A Seleção - Interativa escrita por Lady Ann


Capítulo 10
Salão das Mulheres


Notas iniciais do capítulo

Lauren Davis.

Christal Grayffin:
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Taylor Chase:
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Elizabeth Lovelace:
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Lauren Davis (a foto não foi)

Eu estava sozinha no carro. Soube por meio de funcionários do palácio que algumas das Selecionadas, quase metade, tiveram que ir com outra por causa dos aeroportos que ficavam em outras províncias. Sinceramente, eu queria ser uma delas. Aquele silêncio estava me matando e a ansiedade ficava mais forte a cada vez que o carro andava mais um quilômetro até o palácio.

Minha província (infelizmente) tinha aeroporto, então eu não tive eu ser enxotada para nenhuma outra e (infelizmente, de novo) todas as províncias vizinhas à minha têm seu aeroporto e nenhuma Selecionada teve que ficar comigo. Eu achei aquilo péssimo. Eu estava completamente sozinha, sem ter nenhuma noção do que estava acontecendo, sem ter ninguém para conversar sobre toda aquela agitação.

A estrada para o palácio era curta, e desde que saímos do aeroporto eu já podia ver as pessoas se acumulando em pequenos grupos que iam ficando maiores conforme o palácio ficava mais perto. Em toda a estrada, grades foram colocadas para que as pessoas não invadissem a rua (ou caíssem nela por causa do tumulto), como me explicava meu motorista Tobias. Tobias também me orientou a não abrir a janela:

– Olhe, Senhorita Davis, à sua esquerda tem um grupo de pessoas com cartazes com seu nome – ele observou. E, quando eu ia abrir a janela para dar tchau ou mandar beijinhos, ele me advertiu: - Opa, não abra a janela, do mesmo jeito que há pessoas ali que só querem seu bem, também há aqueles que querem seu mal e o da família real. Peço total cuidado quanto a isso.

E, mais do que nunca, eu estava sozinha. Não podia falar com as pessoas no meio do caminho nem com nenhuma outra Selecionada. Podia ficar pior?

Viramos à esquerda e, três quilômetros depois, a multidão apareceu. Eram tantas pessoas que eu não conseguia nem contar. Elas ficavam amontoadas nas grades e até 500 metros depois delas ainda tinha gente esperando para nos ver. Barracas foram montadas onde o grupo ficava menor. Nunca vi tanta gente reunida. E eles estavam ali para nos ver, estavam ali para me ver.

– Acho que estamos chegando perto – brinquei com Tobias. – Não sei de onde eu tirei isso.

Ele riu. Parecia já ter passado por aquilo pelo menos umas duas vezes pela idade. Quantas pessoas importantes ele trouxe para aquele palácio? Quantas Selecionadas, como eu, ele vira sorrir? Ele era um cara de sorte.

Logo que a multidão percebeu meu carro passando, eles começaram a voltar para as grades e gritar. Cartazes foram levantados e presentes foram atirados na pista. Guardas do palácio estavam por toda a extensão da rua e catavam rapidamente todos os presentes antes que eles não tivessem a chance de causar acidentes. Eu queria ficar com eles, afinal, eles foram jogados para mim. Podia ver alguns cartazes com o meu nome, claro, não eram muitos, mas também não eram os que menos apareciam. “Boa sorte, Princesa Lauren!”, “ Você vai conseguir, Lauren!”, O príncipe vai saber quando você ele conhecer, Senhorita Lauren vai vencer!”, eram alguns exemplos dos cartazes super bem humorados que apareciam desde o começo da rua até a entrada do palácio. Eu me sentia uma celebridade!

– Ai, meu Deus! – eu sussurrava algumas vezes; Tobias, acostumado, só sorria ao ver minhas expressões. – Eles podem me ver?

– Por motivos de segurança, não. Mas atrás do carro há uma placa com seu nome, Senhorita, então eles sabem qual Selecionada está nesse carro – explicou.

– Queria que pudessem me ver! Eu agradeceria imensamente!

– Acredite, há pessoas ali que, se soubessem em qual banco a Senhorita está, não mandariam presentes ou beijos.

Pensei no que ele disse. Será que existiam mesmo pessoas ali que queriam me ver morta? Ou machucada? Será que alguma daquelas pessoas com cartazes queria me prejudicar? Talvez fosse só paranoia da família real, não era possível.

Eu podia ver os repórteres dando entrevistas com meu carro passando na frente da câmera. A repórter olhou para o carro sorridente e virou-se de volta para a câmera, terminando de falar. Ela devia estar anunciando a chegada de mais uma Selecionada nos programas ao vivo que estavam passando em todos os canais. Os flashes inundavam a rua e brilhavam conforme o sol se retirava para dar lugar a Lua. Será que conheceríamos os príncipes naquele dia mesmo? À luz da Lua? Seria sonhar demais?

Lembrei-me de que não estava ali por eles. Na verdade, ninguém poderia saber por que mesmo eu estava ali. Afinal, os motivos eram ridículos. Eu só estava fugindo de casa. A pressão que meus pais colocavam sobre mim... Aquela responsabilidade tão grande de virar professora no futuro e deixar todos os meus sonhos para trás... Eu detestava tudo aquilo, a Seleção era a minha única chance de me afastar daquilo. Mesmo que eu ficasse longe da Alison, minha melhor amiga, das minhas irmãs, da minha mãe e de tudo o que eu amo, eu poderia ser eu mesma e aquilo era muito importante para mim.

– Senhorita, já estamos chegando – avisou-me Tobias.

Logo que ele terminou de completar a frase, imensos portões de ouro foram abertos para o meu carro entrar. Eu dava tchau para as pessoas, na esperança que elas pudessem ver pelo menos minha sombra, queria que elas soubessem que eu agradecia pelo o que elas estavam fazendo. Os portões se fecharam e eu olhei para trás. Eu nunca mais os veria se abrindo, apenas quando fosse embora, e isso só aconteceria se os príncipes quisessem. Eu estava presa ali. Eu mal virei para frente e a porta se abriu. Mãos me puxaram para fora no mesmo instante.

– Rápido, Senhorita, já são quase seis horas! – uma mulher dizia enquanto me puxava.

– Desculpe-nos por isso, mas temos que ser rápidas! – outra disse.

Elas me fizeram entrar e continuaram me levando porta atrás de porta, corredor além de corredor e eu me perdi no meio daquele palácio imenso. Elas abriram uma porta para um salão enorme que estava cheio até a boca de gente. Eu não conseguia processar tanta informação, eram pessoas demais para mim. Elas corriam de lá para cá com vestidos, e maquiagens, todas apressadas.

– Ah, que bom que você chegou! – uma mulher loira com cabelos na altura dos ombros veio correndo até mim.

– Ela é toda sua – murmurou uma das mulheres que me segurava, me passando para a loira.

– Certo!

A loira me puxou e começou a andar comigo no meio daquele monte de gente. As conversas paralelas faziam o som lá dentro ser idêntico a um monte de gatos morrendo no meio de elefantes e cavalos assustados.

– Você vai ficar aqui, uma equipe já vai chegar!

Ela me colocou sentada em uma cadeira de frente para um espelho imenso. O salão era cheio desses lugares, eram como cabines de atendimento gigantes e rosa choque. Ao redor do espelho haviam luzes que pareciam holofotes virados para o meu rosto. Muitas pessoas apareceram ao meu redor do nada e uma delas era uma mulher que tinha uma câmera e outra que parecia ser assistente dela com uma cartolina muito estranha. Ela colocou a cartolina branca atrás de mim e a fotógrafa me colocou de frente para o espelho.

– Vamos deixar a luz brilhar em você! – ela disse. – Essa é a foto do “antes”, vamos fazer aquele clichê de “antes e depois”. É tradição, você sabe... Aline! Pelo amor! Coloque isso direito! – A mulher gritou com a moça que colocava a cartolina atrás de mim, posicionou a câmera na minha frente e disse: - Dê seu melhor sorriso!

Eu tentei fingir que estava entendendo tudo e me divertindo. Na verdade, foi a inexperiência de Aline com a cartolina que me fez rir de verdade. A câmera não emitiu flash, acho que os holofotes que o espelho jorrava na minha cara já era mais do que o suficiente.

– Ótimo! Ficou linda!

– Só uma? – preguntei.

– Já tirei cinco! Não se preocupe com as câmeras, Senhorita Davis. Faremos um especial sobre a transformação de vocês. Então tem câmeras por toda parte! É só sorrir!

Olhei envolta, realmente, um mar de fotógrafos e câmeras estavam rondando as Selecionadas tentando capturar o melhor momento de cada uma, procurando cada detalhe de cada garota. Eu ia falar alguma coisa para a mulher, mas ela já não estava mais lá. No seu lugar, uma outra mulher estava me olhando curiosa.

– Acho que não precisamos fazer nada no cabelo – disse. Outras mulheres que me circulavam concordaram.

– Então vamos começar a polir e depois passar para as unhas e maquiagem – ordenou uma delas.

Logo, várias pessoas começaram a esfregar todas as partes do meu corpo, retirando meu vestido com uma agilidade fora do normal, deixando-me só de sutiã. Eu agradeci por serem todas mulheres e por estar tampada por três paredes e de costas para a abertura da minha cabine. Elas passaram todo o tipo de óleo em mim e me deixaram com cheio de morango tão doce que eu quase vomitei. Uma delas passou a fazer minha maquiagem enquanto outra passava cremes no meu cabelo e fazia escova. Mesmo com toda aquela gente, eu podia perceber que não estava calor, o sistema deles de resfriamento era perfeito. Angeles costumava fazer muito calor naquela época do ano, bem, lá sempre estava calor, mas naquela época era bem pior.

Eu fui levantada e coberta por um roupão. Não disse nada enquanto elas faziam minhas unhas. Quis questionar e dizer para elas não colocarem cores muito fortes, mas elas pareciam saber bem mais que eu sobre tudo e eu confiei minha imagem a elas. No final, quando me olhei no espelho com aquele roupão, eu estava linda.

– Está lindíssima! – uma moça tímida que fazia meu cabelo elogiou.

Meu cabelo que antes era cortado em V agora tinha camadas e parecia mais sedoso e brilhante que antes. Uma Selecionada que eu já tinha visto parou atrás de mim. Ela estava de roupão também.

– Você está linda! – ela comentou. Minhas assistentes saíram da cabine para procurar um vestido. – Tenho até medo do que vão fazer comigo!

Ela já estava maquiada, tinha uma touca no cabelo e eu me perdi pensando no que o cabelo dela iria se transformar. O nome dela era Nadja Lion, da província de Yukon. Seu cabelo era loiro, o que será que estavam fazendo com ele?

– Ah, isso? – Ela apontou para a touca. – Acham que marrom faz mais a minha cara.

– Pintaram seu cabelo? – Fiquei surpresa, será que ela tinha deixado?

– É, me disseram também que o príncipe Thomas gosta de meninas de cabelo marrom, talvez ele goste mais de mim desse jeito...

Ela parecia tão sonhadora. Estava fazendo aquilo tudo pelo os príncipes e eu nem sequer tinha pensado em como eu iria parecer perto deles. E se eles gostassem de mim versão antes? Bem, não importava muito, eu não ligava.

– Tenho certeza que vai ficar lindo – falei.

Quando se trata de amizade no palácio, minha mãe me recomendou a não ser tão amiga de todas, pois primeiro, todas elas vão sair (isso se eu virasse Rainha ou princesa) e segundo que elas podem não ser tão amigas quanto eu imagino, já que, aqui no palácio, somos todas inimigas. Eu ainda estava tentando tirar minha própria conclusão, elas não tinham cara de quem iriam arrancar meus olhos fora na primeira oportunidade, não as que eu vi, não Nadja, mas eu ainda não podia confiar.

– Obrigada – agradeceu. E então, antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, ela foi levada dali correndo para lavar o cabelo. Acenei e ela desapareceu.

Minhas assistentes voltaram e seguravam um vestido dourado. Elas tiraram meu roupão e enfiaram meu vestido em mim. Ele tinha ombros caídos e cintura definida, a parte de baixo era uma saia rodada e tinha destaque nos seios. Ele batia no meu joelho e eu me senti bem com ele. Achei que eu só iria vestir vestidos longos e feios, mas aquele era a prova que aquilo não era verdade. A moça espetou um broche brilhante no meu vestido que tinha meu nome e minha província. Era importante para as províncias ter uma Selecionada lutando por elas, então saber de onde cada Selecionada veio é importante para o público.

Elas ajeitaram meu cabelo, voltaram na maquiagem, deram uma geral e disseram que eu estava pronta. Uma delas puxou minha mão e me levou até uma sala onde seriam fotografados os “depois” das Selecionadas.

Eu fui colocada sentada de frente para uma câmera e a fotógrafa me disse para sorrir como a outra me dissera minutos antes. Eu dei meu melhor sorriso e ela tirou seis fotos, alternando a posição para me pegar melhor em cada uma delas, os flashes me faziam ficar mais radiante. Enquanto a fotógrafa foi fotografar outra Selecionada, um câmera-man me disse para fazer posses enquanto ele me filmaria. Eu obedeci e, em menos de cinco minutos, ele me mandou sentar do outro lado da sala e esperar.

● ● ●

Taylor Chase

Colocaram-me sentada ao lado de uma Selecionada que eu conhecia de rosto. O câmera-man me disse que assim que tivessem quatro Selecionadas no banco eles iriam nos levar para conhecer o palácio. Meus instintos de conhecer gente nova não conseguiram ficar mais guardados e eu tive que falar com a garota sentada do meu lado.

– Oi! Sou Taylor – apresentei-me.

– Lauren. – Ela sorriu. – Você é a Taylor Chase, né?

– Sim, de onde me conhece?

– Como não conhecer? Você namorou aquele ator... Qual é o nome? Ah é, Ryan Archibald! Um gato! – ela comentou.

Não acreditei que ela me conhecia por ele. Já fiz tantos trabalhos de modelo e ela vem me conhecer pelo meu ex? Aquilo era horrível, mas tive que rir.

– Nossa! Nem me fale, ele era muito fútil pra mim, sinceramente, eu não conseguia aturar.

Tentei deixar de fora que aquilo tudo foi armação dos meus pais. Eu nunca fui muito ligada a eles, mas pelo menos queria ter a chance de escolher alguém para mim. E quando eles disseram que queriam que eu me cassasse com Ryan, eu fiquei só a raiva! Tentamos namorar, mas depois de algum tempo realmente não deu. Eu não sentia nenhuma falta dele, estava ali para conquistar outro amor.

– Ele parece ser tão legal! Tipo, meus pais são médicos e tal, eles já falaram com o Ryan, mas eu nunca tive essa chance. – Ela sorriu. Mesmo com aquele sorriso, ela não parecia estar confortável com a conversa, ela parecia apreensiva, como se estivesse puxando assunto, mas no fundo tivesse medo de onde aquela conversa poderia levar.

– Nossa, que legal, meus pais também são influentes em Summer... Mas não acho isso tão legal – eu sorri, esperando que ela não perguntasse o porquê. Meus pais simplesmente eram tão importantes que eu era ofuscada. – Como você está achando a Seleção?

– Até agora eu não estou entendendo muita coisa, mas talvez eu fique melhor conforme as coisas vão se ajustando – ela respondeu, rindo.

Parecia estar sendo sincera. Era a primeira vez que ela parecia estar falando realmente a verdade. Talvez ela não fosse tão ruim quanto eu esperava, talvez só estivesse muito desconfiada. E aquilo era normal. Estávamos mesmo todas lutando pelas mesmas coisas.

Uma menina veio na nossa direção, já tinha ouvido falar dela, o nome era Christal Grayffin. Seu cabelo era cortado reto e não tinha muito volume, mas depois da transformação ele passou a ser repicado (justamente para dar volume) e ficou com ondas perfeitas. Sua maquiagem era básica, mas marcava presença, eles tinham feito um ótimo trabalho nela.

– Oi! – cumprimentei, Lauren também disse “oi”.

Ela se sentou ao lado de Lauren, que ficou no meio entre nós duas.

– Oi – devolveu. Ela parecia ser muito simpática.

– Seu cabelo ficou lindo! – elogiei.

– Sério? – Ela corou. – Achei que não tinha ficado tão bom, o seu está simplesmente maravilhoso!

No meu cabelo, as mulheres fizeram uma mudança total, fizeram luzes, o deixaram loiro, embora as raízes ainda fossem de um castanho claro. Não deixaram com ondas ou muito volumoso, fizeram um alisamento perfeito que parecia natural. A maquiagem estava em cores neutras e o blush realçava minhas bochechas, meu vestido era verde claro e batia acima dos joelhos. Os saltos não se faziam necessários, mas eu ainda assim estava usando um par de médios. Eu estava realmente muito bonita.

– Obrigada! Eu fiquei bem diferente.

– É mesmo, não te reconheço – ela riu, envergonhada.

– Sou a Taylor, prazer!

– Lauren – apresentou-se a garota à minha esquerda. – E você é a Christal, certo?

– Sim! Sou de Ottaro, cheguei um pouco antes de você, Lauren, não sei se me viu – ela sorriu. – Eu estava perdida, aí olhei pra você e você parecia tão perdida quanto eu. Acho que fiquei mais tranquila depois de ver que não era só eu que estava morrendo no meio de tanta gente.

Lauren riu.

– É verdade! Eu estava completamente perdida, tinha gente indo pra tudo quanto é canto, eu só seguia tudo o que me falaram para fazer.

Pelo o que eu sabia da Christal, ela era uma Cinco. Eu não sabia qual a casta da Lauren, mas ela também não parecia ser lá tão acostumada com aquelas regalias do palácio. Eu nasci sendo maquiada por milhares de pessoas ao mesmo tempo, então a única vez em que eu fiquei perdida, foi quando aquela conversa começou. Eu estava tão acostumada que não sabia o que dizer.

– Eu nem sabia o que iam fazer comigo – Christal explicou. – Elas só disseram que iam me fazer ficar linda e parece que deu bem certo.

Nós rimos. Realmente, ela estava deslumbrante.

– Eu nem acreditei quando disseram que iam pintar meu cabelo – tentei entrar no assunto. – Achei que ia ficar feio loiro, mas ficou lindo!

– Nossa, você pintou? – Lauren pareceu surpresa.

– Pintei! Eles disseram que ficaria melhor assim.

Ela parecia ter uma opinião, mas guardou para si. Talvez ela me achasse estranha por ter os deixado pintar meu cabelo. Afinal, para a maioria das garotas abaixo de Três, pintar o cabelo é uma coisa não muito normal, mas para mim já era costume, as revistas sempre querem ter um visual novo. A moda muda. Eu tinha que mudar também. Me senti uma maçã verde no meio de várias vermelhas.

– Eu vi uma garota que tinha cabelo caramelo e eles a deixaram com um tom de ruivo natural lindíssimo! – Apontou Christal. Ela parecia bem animada. – Não sei se tenho coragem para deixar alguém pintar meu cabelo assim tão do nada. Eu nem sei se os príncipes vão me escolher...

– Bem, de qualquer jeito, vamos dar o nosso melhor – falei. Lauren parecia distante quando o assunto eram os príncipes. Ela parecia esconder algumas coisas que não queria que as pessoas soubessem.

– Vamos sim! – Concordou Christal.

Outra garota, agora acompanhada por Rosie, a mulher loira que era encarregada por todas as Selecionadas, chegou mais perto de todas nós. Ela era ruiva, seu nome era Elizabeth Lovelace. Sempre achei que poderíamos conversar e talvez virar amigas, mas não sei mais agora, todas as meninas parecem ter um ar de “você é minha inimiga e a ti não devo mais do que ‘bom dia’”.

– Olá, meninas, para aquelas que ainda não me conhecem, sou Rosie e sou a pessoa que vai cuidar de todas vocês, vocês terão aula comigo durante a semana para aprenderem a virar as damas que os príncipes precisam, certo? – Ela esperou uma resposta que nunca veio. – Ok, vamos continuar, agora eu vou mostrar o palácio bem rapidinho pra vocês e levá-las para o seu quarto para poderem se arrumar, vamos?

Todas nós nos levantamos ao mesmo tempo.

Rosie nos tirou da sala e continuou andando.

– Aquele foi o Salão das Mulheres, é lá onde a Rainha, as companheiras da Rainha e enfim, as mulheres em geral se divertem aqui no palácio. Vocês vão passar grande parte do tempo lá, então acostumem-se.

Tentei fazer um mapa na minha cabeça de onde era tal lugar, mas acabei me perdendo. Era um labirinto!

– Agora, quando vocês entraram, viram o Grande Salão, que geralmente é usado para festas e banquetes. Se houvesse muitas mais de vocês por aqui, seria lá que faríamos as refeições. Mas a sala de jantar normal é grande o suficiente para suas necessidades. Vamos dar uma passada por lá.

– Eu não tive tempo nem pra ver onde eu estava pisando – brincou Lauren, fazendo todas nós rirem, inclusive Elizabeth.

Rosie olhou para nós procurando a graça e nos calamos na mesma hora, assim que ela virou, as risadinhas continuaram.

Rosie mostrou onde a família real fazia suas refeições, em uma mesa à parte. As Selecionadas ficariam em mesas compridas dispostas como um “U” bem estreito. Nossos lugares já estavam marcados com plaquinhas muito elegantes. Eu ia me sentar entre Cassandra Penderghast e Winter Moore.

Deixamos a sala de jantar e descemos as escadas até a sala de onde transmitiam o Jornal Oficial de Illéa. De volta ao andar de cima, nossa guia apontou a sala onde o rei e os príncipes trabalhavam na maior parte do tempo. A área estava além dos nossos limites.

— Outra coisa fora dos limites: o terceiro andar. Lá ficam os cômodos reservados à família real, então nenhuma intrusão será tolerada. Os quartos de vocês estão localizados no segundo andar. Estas portas aqui dão para o jardim dos fundos. – Os guardas ficaram em posição assim que nos viram. — Vocês não podem sair do palácio em nenhuma circunstância. Às vezes, durante o dia, poderão ir até o jardim, mas nunca sem permissão. Isso é exclusivamente para manter vocês seguras.

Entramos em um corredor e subimos as enormes escadas que davam para o segundo andar. Eu sentia tapetes tão espessos sob meus pés que tinha a impressão de afundar um centímetro a cada passo. A luz atravessava janelas no alto; tudo cheirava a flores e raios de sol. As paredes estavam repletas de pinturas grandes que retratavam os reis do passado. Havia uma mulher ruiva em um dos quadros que sorria ao lado do rei com sua coroa estonteante. Entre eles havia uma garota de vestido lilás, todos pareciam felizes. Eu não tinha como saber muito da história do nosso país, pois tudo o que sabíamos era passado oralmente, mas todos conheciam a história de amor da Rainha America e do Rei Maxon.

— As coisas de vocês já estão nos quartos. Se não gostarem da decoração, basta avisar as criadas. Cada uma de vocês tem três, e elas também já estão nos quartos. Vão ajudar vocês a desfazer as malas e a se preparar para o jantar. Antes do jantar de hoje, vocês se reunirão no Salão das Mulheres para uma projeção especial do Jornal Oficial de Illéa.

Algumas meninas ficaram animadas com o anuncio de Rosie.

– Semana que vem, estarão ao vivo no programa! Esta noite vocês verão algumas das imagens feitas desde quando saíram de suas casas até a chegada aqui. Será bem especial. Amanhã vocês conhecerão os príncipes oficialmente. Vocês jantarão em grupo, para que possam se conhecer melhor! É amanhã que a coisa começa a ficar picante!

Nós continuamos a andar por entre o corredor, algumas garotas já entravam a saíam de seus quartos animadas. Eu queria ficar ali, no meio da agitação, no meio do corredor, e não no fim dele. Os corredores eram em forma de T, um corredor inteiro cheio de quartos e, no final, viravam para mais ainda, como contou Rosie. Eu não queria ficar no final deles.

– Aqui é o seu quarto, Taylor – ela apontou para uma porta que não ficava muito longe de onde o corredor começava. – Olha, bem aqui quase na sua frente é o da Christal. As outras venham comigo, vou mostrar o resto.

Eu olhei para a porta do meu quarto enquanto Rosie se afastava. Ela tinha “Taylor Chase” escrito na porta com metal e letras em itálico. Christal disse “tchau” animada antes de entrar no quarto. Eu acenei e abri a porta, ali seria onde eu poderia descansar, seria uma casa por longos dias. A ansiedade só ficava maior.

● ● ●

Christal Grayffin

Assim que eu entrei no quarto pude ver minhas três criadas. Elas estavam preparadas, em fila, só me esperando.

– Bem vinda, Senhorita! – elas disseram em uníssono.

– Deixe-me apresentar-nos – começou uma delas, a que parecia ser a mais velha: - Meu nome é Estefânia, esta é Dênia. – Ela apontou para uma moça que aparentava ter um pouco menos da idade de Estefânia, talvez 27. – E essa é Olivia.

Olivia parecia ser uma Selecionada de tão nova. Parecia ter minha idade.

– Oi! – Ela disse, bem animada. – Pode me chamar de Oli!

– Oi, Oli – eu ri. Já era um bom começo.

Eu mal entrei no quarto e alguém já abriu a porta atrás de mim. Era uma equipe de filmagem e eu fiquei confusa. Eles pediam para as criadas prepararem um lugar para a filmagem e uma mulher foi falar comigo.

– Oi, sou Felícia. Nós vamos fazer uma entrevista com você para o próximo programa, certo? São só algumas perguntinhas básicas sobre seu dia. Escolhemos fazer no quarto das Selecionadas dessa vez para causar mais intimidade nos espectadores.

– Hm, ok...

– Vamos começar, Senhorita Grayffin.

– Fundo preparado! – avisou um assistente.

– Tudo certo! – completou outro.

– Vou pedir que fique sentada aqui na sua cama, Senhorita – ordenou Felícia.

Eu sentei e esperei que ela me dissesse o que fazer. Era uma invasão tão repentina que eu nem sabia o que dizer. Minhas criadas também pareciam confusas. Nós não tivemos nem chance de nos apresentarmos direito e as pessoas já tinham estragado o momento.

Uma câmera de filmagem foi colocada na minha frente e uma luz vermelha se acendeu depois que alguém gritou bem alto “AÇÃO!”. Eu sorri, tentando ser gentil. Se aquilo ia ao ar, eu esperava ficar bem. Felícia disse que aquele era o momento para o público conhecer mais sobre nós e eu queria que as pessoas torcessem por mim. Que se sentissem em casa perto de mim.

Felícia usava um vestido azul chamativo que combinava bem com sua pele morena. Meu vestido branco quase nem aparecia perto do dela. Ela estava sentada ao meu lado na cama e a câmera podia pegar nós duas juntas como se estivéssemos conversando normalmente. Ela segurava um microfone e começou a falar assim que a luz se acendeu, embora ela não estivesse olhando para ela.

– Como foi seu dia, Senhorita Grayffin? Soube que a Senhorita veio sozinha do aeroporto para cá, foi um dia cansativo?

– Na verdade, foi um ótimo dia! Eu estive no meio das pessoas da minha província no aeroporto de Ottaro e foi mágico! As pessoas estão todas torcendo por mim e são uns amores. Eu não poderia ter torcida melhor.

– Fico muito feliz pela Senhorita – continuou Felícia, me incentivando a falar mais sobre meu dia.

– Obrigada! Também tive muito apoio de todas as pessoas quando eu estava chegando no palácio, as pessoas que estavam aqui foram tão bem receptivas, eu amei aquele momento.

– E quanto a sua transformação de hoje? – Ela sorriu. – Posso ver que há uma mudança no seu cabelo!

– Sim! Realmente, houve algumas mudanças no meu visual. – Eu ri. – Meu cabelo antes era todo liso e sem vida, e aí as meninas cortaram em camadas e o deixaram mais curto e com mais volume, ele tem ondas agora, está lindo! Foi um trabalho perfeito!

Outra câmera me filmava de outro ângulo e Fabrícia olhou para lá quando alguém naquele lado levantou a mão. Uma luz estava na minha frente para dar brilho ao quarto na frente da câmera.

– Eu espero que o povo de Illéa esteja torcendo por você! - ela disse, ainda olhando para a câmera. Eu também olhava para ela sorrindo. – Essa foi a Selecionada de Ottaro, Christal Grayffin!

Eu acenei simpática para a câmera e alguém gritou “CORTA!” tão alto que eu tomei um susto e meu sorriso sumiu.

– Só isso? – perguntei.

– Você iria ficar cansada em ver quantas Selecionadas ainda faltam para encaixarmos em uma hora e meia de programa – Felícia disse. – Boa noite, Senhorita.

E toda a equipe pegou os equipamentos e foi embora. Não teve nem uma segunda gravação. Fiquei um segundo pensando naquilo. Queria falar mais de mim, eu falei tanto da Seleção e esqueci de falar de mim, como as pessoas gostariam de mim se eu nem falei tanto assim sobre mim? Tirei aquilo da cabeça, agora já era.

– Senhorita, nós fomos aconselhadas a te vestir adequadamente para a apresentação das Selecionadas, no Salão das Mulheres hoje antes do jantar – contou Dênia. – Podemos começar?

– Me vestir? – perguntei, confusa.

– Sim, Senhorita, estamos aqui para ajudá-la com tudo! – disse Olivia. Ela se aproximou de mim e me levou até o meio do quarto.

O tapete era tão macio que dava vontade de dormir nele. Eu não podia esperar para ver como era deitar naquela cama. Tudo naquele palácio parecia ser tão bom comparado a minha casa, as minhas coisas. Queria que minha vó estivesse bem para ver aquilo, pelo menos agora eu teria como pagar por seu tratamento.

– Estique os braços, Senhorita, vamos tirar esse vestido – pediu Estefânia.

– Mas eu acabei de colocar – protestei. Era a coisa mais luxuosa que eu já tinha colocado na minha vida, eu não pretendia tirar aquele vestido tão cedo.

– Mas é curto. Para os jantares, a Senhorita deve usar longos – explicou Olivia.

Dênia foi até o armário, que ficava à esquerda para a porta, e o abriu. Lá tinham vestidos suficientes para uma semana todos pareciam ser do tamanho certo para mim.

– Por que tão poucos vestidos? – perguntei.

– Hm, sei que pode parecer meio rude, mas é desnecessário fazer tantos se a Senhorita pode sair na primeira semana – Olivia explicou enquanto tirava meu vestido.

– Mas não se preocupe, com esse vestido os príncipes vão se apaixonar! – falou Dênia.

Pensei na chance de sair na primeira semana. O pagamento da família real para as Selecionadas que iam para a Seleção era de semana em semana, eu não podia sair agora, não ia dar para pagar nem a metade do que eu precisava. Minha avó não iria conseguir se recuperar, e eu não ia conseguir ficar sozinha.

– Senhorita, você conheceu outras Selecionadas? – perguntou Dênia, tentando achar algum assunto para falar enquanto elas faziam os últimos ajustes no meu vestido.

– Conheci, sim. Conheci umas poucas. Todas elas foram bem simpáticas comigo, até agora não houve uma que fosse rude ou que se achasse melhor que as outras.

– Ouvi umas criadas comentarem que tem uma que é o demônio em pessoa! – Estefânia riu. Dênia deu um tapinha na companheira avisando que ela não poderia dizer aquela palavra. Eu ri. – Desculpa, mas foi o que disseram. A criadas dela devem ter um azar absurdo!

– Tenho um pouco de pena delas, sei lá, nenhuma criada merece ser tratada mal – comentou Olivia. – Espero que essa Selecionada não seja tão má com elas. Seria horrível!

– Acho que os príncipes iriam saber quem é para poderem eliminar essa pessoa, né? – eu disse. – Quer dizer, eles não ficariam com uma pessoa desse jeito.

– Bem, são os príncipes que escolhem, né? – Dênia falava com uma certeza que só ela parecia ter. - Você nunca sabe o que eles vão querer.

– Eu vi a Seleção do Rei Richard – contava Estefânia. – Olha, no começo todos achavam que ele iria escolher uma garota, e no final foi a Rainha Naomi, que não tinha nada a ver com o estilo de pessoa dele, que conseguiu conquistá-lo.

– Ah, mas não é possível que os príncipes gostem dessa tal Selecionada sendo o que é – continuei.

– Nunca se sabe, mas vamos torcer para que essa tal nojenta saia logo! – Olivia fez todos rirem.

Depois de um silêncio gostoso Dênia fez um pedido:

– Se você descobrir quem é pode vir contar pra gente! Não vamos contar para ninguém!

– Fofoqueira! – acusou Estefânia rindo.

Eu não me aguentei e comecei a rir. Olivia se recuperou do riso antes de mim.

– Além de suas criadas somos também suas amigas, pode vir desabafar qualquer coisa, certo?

– Certo! – disse.

– Bem, acho que a Senhorita já está pronta! – Estefânia me levou para frente do imenso espelho que ficava à esquerda da porta.

Meu vestido era azul bem escuro e não era cheio como eu achei que um vestido de princesa seria. Ele estava bem mais para um vestido de passarela. Como minha maquiagem já era azul, elas não precisaram tirar e colocar outra no lugar, o que já me deixou alegre. Como não iriamos fazer nada naquele final de dia, elas queriam me deixar mais confortável do que arrumada.

Sentei-me na cama e comecei a olhar minha mala. Não tinham várias coisas, mas tinha o colar que era da minha mãe. Eu decidi que iria coloca-lo. Queria ter uma lembrança de casa naquele primeiro dia, queria lembrar-me da minha mãe que eu nunca tive a oportunidade de conhecer, mas que eu amava pelas coisas que me contaram dela. Aquele era um momento importante, queria que ela estivesse comigo mais que em qualquer um momento.

– Que colar lindo! – observou Olivia.

– Obrigada – agradeci. Ele ficou combinando com o vestido.

Dênia trouxe uma pulseira e brincos para mim. Ela os colocou em mim e sentou-se na cama a postos para ajudar caso eu precisasse.

Continuei olhando minha mala. Tudo ali tinha um cheirinho tão grande de casa que eu senti falta. Quanto tempo eu iria ficar ali sem um dos abraços da minha avó? Sem um abraço do meu único amigo, Will? Mas eu tinha que aguentar. A renda de uma Cinco que pinta quadros não é boa o bastante para pagar o tratamento do coração da vovó. E eu precisava dela mais que tudo.

Não tinham roupas ali. Avisaram-nos que nós não precisaríamos de roupas, então não trouxe nenhuma. Só levei algumas das minhas tintas favoritas e algumas telas. Além de dois quadros que eu simplesmente amava. Minhas criadas ajudaram a tirar alguns que já estavam no quarto para colocar os meus. Logo, logo, aquele quarto ficaria com a cara da minha casa.

● ● ●

SELECIONADA BÔNUS: Elizabeth Lovelace

Assim que Rosie bateu na porta no meu quarto, minhas criadas pararam de conversar comigo. Elas se colocaram a postos e Rosie abriu a porta dizendo que era a hora de ir para o Salão das Mulheres. Desde que eu cheguei ali, elas tinham me tratado com a maior cordialidade. Eu estava completamente apaixonada pelas três, elas eram um amor de pessoa! Fiquei meio chateada por ter que me despedir tão cedo, mas era necessário.

Elas me deram tchau animadas.

– Conte-me tudo depois! – Karina gritou para mim enquanto saia.

– Pode deixar! – falei.

Juntei-me a outras Selecionadas no corredor. Eram tantas mulheres que eu me perdia entre elas. Quase todas eram mais altas que eu, fiz uma anotação mental de nunca sair do quarto sem salto 15. Ter 1,57 de altura no meio de mulheres altas e magras era o desespero de qualquer um. A maioria dos vestidos eram escuros, mas haviam as exceções. O meu era verde água, que combinava perfeitamente com meu cabelo ruivo e olhos azuis. Era lindo, e eu me destacava com tantos vestidos em tons escuros.

Não estava tão nervosa, pois ainda não íamos conhecer os príncipes, mas quando Rosie disse que amanhã mesmo iriamos falar com cada um, minhas mãos suaram. Eu queria muito mostrar que podia governar Illéa, queria tirar minhas irmãs da casa do nojento do meu padrasto. Faria o que fosse possível para vencer. Mas quando se tratava dos príncipes, eu não sabia o que pensar sobre eles. Era como uma incógnita em uma equação, e eu precisava saber mais que o X para encontrar o valor dela.

Haviam garotas na minha frente, trás de mim, do meu lado, em todas as direções e eu queria muito poder ter meu celular para não ficar tão sozinha como eu estava naquele momento. Por que Rosie não andava logo com aquilo?

– Oi – disse uma pessoa para mim.

Olhei para a pessoa. Já tinha ouvido aquela voz. Era Lauren Alguma- Coisa.

– Oi – falei, tentando sorrir.

Ela estava mais alta que eu, mas antes ela tinha o meu tamanho. Talvez também tivesse alguma coisa entre 1,57 metros de altura, e teve a ideia que eu não tive de colocar um salto alto para não parecer tão baixa. Eu estava com um salto 7 e todas as meninas pareciam usar no mínimo 10. Lauren estava com um vestido vermelho que caía muito bem nela. Era tomara-que-caia e tinha brilhos na parte de cima da cintura. Até onde eu podia ver, nenhuma das Selecionadas tinha vestido um vestido “cheguei” naquela noite, todos os vestidos tinham a parte de baixo reta ou rodada, nenhum como os medievais.

– Sozinha? – ela perguntou.

– Só um pouco – ironizei.

Lauren sorriu.

– O que acha que vão fazer com a gente agora?

– Hm, Rosie disse que iriamos ver alguma coisa no Salão das Mulheres, nem lembro o que é.

– Ah, sim! Lembrei, é o vídeo de como cada Selecionada veio para cá.

– Nossa, eu estou animadíssima para ver! – Sarcasmo era minha segunda língua. – Você também veio sozinha?

– Vim, não foi nada legal ficar sozinha naquele avião tedioso – ela sorriu. Também sorri, finalmente alguém que me entende. – E depois conversar com o motorista por que não tem mais ninguém pra falar.

Eu ri. Era exatamente o que eu tinha feito.

– Fiz a mesma coisa! E o cara era velho, ele não entendia uma palavra do que eu dizia – eu ria. Lauren também se deixou levar pelas risadas.

O trem de meninas começou a andar e nos fez parar de rir. Tentamos ir junto com a multidão, afinal, eu não me lembrava nem onde era a porta de entrada, e só me lembrava mesmo onde era meu quarto por que tinha um lembrete enorme e metálico na porta gritando para mim: “Elizabeth Lovelace”.

A fila nos levou de volta para o Salão das Mulheres. Agora ele estava completamente diferente. Haviam sofás e mesas por toda parte. Os sofás ficavam dispostos no final do salão e tinham lugares suficientes para todas nós. Além deles, haviam almofadões super confortáveis dispostos em cima do tapete todo feito da pele branca de algum animal. As meninas não conversavam muito. Todas elas pareciam tímidas ainda. Eu queria deixar essa timidez de lado logo, todas elas pareciam tão chatas assim, eu não aguentaria nenhuma semana ali.

Lauren puxou minha mão e me levou para um sofá de três. Taylor, uma das garotas que estava conosco minutos antes, ocupou o terceiro lugar do sofá. Christal pegou um almofadão verde e se sentou graciosamente aos nossos pés no tapete. Ao lado dela, outra Selecionada, Winter Moore, puxava assunto com Taylor e Christal.

Uma televisão imensa estava presa na parede. Era a maior televisão que eu já tinha visto em toda minha vida. Era 2/3 da tela da sala de cinema no maior shopping da minha província. Seria mágico ver minha cara ampliada não sei quantas vezes naquela tela gigante, “má-gi-co”.

– Que televisão gigante, acho que nem trabalhando minha vida toda eu compro uma dessas – comentou Lauren, fazendo-nos rir.

– Você trabalha para que eles consigam comprar uma televisão dessas – retrucou uma Selecionada mal humorada que estava sentada do meu lado. Já tinha visto a fuça dela em algum jornal que falava sobre as Selecionadas, ela tinha um temperamento horrível, seu nome era Liana Adami, de Denbeigh.

Ela tirou todo o ambiente risonho em um segundo e só com uma frase. Como ela conseguia ser tão nojenta? Paramos de rir e eu olhei para Lauren com cara de “não me segura que eu vou dar na cara dessa jovem”. Ela riu baixinho. Winter continuou conversando com Taylor até que Rosie pediu silêncio.

A TV ligou e a maioria das Selecionadas de castas baixas deram risadinhas com suas novas colegas sobre a tecnologia. Minha mãe engravidou aos 16 anos de mim e, porventura, não se casou, o que a deixou como uma Oito. A vida de Oito não é nada boa. Eu nasci sendo Oito e iria morrer assim se minha mãe não cassasse com meu padrasto. Eu tinha certeza que ele só casou por ela por ser incrivelmente linda. E, depois do casamento, eu era uma Três. Eu daria tudo para tirar minhas irmãs e minha mãe da casa dele, ele era nojento, asqueroso, batia nelas. Eu não podia sair um segundo que já as encontrava chorando pelos cantos pelas agressões. Se não fosse por minha melhor amiga Alena, eu nunca aprenderia a me defender das agressões.

O símbolo de Illéa apareceu e o uma parte rápida do hino tocou antes do programa começar. Eu prendi minha respiração, em algum lugar do castelo, os príncipes estavam vendo aquilo tudo. Será que eles gostariam do que vissem?


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Notas finais do capítulo

FINALMEEEEEEEEEEEENTEEEEEEEEEEEEEE DEEM ALELUIA EM NOME DA MACUMBA QUE TEM NA ESQUINA DA SUA RUAAAAAAAAAAA EU TO MUUUUUUUUUUITOOOOOO FELIZ VOCÊS NÃO TEM NOÇAUM!!!1!!!1!!onze!!!! TO MORREEEEEEENDOOOOOO

GENTEEEEEEEEEEEEEE SUAS LINDAAAAAAAAAAS PERFEEEEEEEEEEITASSSSSS
Eu tenho muito a agradecer a todas vocês por chegar aqui e eu to aqui agradecendo pq MESMO SENDO EXTREMAMENTE CHATA E DEMORANDO SÉEEEECULOS PARA CADA CAPÍTULO vocês não desistiram de mim e continuam ai firmes e fortes fazendo elogios para uma pessoa totalmente sem noção que nem eu T^T VOCÊS SÃO MINHA VIDAAAA


HABPFBAIBEIWHGBPAIEWHIGAE GIEWGBOIEAGBIKAWEG AWOEGBPIEW GWEIPGBAPIWBGPIWGBPIWEPBGIUBPEWBG PRWIBUIPBGPIWRBGPIWABRPIGABWPIRGBPIWBPGIBR AGPIRWBGPIRBPIGAEP GIPRBGPIAGBPIABER EU NÃO TO BEM!!!!!!!!!111!!!!!!onze!!!!!!!!!!!!!1!!!!!!!1

Vocês viram que temos uma Selecionada BONUUUUS, isso quer dizer que temos mais uma moça na disputa!! Ou seja temos 28 Selecionadas agora!!!!! Que baaaum!! BEM VINDA RUIVA!!!

A Seleção começa oficialmente aqui.