Kaos - A Chave de Davy Jones escrita por PaulaRodrigues


Capítulo 10
Olá Kraken


Notas iniciais do capítulo

Sempre que Simbad contava sobre a terrível fera que o Kraken era, ele dizia para Kaos que sonhava com o dia que o enfrentaria. Kaos agora tem essa oportunidade e enquanto todos estão com medo, ela está ansiosa para tornar o Kraken parte de sua história.



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– Pelos deuses do mar, o que aconteceu? - perguntou um dos marujos caído no meio das cordas.

– Acho que foi um recife - disse o outro.

Olhei para eles e dei uma risada. Recife uma ova, eu estava bem preparada para o que viria e estranhamente animada. O clima do Holandês me fez ficar pensativa demais, me fez lembrar meus pais e vê-los em momentos em que eu ainda não existia, isso me deixou pensativa e de certa forma melancólica, mas agora que eu despertei dessa minha viagem ao passado, eu estava de volta e pronta para o Kraken.

– Soltar o leme! Virar à bombordo e seguir a estibordo! - ordenou o Capitão enquanto eu mantinha meus olhos fixos no Holandês ao longe.

Escutei o Capitão gritar e me virei. De repente um enorme tentáculo saiu da água carregando o Capitão. Meus olhos brilharam, era ali o momento em que eu faria uma história minha. A Capitã Kaos, filha de Simbad, marcada dos deuses e sobrevivente do ataque do Kraken.

– Krakeeen!! - o marujo saiu gritando enquanto o outro começou a tocar o sino. Todos estavam em pânico.

De repente os tentáculos começaram a subir pelos lados do navio. Pensei em atacar um tentáculo mas me esqueci, contemplando o quão gigantesco ele era. Era como as barbas de Davy Jones mas só a ponta era maior do que eu. Eu sorria enquanto os tentáculos tomavam posse do navio. Então ele abaixou o tentáculo de uma vez e eu desviei, rolei no chão, levantei e saquei a minha espada. Eles começaram a atacá-lo e eu passei a espada em outro tentáculo que tentou me pegar. Ele se encolheu, mas voltou mais furioso ainda, me obrigando a desviar novamente. Aquilo estava ficando cada vez mais divertido. Me apoiei no mastil com o auxílio de uma corda e comecei a subir com a minha espada na boca. De repente vejo Will pendurado em uma corda. Tiro a espada da boca.

– Will...

– Ferramos toda a tripulação Kay...

Comecei a rir.

– Ferramos? Claro que não. Isso é só o começo da diversão. Nunca me senti tão viva! - coloquei a espada na boca sem olhar para Will e continuei a escalar o mastil.

Eu e Will estávamos lutando na mesma base das velas. Detendo os tentáculos do Kraken. Nós nos encontramos usando o mastil como apoio. Olhei para ele sorrindo e ele olhou pra mim preocupado. De repente os tentáculos começaram a se erguer para uma altura maior que a do próprio navio. Fiquei olhando maravilhada aqueles tentáculos enormes cheio de buracos nojentos como tentáculos de polvo. A água caía, era como se estivesse chovendo.

– Ainda acha divertido? - perguntou Will.

– Cada vez melhor - eu disse encantada com os tentáculos.

Então os tentáculos caíram em um tipo de queda livre, destruindo tudo pelo caminho. Quando o tentáculo atingiu o convés, as pessoas saíram voando, mais os pedaços de madeira, poderia dizer que o navio virou pó, era o que parecia ali de cima no momento em que o tentáculo atingiu. O Kraken então apertou o navio no meio, onde tudo estava caindo naquele meio onde estava a sua boca enorme com os dentes afiados, não dava para enxergar perfeitamente devido à água, mas seus dentes em um formato de círculo, apareciam e as pessoas eram jogadas naquela direção. Okay, agora eu assustei um pouquinho. E então o mastil onde eu e Will estávamos começou a se partir. Olhamos para o outro e acenamos positivamente com a cabeça, nós devíamos pular para fora do alcance do Kraken e assim que o mastil foi caindo, nós pulamos no mar e de lá do fundo, foi possível ver o tamanho do Kraken, ele era realmente gigantesco e lindo e ele envolvia todo o navio. Era engraçado como as coisas embaixo da água parecem tão belas e poéticas, eu poderia ficar ali pra sempre observando as cordas caírem lentamente e os tentáculos do Kraken se moverem lenta e maravilhosamente.

De repente sinto um puxão em minha roupa e eu estava sendo levada para a superfície e meu cabelo passava na frente da minha visão e era como se ele dançasse levemente. Era tudo tão calmo ali embaixo. De repente saí na bagunça da superfície.

– Kay, você está bem? - Will perguntou ofegante.

– Estou - respondi tranquilamente.

Olhei para o navio destruído, para a bagunça que o Kraken fizera e por todos que condenamos. Mas eu sobrevivi e essa história irá comigo pra sempre. Will subiu num pedaço de madeira e me puxou. Subi com ele tentando manter o equilíbrio. Olhamos para o lado e ali estava o Holandês Voador. Peguei Will pelo ombro e o empurrei para dentro do mar junto comigo. Vi o navio passar e meus cabelos flutuavam maravilhosamente sobre a minha cabeça. Will então voltou para a superfície. Voltei com ele.

– Onde você vai? - perguntei sussurrando.

– Já retorno.

Ele começou a escalar o navio e eu fiquei com medo de Jones nos ver. Will abaixou para o que parecia uma boca cheia de dentes na frente do navio. Ele me chamou e eu subi até lá. Eu estava um pouco pesada mas consegui chegar antes que Jones nos visse. Então o navio começou a se mover e o vento bater em nossos rostos.

– Tem certeza que é uma boa ideia? - perguntei.

– Claro, será o jeito mais rápido de chegarmos ao baú - Will se sentou ao meu lado ofegante. - Não está cansada?

– Não - eu disse. - Por que?

– Você ficou um bom tempo sem respirar lá embaixo. Era para os seus pulmões estarem em brasa.

– Eu estou bem - eu disse pensando na observação de Will.

– Você anda muito pensativa.

– É... essa estadia no Holandês me fez ficar assim. Vi muitas coisas e Jones me disse muitas coisas.

– Tipo o quê?

– Vi meus pais em momentos em que eu nem era nascida. Ele sabia sobre a marca sem eu nem ter mencionado. Ele disse algo sobre... Jack... e agora eu não estou cansada por ficar debaixo d'água. Será que estou morta? - Will me deu um soco forte no ombro. - Ai! O que foi isso? - esfreguei meu ombro.

– Você não está morta - ele disse sorrindo e nós rimos juntos. - Mas o que ele disse sobre Jack?

– De todas as coisas legais que eu mencionei você quer saber da parte do Jack?

– Bom... você me disse que mudou de ideia, de querer salvá-lo de Jones.

– Não quer falar da minha marca?

– Okay, fale sobre sua marca.

– Ela pode ser uma benção ou uma maldição.

– É mesmo? E como você vai descobrir isso?

– Não sei... - nós ficamos olhando um pro outro, droga, eu não sabia o que mais falar da minha marca.

– Então... a respeito de Jack...?

– Ainda tem o fato dos meus pais! - Will começou a rir.

– Acho que você já disse que viveu momentos de quando não era nascida.

– Mas eu consegui tocar os cabelos da minha mãe, como se fossem reais!

– Interessante...

– É sim... - e então acabou o assunto de novo.

– Agora a parte de Jack.

– Ai Will, que chato, estou cansada.

– Não! Pode me contar. Minha vez de te perturbar com isso, você já se divertiu muito comigo e Elizabeth.

– Não tem nada Will-Elizabeth entre mim e Jack, okay? - Will me olhava com cara de quem não acreditava. - Eu costumava fazer essa cara - eu disse com raiva. - Tá bom, okay, seu chato. Jones disse que ele está apaixonado por mim, mas eu não acredito nisso. Pronto, é isso... feliz?

– Eu concordo com Jones...

– Por que?

– Porque, como você mesma disse, vocês não são como eu e Elizabeth, vocês são um tipo de amor que pode-se chamar de Jack-Kaos.

Joguei alguma coisa nele que nem sei o que é.

– Ridículo - eu disse, ele começou a rir e eu permaneci séria.

Então de repente o navio começou a afundar.

– Will!

– Vamos!

Will pulou para o mar e eu pulei em seguida. Vimos o Holandês passar por nossas cabeças afundando e indo para o fundo do mar. Que navio sinistro. De repente Will começou a ir para a superfície e eu o segui. Chegamos na areia da praia e vimos Jack e o que devia ser Elizabeth e mais um homem lá.

– Você es tava falando a verdade - disse o homem ao lado de Jack.

– Eu faço muito isso e vocês sempre se surpreendem - disse Jack.

– E com boa razão - disse Will ofegante.

– Will! - Elizabeth veio correndo ao encontro dele. - Você está bem, graças a Deus! - ela o abraçou e eu desviei um pouco.

– Kaos - Jack ficou me olhando perto do baú.

– Jack - eu disse e nós sorrimos para o outro. - Eu te disse que eu ficaria bem - fui me aproximando dele com o olhar superior. - Porque eu sou incrível. Porque eu sou Kaos, filha de Simbad e marcada dos deuses - eu disse chegando bem perto. - E sabe o que mais? Eu sobrevivi ao ataque do Kraken.

– Okay, menos querida - ele ria.

– Se você não acredita, fazer o quê? - eu disse dando uma ajeitada na minha roupa.

– Então... como chegaram aqui? - perguntou Jack.

– Tartarugas marinhas amigo - disse Will e eu comecei a rir. - Duas delas amarradas nos meus pés e duas nos pés da Kay.

– Não foi fácil, não é? - disse Jack rindo também.

– Mas eu lhe devo um obrigado Jack.

– Deve?

– Depois que me mandou naquele navio para acertar seu débito com Davy Jones...

– O quê? - Elizabeth perguntou com os olhos arregalados.

– O quê? - Jack perguntou como desentendido. - Ah.. só pra constar, eu ia voltar pra te salvar - ele disse baixinho pra mim.

– Aham... sei... - eu disse não acreditando.

– ... eu acabei reencontrando o meu pai - Will completou.

– Ah bom.. então de nada - disse Jack sorrindo.

– Tudo o que disse a mim, cada palavra, era mentira! - disse Elizabeth em sua vozinha irritante de raiva. Não que eu não gostasse dela, ams às vezes ela era muito dramática.

– Quase todas...

Então Will se aproximou do baú e só então eu percebi que era o baú de Jones ali.

– Oi? O que está fazendo? - Jack olhou para Will.

– Eu vou matar Jones - disse Will.

– Não posso deixar William - disse Jack tirando a espada e apontando para a cara de Will e eu confesso que fiquei sem entender. - Porque se Jones for morto, quem fazer aquela fera parar de me perseguir? - Ah sim... o Kraken. Will se afastou do baú. - Agora, por favor, a chave - disse Jack entregando sua mão à Will.

Will se aproximou de Elizabeth, pegou a espada dela e apontou para Jack.

– Eu cumpro as promessas que faço, Jack. Pretendo libertar meu pai e espero que esteja aqui para ver.

– Não posso deixá-lo fazer isso também - disse o cara novo.

– Quem é ele? - perguntei para Elizabeth, ficando do lado dela.

– É James Norrington.

– O Comodoro? - perguntei surpresa e ela confirmou. - Pelos deuses, que mundo pequeno.

– Eu sabia que um dia seria como eu - disse Jack para Comodoro.

Então Comodoro ou James agora porque ele estava sem aquela peruca branca estúpida, apontou a espada para Jack, Will apontou para James e Jack apontou para Will.

– Lord Becket deseja o conteúdo daquele baú - disse James.

– Quem é Lord Becket? - perguntei para Elizabeth.

– Um oficial ridículo que chegou em Port Royal recentemente e atrapalhou meu casamento e nos condenou à forca e...

– Tá... já sei essa parte da história, obrigada - eu disse sorrindo. - E desculpe por sermos o motivo de estragar seu casamento.

– De verdade?

– Claro. Sou pirata mas ainda sou a Kaos que você conheceu em Port Royal.

Sorrimos uma pra outra. Nós conversávamos às vezes e as poucas vezes que isso acontecia, eram legais porque Elizabeth gostava de histórias do mar e eu sabia um monte e ela sabia mais algumas e nós contávamos em segredo.

– E se eu entregar, eu terei a minha vida de volta - disse James. Aquela vida chata? Pelos deuses...

– Ah... o lado sombrio da ambição - disse Jack.

– Não, eu vejo isso como uma promessa de rendição - que inferior você é James Norrington.

– Fez bem em escolher o Will - eu disse para Elizabeth.

– Não sei como conseguiu escolher Jack - disse ela.

– Eu não escolhi o Jack. Eu não escolhi ninguém. Somos amigos, nos aventuramos atrás de um navio pra mim, nada além disso - fiquei nervosa excessivamente e isso me deixou nervosa comigo mesma. Elizabeth sorriu.

E quando eu ia falar alguma coisa, os três começaram a lutar entre si e eu e Elizabeth ficamos de fora.

– Temos que fazer alguma coisa - ela disse.

– O quê? E acabar com a diversão? - eu ri. - Eu vou ficar aqui quietinha e assistir quem vai conseguir o baú.

– Como consegue?

– O que?

– Ficar assim, indiferente.

– Elizabeth querida, eu fugi de torturadores dividindo um caixão com um esqueleto fedorento, quase fui devorada por nativos que queriam libertar o meu espírito, fiquei não sei quantos dias no Holandês Voador tendo sonhos e pensamentos estranhos, fiquei hipnotizada por um tempo como se fosse uma morta-viva, enfrentei o Kraken e agora você quer que eu faça alguma coisa para parar uma luta de espadas entre três homens simples? - ela não respondeu nada, só ficou me olhando. - Isso mesmo, sabia que ia entender - sorri e voltei a olhar para a luta dos três.


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