Pesadelo - as Trevas Ressurgem escrita por Alexis B K


Capítulo 2
Um novo começo, ou melhor, um novo final...


Notas iniciais do capítulo

Mais um capitulo, espero que goste
Desculpa se estiver um pouco confuso.



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 Era mais uma manhã comum de primavera, os pássaros cantavam suas belas sinfonias para o lindo amanhecer, a brisa soprava suavemente e eu estava me levantando para mais um lindo dia na escola – Epa! Para tudo. Desde quando meu mundo é perfeito? Acho que estou lendo livros de romance demais. Bom, é melhor eu voltar à realidade.

Para variar um pouco estava chovendo na minha cidadezinha, também, quando é que faz sol por aqui? Nunca, ou o dia está nublado ou está chovendo por aqui, não existe sol nessa porcaria de cidade. Mas era primavera, então estava fazendo um calor dos infernos – Eu sei, eu sei. Como é que esta fazendo calor se esta chovendo? Calma, eu não estou louca, pelo menos não ainda, isso ai é normal nessa cidade. Como pode? Nem sei explicar, digamos que eu não presto muita atenção nas aulas de geografia, bom, eu não presto atenção em nenhuma aula, simplesmente eu não consigo ouvir aqueles professores que pensam que sabem tudo.

- Aula? Aaaaahh. – Gritei. Por quê? Porque simplesmente eu estava atrasada, já eram seis e meia da manhã e minha mãe sai de casa as seis e quarenta, o que quer dizer que eu tenho apenas 10 minutos para me arrumar e tomar o café da manhã. Droga, porque minha mãe não me acordou? Ela vai me pagar por essa, ela sabe que eu tenho sono pesado e que só um despertador não basta. Minha mãe neste momento devia estar se divertindo com o meu atraso, como sempre. Bom, é melhor eu me arrumar.

Pelos Deuses, eu estava pior que uma bruxa. Meu cabelo estava uma meleca, todo espetado, meu rosto parecia mais com de um daqueles cachorrinhos enrugados de tanta olheira e marcas de unhadas – Opa, marcas de unhadas? Da onde apareceu isso? Eu só posso ter tido um pesadelo de noite, mais como sempre eu não me lembro de nada, por mais que eu me esforce não me vem nenhuma lembrança dos sonhos que eu tenho.

Eu estava morrendo de fome, não deu tempo nem de eu ir ao banheiro quando acordei. Agora eu estava dentro do carro da minha mãe, quase chegando à minha escola. O carro da minha mãe não era lá grandes coisas, na verdade, ele não era nada, era um Corsa Classic prata, ano 2003 e que era do tempo do radinho de fitas. Eu estava no banco de trás, já que minha mãe dava carona para uma amiga de trabalho dela. Sorte a minha, elas conversavam sem parar e nem prestavam atenção em mim, era o melhor momento para pegar dinheiro da bolsa da minha mãe, que ficava sempre no banco de trás. Ela nunca me dava dinheiro, nem ela nem meu pai, eu sempre tinha que pegar escondido, o que dava um trabalhão às vezes. Uma coisa boa dos meus pais era que eles nunca contavam quanto dinheiro eles tinham na carteira, então eu podia pegar o quanto eu quisesse e eles nem notariam nada. Dessa vez eu peguei 20 reais da carteira, era segunda-feira, então isso significava que se eu economizasse duraria até quinta-feira.

 Finalmente eu cheguei à escola, eu odiava estudar, mais vir para a minha escola sempre era demais. Todo dia acontecia algo de interessante, brigas e guerra de lama e de bolinha de papéis eram os mais frequentes. E é claro que a criança aqui sempre estava no meio delas, a vantagem era que eu sempre escapava das punições, já que eu colocava a culpa em qualquer um que estivesse envolvido e a diretora sempre acreditava. Porque ela acreditava, eu não sei, mas eu não to nem ai pra isso, eu me safando da punição o resto não importa.

Cara, a minha escola é muito louca, quem manda aqui são os alunos, a diretora é uma completa monga. Alem do mais, minha escola parece ser do século passado, ela é uma construção antiga de dois andares, que é dividida em dois blocos. No primeiro andar fica a cantina, algumas salas de informática e outras salas de laboratórios. No segundo andar fica as salas de aula, um lugar nada confortável, a minha sala de aula mais parecia ser uma sala de guerra, o quadro-negro estava rachado por causa do professor de história que se irritou com a nossa sala e bateu com o apagador com tanta força que rachou o quadro. As cortinas estavam todas furadas e imundas porque alguns alunos cortavam, ou brincavam de passar a caneta pelo pano. As carteiras então nem se fala, a maioria estavam quebradas e todas estavam pixadas, as paredes estavam todas sujas com marcas de pés e com desenhos.

Ainda estava chovendo muito, e até eu chegar à parte coberta da minha escola eu já estava toda encharcada, já que como sempre eu nunca trazia o guarda-chuva. Já havia batido o sinal para a primeira aula, que por sinal era educação física, mais para a minha sorte estava chovendo, o que significa que ficaríamos na sala olhando um para a cara do outros, já que a quadra não era coberta. Eu estava subindo o primeiro degrau da escada que levava para as salas, quando eu senti um vento gelado a minha volta, algo me fez acreditar que eu já tinha sentido aquilo em algum lugar, só não me lembro aonde. Eu parei e me virei e foi então que eu vi aquele garoto, que me trouxe de volta a lembrança daquele pesadelo horrível da noite passada, ele era igual ao garoto da lesma, alto, corpo atlético, olhos azuis e cabelos loiros. – Opa, espera ai, se ele esta aqui e se eu não estou delirando, então o sonho é verdadeiro? Não pode ser. Vou lá falar com ele...

- Onde pensa que vai garotinha? – Droga, que azar. O meu professor de educação física, ele me odeia e ele sabe que se eu não subir as escadas nesse momento eu vou gazear.

- Oi careca. Nem cumprimenta mais? Perdeu os modos? Eu só estava indo ali pegar uma coisa minha que ficou com aquele garoto. Epa cadê ele – Tarde demais, ele havia desaparecido misteriosamente. Cara, como ele fez isso? Meu dia esta ficando louco demais, ou será que sou eu que estou ficando louca?

- Olha como fala comigo mocinha. E não tem nenhum garoto ali, esta ficando louca, ou você só quer fugir da minha aula? Pois se pensou que ia gazear está muito enganada, vamos indo criança.

- Eu já disse mil vezes que eu não sou criança, velhote. – Hã? O que foi que eu disse? Velhote? Eu nunca chamei o meu professor de velhote, ele pode ser magrelo, ter um olho de cada cor e ser careca, mais definitivamente ele não é velho. Então porque eu me irritei tanto quando ele me chamou de criança? Acho que tinha a ver com aquele pesadelo....

- O que? Velhote. Agora você foi longe demais Bruna.

- Ta! E daí! O que você vai fazer? Vai me levar para a diretora? Pode me levar, não ligo pra isso.

- Não vai ser tão fácil assim. Por algum motivo que eu desconheço a diretora sempre pega leve com você.

- Então o que vai fazer careca bicolor?

- Depois você diz que não é criança. Você fica dizendo esses insultos infantis. Mais deixe para lá, venha criança.

- Criança é a tua bunda.

- Chega, cansei de você garota encrenqueira. É por essa infantilidade e pela sua má educação que ninguém gosta de você, é por isso que você não tem amigos e é por isso que seus pais não te suportam. Agora vamos logo e chega de criancice.  

Legal. Agora ele pegou pesado. Será que ela precisava me deixar tão pra baixo? Ta que de certo modo ele estava certo, eu não tinha amigos e meus pais me odiavam, mais não precisava jogar isso na minha cara. Agora eu estava sendo carregada para a sala de aula pelo professor esquisitão, que legal, agora mesmo que eu não acho amigos. A cada passo que eu dava junto do professor que estava me puxando pelo braço, um bando de enxeridos vinham ver só para dar risada da minha cara e dizer coisas como: “Lá vai à garotinha confusão” “Coitada não tem amigos, também com uma cara dessas quem seria o louco de ser amigo dela?” “Ela é muito estranha, parece que não é desse mundo.” “Ela deve ter problemas mental isso sim, deve ser uma louca” “O idiota, é problemas mentais, não problemas mental, desse jeito quem parece ter problemas “mentais” aqui é você”.

Pois é, minha reputação aqui não era das melhores. Mais quem liga para amigos? Sinceramente eu prefiro ficar sozinha, eu amo a solidão. Droga, cheguei à minha sala e todo mundo ficou quieto quando o professor entrou me segurando pelo braço, com certeza deviam estar pulando de alegria por dentro. O professor mal entrou e já mandou todo mundo descer para a sala de educação física, que ficava no primeiro andar, no final de um corredor escuro. A sala era imunda, não tinha nada para se fazer lá alem de jogar xadrez, ou jogar as bolas um na cara do outro. Então, porque ele estava levando a gente para lá? Qual seria o meu castigo? Eu não sei e nem quero saber. Eu tenho que armar um plano para fugir de lá, já que provavelmente o careca ficaria que nem um poste parado na frente da porta para eu não sair e tenho que achar aquele garoto da lesma. Garoto? Ah, é mesmo. Quase ia me esquecendo dele, porque é mesmo que eu estou atrás dele?

Enquanto eu descia as escadas para a sala, eu me esforçava para lembrar do pesadelo que eu tive na noite passada e por algum motivo, dessa vez, eu consegui me lembra de tudo. Lembrei-me do terremoto, da lesma e do velhote da voz rouca. Legal, eu estava correndo perigo se isso fosse verdade.

Finalmente eu cheguei à sala, não sei como era possível, mais ela estava mais imunda ainda desde a ultima vez que eu estive aqui. Pela minha sorte eu já imaginava qual seria a minha punição, então já havia planejado como sair da sala. E como sempre, eu estava certa, o professor anunciou o meu castigo logo que toda a sala entrou.

- Muito bem, façam o que quiserem. Se quiserem destruir essa sala sem problemas, porque hoje temos alguém que vai limpar, não é mesmo Bruna? Pode ir pegando o pano e a vassoura e maus a obra, quero dizer mão na sujeira, que tudo fique brilhando.

Como eu imaginei, ele me faria limpar essa merda de sala. Mais não tinha imaginado uma coisa, quando ele terminou de falar todos caíram na gargalhada e começaram a jogar tudo o que encontravam no chão. Sorte que logo eu sairia dali, então como ele disse, mãos a sujeira.

Eu me dirigi aos baús onde guardava as bolas, eu tinha planejado um susto para a professora de geografia hoje, mais infelizmente eu teria que desperdiçar o meu plano agora. Eu peguei a minha mochila, que ainda estava comigo já que o professor não deu tempo nem para eu guardar e coloquei-a dentro do baú que estava mais vazio, tirei o meu mascote de dentro da mochila. E adivinha qual era a minha mascote? A Sally, uma linda e enorme aranha Caranguejeira. Eu a tirei do vidro e a coloquei em cima de uma bola de basquete, ela ficou lá parada, ótimo, tudo estava dando certo, agora só faltava o escândalo.

- Aaaaah! Uma aranha daquelas peludas, socorrooo. – Pronto, armei o escândalo. As meninas e os meninos afeminados se amontoaram num canto da sala, outros meninos correram para ver a aranha, mais nenhum teve coragem de matá-la. Fiquei com pena da Sally, ela era tão boazinha e agora seria morta.

Estava o maior alvoroço na sala, eram gritos e correria das patricinhas para todos os lados. Eu estava pronta para fugir assim que o professor viesse matar a Sally.

- Ok. Ok. Saia de perto, eu mato ela. – Disse o professor, para um aluno. Pronto, circo armado. Hora da fuga. Corri o mais rápido que pude para fora da sala, ninguém percebeu que eu havia saído. Depois disso fui direto para o pátio, é obvio que ainda estava chovendo, mais agora à chuva estava bem fraca. Parei onde eu estava sendo massacrada pelo velhote na noite passada, quem sabe se eu chamá-lo, ele apareça. Eu ia começar a gritar quando algo estranho aconteceu e prendeu a minha atenção. Uma distorção, como se fosse um vórtice ou um tipo de buraco negro apareceu onde estava a lesma na noite passada. E adivinha o que saiu dela? A lesma é óbvio. Só que pro meu azar o garoto da lesma não estava aqui agora, mais infelizmente eu estava e parece que a lesma gostou de mim. Má idéia. Ela deveria ser lenta, mais para meu azar de novo, ela era rápida até de mais, em dois segundos ela atravessou os 10 metros que nos separavam e agora estava com aquela cabeça nojenta bem acima da minha.

Eu não sei o que aconteceu direito daí para frente, porque definitivamente não podia ser eu que fiz isso.

- Oi lesminha linda. Como vai? Tudo na boa? – Cara, só eu mesmo para conversar com uma lesma gigante nessas circunstâncias. Logo que eu terminei de falar ela abriu a boca, será que ela ia me responder? É claro que não Bruna. Ela abriu a boca para jogar uma gosma amarela em cima de mim, de algum modo eu pulei tão rápido para a esquerda que consegui desviar da gosma, mais em compensação, cai numa poça de lama. Eca, agora quem estava nojenta era eu, aquela lama estava fedendo que nem merda de vaca. Ótimo, eu desviei da gosma, mais e agora, o que eu vou fazer?

A lesma tentou jogar a gosma de novo em mim, ótimo, desviei de novo. E desviei mais umas cinco vezes. Cara, quando ela ia parar de jogar esse treco nojento em mim? Estou ficando cansada de ficar saltitando por ai. É, e fiquei cansada mesmo, ela jogou a gosma de novo em mim e dessa vez eu não consegui desviar direito, a gosma acertou minha perna esquerda, que imediatamente começou a queimar como se eu estivesse mergulhado num caldeirão fervente. Agora eu estava caída no chão.

 - Má sorte, má sorte! – A lesma se preparava para dar a gusparada final. Droga, eu não queria morrer, não por uma lesma nojenta. Quer saber? Eu não vou morrer desse jeito. Cadê aquele garoto da lesma? Ele devia estar aqui. Merda!

- Eu não vou deixar você me matar sua lesma nojenta! – Eu gritei com tanta raiva, que parece que a chuva sentiu, porque do nada ela aumentou.

A chuva estava mais forte, os pingos machucavam a pele com a força que estavam caindo. A brisa gelada de antes se transformou em uma rajada de vento sufocante. E à medida que a minha raiva aumentava a força do vento e da chuva também aumentava. Se o garoto da lesma não tivesse aparecido, eu acho que aquela chuva se transformaria na pior tempestade de todos os tempos.

Enquanto de algum modo minha raiva aumentava a chuva, o que dificultava a locomoção da lesma, o garoto misterioso do meu sonho apareceu. Ela estava vestindo um sobretudo branco com um tipo de desenho estranho de um rosto de um lobo nas costas.

A partir deste momento minha visão começou a ficar embaçada, meus braços e pernas não se moviam mais, não conseguia mais falar, era como se minha vida estivesse me abandonando, como se ela estivesse saindo no meu corpo, eu estava ficando exausta por algum motivo. O pouco que consegui ver foi o garoto da lesma sacando uma espada do nada, porque antes a espada não estava com ele, logo em seguida ele começou a se mover rápido demais para um ser humano e com essa velocidade sobre-humana começou a desferir ataques com a espada por toda a extensão da lesma. A criatura gigante mal podia se defender, o vento esmagador a impedia de se locomover direito, mas o pouco que ela conseguia mexer a sua enorme cabeça de ET dava trabalho ao garoto, ao mesmo tempo que ele a tacava ele tinha que se defender da gosma e das fortes cabeçadas.

A minha exaustão estava me consumindo, eu estava prestes a apagar e então o vento e a chuva começaram a diminuir de intensidade, até que somente restou uma leve brisa e alguns pingos dispersos. E no momento que a chuva cessou o garoto da lesma acertou um golpe certeiro no meio da cabeça da lesma, o que fez que a criatura emitisse um som ensurdecedor e logo em seguida explodiu em uma fumaça negra. Se eu tivesse forças para me levantar, eu tenho certeza que eu correria direto para o meio daquela fumaça negra que sumia aos poucos, eu não sei o porque, mais algo me fazia querer, me fazia desejar aquela espécie de fumaça. Acho que minha loucura está indo aos extremos, tenho que me controlar.

Eu fechei meus olhos por um segundo para descansar um pouco e quando os abri com muita dificuldade o garoto estava me segurando em seus braços e estava me levando para o bosque da minha escola. Eu quis gritar para ele me soltar, mais eu não conseguia mover um músculo se quer. O que me restava agora era esperar para ver o que iria acontecer daqui para frente. Eu pretendia esperar acordada, mas não deu certo, no momento em que eu pisquei, não consegui abrir mais os olhos. Eu desmaiei.         

 


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