Kaos - A Chave de Davy Jones escrita por PaulaRodrigues


Capítulo 7
Davy Jones


Notas iniciais do capítulo

Jack Sparrow descobriu onde se encontra a chave para o baú e irá usar Will para consegui-la.



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– Espera, literalmente ou figurativamente? - perguntou o magrelo olho de vidro.

Nós estávamos na casa de uma mulher chamada Dalma e ela havia acabado de nos dizer que Davy Jones colocou seu coração dentro de um baú.

– Ele não poderia literalmente colocar seu coração em um baú - disse o careca. - Poderia? - ele olhou para Dalma assustado.

– Não valia a pena sentir o que traz uma pequena e fugaz alegria de viver - começou Dalma. - E assim, o próprio coração ele arrancou, trancou em um baú e escondeu o baú de todos. A chave? Está com ele todo o tempo.

– Sabia disso, não é? - disse Will encarando Jack.

– Não sabia - disse Jack de modo inocente mas nem um pouco convincente a meu ver. - Não sabia onde a chave estava, mas agora sabemos.

Eu tinha certeza que ele sabia onde a chave estava todo esse tempo, isso explicaria porque quando Gibbs disse que iríamos atrás da chave ele disse que ele não fazia sentido algum e eu sabia que nós não iríamos atrás da chave assim tão simplesmente porque provavelmente ela estaria em um lugar muito perigoso.

– Então só nos resta subir à bordo do Holandês Voador, pegar a chave, você volta para Port Royal e salva sua namorada, hem? - dizia Jack animado com o plano e se voltando em direção à porta.

– Deixe-me ver sua mão! - Dalma chamou a atenção dele e esticou a mão para que ele lhe desse a dele.

Jack entregou a aula a mão que não continha a mancha negra, ela fez uma cara séria pra ele e ele lhe entregou a com a mancha, de má vontade. Dalma começou a tirar o pano que a escondia, bem devagar e todos apontaram suas cabeças para ver o que estava escondido ali. Até Kyle veio para perto de mim para ter uma melhor visão. Assim que ela terminou de tirar, apareceu aquela mancha terrível e nojenta que parecia uma pereba podre.

– Ah! Mancha negra!! - Gibbs ficou louco, limpou as mãos na roupa três vezes, deu um giro e cuspiu no chão. Kyle fez o mesmo, mas devagar, não tão desesperado como Gibbs e também foi mais discreto.

Então, o olho de vidro e o careca entraram em desespero, principalmente o olho de vidro e eles começaram a limpar, girar e cuspir tão desesperadamente quanto Gibbs e não paravam de repetir que ali estava a mancha negra. Eu fiquei sem entender o motivo daquele alarde todo, afinal, a mancha negra estava em Jack, não em nós.

– Fiquem sabendo que a minha visão continua ótima - disse Jack dando um sorrisinho.

– Eu tenho o que precisa - disse Dalma indo para trás de uma cortina no fundo da casa. Pelos deuses, até onde essa casa se expandia? Podíamos ouvir várias coisas se quebrando e sendo remexidas. - Deve estar em algum lugar aqui... - Então ela voltou com um jarro de terra grande nas mãos. - Davy Jones não pode atracar, só pode vir à terra a cada dez anos. É na terra que você está a salvo Jack Sparrow, por isso a terra irá com você - ela esticou o jarro para ele.

Jack pegou o jarro delicadamente e ficou olhando pra ele como se fosse algo nojento.

– Terra? - ele perguntou achando aquilo insignificante. - É um jarro com terra.

– Sim - respondeu Dalma.

– E o jarro com terra, vai ajudar?

– Se você não o quer, devolva então.

– Não - ele disse abraçando o jarro de terra.

– Então vai ajudar sim - disse Dalma sorrindo.

Jack abraçou o jarro de terra e o manteve longe dos outros, como se fosse um filho.

– Parece que precisamos achar o Holandês Voador - disse Will para Dalma.

Dalma então sentou na cadeira, pegou um monte de pernas de siri, fechou os olhos e começou a balançar.

– Um toque... do destino - ela então os jogou sobre a mesa e daquele jeito que as perninhas caíram, ela nos passou as coordenadas.

Voltamos todos para o navio e realmente a noite já havia chegado, mas não tão forte quanto a escuridão perto da casa de Dalma. Assim que pisamos no convés, Kyle veio a mim.

– Kaos, nós vamos mesmo atrás desse demônio do mar? - ele perguntou mais afastado de todos.

– Acho que não temos muita escolha - respondi.

– Temos sim, nós podemos pegar um bote e ir para uma cidade e roubar um barco.

– Eu não posso fazer isso.

– Por que não?

– Porque Will está com problemas.

– E você vai se meter nos problemas dele?

– Ele se meteu nos meus e agora ele e Elizabeth podem morrer por causa disso.

– E você quer pagar quase morrendo também.

– Eu não vou morrer - eu sorri pra ele.

– Essa sua auto confiança me assusta. Vai ser tão parecida assim com seus pais - ele resmungou e saiu.

– Kyle. Se quiser ir, pode ir. Não precisa entregar a sua vida por minha causa - eu disse tranquilamente, mas meu coração apertou, ele e Rato eram tudo o que eu tinha do meu antigo lar.

– Kaos, quando seu pai percebeu que seríamos atacados, ele virou pra mim e me pediu para cuidar de você, custe o que custar. Eu recusei porque ele cuidaria de você, mas ele me disse que se algo acontecesse a ele, você estaria sozinha e ele não queria que você ficasse sozinha. Eu virei pra ele e disse: "Simbad, você vai sobreviver", ele se virou pra mim sorriu e disse: "Assim eu espero, meu amigo" e então ele foi para a batalha. Quando vi você sendo levada, mas você fez o sinal de que aquilo fazia parte do plano, eu me dediquei a encontrar você e te trazer de volta pra casa e cuidar de você, como Simbad me pedira. Viajei ilhas e ilhas atrás de você, encontrei Rato em uma delas e ele decidiu ir te procurar comigo, quando finalmente te encontramos em Tortuga. Foi como ver Simbad e Marina ao mesmo tempo, foi uma visão incrível, além de ficarmos aliviados por você estar mesmo viva. Então, Rato e eu juramos que ficaríamos ao seu lado até o final de nossas vidas. Então se você quer acabar com a nossa promessa mais cedo, eu acho um desperdício, mas nós estaremos ao seu lado. Não só pela promessa, mas sim porque de certa forma, todos nós fizemos parte de sua infância e vimos você crescer e aprender e te ensinamos coisas, somos uma grande família. E a família não se abandona.

Eu abracei Kyle o mais forte que pude e ele retribuiu. Que droga, olha eu chorando e sorrindo. Claro que eu lembrava de Rato me ensinando a dar nós ou aperfeiçoá-los e claro que me lembro de Kyle me ensinando a guiar o timão olhando uma bússola.

– Então você entende porque não posso deixar o Will, não é? - me afastei para ver o rosto de Kyle e ele enxugou minhas lágrimas com seus dedos enormes.

– Entendo. Por isso tenho orgulho de ter você como Capitã - ele esfregou a mão na minha cabeça como se eu fosse uma criança e eu ri.

Seguimos então as coordenadas oferecidas por Dalma e chegamos em um local que parecia que só ali havia uma tempestade, com vento forte e trovões. Ao fundo, havia um navio partido ao meio.

– É o Holandês Voador? - Will perguntou.

Jack passava a mão na barba, Gibbs estava de um lado e eu do outro, a chuva estava muito forte e meu chapéu ficando pesado com a água que se acumulava nele, mas eu não ligava porque com o chapéu a água que caía em frente aos meus olhos era mínima.

– Não parece grande coisa - disse Will se referindo ao navio partido no meio.

– Você ia me dar um navio partido no meio? - perguntei baixo para Jack.

– Eu não sabia que ele estava nessas condições - ele sussurrou de volta pra mim. - Jamais o subestime, William - ele falou para Will.

– Deve ter batido no recife - disse Gibbs ao levar um tapa de Jack. E eu achei aquilo suspeito.

– Qual é o seu plano? - Jack perguntou para Will.

– Eu remo até lá e revisto o navio até achar sua maldita chave - disse Will.

– E se houver tripulação?

– Eu aniquilo todos eles - disse Will saindo de perto da beirada do navio.

– Uau, que determinação - eu disse olhando para o navio partido ao meio.

– Gostei. Simples, fácil de lembrar - disse Jack.

Will então desceu para o bote. Eu iria ajudá-lo, se ele tivesse maiores complicações.

– Aqui! Se por acaso você for capturado, diga que Jack Sparrow o mandou para saldar sua dívida - Jack gritou de cima do navio para Will no bote. - Pode salvar a sua vida!

Will se foi e eu bati no ombro de Jack.

– Enlouqueceu? - fiquei nervosa com ele.

– O que foi?

– Will me ajudou a te salvar, arriscou a vida por nós e você o entrega assim para saldar a sua dívida? Você então vai dar a alma dele? - comecei a enchê-lo de socos no ombro.

– Você vai me deixar roxo.

– Isso é terrível Jack, isso não se faz. Ia fazer isso comigo também?

– Eu já te disse que não. Pra você eu ia dar o navio. Eu ia mandar outra pessoa pegar a chave pra nós, mas como Will precisa muito da minha bússola, porque não? Acha que vou entregar essa bússola assim tão fácil? esqueceu do que ela é capaz?

– Ela não funciona com a gente Jack.

– Eu sei, mas você a quer nas mãos do pessoal de Port Royal assim de graça?

Ah! Que droga! Jack tinha razão, essa bússola em Port Royal fará um estrago enorme para nós piratas, ainda mais com Bench me odiando.

– Eu sabia - disse Jack sorrindo. - Agora, vamos esperar o resultado de William - disse Jack olhando pra lá com um monóculo. - Apaguem as velas - ele ordenou baixinho para Gibbs e Rato foi ajudando a apagar voando pelo navio. Ficamos então na completa escuridão.

De repente, um navio enorme saiu de debaixo do mar, saiu furiosamente e até de maneira bela. Ele era pontudo, pareciam dentes de tubarão, ou de uma fera pior.

– Aquele é o Holandês? - perguntei baixinho para Jack um pouco assustada.

– Lhe apresento seu futuro navio - ele respondeu ainda olhando o monóculo.

Ai Will, muito cuidado, por favor. De repente um homem com a cara cheia de tentáculos como se fosse uma barba, uma perna de pau e uma mão enorme de siri apareceu à bordo do Pérola bem na frente de Jack. Todos tentaram correr assustados, mas eu permaneci ali ao lado de Jack, assustada, sem conseguir fugir. Olhei para os lados e vi Kyle e Rato presos pelas espadas dos tripulantes nojentos e asquerosos, muito mais parte do mar do que parte humana, era como se animais marinhos tivessem se acoplado à eles, uma mistura de vários deles. Eu não poderia deixar que ele machucasse meus marujos, minha família. Voltei a olhar para aquele ser cara de polvo.

– Você tem um débito a pagar - disse o polvo para Jack Sparrow.

– Você é Davy Jones? - perguntei, mas era pra pergunta ter ficado só na minha cabeça.

Ele virou sua cara pra mim e seus tentáculos se contraíram e eu me arrependi de não ter controlado a minha boca. Então ele me ignorou e foi furioso para Jack Sparrow.

– É o Capitão do Pérola Negra há treze anos. Esse foi o nosso acordo.

– Tecnicamente eu fui Capitão apenas dois anos e... vítima de um motim - péssimo Capitão você é Jack Sparrow e eu meio que entendo o porquê. Olhe onde estamos.

– Você foi um péssimo Capitão, mas um Capitão mesmo assim - disse Jones. - Você não se apresentou, todos esses anos, como Capitão Jack Sparrow?

– Você tem seu pagamento, uma alma pra servir ao seu navio, ela já está lá - disse Jack.

– O quê? Não mesmo - eu disse.

– Kaos...

– Não! Se Will ficar com Davy Jones, eu também vou - eu disse firma.

– Kaos! Não - Kyle tentou se mexer.

– Quero meus marujos livres - eu disse.

– E quem seria você, minha jovem? - Davy Jones se aproximou de mim.

– Sou a Capitã Kaos, filha de Simbad - eu não ia falar a parte dos deuses, por mais incrível que ela fosse.

– Simbad... não tive a oportunidade de conhecê-lo. Sorte a dele, não é mesmo? Está descansando em paz - ele deu uma risada.

– Não, não, não, não. Olha Kaos, você está exaltada. Will vai ficar bem, você não precisa ir... - Jack começou a dizer.

– Ora, vejamos que Jack Sparrow se preocupa com a vida dessa jovem Capitã. Bem que vejo que está dividindo esse navio com outra Capitã e os marujos dela. vejo o quanto ela é importante pra você.

– Isso nada tem a ver com Jack Sparrow - eu disse séria, com a voz firme. - Estou indo por conta própria, para apoiar o meu amigo e para ter uma conversa de negócios com o senhor.

– Conversa de negócios? - ele pareceu interessado e eu permaneci séria e superior.

– Meus marujos saem daqui intactos - eu disse encarando-o.

– Liberem os dois marujos dela - ele ordenou e eles soltaram Kyle e Rato. Dei um sinal a eles de que tudo ficaria bem. Olhei para Kyle e acho que ele entendeu a mensagem de não deixar Jack Sparrow nos esquecer no Holandês Voador. - Mas de qualquer forma, Jack Sparrow, uma alma não é igual a outra...

– Isso quer dizer que minha proposta é boa, agora a questão é preço - ele disse.

– Preço?

– Quantas almas você acha que a minha alma vale?

– Uma centena de almas... três dias - Davy Jones pareceu sorrir, mas eu não tinha certeza no meio daquele tanto de tentáculos.

– Você é boa pessoa. Mande-me o rapaz de volta, a jovem Kaos, que não sabe o que diz, fica aqui e eu lhe trago as cem almas - disse Jack como se fosse tão simples assim.

– O rapaz fica, como parte do pagamento, assim faltam noventa e nove mais - ele gargalhou e eu fiquei aliviada de não ser contada como uma alma.

– Você não conhece Will Turner. Ele é nobre, corajoso, vale pelo menos quatro, talvez três e meia. E por acaso mencionei que ele está apaixonado? Por uma moça? Ah é, eles vão se casar, estão noivos. Separando-os seria muito cruel, não acha?

– Fico com o rapaz! Noventa e nove almas. Mas será Sparrow, que pode viver com isso? E com a garota por quem você está apaixonado à bordo do meu navio? Deixar ambos presos em meu navio enquanto vaga por aí em liberdade? - espera, a garota por quem você está apaixonado?

– Sim, eu aceito isso - ele sorriu. - Kaos, você tem certeza? Pode esperar aqui e me ajudar a trazer as noventa e nove almas.

– Vou ficar com o Will - eu disse um pouco decepcionada.

– Okay, devemos selar com sangue... ou tinta? - ele perguntou para Jones.

Jones pegou a mão dele e parece que tirou a mancha negra de sua mão.

– Três dias Sparrow - ele disse

Então ele se foi e eu fui com ele.


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