A Seleção - Interativa escrita por Lady Ann


Capítulo 11
Cuidado Com o Que Diz


Notas iniciais do capítulo

AHHHHHHHHHHHHHHHH AHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH AHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH AHHHHHHHHHHHHHHHHHH AHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH

COMO VIVER QUANDO VOCÊ RECEBE DUAS RECOMENDAÇÕES SEGUIDAAAAAS DE DUAS DAS MINHAS MELHORES LEITORAS? GEEEEEEEEEEEEENTEEEEEEEEE EU TO TÃÃÃÃO FELIZ, VOCÊS NÃO TEM NOÇAUM SÉRIO EU TO PIRANDO EU TO LOCA EU CHAMEI TODO MUNDO PRA VER, EU TO GRITANDOOOOOOOOO PQ EU SOU DESSAS DESESPERADAAAAAAAAAAAA

Gente, eu já vi meninas que quando alguém recomenda, elas dizem "ah, obrigada certa pessoa", mas eu não acho que isso sirva pra esse momento. Eu acho que uma recomendação não é só uma recomendação, quando você recomenda algo para alguém, isso quer dizer que você acha tão bom que quer que outras pessoas também possam ler, e eu fico tããão feliz toda vez que alguém recomenda pq eu sei que estou no caminho certo para agradar vocês! TO CHORANDO TO NO CHÃO MDS Sempre que eu recebo uma recomendação é como um sonho por que pra mim não é só uma recomendação de uma pessoa num site qualquer, é a simples e pura opinião de uma pessoa que realmente gostou de uma coisa que eu fiz! E vocês são minhas leitoras, são as coisas mais importantes para mim aqui, e quando uma coisa como essa acontece e vem de vocês, isso é mágico, é perfeito! Eu fico tãão feliz com isso!! Vocês não tem noção de como isso é importante para mim! MUITO OBRIGADA!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Eu queria agradecer imensamente às minhas INCRIVEEEEEIS leitoras Miss Harondale e Lu, vocês fizeram meu dia, eu to aqui que nem idiota "tuts tuts tuts tuts tits tits tuts tuts tuts" GENTE TO ME SENTINDOOOO, eu amo tanto vocês, sério, não tem nem como descrever! A cada comentário, a cada capítulo é sempre bom ler seus comentários! Eu estou sem internet boa, mas estou fazendo o que eu posso para postar os capítulos e quando você entra no Nyah e vê uma coisa desse tipo é quase como você ganhar uma festa surpresa e não ser seu aniversário, TO EMOCIONAAADAAA


Agora ao capítulo uhsuahs fiquei dois dias fazendo pq deu mó confusão, espero que esteja bom:
PS: Matthew é 4 minutos mais velho.
PSS: As Selecionadas que falaram com os rapazes nesse capítulo foram escolhidas em sorteio.
PSSS: Me senti no Vale A Pena Ver De Novo escrevendo esse capítulo com personagens que a gente não via há séculos aushaushauhs



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Thomas Lewis acordou sentindo uma dor de cabeça tão grande que achou que o mundo inteiro estivesse caindo aos pedaços. Era como se houvesse um terremoto só na cabeça e suas pálpebras fossem tão pesadas que ele não conseguia deixá-las abertas. Ele se sentou na cama. Aquela rotina estava matando-o. Ele já nem conseguia dizer que dia era qual sem consultar o calendário. Era estranho para ele que ainda não tivesse morrido de insônia - se é que é que alguém pode morrer disso -, e agora ele ainda teria que perder tempo com trinta e cinco garotas e escolher uma para viver o resto da vida com ele. Ele só tinha 21 anos. O resto da vida era uma coisa que ele não conhecia, como ele iria saber quem escolher para viver momentos inesperados e inexplorados?

– Desculpe, príncipe Thomas, mas sua alteza precisa acordar – uma das criadas estava na frente da cama de Thomas.

– Bom dia, Brianna – ele disse, cansado.

– Bom dia, Alteza – ela respondeu, com uma reverência.

– O que temos para hoje?

Thomas se levantou e foi até o armário. Ele imaginou o que Brianna deveria estar fazendo naquele momento enquanto estava de costas: olhando para o chão, tentando desviar o olhar do príncipe vestindo apenas samba-canção, tentando se lembrar do que ele perguntara. Era uma rotina tão chata que ele já podia supor tudo o que acontecia. Que tipo de vida era aquela?

– Hm, eu... Ah, o Rei está chamando-o para conversar na sala dele sobre o encontro com as Selecionadas hoje – informou Brianna.

Thomas coçou os olhos. Ter que conversar com seu pai era tão cansativo. Ele sempre falava as mesmas coisas, há meses falando das Selecionadas, há meses avisando tudo o que eles teriam que fazer. Aquilo era exaustivo.

– Certo, pode ir, Brianna.

– Com licença, Alteza.

Ele só ouviu a porta se fechar.

Ele pegou seu 3Tune* e colocou no aleatório. Qualquer música seria boa para mantê-lo acordado. Colocou os fones e foi para o banheiro com o terno branco em mãos. A música era tão alta que poderia estourar seu tímpano. Ele mal podia escutar a água gelada da ducha batendo contra sua pele. Mudou a música e continuou. Assim que terminou de se vestir secou a tela do aparelho e seguiu pelo corredor indo até a sala do pai.

Só um barulho era maior que o volume da música: o tom de trinta e cinco saltos batendo contra o mármore do chão. Ele aumentou ainda mais. Depois da apresentação de ontem no Jornal Oficial, ele queria mais do que nunca ficar bem longe da Seleção. Todas as Selecionadas eram as mesmas naquele programa, todas super felizes, contentes, atendendo a multidão, muito animadas, uma coisa ridícula. Nenhuma se destacava. Todas elas pareciam tão superficiais, fazendo o que fosse preciso para ganhar o amor deles, pensando que era só chegar ali e ser o que eles quisessem que elas fossem. A cada dia que se passava, ele odiava mais a Seleção.

Só tinha uma pessoa ali no meio daquelas garotas que ele estava ansioso para rever: a princesa Amber Francys. Ele a tinha visto poucas vezes desde que nasceu, mas já conversou (ou tentou conversar) com ela algumas vezes. Quem sabe ela o entenderia, ela, mais do que ninguém, saberia que aquilo é totalmente estúpido. Ela saberia o quão ele estava incomodado com aquilo. Talvez nem ela quisesse mesmo estar ali. Ele precisava ouvir a opinião de alguém que não estivesse afim de fazer tudo para a ser a favorita.

Thomas abriu a porta da sala do rei. Matthew já estava lá. Estava usando uma camisa social branca e seu paletó estava jogado na mesa de sinuca. O rei Richard estava na cadeira de rodas. Ele não usava aquilo em público por medo de afetar sua imagem, mas a sensação de andar era completamente desconfortável para ele, e por isso ele precisava da cadeira atrás das câmeras.

– Que tal, pelo menos um dia, tentar não se atrasar? – Matthew parecia irritado.

– Que tal, pelo menos um dia, tentar não reclamar de tudo? – rebateu Thomas.

– Calem a boca – ordenou Richard. – Quero que ouçam bem, seus vermes, isso aqui não é brincadeira de criança, há trinta e cinco belas moças lá embaixo que querem seus corpos nus, então parem de agir como imbecis e prestem atenção.

O rei não era nada da imagem que a mídia difundia dele. Ele era bem mais engraçado. Ele não falava aquilo por mal, ele só estava cansado daquilo tudo, até Thomas queria poder falar como ele. Na verdade, os três tinham tamanha intimidade, que aqueles tratamentos eram já de costume. Ofensas eram elogios e elogios eram elogios maiores. Era até engraçado a forma como eles se relacionavam, sempre com palavras esquisitas e como se estivessem brigando, mas não estavam. No fundo, no fundo, se amavam.

Thomas sorriu e sentou-se na mesa de sinuca. Matthew se sentou em uma cadeira perto da mesa e colocou os pés sobre ela.

– Eu não quero que tratem isso como uma brincadeira. Vocês tem um tempo para se decidirem que garota vocês querem para a vida de vocês. Lembrem-se, vocês tem a chance de serem reis – avisou Richard.

– Por que você não poupa esse trabalho todo e dá para o mais velho? – sugeriu Matthew.

Thomas sentia vontade de esmagar Matthew toda vez que ele tentava dar uma de mais velho. Ele não era o mais responsável, não ligava para nada de verdade, seu quarto parecia um chiqueiro e todas as coisas que meu pai mandava-o fazer eram feitas um segundo antes da entrega. Mas o que Thomas odiava mesmo, era que o que o Matthew fazia um segundo antes da entrega sempre saia perfeito e o que ele fazia em meses ainda tinha seus erros. Matthew era melhor sem esforço e ele se esforçava em vão para uma coisa que sabia que não seria o melhor.

– Há-há-há. Tente fazer essa piada quando você não improvisar em uma reunião de líderes, Matthew – Richard falou. Thomas tinha um sorriso pequeno no rosto. – Toda vez que falarem com aquelas mulheres quero que saibam que elas são o futuro de Illéa, nenhuma delas sabe quem vocês são de verdade, nem vocês sabem quem elas são. Não sejam idiotas a ponto de escolherem a pessoa errada. Tomem como exemplo eu e sua mãe.

Começou, pensou Thomas. Toda a vez que o assunto era a Seleção, Richard contava a história de amor dele.

– Eu achei que fosse Tânia a rainha perfeita. Mas me enganei, pois bem ali na minha frente havia uma mulher forte e boa, que poderia governar Illéa tão bem quanto qualquer rei. E foi com quem me casei. Foi com sua mãe.

– E se essas garotas não forem com quem eu quero me casar? – perguntou Matthew.

– Foda-se. É com uma delas que vocês vão ficar querendo ou não – respondeu Richard.

– Comovente – murmurou Matthew com sarcasmo na voz.

– Sobre hoje, queria dizer que vocês têm a missão de falar com todas elas e mandar embora as que vocês têm certeza que nunca dariam certo com vocês.

– E se mandarmos embora a garota certa? – perguntou Thomas.

– Foda-se, também. Convivam sabendo que vocês são estúpidos depois dessa. Só quero que saibam que hoje é dia de eliminação. E vocês têm que eliminar as garotas. Mas tomem cuidado para não eliminar a garota com quem o outro quer ficar.

– Vamos falar na cara delas que estão eliminadas? – perguntou Thomas.

– Não. Olha, vocês vão conversar com todas; se uma delas for muito nojenta, você diz “te peço para que fique quando as meninas forem para a sala de jantar”. E então, vocês mandam todas as garotas irem comer e as que forem para ficar ficam. Depois é só selecionar a que vocês querem que fiquem.

– Como assim? A gente não ia tirar elas? – perguntou Matthew.

– Tu és retardado? – Richard perguntou. – Vão ter vezes que um de vocês podem odiar uma garota e o outro gostar, então um vai a mandar ficar sentada e o outro não, por isso, se vocês virem uma Selecionada que vocês querem que fique sentada quando todas as outras forem embora, é só mandá-la ir para a sala de jantar junto com as outras.

– Ah, tá – murmurou Matthew, desinteressado.

Thomas sabia que ele ia fazer qualquer coisa e torcer pra dar certo. Como ele ainda conseguia pagar de queridinho de Illéa?

– Ótimo, então saiam daqui – Richard ordenou. – Eu não quero saber que vocês não foram cordiais com as garotas, ouviram? Se uma delas, qualquer uma, vier me dizer que não foi tratada bem, eu corto o pescoço dos dois e dou para os cachorros comerem.

– Tá certo – falou.

Thomas foi até o pai e deu um beijo em sua careca, como de costume. Matthew fez o mesmo depois do irmão. Saíram juntos da sala e dois guardas que estavam na porta os seguiram. Eles iriam com os príncipes até o Grande Salão, onde 35 garotas esperavam ansiosas para conhece- los.

● ● ●

Matthew estava ansioso para conhecer as garotas. Annaliz tinha dito para ele que ele não precisava ficar preocupado, uma delas seria a cara-metade dele e ele não precisava tentar ser como ela, assim como Annaliz, a sortuda se apaixonaria por ele. E foi isso que ela disse. Mas ele ainda ficava muito nervoso quando o assunto eram as Selecionadas, mesmo sem demonstrar. Ele tinha medo de não encontrar ninguém.

Thomas bateu na porta. Ele parecia tão elegante com seu terno branco. Matthew era o contrário. Tinha a gravata jogada de lado, a camisa um pouco amassada, e o terno azul marinho só ajudava a reforçar suas olheiras. Como Thomas ficava sempre tão bem em qualquer situação? Matthew sempre parecia um trapo e Thomas estava brilhando de limpo, como se fosse polido a cada segundo.

Thomas abriu a porta de uma só vez com força suficiente para abri-las por inteiro, mas não para fazê-las baterem na parede. Ele era sempre perfeito em tudo o que fazia. Como ele conseguia pensar em tudo antes de as coisas acontecerem?

Todas as Selecionadas se moveram ao mesmo tempo. Matthew sentiu vontade de rir, mas não podia, seria ridículo rir na frente das moças por que elas estavam estufando o peito e ajeitando a postura. Thomas disse que todas elas eram superficiais na noite anterior enquanto eles assistiam ao Jornal Oficial, será que eram mesmo? Matthew se perguntava isso o tempo todo.

– Bom dia, senhoritas – cumprimentou Thomas.

– Bom dia – completou Matthew, totalmente sem jeito.

Havia trinta e cinco garotas – trinta e seis, contando com Rosie – na frente dele, e o garoto não sabia como agir. Seu pai sempre disse que ele teria que agir com postura e falar como um livro de português. Mas ele não sabia agir assim, não era o que ele era.

– Desculpe-nos se estamos interrompendo algo – continuou Thomas. – Mas queríamos ter um tempo para conhecer todas as senhoritas antes de tomarmos o café da manhã, sei que a maioria de vocês, assim como eu, estão ansiosas para o café.

As garotas olhavam para Matthew como se ele fosse aquele cantor famoso que elas nunca tinham visto ao vivo e amavam mais que tudo. Ele ficara envergonhado pela forma como todas elas olhavam para ele e para o irmão.

– Não queremos tomar muito de seu tempo precioso, Rosie – falei, com um sorriso. A mulher fez uma reverencia rápida. – Mas precisamos de um tempo para conhecer todas essas belas filhas de Illéa.

– Absolutamente, Altezas – ela sorriu. – Tomem para si o tempo que for necessário.

As Selecionadas estavam todas sentadas nos sofás circulares que foram dispostos no salão. No final dele, haviam dois sofás brancos para cada príncipe e sua Selecionada. Perto deles, uma mesinha de centro e um prato com doces e balas. Matthew foi andando até lá, passando por entre as Selecionadas. Ele imaginava se elas iriam olhá-lo andar até lá, seguindo-o com olhos, analisando cada passo.

– Bem, meninas – começou Rosie –, vamos começar com as apresentações. Os príncipes têm a lista das Selecionadas em mãos e as meninas serão chamadas conforme o desejo de nossos príncipes. Todas elas vão passar primeiro pelo príncipe Thomas e depois pelo príncipe Matthew, certo? Enquanto o príncipe Thomas inicia com sua primeira Selecionada, eu vou passar meu tempo com o príncipe Matthew.

Matthew agradeceu por não ter que passar aquele tempo inteiro sozinho. Não sabia quanto tempo seu irmão iria levar com cada Selecionada, ele só esperava ser bem rápido. Pegou uma bala de hortelã e começou a chupar.

17 balas depois, a 14ª Selecionada de Matthew sentou-se diante dele. Ele não sabia qual era seu nome, nem sua província, Thomas já tinha falado, mas Matthew não lembrava. Na verdade, ele não lembrava nem a província da Selecionada que acabou de sair dali.

– Hm, vamos ver, por onde começamos? – disse Matthew, aquilo já estava ficando chato e era só a 14ª Selecionada, ainda faltavam vinte e uma.

– Meu nome é Erika Miller – sugeriu a garota. E completou brincando: – Qual é o seu?

– Não sei se já ouviu falar, Senhorita Miller, é Matthew Lewis – respondeu o garoto, entrando na brincadeira.

– Não me é estranho. – Ela sorriu. – De onde você é, Matthew Lewis?

Era a primeira Selecionada que tinha aquele tom de voz brincalhão perto dele. Todas as outras pareciam estátuas, sempre com medo do que dizer. Ela parecia ser brincalhona, mas tinha cara de quem era muito inteligente e compromissada, talvez a pessoa certa para Thomas, será que ele a tinha rejeitado?

– Eu sou daqui mesmo. Mas e quanto a você, vem sempre aqui?

– Nunca vim, não, mas acho que, a partir de hoje, vou passar um tempo maior aqui.

– E você acha isso ruim? – perguntou Matthew. Ele tentava mudar o estilo de conversa com todas as Selecionadas, mas com nenhuma das outras 13 ele fora tão informal e espontâneo.

– De jeito nenhum. A comida é boa e a cama é confortável.

A garota fez Matthew rir. As outras olharam imediatamente para ele. Até aquela garota, ele não tinha rido com tanta vontade.

– Bem, você pode comer qualquer coisa que estiver aqui – Matthew ofereceu, apontando para a mesinha de centro recheada de doces. – Mas é só a comida que lhe faz ficar?

Ela pegou uma bala de caramelo timidamente e a pôs na boca.

– Pelo pouco que eu pude perceber, a companhia também parece ser boa.

Será que ela estava falando dele? Matthew sentiu vontade de agradar aquela garota. Talvez ela pudesse ser a pessoa com quem ele ficaria para o resto da vida. Afinal, ela fora a primeira pessoa que o fez rir de verdade naquele dia. E sétima para quem ofereceu um doce.

– Ah, é? Fala das moças que convivem com a Senhorita ou dos meninos que acaba de conhecer?

– Falo dos meninos. As meninas são muito divertidas, mas não posso deixar de notar tão belos meninos.

Matthew sorriu e ela corou.

– A beleza agrada-te?

– O mistério mais ainda – ela confessou.

Matthew quis ler os pensamentos dela. Ela era tão misteriosa, tão divertida. Ele não pode deixar de ficar interessado. Aquele cabelo castanho tinha um ar dominador e, combinado com os olhos azuis, ele não podia parar de admirá-la. O jeito como ela falava parecia questionar o jeito como ele vivia, parecia transparecer por ele e abalá-lo. Era como se ela o desafiasse com todas as forças e nenhuma das Selecionadas fizeram isso antes.

– Se gosta de mistério, posso mostrar alguns lugares em que nunca esteve – sugeriu Matthew.

– Eu ficaria lisonjeada! Este palácio é tão grande que eu, sinceramente, não sei para onde ir quando sair daqui.

Ela o fez rir de novo. Para ele, aquele palácio já estava ficando pequeno de tão acostumado que estava. Onde aquela garota deveria morar antes da Seleção? De qual casta ela seria? Com certeza não deveria ser Dois, ela não ficaria tão surpresa pelo tamanho estrondoso das coisas. Seria ela uma Cinco? Ou Quatro?

– Não está acostumada com coisas desse tipo, Senhorita Miller?

– Bem, na verdade não. – Ela pareceu esconder alguma coisa. Matthew queria saber de qual casta ela era, mas não teve coragem de perguntar isso para a moça, no fim, ela também não contou. – Mas vou me acostumar, pelo visto vou passar bastante tempo aqui, certo? E com um guia como sua alteza, eu não poderia estar melhor.

Matthew se perguntou se ela estava usando a tática de elogiar o príncipe o tempo todo. Aquilo era tão irritante. Ele detestava ser paparicado e mimado o tempo todo. Esperava que Erika não fosse assim, pois estava realmente muito interessado na garota. Ela parecia ser bem divertida e inteligente.

– E eu não poderia ter companhia melhor para caminhar todo o palácio. – Ele sorriu.

Thomas acabou com sua Selecionada e ela estava esperando Matthew dar por terminada a conversa com Erika. Por que Thomas foi tão rápido quando eu finalmente estava com alguém interessante?, pensou ele. Ele teria que terminar a conversa, ou a Selecionada iria ficar parada esperando por bastante tempo.

– Foi muito bom conhecê-la, Senhorita Miller – ele falou, frustrado por ter que se afastar dela tão cedo. – Espero poder encontrar-te o quão antes.

– Certamente – ela disse. – Obrigada pelo doce.

Erika sorriu, levantou-se e saiu. Matthew a observava a cada passo. Era como se ela desfilasse. Ela foi até um grupo de meninas que ele ainda não teve a chance de conhecer e elas começaram a conversar no mesmo segundo. Quando Matthew olhou para frente, a Selecionada já estava sentada.

● ● ●

Thomas já tinha falado com 15 Selecionadas e ainda estava tentando descobrir de qual gostava mais. Ele estava se divertindo muito falando com todas elas, todas eram tão divertidas e engraçadas. Algumas bem mais do que outras, mas, em sua maioria, elas eram delicadas e interessantes. Antes de conhecê-las, ele achou que todas elas fossem iguais, mas agora podia ver muitas diferenças entre elas.

Ele tinha a ficha inteira das Selecionadas, poderia escolher qualquer uma. Thomas pensou se Matthew sabia que ele podia ler sobre as Selecionadas antes de falar com elas. Com certeza não, ele nunca prestava atenção em nada.

Thomas não queria chamá-la logo de cara, ele não estava nem conseguindo achá-la no meio de tantas garotas, mas decidiu que aquele seria o momento perfeito para chamar Amber. Agora não mais para reclamar sobre como aquilo estava sendo chato e sim para perguntar como ela se sentia em relação à Seleção.

Amber Francys, por favor – chamou.

Ele correu os olhos pelo salão a procura da garota e, bem lá atrás, uma Selecionada de vestido azul escuro se levantou. Ela estava linda. Todos aqueles anos sem ver ela foram só para surpreender os príncipes quando ela voltaria para mostrar o quão estonteante estava.

Ela continuava pequena, como sempre foi, e seus olhos castanhos ainda estavam recheados de mistérios. Thomas se sentia mais ligado a ela do que as outras Selecionadas por já terem se conhecido, ele gostava de ver como ela estava se saindo no meio de tantas outras meninas que não eram do país dela.

Thomas ficou de pé e conforme Amber chegava perto o contato dos olhos dos dois ficava maior, antes de qualquer um abrir a boca os olhos já conversavam. Ela parou bem a frente dele e inclinou o corpo em uma breve reverência. Thomas lhe beijou a mão e sorriu. O sorriso rosado de Amber lhe fez lembrar da infância.

Amber deslizou no sofá à frente dele.

– Como está a princesa da Monarquia Francesa? – ele perguntou.

– Falando inglês – ela brincou, sorrindo. Seu sorriso era um misto de infantilidade e responsabilidade, ela sempre teve esse rosto delicado, mesmo aguentando tudo o que Thomas odiava como princesa. – Hoje posso falar com os príncipes, finalmente.

– É, nunca soube se você não gostava de nós ou se não sabia falar inglês. – Thomas riu.

– Eu não sabia e achava a língua de vocês muito estranha, é bem diferente!

– Dá pra ver, você tem um sotaque bem engraçado – admitiu Thomas, sorrindo.

As meninas com quem Thomas havia falado sempre tentavam manter o tom de voz neutro, para não parecerem animadas demais ou gaguejarem, mas ele percebeu que Amber tinha mesmo preocupação em estar falando bem a língua, e ele gostava do fato dela ser diferente. Ela não queria que ele pensasse algo dela, apenas estava dando tudo o que tinha, e se acontecesse algo, ela ficaria feliz.

– Ai, não! Sério? – Amber colocou as mãos na frente do rosto. – Não acredito, eu treinei tanto!

– Eu gosto dele, acho que te diferencia das outras Selecionadas e é realmente muito fofo.

Amber corou. Um sorrisinho apareceu entre seus lábios. Mal ela começou a falar em inglês com Thomas e ele já a deixou sem fala. Mas por um bom motivo.

– Bem, se minha memória ainda não foi totalmente pro espaço, acho que você gosta de doces, não gosta? – Thomas apontou para a mesa recheada dos mais variados doces. – Você estava sempre pegando as jujubas da cozinha.

Amber riu. Thomas ficou satisfeito por ter acertado. Ele poderia ser péssimo em muitas coisas que Matthew era bom, mas sabia como agradar qualquer pessoa. Por isso todas as suas conversas eram mais divertidas do que as conversas de Matthew.

– Ainda se lembra disso?

– Aceita? – Ele ergueu um pacotinho de jujubas para ela.

– Só por que você está insistindo!

Thomas riu. Era tão mais legal quando ele conhecia a garota antes de falar com ela. E Amber, mesmo que tivesse ficado cheia de curvas e parecesse mais madura por fora, ainda era a mesma menina doce por dentro.

● ● ●

Matthew estava planando de Selecionada para Selecionada. Todas após Erika foram divertidas, ele parecia ter pegado o jeito para lidar com elas. Os irmãos continuavam sem se falar, então não tinha como eles trocarem ideias sobre as Selecionadas, mas, sem dúvidas, Thomas estava se divertindo mais que Matthew.

Matthew viu, quando a Selecionada com quem ele iria falar estava conversando com Thomas, que ela sempre batucava os dedos nas pernas, como se não visse a hora de sair dali e fazer alguma coisa realmente interessante e divertida. Matthew também se sentia assim.

O príncipe levantou-se para recebê-la, como fez com poucas pelo tempo entre uma Selecionada e outra. Os dois fizeram uma breve reverência. A garota usava um vestido que era de uma cor que Matthew não podia descrever, e isso o intrigou. Todas as garotas no salão pareciam estar vestidas para arrasar e ela só estava sendo ela mesma. Perto de meninas que estavam com vestidos que podiam ser vistos do outro lado da sala, ela estava bem mais delicada e parecia muito mais gentil e meiga.

– Seu nome? – perguntou Matthew, enquanto ainda estavam de pé.

Winter Moore – ela respondeu. Sua voz era fina e doce, mas também marcava presença. – De Midston.

Matthew achou interessante ela falar de sua província, pois a maioria das Selecionadas, exceto aquelas que vieram de províncias mais desenvolvidas, chegavam a comentar esse detalhe. Midston era uma província litorânea pequena no Sudoeste de Illéa, não era para mais, nem para menos; todos gostavam de passar férias lá, é uma província quente, assim como Angeles, então Matthew já fora para lá algumas vezes para aproveitar a praia que faltava em Angeles.

– Midston? – perguntou ele. – Conheço a província, lá é ótimo! Sempre fui para lá para passar um tempo na praia ou para resolver questões do governo, conheço mais aquela província do que Dominica**, por exemplo.

– Ah, que bom que vossa alteza conhece! Muitas das Selecionadas disseram que nunca foram para lá, acho que, se fossem, nunca mais sairiam.

– Gosta da praia, Senhorita Moore? – Matthew gostava de basear a personalidade de cada Selecionada em perguntas bobas como essa, ele sempre achou que você poderia saber mais de uma pessoa simplesmente perguntando sua comida ou cor favorita.

– Amo! Adoro nadar, é uma sensação incrível!

Winter batucou os dedos na perna e Matthew perguntou se ela estava entediada perto dele ou ansiosa por estar na frente do príncipe, ele já esteve com meninas que gaguejaram, e achou muito engraçado.

Matthew queria saber mais sobre aquela garota. Ela fora a única que estava com o cabelo castanho claro trançado, aquilo queria dizer personalidade e era o que o príncipe estava procurando nas garotas.

– Temos uma piscina no palácio, eu adoraria levá-la até lá um dia – ofereceu Matthew.

Em quase todas as suas conversas ele oferecia um tipo de encontro para as Selecionadas. Seu pai disse que eles já iriam começar a sair com as Selecionadas uma de cada vez e ele não tinha ideia do que fazer. Ele esperava que as Selecionadas tivessem uma ideia melhor do que fazer.

– Seria magnífico! Percebi que aqui também tem cavalos, não é?

– Tem, sim, a Senhorita gosta de cavalgar também? – Ele sorriu, as Selecionadas pareciam mais de ficar em casa lendo, até que enfim uma diferente.

– Sim! Os cavalos são tão dóceis, ficaria muito feliz se pudesse andar em um cavalo tão lindo como os que têm aqui, são tão bonitinhos! – Ela colocou a ponta dos dedos no lábio quando percebeu que tinha falado “bonitinhos” para o príncipe de Illéa.

Matthew riu. Ele gostava de como as Selecionadas eram tão formais que às vezes acabavam com vergonha quando falavam coisas normais do dia a dia.

– Também os acho muito “bonitinhos” – concordou Matthew, ainda rindo.

Winter se deixou sorrir por um minuto. Seu sorriso era lindo. Ela parecia ser o tipo de garota que estava sempre animada. Matthew estava ansioso para ver o que mais as garotas faziam além de sentar e paparicá-lo.

– Senhorita Moore, sei que já deve estar com fome, pode pegar um doce para si.

– Ah, sim, obrigada! Eu acordei achando que iria comer de novo aquela comida perfeita que nos serviram ontem.

Matthew a observou pegar um docinho de amendoim. Ele pegou outra bala de hortelã, sua 26ª desde começou com aqueles papos.

– Gostou? Fico feliz em saber que a Senhorita está sendo bem servida.

– Eu adorei! Tudo estava tão bom! Aquela receita de torta de amendoim com morangos e chocolate era a melhor que eu já vi! – Ela parecia tão animada falando de comida que Matthew não pode deixar de sorrir. – E também tinha aquele frangão, nunca comi um melhor!

Ela fez cara de surpresa outra vez quando percebeu que tinha dito “frangão” na cara do filho da monarquia. Matthew não conseguiu não rir dessa vez, frangão era muito engraçado.

– Desculpe! – disse Winter, totalmente corada.

– Sem problemas, não quero forçar-te a ser o que não é. Pode falar frangão quantas vezes for necessário. – Ele ria. – Eu aposto que todas vão querer falar frangão também quando perceberem o quanto essa palavra é legal.

Winter riu também. Ela podia não saber, mas seu estilo garota comum de Midston tinha acabado de lhe garantir uma vaga no coração de Matthew.

● ● ●

Thomas olhou as fichas e viu entre elas uma muito interessante: Uma Casta 5, pintora. A maioria das meninas da Casta 5 tornavam-se cantoras ou dançarinas, por serem duas coisas fáceis e lucrativas, mas para ser pintora era necessário talento.

Delilah Hope – chamou.

Era muito legal perceber que a cada vez que sua voz ecoava pelo salão as meninas ficavam mais agitadas. Um grupo de meninas em especial ficou mais agitado e uma garota de vestido vinho, não muito chamativo, levantou-se no meio do grupo. Ela olhou para Thomas, respirou fundo e começou a andar.

Thomas ficou de pé para recebê-la, como sempre fazia.

Poucas meninas optaram por um vestido longo naquele dia. Os vestidos curtos e com curvas eram os favoritos até agora, e os príncipes não podiam dizer que não estavam gostando. Mas Delilah estava usando um longo muito bonito, que chamou a atenção de Thomas. Seu cabelo estava solto, colocado para um lado só por um lindo adereço de prata e brilhantes no lado direito.

Ela segurou o vestido e se abaixou em uma reverência. O príncipe tocou sua mão e a beijou, a convidando para sentar em seguida. Thomas pode perceber que, mesmo sentada, ela ainda continuou segurando e apertando uma parte do vestido.

– Está gostando do palácio, Senhorita Hope? – perguntou Thomas, não sabendo como começar.

– Estou gostando muito – respondeu direta.

Ela parecia um pouco nervosa, então Thomas quis deixá-la mais a vontade.

– Pode me contar a verdade, Senhorita, sei que não deve ser muito comum. – Ele sorriu.

– Quer a verdade? – ela perguntou, provocadora.

Ele fez que sim com a cabeça, sorrindo. Todas as Selecionadas eram um livro e ele só tinha que dar um empurrãozinho na capa que as páginas se abririam com o vento.

– Bem, pra dizer a verdade, verdade mesmo, eu estou só muito perdida.

Thomas riu. A conversa de Matthew até parou e continuou segundos depois com as risadas do irmão. Delilah também riu baixinho.

– Eu imagino, se para eu, que estou acostumado, é difícil entrar em palácios e saber para onde ir, deve ser mesmo difícil para alguém que nunca entrou em um.

– Eu só sigo a multidão e chego aos lugares que nos mandam. Fico perdida toda vez que saímos dos quartos! – Seu sorriso era perfeito. – Mas tudo aqui é lindo, é como uma aventura a cada vez que você passa por uma porta.

Thomas adorava ver como as Selecionadas de castas mais baixas gostavam de tudo no palácio, desde o chão que era quase escorregadio de tão polido ao teto que servia de apoio para os lustres enormes. Todas elas tinham sua própria visão de como era estar num castelo e as visões estavam virando realidade ali dentro.

– Que bom que está gostando, Senhorita. O que mais lhe agradou? – perguntou o príncipe, com um tom mais provocador.

– Bem, é meio difícil escolher – ela falou, correspondendo ao jogo.

Seu sorriso era de conquistar qualquer um. Todos os detalhes do rosto dela eram encanadores, desde as pequenas e quase invisíveis sardas até os olhos incrivelmente azuis. Delilah colocou uma mecha do cabelo para trás e Thomas pode ver um pingo de tinta azul por entre as mechas, que logo desapareceu atrás dos cachos incontroláveis.

– Está em dúvida em que? Talvez eu possa ajudar. – Thomas mudou de posição. Estava realmente gostando de jogar com ela.

– É possível que você já tenha tido várias respostas desse tipo.

Seus olhos iam de encontro com os de Thomas diversas vezes, mas mesmo que ele conseguisse lê-la em questão de sentimentos, ele ainda não conseguia ver em que ponto queria chegar. A resposta seria ele, Thomas tinha quase certeza.

– Bem, só vamos saber se a Senhorita contar, certo?

– Certo! Estou com uma séria dúvida, ainda não descobri qual é melhor.

Será que ela estava falando dos príncipes? Não era possível, ela nem tinha conhecido Matthew, como ela já o considerava uma das coisas mais legais do castelo? Thomas ficou chateado com a impressão que ela poderia estar falando do irmão.

– Por que os dois têm seus lados bons.

– Conte – pediu ele, quase num sussurro.

– Bem, acho que as duas coisas que mais gostei até agora foi os príncipes, claro, mas, mais do que nunca, da comida! – Ela riu.

Thomas soltou um riso bobo. Ela tinha levado ele a montar milhões de ideias em sua mente do que poderia ser e tinha o feito querer ser uma das coisas que ela tinha gostado. E eles não estavam conversando nem há cinco minutos.

– Realmente, Senhorita Hope, muitas Selecionadas falaram bem da comida. – Ele ria.

– Mas também, ela é ótima! Elas não poderiam dizer o contrário!

– É uma das coisas de que eu mais gosto também – admitiu Thomas.

– Mesmo? E do que mais gosta, Alteza? – De novo aquele olhar e aquele sorriso.

As Selecionadas tinham mesmo que serem tão interessantes e boas de papo em sua maioria?

– Eu gosto da sala de cinema e da biblioteca, gosto do jeito como a história passa pelos nossos olhos em questão de segundos. Também são ótimos lugares para ficar sem fazer nada quando você tem muitas coisas pra fazer – respondeu, fazendo Delilah rir.

– Eu adoro fazer nada quando tenho muitas coisas pra fazer!

– E o que você fazia antes da Seleção? – perguntou o príncipe.

Ele não queria ir muito longe como perguntar sobre a vida das Selecionadas na primeira conversa, mas ele não conseguiu se segurar, aquele pingo de tinta, o jeito como ela falava, sua provocação... Ele precisava saber mais. Ele queria mais.

– Bem... – Ela pareceu pensativa.

S{ Delilah olhou para baixo para pensar. Ela poderia contar muitas coisas da vida dela, e muitas delas não seriam nada legais. Se ela contar das drogas ou da mãe, o príncipe ficaria assustado, com certeza. Mesmo que ela tivesse parado, ele não entenderia. Delilah preferia deixar essa parte do passado no passado. Ela não tinha muitas coisas para falar, então decidiu falar do que mais amava: a pintura.

– Eu pintava – contou Delilah.

Ela tentava conter o nervosismo na voz, mas era quase impossível. Afinal, ela estava de frente para um dos filhos do Rei e da Rainha, para um dos príncipes de Illéa, sendo analisada, ela poderia casar com ele, ou poderia ser mandada embora. Ela queria ficar, queria fazer certo dessa vez, queria ser uma boa filha, deixar o passado para trás. Ela não queria estragar tudo, de novo.

O príncipe não pareceu muito surpreso com o que ela disse. Ela se perguntou se estava com algum vestígio de tinta na ponta do nariz.

– Está trabalhando em alguma coisa agora? – perguntou ele.

Droga, tem um pingão de tinta bem no meio da minha cara!, pensou Delilah. Como era possível que príncipe percebesse aquilo? Ela queria desesperadamente se olhar no espelho. Só esperava que o pedaço de tinta não pudesse ser confundido com uma espinhona gigante ou com um pedaço de glacê ou alface.

– Bem, antes de virmos para cá – começou Delilah –, haviam nos dito que poderíamos escolher entre deixar o quarto como ele está agora ou fazer outra coisa nele. E eu queria deixar aquele quarto mais com cara de casa, então passei a madrugada pintando-o de branco para pintar algo por cima depois.

– E o que tem em mente?

Ai, príncipe, não faz isso comigo!, pensava ela. Ela chegou aqui pensando em como seria difícil controlar sua língua que estava sempre sendo honesta demais e ferindo os outros, e até agora tudo o que o príncipe fez foi incentivá-la a falar mais. Ela só esperava que não saísse nada desagradável da boca dela.

– Hm, ainda não tenho muita certeza, mas queria pintar coisas que me fazem feliz como a minha família, o sol nascendo, uvas... Enfim, coisas assim... – Ela ficou vermelha de vergonha. Tinha mesmo falado que ia pintar uvas na parede de um quarto do palácio real?

O príncipe sorriu. Será que ele tinha noção de como era lindo? Delilah não conseguia parar de olhar para ele, era como se a cada olhar retribuído ele a fizesse se apaixonar. Ela só esperava que Matthew não fosse tão apaixonante assim, seria horrível ficar com dois irmãos.

– Bom, eu espero que algum dia eu também possa estar na lista de coisas que te fazem feliz – falou o príncipe, fazendo Delilah perder o único fio a que se segurava para não se apaixonar de vez.

● ● ●

Matthew se despediu de uma Selecionada a tempo para outra. Ele achava que Thomas estava indo muito rápido, ele mal começava a achar uma das garotas interessantes e já tinha que mandá-la sentar.

– Ah, olá, Senhorita...

– Não precisa me chamar assim. Sou Liana Adami e ponto – ela rugiu, totalmente grossa. – Vocês estão sempre tentando sair bem na fita, né? Pois saiba que isso não vai acontecer comigo.

Matthew sentiu a raiva subir para sua cabeça. Ele não suportava pessoas que se achavam acima do respeito e da educação, era tão ridículo. Mesmo que ele não fosse o príncipe, ele poderia ser qualquer um, ela não deveria falar com ninguém assim. Matthew tentou se controlar, ele sabia como perdia a cabeça com facilidade. Aquela não seria uma apresentação legal para aquelas garotas.

– Tudo bem, Liana Adami E Ponto, está gostando da sua estadia no palácio? – perguntou Matthew, tentando com todas as forças dar mais uma chance para aquela garota.

– Eu não gosto de nada que vêm do palácio, vocês são um bando de...

– Não ouse terminar sua frase – interrompeu.

Ele não conseguia acreditar que depois de encontrar algumas pessoas legais, ele encontra uma garota nojenta como ela. Como as pessoas conseguiam ser tão fúteis?

– Veja, Liana, eu não sei se percebeu, mas você está dentro de um palácio, tudo aqui foi feito ou conquistado pela monarquia. Você não tem o direito de insultar-nos em momento algum.

– Eu não tenho direito à liberdade? Eu não posso falar e ouvir o que eu quiser? – ela desafiou.

– Não! Não vou deixar que insulte minha família na minha casa.

Matthew levantou-se, fazendo o sofá emitir um estrondo quando arrastado do chão. Ele olhou para todas as Selecionadas, que o olhavam confusas e com medo. Ele não queria causar medo algum, só estava com muita raiva.

– Se há aqui nesta sala, alguma Selecionada que não queira estar aqui, que saia por aquela porta neste momento! – ele ordenou. As meninas não moveram um músculo, ele podia ver que algumas delas estavam pensando na questão. – Liana, você insultou minha família a um ponto a ser considerado um delito, você foi indesejável e rude, por isso ordeno para que saia desta sala, os guardas irão leva-la para seu quarto. Quero que você faça as malas e saia desse palácio.

Liana estava surpresa. Ela não esperava que Matthew fosse tão grosseiro, na verdade, ela esperava que ele pudesse mudar o país de acordo com o que ela estava dizendo. Ela queria ser grossa e queria ofender, só não esperava que aquela pudesse ser uma via de mão dupla. E Matthew não iria poupar Selecionadas por pena, qualquer castigo que devesse ser dado seria cumprido. Ele não quis nem saber se Thomas queria que Liana ficasse ou deixasse o palácio, ele só a queria longe dele. Ele nunca mais queria ver aquele vestido azul horrível e nem aqueles brincos de ouro malfeitos, ele desprezava qualquer que fosse o dinheiro gasto com aquela Selecionada.

Thomas não ousou dizer uma palavra, Matthew sabia que Thomas concordava com ele, se Thomas nem tentou argumentar com Matthew, era por que o mais novo a odiou. E Thomas sabia que quando Matthew cismava com uma coisa ele não deixava ela para trás. Se Matthew estava mandando aquela garota embora daquele jeito, era por que ela merecia.

Fez-se o silêncio no salão. Muitas meninas lá não queriam estar ali, mas até a mais revoltada com o palácio ficou calada depois de Liana.


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Notas finais do capítulo

*: 3Tune é tipo um iPod, mas com umas modificações. Ele vai de baixo d'água.
**: Dominica é uma província vizinha a Angeles.

S{ : TODA VEZ QUE TIVER ISSO, é pq é """""POV""""" da Selecionada em questão, ou seja, estávamos falando com o ponto de vista do Thomas, mas em terceira pessoa, e então passou a ser da Delilah, em terceira pessoa também. Vai ser sempre assim quando eu colocar S{, ok? E no final do """"POV"""" da Selecionada eu vou colocar }S, indicando que acabou, tudo certin?
Quando tiver um POV, POV meeesmo eu falo que é POV da Selecionada.

Bem, já deu pra perceber que meus personagens tem atitudes bem peculiares, né? O rei, a Annaliz, o Matthew, todos eles são bem estranhos, e quero que vocês percebam que isso não é o livro, consequentemente eu não sou a Kiera, logo, as coisas não vão ser nem parecidas! Os príncipes não são Maxons da vida, eles não vão poupar uma Selecionada que for pega com outro, nem aturar Selecionadas como a América. Isso é bem diferente e a minha Seleção tá mais pra Jogos Vorazes, EU TO AMANOOO! Então não fiquem assustadas se um dos príncipes perder o controle que nem o Matthew perdeu agora ou se alguém morrer pq VAI TER MORTES FEIAS MUAHAHAHAH Só vai ter treta nessa Seleção, EU SOU DO MAU.


GENTE MUUUITO OBRIGADA POR TUDOOOO amo muito vocês!