesa e já foi colocando o pedido nos pratos – Que nossa vida seja repleta de lambanças. Pois é assim, que caímos e levantamos – Fizemos um brinde.

[…]

– Você lembra de cada coisa – Minha barriga já doía de tanto rir.

– Ah porcelana, como não lembrar do dia que você caiu na lata de lixo andando de bicicleta pela primeira vez. Foi épico – Deitei minha cabeça em seu ombro, rindo muito.

– Isso não é justo, eu que enxuguei suas lágrimas quando sua primeira paquera te deu um fora. Com direito a público.

– Hei, eu já superei isso. E quer saber? Ela era uma completa idiota.

– Totalmente idiota – Olhou para mim sorrindo e deu um beijo em minha bochecha. É isso que amo nele, ele é tão carinhoso, está sempre beijando e abraçando as pessoas que gosta. E sem falar que é um bobo como eu, por isso nos damos bem de cara quando nos vimos.

– Bella, chegamos. Você não vai... - Emmett parou e encarou o James – Não sabia que estava com visitas.

– Emm, esse é o meu amigo James. Tenho certeza que vocês vão se dar super bem – Edward apareceu e tentou disfarçar a cara de desprezo que queria fazer ao ver Jans ali.

– Mãezinha – Renesmee se jogou em meus braços e riu quando lhe dei vários beijos.

– Que saudades, não me abandone nunca mais por tanto tempo assim – A abracei.

– Você está muito sensível – Riu – Mas também senti sua falta. Fecha os olhos e abre as mãos. As duas bem juntinhas – Fiz o que pediu e senti uma caixa ser depositada lá – Pode abrir – E lá estava uma caixa com o nome da doceria que eu mais amo nesse mundo – Passamos por ela quando estávamos voltando e o papai quis parar para comprar seu bolo favorito – Ele sorriu sem jeito quando o olhei.

– Obrigada, meu amor – Dei um beijo nela – Cadê o resto do pessoal?

– Foram tomar banho, estamos todos mortos. Culpa da tia Alice – Gargalhou.

– Vamos até a cozinha dar as coordenadas do jantar? - Assentiu. Ela foi na frente e me levantei – Obrigada a você também, isso foi muito gentil da sua parte – Beijei o rosto de Edward, quase na boca e sorri – Emmett, faça companhia para o James. E se comportem.

– Oi Roberta, hoje o jantar vai ser para muitas pessoas. Quero que faça alguma especialidade sua e dois tipos de sobremesa. Estaremos prontos á cinco e meia em ponto. Tudo bem? - Assentiu – Se precisar de ajuda, pode me chamar.

– Obrigada senhora, mas não será necessário - Peguei a Nessie no braço e fomos em direção a seu quarto.

– A senhorita tem que tomar banho, daqui a pouco é a hora do jantar.

– Mas mãe, eu não me sujei.

– Renesmee, deixe de ser porquinha oras. Vou preparar a banheira, trate de tirar sus roupas já – Fez cara de brava, mas me obedeceu. Peguei seu shampoo e depositei um pouco no seu cabelo. Ao começar a esfregar, senti algo e estranho e puxei.

– Mas o que uma batata frita está fazendo no seu cabelo? - Se encolheu desconfiada.

– O tio Emm começou uma guerra de comida, eu juro que não tive culpa.

– Vocês dois vão acabar com minha sanidade, Deus me livre – Sorri escondido e continuei lhe ajudando. Peguei uma calça jeans, blusa de manga e um casaco fino para ela e lhe arrumei. Fiz uma trança lateral e ela mesma passou seu perfume.

– Estou linda, mamãe. Obrigada – Deu-me um beijo.

– Vai lá para baixo e avisa que já desço. Vou tomar o meu banho – Saiu correndo – Renesmee, pelo amor de Deus, não se suje – Escutei seu grito e Emmett gargalhar. Ai pai, não sei porque ainda perco meu tempo. Tomei um rápido banho e diferente da Nessie, eu coloquei um short jeans, camiseta e um casaco leve. A noite está friazinha, mas sou bastante calorenta. Já eram cinco horas quando encontrei todos reunidos na sala de TV. Tinha um lugar vazio no lado do James e outro do Edward. Escolhi a segunda opção e ele pareceu contente com isso.

– O que estão aprontando?

– Apenas conversando, querida.

– Mãe, por que você está com cara de desconfiada?

– Eu, imagina. Isso é coisa da sua cabeça – Riu.

– Finjo que acredito. Pai, você está de folga?

– Pois é menina, pedi uma licença para aproveitar um pouco. Principalmente você – Lhe mandei um beijo.

– Vamos aproveitar muito, então – Pouco tempo depois, a Roberta veio nos chamar. Cada um pegou seu assento e nos servimos. Esme e Carlile contou sobre os planos para o natal, já que estamos em setembro. Renesmee resmungou e vi Emmett e James rindo. Ignorei e voltei a comer. Agora foi a vez do James gargalhar.

– O que vocês estão fazendo? - Perguntei.

– Nada – Falaram os três ao mesmo tempo. Cerrei os olhos na direção de ambos e fingi que tinha me distraído com outra coisa. Até receber um pedaço de torta na minha cara.

– Ôou – Falou Nessie se encolhendo. Fitei o James que tentava disfarçar e fiz o que ninguém esperava. Meti a mão na minha sobremesa e joguei em sua direção, mas o mesmo se abaixou e pegou no Carlile.

– Ai meu Deus, me desculpe Carlile – Me fitou, mas começou a rir e carinhosamente, melou seu dedo e passou na bochecha da Esme.

– Guerra de comida!!! - Gritou Emmett e o caos foi inevitável. Vi Alice e Rose se esconderem debaixo da mesa e o César se sujar todo ao entrar na sala. Todos tentavam se defender de um jeito e vi que o Edward ainda era o único limpo. Enchi minha mão de torta e joguei nele. Por um minuto pensei que ele fosse me matar de raiva, seu rosto estava sério até demais. Todos paramos de respirar no mesmo instante, até Nessie cair na gargalhada.

– Isso já passou dos limites – Baixei a cabeça constrangida – Você ainda está limpa aqui – Pegou sua mão suja e esfregou em meu rosto.

– Ah Edward, você é um homem morto – E sai correndo atrás dele, escutando risadas atrás de nós.

[…]

Acordei no meio da noite com a barriga roncando e fui até a cozinha. Peguei um refrigerante e a caixinha com o bolo que Edward tinha trago para mim. Sentei na mesa, cruzei as pernas e comecei a comer. Ainda não consegui terminar de ler o diário, sem falar que já não existe muito para ler, já que parei desde o acidente.

– Sem sono? - Virei assustada.

– Ah, oi Edward. Não, só estava com fome. Sabe como é, uma certa família fez guerra e me tirou toda a comida – Riu.

– Eu também.

– Senta aqui, posso dividir o meu bolo com você.

– Isso é uma honra, obrigado – Pegou um suco, ele é mais light que eu, e sentou ao meu lado já me roubando a colher.

– Existem milhares de colheres naquela gaveta – Apontei.

– Quero essa, é mais gostosa – Piscou para mim – Mas sua cara não é só de fome. Posso perguntar o que te incomoda.

– Tenho médico amanhã, e vou voltar para ele sem nenhuma novidade. É frustrante ás vezes.

– Se estiver com medo, eu me ofereço para ir com você – Seus olhos me fitavam.

– Eu adoraria, obrigada. E você não está com cara de fome, Edward.

– Ok, você me pegou. Senti sua ausência na cama e quis vir ver o que tinha te tirado de lá. Processe-me por isso.

– Hoje não – Rimos. Ficamos nos encarando por um bom tempo e eu queria que ele me beijasse, e como queria. Nossa respiração já estava mais que descompassada.

– Bella – Sussurrou.

– O quê?

– Isso é bem estranho, para de me encarar.

– Ah, seu idiota – O empurrei e ele gargalhou, mas abraçou minha cintura.

– Mas eu também quero muito fazer isso – Beijou-me calmamente, mas logo me puxou para que eu sentasse em seu colo. O beijo foi ficando mais quente, e dessa vez eu preferi parar antes que eu me arrependesse.

– Eu...Acho...Melhor a gente ir dormir – Falei ofegante.

– Discordo completamente, posso passar o resto da noite te beijando. Assim – Beijou minha bochecha – Assim – Outro beijo na testa – Aqui – Agora no nariz – E finalmente assim – Ia beijar minha boca quando a luz da cozinha foi acesa.

– Oh desculpem, eu não sabia que estavam aqui.

– Sem problemas, Natacha – Falei sem humor algum – Vou pro quarto. Boa noite – Sai sem esperar por resposta.

– Espera Bella, eu vou com você – Sorri e gritei um glória internamente e ele segurou minha mão ao subirmos. Deitamos um ao lado do outro e com um sorriso sincero nos lábios, consegui dormir tranquilamente como a muito tempo não o fazia.