Diamante Bruto escrita por Natsumin


Capítulo 81
Capítulo sete - O Casamento (ou não vejo a hora de descobrir o que há de errado comigo)


Notas iniciais do capítulo

Trago capítulo grande e fresquinho! Me esforcei para trazer para vocês o mais rápido possível! a Música desse capítulo é Split Screen Sadness do meu querido John Mayer. Diz muito sobre a relação CastielXNatsumin e sobre um relacionamento que tive tbm. É uma bela canção e, como sempre, recomendo que ESCUTEM enquanto LEEM ♥

Link: https://www.youtube.com/watch?v=BBEOSEK-NDc


Por favor, não deixei de contribuir. Seu comentário é muito importante e permite a história continuar. Andei um pouco desmotivada ultimamente, mas estou me reerguendo.
Espero que gostem ♥
BOA LEITURA ♥



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                Ele terminou o nó na gravata e observou no espelho. Passou a mão no rosto sem barba, sentia-se esquisito. Fazia muito tempo que não fazia a barba. Merda, estava completamente ridículo. Desatou com raiva e segurou a gravata nas mãos antes de sair do banheiro. Procurou o raio dos sapatos que sabia que havia colocado em algum lugar até que os encontrou debaixo da cama. Calçou-os rapidamente e prendeu o cabelo. Guardou a gravata no bolso e pegou as chaves.

                Era a hora.

                Trancou o quarto e guardou as chaves no bolso. À medida que caminhava pelo corredor, lembrava-se daquele beijo. Lembrava-se de como era tê-la em seus braços, qual era o sabor de seus lábios e a forma como ela era intensa. Apertou o botão do elevador com força e esperou. Hoje ela estaria linda, como sempre foi. Hoje seria mais um dia em que a desejaria mais do que nunca e mais um dia em que seria rejeitado.  

                O elevador chegou.

                Ele pensou por um tempo enquanto tentava recolocar a merda da gravata novamente, sem sucesso. O elevador abriu e ele foi surpreendido.

                — Catiel!

                Ethan agarrou sua perna num instante, o moleque era comprido para a idade dele e a forma como ele sorria, de alguma forma... Natsumin tinha razão. A semelhança era grande.

                — Eu já disse que é papai, moleque. — ele pegou o pequeno no colo enquanto fazia cócegas na barriga dele. Ele vestia um terninho de guri e até camisa e sapatos sociais. O terno era preto e a camisa era cinza escura, como a sua. Ethan ria, jogando a cabecinha pequena para trás, os cabelos pretos quase não balançavam, presos com gel.

Logo atrás, vinha ela.

                Natsumin a cada dia parecia mais bonita e aquilo apertava ainda mais o peito do ruivo. Vê-la estava tornando-se algo doloroso, ainda mais depois do beijo que compartilharam há dois dias. Nada se discutiu, nada se esclareceu, nenhum dos dois tocaram mais no assunto. Seguiram em silêncio, como se nada tivesse acontecido.

                E ele sentia-se cada vez mais sozinho.

                Castiel pressionou o botão para o primeiro andar, que correspondia ao Hall.

                — Ethan, sossega, vai ficar feio se bagunçar a roupa todinha. — Natsumin olhou Castiel antes de passar a mão pela roupa do filho, desamassando o terno e ajeitando o cabelo dele.

                Ethan olhou para Castiel prendendo o riso. Essa carinha safada ele fazia toda vez que fazia alguma merda. Cara, que moleque safado! Castiel olhou da mesma maneira para o filho e mal percebeu.

                — Se eu tirasse uma foto agora, não ia precisar de DNA. — Natsumin sorriu e se aproximou de Castiel. — Cadê a gravata?

                Primeiro andar.

                Castiel franziu o cenho antes de sair do elevador com Ethan no colo. Ele mostrou a gravata em sua mão livre para Natsumin.

                Quando ela passou em sua frente, pôde nota-la melhor. Ela vestia um vestido lilás, como todas as madrinhas, sem detalhes, liso, mas de um tecido fino que parecia uma camisola de seda. O vestido tinha alças tão finas que mal pareciam existir e na perna em que ela tinha uma tatuagem, havia uma larga fenda que expunha suas coxas e pernas. O cabelo negro estava preso, deixando as costas nuas aparentes.

                Quando chegaram ao estacionamento, sem dizer nada, Natsumin andou em direção ao carro dela e Castiel reparou que as chaves já estavam na mão dela, mas ele se adiantou.

                — Vem, Ethan. — Natsumin ergueu os braços para pegar o filho do colo de Castiel e Castiel o entregava a ela livremente, mas o garoto não queria ir, segurava o pescoço dele com força.

                — Vai, moleque, a gente se vê lá. — Castiel tinha uma surpresa no banco traseiro, mas preferiu não interferir. Estava sempre num campo minado quando o assunto era seu laço com Natsumin.

                — Mamãe... não. — Ethan agarrou o pescoço de Castiel.

                — Ethan, a mamãe vai ficar atrasada. — Natsumin tentava puxá-lo, mas o moleque segurava firme o pescoço de Castiel. — Tudo bem. — Natsumin desistiu e seus olhos lacrimejaram. — Vá com ele, Castiel. Eu só preciso tirar a cadeirinha e...

                — Ou você pode vir comigo. — ele a olhava intensamente, sem perceber. Parte da franja rubra caía sobre seus olhos e Ethan passava a mão sobre ela. Castiel sorriu e brincou com os lábios nas mãos pequenas do garoto.

                Natsumin ponderou por um tempo. Em seu rosto estava escrito o desconforto e aquilo incomodou Castiel. Ele nunca quis ser um desconforto para ela. E... foi por causa dela que aquele beijo aconteceu, merda! Foi ela que tragou do seu cigarro e se aproximou. Foi ela que..      

                — Tudo bem. — ela respondeu e aquilo provocou um sorriso pequeno nos lábios de Castiel sem ele mesmo perceber. — Só precisamos pegar a cadeirinha e...

                — Vem cá. — Castiel colocou Ethan no chão e pegou a mão do menino. Os dois andaram até o carro do ruivo, um carro alto de modelo esportivo, e Castiel abriu a porta, posando ao lado dela como se estivesse vendendo um modelo novo de carro. Natsumin se aproximou e olhou dentro. Uma cadeirinha nova estava posta no banco de trás. Ela franziu o cenho e olhou para Castiel, que respondeu com um sorriso.

                — Não é só a sua vida que tem que mudar. — ele pegou Ethan no colo e o colocou na cadeirinha. Ethan olhava a nova cadeirinha com curiosidade, havia adornos que imitavam uma Ferrari e até rodas de mentira.

                — E tem novidade. — Castiel abriu o porta-malas e retirou dali um embrulho. Rasgou o embrulho e de lá tirou um pequeno volante de encaixe. Os olhos de Ethan brilharam naquele momento e ele olhava para Natsumin e depois para o volante como se não soubesse o que dizer. Castiel encaixou o volante no compartimento da cadeirinha, depois posou ao lado do filho com ar vitorioso.  

Natsumin sorriu. — Nem tente ganhar meu filho de mim, hein.

— Mamãe! Mamãe! — Ethan mexia em na marcha de mentira, no limpador de para-brisas de mentira e girava aquele volante velozmente, como um verdadeiro piloto de corrida, enquanto gritava Natsumin para mostrar tudo o que estava aprendendo.

— Que legal, filho! — Natsumin sentou ao lado dele no banco de trás e mexeu no volante também. — Agora como se fala? — ela olhou para Ethan, depois apontou para Castiel com a cabeça.

— Obrigado. — Ethan falou rápido, como se tivesse sido obrigado e nem olhou nos olhos de Castiel. Natsumin pigarreou e cutucou o filho.

— Obrigado...? — ela o olhou fixamente e Castiel apenas esperou.

— Obrigado... papai! — ele falou tão rápido que Natsumin mal percebeu o impacto daquela frase.

— Isso mesmo. — ela sorriu e saiu para sentar no banco da frente. Quando o fez, Castiel fez o mesmo e ela então se deu conta do que acabara de acontecer. — Peraí, Castiel...

— Sim... — ele balançava a cabeça com um sorriso orgulhoso enquanto ligava o carro.

— Mas eu não....

— Eu sei. — ele não desmanchava o sorriso. — Esse moleque é um safado mesmo. — ele e Natsumin soltaram longas risadas simultaneamente.

— Já sabe, quando quiser ser chamado de papai... — ela riu novamente.

— Isso é chantagem. — Castiel saiu do estacionamento, em direção ao jardim do hotel, que ficava do outro lado e tinha estacionamento próprio para eventos. — Ele não sabe disso ainda, mas já é um chantagista.

Natsumin respondeu como uma risada e seu cérebro respondia com um “tem a quem puxar”.

***

                Ela estava linda.

                O corpo estava um pouco mais largo devido a gravidez, os quadris, mais pesados e as emoções mais à flor da pele do que o normal. Ela pediu que não pusessem maquiagem em seu rosto, mas sequer precisava, sua beleza natural se destacava de forma positiva. Os longos cabelos prateados caíam nas costas em forma de uma linda trança, na cabeça havia uma coroa de rosas nos tons lilás e branco, o vestido caía em seu comprimento com anáguas por baixo, formando uma longa e bela saia rodada, era um belo frente única, expondo suas costas e a barriga já podia ser percebida sob aqueles panos. Tsubaki admirou a amiga antes de ajudá-la a descer do pequeno banco, ou seja lá como chamavam aquele degrauzinho, do camarim, e deu um beijo no rosto da amiga. Tsubaki também parecia diferente, o cabelo parecia mais comprido e mais cacheado do que de costume, ela usava um vestido lilás com um decote em “v” até o meio da barriga, destacando seus seios medianos. O cabelo, como sempre, estava solto. Os cachos indomáveis balançavam enquanto andava e o sorriso de sempre estava estampado em seu rosto.

                — Eu tô tão feliz que estejam aqui. — Ayuminn abraçou tão forte a amiga que quase a enforcou.

                — Agora, os sapatos. — Rosa se aproximou com um par de sandálias brancas na mão para Ayuminn calçar. Rosalya cortara o cabelo Chanel e usava um vestido lilás sereia, que destacava suas curvas. Ela colocou as sandálias no chão e se agachou para coloca-las na amiga. Tsubaki ajudou, segurando a mão de Ayuminn, que chorava sem nem mesmo saber o motivo.               

                — Eu acho que vocês estão precisando de uma forcinha masculina. — Alexy se aproximou em seu terno lilás. Ele estava orgulhoso e um pouquinho exibido, pelo que dava pra ver.

                — Ah, claro, a de Natsumin! — Rosa brincou quando Natsumin apareceu na porta, ofegante.

                — Desculpe a demora.. ah! — Natsumin correu na direção de Tsubaki e a abraçou com muita força. — Meu Deus.. que saudade..

                — Claro, vamos ignorar a noiva, nada de mais. — Rosa sorriu e Natsumin a abraçou também, a cumprimentando, em seguida Alexy e, por fim... Ayuminn. Por Deus... Ela parecia uma verdadeira deusa com aqueles olhos bicolores, os cabelos prateados, as vestes brancas...

                — Você é uma visão, amiga. — Natsumin abraçou Ayuminn com ternura e as duas compartilharam lágrimas.

— E o meu menino? — Ayuminn perguntou.

                — Está com o pai. — Natsumin finalmente disse essa palavra em voz alta.

                — Você diz o pai de consideração, né, o Viktor? — Tsubaki franzia o cenho enquanto perguntava.

                Natsumin balançou a cabeça para os lados.

                — Acho que tem muito que você precisa saber. — Alexy passou o braço ao redor dos ombros de Tsubaki.

                — Mas agora não é o momento, né? — Rosa piscou para Natsumin, que retribuiu. — Ah, e vocês duas vão entrar com ele.

                — Com o Castiel? — Tsubaki arregalou os olhos.

                — Uma em cada braço. — Rosalya continuou a falar enquanto terminava de fechar o vestido em Ayuminn e checar os últimos detalhes com a ajuda de Alexy, que analisava o véu. — O Nathaniel não virá, pelo visto, e o Viktor já é certo que não.

                — E o Castiel também é padrinho, se não sabem. — Alexy abriu um sorriso travesso.

                — E por que não posso entrar com o Alexy? — Tsubaki argumentou.

                — Alexy vai entrar com o amigo do Lys. — Rosa abriu um sorriso malicioso.

                — O que? — Tsubaki estava perplexa.

                Natsumin sorriu. — É, realmente tem muita coisa que você não sabe.

                — Ele tá de amorzinho com o Morgan. — Natsumin sorriu.

                — Morgan? — Tsubaki arregalou os olhos.

                — É um amigo do Lysandre do trabalho. — Ayuminn sorriu. — Ele e o Alexy estão saindo.

                — Desde quando? — Tsubaki praticamente gritou.

                — Desde semana passada e vocês todas fiquem caladas. — Alexy sorria feito um bobo.

                — Mas como ele virou padrinho de casamento?! E como o Alexy foi me abandonar? — Tsubaki fazia perguntas tão rapidamente que se enrolou nas palavras.

                — Ah, para de show... — Alexy mostrou a língua para Tsubaki. — Você sabe que você é o amor da minha vida.

                — Ei! — Natsumin deu uma leve cotovelada nele.

                — Todas vocês são. — Alexy abraçou Natsumin. — Mas, bem... um homem tem suas necessidades, né? — ele sorriu.

                — E como tá sendo? — Tsubaki parecia curiosa.

                — Tá sendo nada, que é hora de irmos. — Rosa se afastou para olhar melhor Ayuminn. Uma lágrima caiu de seu rosto.

                — Você é uma obra de arte. — Alexy soltou, olhando a amiga como Rosa fazia. Natsumin e Tsubaki, fizeram o mesmo sem perceber, encantadas.

                — Bom, acho que é  hora. — Natsumin enxugou uma lágrima no rosto e imaginou quando seria seu dia. Apertou a mão de Tsubaki, que chorava como um bebê, afinal, era a manteiga derretida do grupo. Todos estavam orgulhosos de seus caminhos, apesar de tudo.

***

                Ela terminou de enlaçar a gravata dele em silêncio.

                Ele apenas a olhava fazê-lo tão intensamente, que mal poderia perceber. Ela tinha os olhos fixos nas próprias mãos de forma que seus olhares não se cruzassem. Com ambas as respirações muito próximas, havia uma conexão ardente ali, as faíscas eram quase palpáveis de tão aparente. Tsubaki olhou para Natsumin e sugeriu algo com os olhos. Natsumin apenas terminou de fazer o nó e desviou o olhar.

                Sobre o vasto tapete vermelho, a fila estava formada, esperando o momento de entrar. À frente, Rosa e Leigh guiariam os padrinhos, Lysandre já estava no altar, belíssimo naquele terno preto de estilo vitoriano. O cabelo havia sido cortado e, como era típico dele, de forma despojada e sexy. Caía uma parte desigual para o lado, mas o cabelo estava bem mais curto, de forma que as pontas pintadas tivessem desaparecido, deixando apenas seus fios prata naturais. Ele entrara na companhia de Leigh, surpreendendo a todos, seu irmão mais velho e mais próximo de um pai e mãe que no momento tinha. Leigh depois voltou para entrar entre os padrinhos com Rosa. Logo atrás, estavam Alexy e Morgan e, por último, Castiel com Natsumin em um braço e Tsubaki no outro. Fila de padrinhos melhor do que aquela, ele nunca tinha visto.

                Suspirou.

                Ao final, ainda escondida atrás das árvores, Ayuminn respirava fundo. Não havia sinal de seus pais, de sua família. Mesmo sem esperanças, ela tinha se agarrado à vontade de ver ao menos seus pais em seu casamento. Se não fosse aquele irmão estúpido...

                — Titia? — ela olhou para baixo, dispersando seus pensamentos. O pequeno Ethan segurava a barra de seu vestido e sorriu para ela. De fato, aquele menino era a cara de Castiel. E, por falar no ruivo, em instantes ele apareceu diante dela. Ela não sabia, mas Lysandre estava muito preocupada lá em cima e Castiel se responsabilizou por olhar a noiva de seu melhor amigo. Ele se aproximou e agachou ao lado de Ethan. Beijou a cabeça do moleque, depois se levantou e olhou para Ayuminn.

                — Eu nunca o vi amar ninguém, como ama você. — Castiel tomou as duas mãos da linda mulher à sua frente. — Na real, eu nunca o vi amar ninguém que não estivesse naquele caderno de poesias. Você sabe, os próprios poemas.

                Ayuminn sorriu. — Obrigada, Castiel. — ela o abraçou e ele retribuiu com ternura. Em seguida, ficou segurando seu braço até que fosse seu momento de entrar. A poucos metros, Natsumin encarava aquela cena com ternura e Tsubaki a olhava da mesma forma.

                — Ele mudou. — Tsubaki destacou.

                — Hm? — Natsumin se dispersou de seus pensamentos.

                — Acho que você entendeu bem. — Tsubaki sorriu, sugestiva. — Viktor não vem?

                Natsumin balançou a cabeça para os lados.

                — O Armin tá chegando. Eu posso entrar com ele. — Tsubaki sugeriu.

                — Não.. — Natsumin limpou uma lágrima do rosto. — Deixa eu entrar com o Armin.

                — Por que? — Tsubaki tocou o ombro da amiga.

                — Eu não posso... ficar perto do Castiel. — Tsubaki franziu o cenho ao vê-la falar isso.

                — Ele te fez algo?

                — Não, mas... Eu... — Natsumin engoliu as lágrimas e as palavras quando Castiel voltou a se aproximar das duas. Não conseguiu acreditar. Estava a ponto de dizer à Tsubaki que amava Castiel.

                — Hey! Ho! — Natsumin sentiu um par de braços a abraçarem por trás, acompanhados de uma voz conhecida. 

                — Armin! — Natsumin o abraçou com força.

                — Acho que cheguei em tempo, né? — ele pronunciou na orelha dela.  Natsumin sorriu.

                — Como você está? E o novo emprego? — Natsumin começou uma série de perguntas enquanto Castiel apenas cumprimentava Armin com a cabeça. De fato, Armin partira da cidade logo após a formatura de todos no Ensino Médio. Depois de um episódio com a polícia e o fato de ele Hackear o sistema deles para encontrar seus pais de sangue, ele acabou sendo pego, mas, depois de solto, teve uma grande oportunidade numa empresa de tecnologia.

                — Não diz nada e vem comigo. — Tsubaki puxou Armin pelo braço, piscando para Natsumin em seguida. Merda, ela a conhecia bem.

                A música começou e Rosa e Leigh já caminhavam em direção ao altar. Como eram bonitos. Leigh vestia um terno preto, os cabelos estavam um pouco maiores enquanto o de Rosa mais curtos. Eles caminhavam como um casal de celebridades, esbanjando elegância e beleza.

                Logo depois, Morgan e Alexy arrancaram alguns olhares tortos. Natsumin se sentia orgulhosa de ver seu amigo feliz e enfrentando os olhares tortos da melhor forma possível. Morgan era um rapaz belo e estava lindo naquele terno marrom escuro com a blusa branca. Alexy estava uma obra de arte no terno lilás, como as madrinhas. Mais um belo casal.

                Armin e Tsubaki entraram logo em seguida. Inesperado, todos tinham que admitir, mas os dois, de sorriso aberto e simpatia, até que formavam um belo par, não fosse o fato de não combinarem em absolutamente nada, como ambos pensavam naquele exato momento enquanto andavam, um pouco desconfortáveis.

                E então, por último, eles dois. Castiel ouviu um gritinho quando passou entre os convidados e notou que no jardim do hotel havia um pequeno público de fora da cerimônia. Um grupo de garotas dos 15 aos 20 e poucos faziam fila para vê-lo. Merda, e pensar que não seria reconhecido por ali. Natsumin acariciou o braço dele, sem olhá-lo nos olhos, como se tentasse reconforta-lo. Ela notou que seu corpo havia enrijecido e ambos não precisavam entrar como robôs, ainda mais tendo a noiva logo atrás. Castiel assoprou o rosto dela, forçando-a a olhá-lo. E então,

                Ele sorriu.

                Como se a agradecesse, ele sorriu e, pela primeira vez, não era um sorriso de coiote, um sorriso de predador. Era um sorriso terno, de gratidão.

                Natsumin retribuiu o sorriso e voltou a olhar para frente.

                Depois que os padrinhos se posicionaram em seus respectivos lugares, a marcha nupcial começou. Logo atrás da bela noiva, o pequeno Ethan segurava o véu, arrancando suspiros da plateia, convidados e da mamãe Natsumin que o observava lá de cima do altar com um sorriso orgulhoso.

                E então ela chegou.

                Durante a marcha da noiva, ela entrou, sentando-se, envergonhada na primeira cadeira que viu. Infelizmente não era o local reservado para ela logo à frente. Ayuminn a notou de imediato naqueles cabelos prateados, aquelas rugas no rosto, aquele andar tímido.

                — Espera a titia aqui um minutinho, meu amor. — Ayuminn se aproximou dos convidados sentados, andando em direção à cadeira que sua mãe havia se sentado lá no fundo. De cima do altar, Lysandre correu como raio e em instantes tomou a mão da mão de Ayuminn. Ayuminn recuou alguns passos e os responsáveis pelo som foram ágeis ao mudarem a música. Lysandre, então, entrou novamente, sob o som de Spring Waltz de Chopin. Era a música preferida da mãe de Ayuminn e música que a noiva escolhera para a entrada dos pais. Vera, mãe de Ayuminn, andava vagarosa e timidamente ao lado de Lysandre. O noivo notou as lágrimas em seus olhos pequenos e róseos e, discreto como foi, apenas acariciou a mão da sogra com ternura.

                No fundo, Ayuminn tinha os olhos repletos de lágrimas e quando a marcha nupcial iniciou novamente, ela caminhou guiada por instinto e pela força que carregava em si, pois os pés queriam ceder e o corpo inteiro tremia. Sua mãe agora estava sentada em seu devido lugar, à frente de todos e próximo ao altar, próximo a ela. Seu pai e Neal não vieram, mas sua mãe era a certeza de que ela não a havia decepcionado.

                Quando Ayuminn chegou ao altar, mesmo tomada pelas lágrimas, os olhos de Lysandre confirmaram que nunca viram nada mais belo em sua vida. Ayuminn não só era o amor da sua vida, era a pessoa que preenchia suas indignações, que o ajudava a amenizar a dor da saudade dos pais, a dor de querer ter feito mais. Era a mãe de seu filho, ou filha. Era a inspiração que precisavam suas poesias. Ele ofereceu a mão para ajudá-la a subir o pequeno degrau do altar. E então o cerimonialista começou.

                — Boa noite a todos.

***

Ele bebia sozinho num canto quando ela o encontrou. Estava numa mesa isolada, próxima aos frios, havia alguns petiscos intocados sobre a mesa dele, mas uma garrafa de vinho a menos da metade.

— O porre que isso dá é bem forte. — ela se sentou à mesa, um pouco hesitante, como se pedisse permissão. Castiel olhou para ela, depois para o copo de vinho. Não havia resposta aparente, ele parecia indiferente.

— Castiel. — ela tocou a mão dele quando ele levou o copo à boca para mais um gole. — Podemos conversar?

Ele colocou o copo na mesa. Aquilo parecia um sim.

— O que está havendo com você? Com nós dois? — ela apertou a mão dele sobre a mesa.                         

                — Natsumin. — a mão dele apertou a dela de volta. — Você não precisa disso. — ele soltou a mão dela e engoliu toda a bebida no copo.

                Natsumin se lembrou de Tsubaki vindo conversar com ela depois do fim da cerimônia e o deslocamento para a festa no grande salão do hotel. Tsubaki disse que se arrependeu de não ter colocado os pingos nos “i”s com o Nathaniel antes que tudo acabasse da forma que acabou. Ela disse que é muito perceptível a forma como Castiel a olha, que já não é mais segredo para ninguém além deles dois, que estão sendo estúpidos. Que ela precisa tomar uma decisão, ou o perderá para sempre.

                — Eu preciso. — ela segurou a mão dele de volta e colocou vinho na taça dele. Bebeu o conteúdo todo de uma vez. — Preciso porque sempre que você chega na minha vida, você me bagunça por completo e eu não estou mais conseguindo lidar com isso sozinha.

                — Você quer que eu vá embora então? — ele sequer a olhava nos olhos.

                — Você está sendo estúpido! — Natsumin não percebeu, mas falou um pouco alto demais. Algumas pessoas que ela não conhecia viraram os rostos para a mesa deles.

                — Vem comigo, Castiel. — ela acariciou a mão dele mais uma vez. — Eu conheço um lugar.

                                                                               ***

                — Oh, meu deus... — Rosa adentrou o camarim, admirando-o com aquelas luzes desligadas e a luz da noite que vinha da janela. Havia tecidos no chão com os quais ela havia trabalhado durante a semana no vestido da noiva e das madrinhas e agora ela mordia o lábio pensando no que fariam ali. — Diz que não vai recusar.

                — Rosa.. alguém pode nos... — Leigh parou de falar quando Rosa começou a descer o vestido, deixando-o cair no chão de forma sexy.

                 — Dizem que é regra os padrinhos transarem no casamento. — Ela se aproximou dele, vestindo apenas as sandálias nos pés e a lingerie no corpo. Leigh ia falar algo, mas as palavras escaparam da sua cabeça, como fumaça naquele momento. — Ainda mais agora que casamos em segredo e ninguém sabe... é tão excitante.. — ela beijava o peito de Leigh enquanto desabotoava a camisa dele. A gravata, o próprio Leigh havia tirado.

                — Eu te amo, minha esposa. — ele tocou frisou a palavra na orelha de Rosa, que se arrepiou. Leigh acariciou seus braços, descendo os dedos delicadamente, até sua cintura. Subiu por suas costas, provocando arrepios, até abrir seu sutiã, que caiu no chão imediatamente. Leigh pegou-a no colo e deitou-a num dos sofás largos do camarim, mas Rosa apontou com a cabeça para os tecidos no chão. Eles se beijaram com intensidade e Leigh a carregou enquanto ainda a beijava até os tecidos. Ele deitou-a ali e Rosa forçou a camisa aberta dele a sair, deixando seu marido, seu amor, com o peito nu. Aqueles olhos negros a olhavam com desejo e ela nunca o quis tanto como o queria naquele momento.

***

                Quando retornaram ao jardim, onde havia ocorrido a cerimônia, os dois entraram numa estufa, onde havia um vasto campo de rosas vermelhas sendo cultivadas. Natsumin se impressionou tanto com a beleza do local, que chegou a esquecer o motivo de estar ali.

                — Natsumin? — Castiel repetiu depois de tê-la chamado umas três vezes.

                — Hm? — ela virou para ele.

                — O Ethan..

                 — Tá com a Tsubaki e o Armin. — ela olhava nos olhos dele. Estavam bem próximos.

                — Hm. — ele assentiu e se afastou. — Agora você pode gritar o quanto quiser.

                — Eu aguentei muita coisa, Castiel. — ela começou, respirando fundo. —Isso...

                — Isso te permite brincar com as pessoas? Te permite vir atrás de mim e dizer o que quiser? Eu errei, Natsumin, confessa. Você também errou.

                — Você está com raiva de mim.

                — É tão óbvio assim? — ele se aproximou com um sorriso irônico no rosto, que logo desapareceu. — Estou dizendo o que está entalado desde que entramos novamente na vida um do outro. — ele passava as mãos pelos cabelos, aborrecido. — Chega desse joguinho de bons vizinhos que estamos fazendo. — ele se afastou dela, qualquer proximidade, ainda mais alcoolizado como os dois estavam, não era boa. — Eu... eu só voltei pra essa cidade porque...— as palavras praticamente foram cuspidas da boca dele, mas quando ele tentava dizer o motivo de sua volta, quando tentava dizer que era nela que ele pensava o tempo inteiro, que era com ela que queria passar o resto de seus dias, nada saía.

                — Porque... — ela o olhava com afronte, forçando-o a continuar.

— O que você acha que eu senti quando vi que você estava casada e com um filho? — ele se aproximou novamente, mudando de assunto com agilidade. Afrouxou a própria gravata. Estava suando.

                Natsumin o olhava com os braços cruzados. — Um filho que é seu?

                — Você entendeu o que eu disse. — ele tentava não olhá-la.

                — Eu não entendo onde você quer chegar. — Natsumin se aproximou e pegou o rosto dele nas mãos, forçando-o a olhá-la. Estava com a sensação de falar com uma porta.

                — Sim, você entende. — ele tomou a mão dela em seu rosto na sua e num gesto brusco a puxou para perto, encostando os lábios nos dela. — Ou não teríamos nos beijado. — ele soltou a mão dela e deu uns dois passos para trás. O rosto ainda a fuzilava.

                Os dois ficaram em silêncio por um tempo, se encarando. Castiel estava inquieto.

                — Não vai dizer nada? — ele provocou com os braços cruzados.              

                — Estou esperando você terminar. Então, acabou? — ela o olhava com sarcasmo.

                Castiel assentiu com um sorriso debochado.

— O que acha que senti quando descobri que estava grávida? Quando esperei por noites e mais noites você me ligar? — ela esbravejou.

Castiel passou a mão no rosto, um pouco sem paciência. — Pelo visto a espera não durou muito tempo.

                Natsumin se aproximou com raiva. — Foi ele quem esteve comigo nos momentos em que mais precisei. — ela respirava com força.

                — E eu estou aqui, agora. Que diferença faz? Agora você fica com as pessoas por caridade? — ele agora também alterava o tom de voz.

                — Eu o amei! — Natsumin gritou. — Eu passei a amá-lo. — ela passou a aumentar o tom de voz e quase gritava. Sua voz embargava à medida que o choro subia pela sua garganta. — Então não me venha cobrar uma posição, porque se tiver de fazer, será em favor dele.

                Castiel franziu o cenho. Aquelas palavras o atravessaram como um punhal enferrujado. Ardia, doía e o infeccionava.

***

And I don't know where you went, when you left me but
Says here in the water, you must be gone by now
I can tell somehow

 

E eu não sei para onde você foi quando me deixou, mas

Diz aqui na água

Você já deve ter partido agora

Eu posso sentir isso de alguma forma

 

 

                Tsubaki olhava Ethan brincar de pega com Armin. O pequeno corria atrás do rapaz, que fingia estar correndo, fingia que estava cansado, para para descansar e quando Ethan chegava perto, ele voltava a correr como um bobo, elevando os joelhos tão alto, como um num desenho animado, que eles quase tocavam seu queixo. A risada de Ethan contagiava e acabava atingindo Tsubaki, que, toda aquela noite pareceu forte e determinada, mas à medida que permanecia com os conhecidos, as memórias de sua cidade voltavam e, com elas, as dele.

                Nathaniel.

 

One hand on the trigger of a telephone
Wondering when the call comes
Where you say it's alright
You got your heart right

Uma mão fica no telefone

Imaginando quando vai tocar

Você dirá que está tudo bem

Você entendeu seus sentimentos

 

 

— Oh, não, não, não! —  Armin se jogou no chão, arrancando olhares de alguns convidados que nem Tsubaki nem ele conhecia e, pouco se importavam. Eram alguns colegas de trabalho de Lysandre e alguns amigos no curso de jornalismo de Ayuminn, que se formou no ano passado, antes de engravidar. O pequeno Ethan também não se importou, subindo no corpo no chão de Armin e fingindo que estava jogando poderes nele, como Armin o ensinou há alguns minutos no psp que estava em seu bolso.

Sentada na mesa, sozinha, Tsubaki apenas os observava, sorrindo sozinha enquanto comia alguns frios. Algo em seu coração magoado a fazia procurar entre os convidados, embora soubesse que ele não estava ali. E os olhos não mentiam, de fato, não estava e não estaria.

 

Maybe I'll sleep inside my coat and
Wait on the porch 'til you come back home
Oh, right
I can't find a flight

We share the sadness
Split screen sadness

 

Talvez eu durma no meu casaco e

Espere na sua varanda até você voltar pra casa

Ah, sim

Eu não posso evitar

Nós compartilhamos tristeza

Telas separadas de tristeza

 

 

                Armin se aproximou com Ethan no colo e Tsubaki mal percebeu. Ele parou atrás dela e beijou sua orelha.

                — Que susto, Armin! — ela ficou vermelha repentinamente com aquele gesto improvável. Ela nunca teve intimidade com Armin, nem mesmo na escola, o que tornava aquilo ainda mais estranho. Ele se sentou na cadeira ao lado dela, rindo do que acabara de provocar. Para Armin, as coisas não pareciam ser tão difíceis. Ela notara que ele a observou a noite inteira, e houve algumas trocas de flertes desde o momento da entrada dos padrinhos, quando ela o agarrou e puxou. Ela não esperava nada além disso, no entanto.

                — Você tá linda demais, pra estar tão triste. — Armin abriu um sorriso confortante enquanto Ethan comia alguns salgadinhos sem delongas.

                — Obrigada, Armin. — Tsubaki sorriu para ele docemente.

 

Two wrongs make it all alright tonight
Two wrongs make it all alright tonight
Two wrongs make it all alright tonight
Two wrongs make it all alright tonight

Dois errados fazem tudo ficar certo essa noite

Dois errados fazem tudo ficar certo essa noite

Dois errados fazem tudo ficar certo essa noite

Dois errados fazem tudo ficar certo essa noite

***

                — Bom, se é assim. — Castiel estendeu ambos os braços para os lados, como o redentor. — Só posso dizer parabéns aos noivos. — ele deu de ombros e andou para a porta.

                Um pouco alterada pela bebida, Natsumin se aproximou dele. Partia seu coração olhá-lo com o rosto triste, embora se escondesse no sarcasmo. Ela tocou o seu rosto. — Eu não entendo você? — ela o olhava fixamente. — Cristo, como queria entender você.

                — Talvez haja algo que deve entender sobre mim... — ele tirou a mão dela de seu rosto com delicadeza. — Não estou aqui à sua disposição. Não sou seu saco de pancada. — ele disse com a voz mansa, mas firme.

— Nem eu o seu. — ela se aproximou e ajeitou a gravata no pescoço dele. Os olhos estabeleciam uma conexão com os dele, firmes. Ele tocou a mão dela com a sua e a acariciou com o polegar enquanto a outra tocava o rosto dela. Natsumin fechou os olhos quando a mão dele tocou seu rosto, mas logo os abriu, os olhos azuis pareciam mais escuros e intensos. Eles olhavam Castiel como quem pedia por ele, como quem precisava ser salvo.

 

"All you need is love" is a lie 'cause
We had love, but we still said goodbye
Now we're tired, battered fighters

 

“Tudo o que você precisa é amor” é uma mentira porque

Nós tivemos amor, mas ainda assim dissemos adeus

Agora estamos cansados, guerreiros exauridos

Aos poucos, o ruivo foi conhecendo o seu espaço e a extensão das palavras dela. Natsumin queria compreendê-lo, mas ele se achava fácil de ser entendido em relação a ela. O que ela sentia, a forma como ela era dúbia, Castiel só queria decifrá-la e aquilo o fazia ficar mais atraído por ela. A mão dele que tocava o rosto dela também acariciou a pele dele, polegar fazendo círculos na bochecha dela. Era estranho, ela dizia que queria se afastar, mas era ela que se aproximava. Ele a tocava, a acariciava e ela se deliciava naquelas carícias, como o fazia agora. Castiel desceu o polegar da bochecha dela para seus lábios e ela fechou os olhos, sentindo a tensão sexual daquele gesto. Ela não reclamou, nem se afastou, pelo contrário, se aproximou. O coração de Castiel batia fortemente. Ele beijou a mão dela em sua gravata e Natsumin olhou aqueles lábios abrirem-se nas costas de sua mão.

A forma sexy como ele fazia isso arrepiou seu corpo por inteiro. Ele fez mais uma vez e Natsumin deixou, deliciando-se com aquele gesto e foi tão aparente em seu rosto que ele também passou a se deliciar naquelas carícias. Passou o polegar pelos lábios dela e Natsumin beijou o dedo dele, mantendo os olhos nos do ruivo.

— Castiel... — Natsumin mordeu o lábio, sentindo a doçura do beijo dele em sua mão subir pelo seu pulso, seu antebraço, seu ombro, seu pescoço, seu queixo... e parou em seus lábios.

And it stings when it's nobody's fault
'Cause there's nothing to blame at the drop of your name
It's only the air you took and the breath you left

 

E dói quando não é culpa de ninguém, porque

não há nada para culpar, na menção do seu nome

Há apenas o ar que você tomou e o hálito que você deixou         

                — Eu quero você, Natsumin. — ele passou os lábios dos dela para o pescoço dela. Ele beijou seu pescoço e Natsumin apenas fechou os olhos, sentindo aqueles lábios em sua pele, sentindo as pontadas que aqueles gestos provocavam nela.

                — Eu também quero você. — a resposta dela pareceu um gemido. Os corpos colados acariciavam um ao outro, ela arranhava o tecido do smoking nas costas dele enquanto ele beijava seu pescoço e agarrava sua bunda com as mãos. — Mas não deveria. Nem um pouco. — embora seus lábios diziam aquilo, seu corpo não respondia. Natsumin continuava a deleitar-se naquelas carícias e a vontade tirar a blusa dele e ceder àquele desejo ali, naquela estufa, estavam cada vez mais fortes.

                — O que você quer de mim? O que quer que eu faça? — ele perguntou em sussurro com os lábios passando do pescoço para os lábios dela e terminando em um beijo fervoroso. Os lábios de ambos estavam sedentos, as mãos dele apertaram ainda mais o corpo dela contra o seu e as dela desabotoaram o smoking dele.

So maybe I’ll sleep inside my coat and wait on the porch
'til you come back home Oh, right
I can’t find a flight

 

Talvez eu durma no meu casaco e

Espere na sua varanda até você voltar pra casa Ah, sim

Eu não posso evitar



                — Quero que faça amor comigo aqui. — ela respondeu com prontidão, os lábios ainda beijavam os dele.

                Castiel não hesitou, a pegou no colo e andou até a parede mais próxima, onde a encostou. Natsumin enlaçou as pernas no tronco dele, a bebida a deixara com mais vontade dele ainda e ela estava apressada. Desabotoou a camisa dele com agilidade e ele desceu uma das mãos até a região pélvica dela, enquanto ainda a beijava com toda a força e a saudade daqueles anos perdidos.

                — Faça amor comigo e depois vá embora da cidade, por favor. — ela pronunciou como um suspiro e aquilo o fez parar o que estava fazendo. Castiel a ajeitou cuidadosamente de pé no chão e em seu rosto a decepção era clara. Ele voltou a vestir a camisa em silêncio, enquanto fechava os olhos e respirava, dissipando todas as palavras ruins que pensava em dizer.

So I'll check the weather wherever you are
'Cause I wanna know if you can see the stars tonight
It might be my only right

Então eu vou checar a previsão do tempo de onde você estiver

Porque eu quero saber se você pode ver as estrelas essa noite

Pode ser a minha única certeza

Ele permaneceu assim, por um tempo. Vestindo-se em silêncio, respirando com dificuldade, o rosto paralisado na decepção. Ela apenas ajeitava o vestido e olhava seu reflexo na água na pia entupida, ajeitando também o cabelo. Nesse meio tempo ela prendia o choro, ela o queria tanto naquele momento, o queria independente das consequências porque o queria para depois vê-lo partir, como da primeira vez. Era melhor, era mais fácil, era o certo a se fazer. Aprenderia a conviver com a culpa de estar traindo Viktor, mas não esconderia nada dele. A decisão, no final, seria de Viktor. Não dela.

— Castiel... — ela finalmente o chamou quando ele terminou de se vestir.

— Não. — ele levantou a mão em sinal de “pare”, impedindo-a de continuar. — Você não tem o direito... — ele esfregava o próprio rosto com rudez.

We share the sadness
(Two wrongs make it all alright tonight)
Split screen sadness
(Two wrongs make it all alright tonight)
We share the sadness
(Two wrongs make it all alright tonight)
Split screen sadness
(Two wrongs make it all alright tonight)

 

Nós compartilhamos tristeza

(Dois errados fazem tudo ficar certo essa noite)

Telas separadas de tristeza

(Dois errados fazem tudo ficar certo essa noite)

Nós compartilhamos tristeza

(Dois errados fazem tudo ficar certo essa noite)

Telas separadas de tristeza

(Dois errados fazem tudo ficar certo essa noite)

 

                — Nós precisamos parar com isso. — ela disse firme, o olhando de longe. — Nós somos adultos, mas estamos agindo feito dois adolescentes...

— Você. — ele a interrompeu e apontou o dedo para ela. — É você quem está agindo feito uma adolescente! — ele alterou o tom de voz e fechou os olhos para se acalmar. Logo estaria gritando.

— Não fui eu que dormi justo com a garota que trabalhava comigo! — ela gritava enquanto se aproximava dele.  

— E o que isso tem a ver? — ele levantava os ombros enquanto debochava. — Você é exclusiva por um acaso?

— Com tanta garota nessa cidade, nesse mundo... — ela tinha o cenho franzido. — Tinha que ser justo com ela?

— Com uma garota linda que não me tratava como um estranho na cidade onde nasci? — ele falou com o tom baixo, olhando-a com firmeza. — Por que não? Só porque você está com ciúme?

— EU DISSE QUE TAVA TUDO BEM! — Natsumin não percebeu, mas berrou.

— Não parece. — ele debochava, mas o rosto estava tremendamente sério.

— Não fui eu que voltei como se nada tivesse acontecido. Como se quatro anos não fosse nada! — ela gritava sem pudor, aproximando-se dele.

— Não! — ele se aproximou dela com passos firmes. — O nome pra isso é outro.

                — Remorso. — ela disse num misto de raiva e tristeza enquanto desviava o rosto para o lado.

                — Saudade. — ele passou por ela, andando em direção à porta. No caminho, esbarrou o ombro no dela de propósito e a mão também tocou a dela.

                — Não posso trocar um amor puro pela saudade do passado. — Natsumin virou rosto e corpo para ele, que parou de andar.

— Eu não disse que a saudade era de você. — ele praticamente cuspiu aquela frase com os dentes trincados.

I called because I just
Need to feel you on the line
Don't hang up this time
And I know it was me who called it over, but
I still wish you'd fought me 'til your dying day
Don't let me get away

'Cause I can't wait to figure out what's wrong with me
So I can say this is the way that I used to be
There's no substitute for time
Or for the sadness

Eu liguei porque eu apenas

Precisava te sentir na linha

Não desligue dessa vez

E eu sei que fui eu quem terminou tudo, mas

Eu ainda desejo que você lute por mim até seu último dia

Não me deixe ir embora

Porque eu mal posso esperar para descobrir o que há de errado comigo

Para que então eu possa dizer era assim que eu costumava ser

Não há substituto para o tempo

Ou para a tristeza

Naquele momento, Natsumin engoliu todo o choro em sua garganta, sentindo a dor descer pelo seu pescoço. Sabia que aquelas palavras dele eram apenas para feri-la, mas ele havia realmente conseguido. Ela queria, por Deus, como queria saber o que fazer naquele momento, queria que tudo fosse tão simples como ele imaginava, mas Viktor havia sido sua companhia nos momentos em que mais precisou, ela tinha tanta gratidão e amor pelo que ele fez, que não tinha coragem de deixa-lo. E deixa-lo, significava abandonar a vida que ela construiu com esforço nesses últimos anos, na ausência de Castiel. Significava sair pra sempre do hotel em que estava morando, procurar um emprego fora do alcance de seus sonhos para poder sustentar um novo aluguel a preços caríssimos e não ao preço de banana que pagava o do hotel e por insistência dela, pois Viktor havia cedido o melhor quarto do andar para ela. Uma suíte presidencial com tudo o que ela precisava. Ela não podia esquecer os momentos em que ela se debatia com as dores da gestação, sua instabilidade emocional, seus pés inchados e quando Viktor segurou sua mão e disse que tido estava bem. Quando ela começou a se apaixonar por ele.

Castiel era a incerteza, era tudo o que ela não podia ter naquele momento, pois definia um importante momento de sua carreira. Vendera sua primeira música, estava começando como compositora, recebera essa semana e não contara para ninguém, um contrato para cantar no salão principal do hotel, maior e mais luxuoso do que o do restaurante da mãe de Tsubaki. Era um salão dentro do hotel que recebia os convidados mais prestigiados do mundo, de diversas carreiras e isso incluía a música.

Por isso ela escolheu ver Castiel partir. Mais uma vez.

***

 

 (Two wrongs make it all alright tonight)
Split screen sadness
(Two wrongs make it all alright tonight)
We share the sadness
(Two wrongs make it all alright tonight)
Split screen sadness
(Two wrongs make it all alright tonight)
Oh, and the sadness, it's so right, it's so right
(Two wrongs make it all alright tonight)
Oh, in the sadness, it's so right, it's so right
(Two wrongs make it all alright tonight)
Oh, in the sadness, it's so right)
(Two wrongs make it all alright tonight)
Oh, in the sadness, it's so right, it's so right)
(Two wrongs make it all alright tonight)
Oh, in the sadness, it's so right, it's so right)

 

(Dois errados fazem tudo ficar certo essa noite)

Telas separadas de tristeza

(Dois errados fazem tudo ficar certo essa noite)

Nós compartilhamos tristeza

(Dois errados fazem tudo ficar certo essa noite)

Telas separadas de tristeza

(Dois errados fazem tudo ficar certo essa noite)

Oh na tristeza, tudo bem, tudo bem

(Dois errados fazem tudo ficar certo essa noite)

Oh na tristeza, tudo bem, tudo bem

(Dois errados fazem tudo ficar certo essa noite)

Oh na tristeza, tudo bem, tudo bem

(Dois errados fazem tudo ficar certo essa noite)

Oh na tristeza, tudo bem, tudo bem

 

                — Eu acho que o gurizinho aqui quer ir brincar lá fora. — Armin falou um pouco desconfortável e piscou para Tsubaki.

                A menina suspirou e em sua memória vieram imagens de sua relação com Nathaniel, os momentos bons que tiveram juntos e a forma como tudo terminou. Lembrou-se de um rapaz com quem saiu uma vez nesses últimos meses, depois que se mudou para outra cidade, a forma como nada parecia combinar entre os dois, como, quando olhava para ele, só queria ver o rosto de Nathaniel. Naquele momento com Armin, isso não aconteceu e, para ela, pareceu ser o sinal de que estava finalmente seguindo em frente. E não era nada mal ter um cara bonito dando em cima dela. Mesmo que fosse o Armin e... bom, ela e ele não tinham nada a ver.

                Os dois caminharam para o jardim, cada um segurando a mão de Ethan de um lado.

***

Castiel saiu da estufa e caminhou para o lado oposto ao dos convidados. Onde antes havia ocorrido a cerimônia de casamento, agora só havia cadeiras vazias em meio àqueles laços e flores. Todos estavam lá dentro do salão se empanturrando de comida e bebida.

Ele tirou um maço de cigarros do bolso com dificuldade, suas mãos tremiam. Ele levou o cigarro à boca e tragou, sentindo aquela toxidade invadir seus pulmões ferozmente.  Ele apreciou o ar frio da noite e soltou o ar, sentindo passar a fumaça entre suas narinas e seus lábios. Elas dissiparam-se no ar, iluminadas pela luz do gazebo do jardim, enfeitado com as rosas brancas e vermelhas que usaram para a cerimônia de casamento.

Ele levantou os olhos para o céu, sentia uma sensação estranha, pontadas fortes invadiam seu peito e sua cabeça, um nó se formara em sua garganta. A dor da rejeição era grande, já a conheceu uma vez, viu Natsumin com Viktor. Também conhecera a da traição através de Debrah, mas nada, se comparava à dor que estava sentindo naquele momento. Angústia, raiva, remorso, mas... acima de tudo... DECEPÇÃO. Nunca esperava que um dia Natsumin fosse decepcioná-lo de forma tão grande. Ela estava se vendendo em troca de conforto, ele sabia que ela o queria tanto quanto ele a queria. Ele sabia que ela nunca o impediria de ver seu filho, mas passar por ela e não conhece-la, era a pior dor que podia sentir.

Ele tragou mais uma vez com a cabeça virada para cima, observando as constelações que enfeitavam aquele manto negro. Seu coração doía tanto que ele jurava que fosse explodir.

Não tinha ninguém para conversar, ninguém com quem desabafar, ele nunca chorou, não que se lembrasse, não sabia o que era aquilo, não podia conversar com ninguém. Ninguém naquele mundo sabia quem ele realmente era, pelo visto. Estava sozinho mais uma vez. Tinha seu melhor amigo, tinha seu filho. Mas seu filho ficava a maior parte do tempo com Natsumin, seu melhor amigo estava casado e formando uma família. A vida de estrada nunca era sozinha, mas sempre era solitária. Ele tragou mais uma, duas, três vezes, sentiu a nicotina invadir seus pulmões com velocidade.

                — Catiel? — seus pensamentos se dissiparam com aquela vozinha conhecida. O pequeno corria ao longe em sua direção, deixando para trás Tsubaki e... ah, o viciadinho.  — Tisti? — o menino agarrou sua perna e olhou para cima com os olhos cinza arregalados. Castiel viu nele a companhia que precisa e reorganizou os pensamentos. Não. Ele tinha um filho, independente de Natsumin. Castiel não estaria sozinho nunca mais.  Jogou o cigarro no chão e o apagou, em seguida pegou o menino no colo.

                — Triste não, moleque. — ele beijou o rosto do filho enquanto Tsubaki se aproximava.

                — Oi.... hum... Castiel! — Tsubaki estava ofegante e, olhando o cabelo embaraçado de Ethan, terno amarrotado de quem correu a noite toda, podia imaginar o motivo. — Que energia essa criança tem!

                O viciadinho foi o último a chegar. Não se podia esperar muito da energia de um nerd. — Oi, Castiel. — Armin o cumprimentou.           

                — É... Oi. — Castiel apertou a mão de Armin, depois bagunçou o cabelo de Ethan. O pequeno deitou a cabeça no ombro dele bocejou. Castiel enrijeceu. Tsubaki sorriu.

                — Não precisa ficar duro assim. Ele só vai dormir, provavelmente. — ela se aproximou, tocando os ombros do ruivo para que relaxassem.

                — Hm... — Castiel olhou o rosto de Ethan por cima de seu ombro. — E o que eu faço?

                Tsubaki riu. — Só deixa. Ele dorme facilmente.

                — Hm. — Castiel suspirou. — Eu vou ficar aqui, então. Com ele. — ele olhou para ela. — Você pode voltar, se quiser.

                — Eu irei. — ela sorriu para Castiel. — Mas antes..

                — Hm? — ele deixou os olhos firmes nela. Tsubaki era uma bela garota com aqueles cabelos castanhos revoltados e os olhos amarelos. O vestido que ela usava também valorizava bem seu corpo com curvas, especialmente na frente.

                — Queria te pedir uma coisa. — ela olhou para Armin, que entendeu o recado e se afastou, esperando-a a alguns metros dos dois. — Eu sei que você a ama. — ela não tirou os olhos dos dele. — Por favor, não desista dela.

                Castiel a olhou em silêncio.

                — Você não sabe o quanto ela chora todas as noites. — Tsubaki tocou o ombro dele.

                — Não posso esperar sentado. — ele sussurrava para não acordar Ethan. — Nós... eu... ela me rejeita.

                — Você já disse que a ama? — Tsubaki o olhava como uma mãe olha para um filho que fez besteira.

                — Isso não muda nada. — Castiel revirou os olhos.

                — Disse com toda as palavras? Disse “eu te amo”? — Tsubaki cruzou os braços.

                — Quem você acha que é pra me dar ordens assim? Minha mãe? — ele falava sério, mas arrancou um sorriso de Tsubaki.

                — Eu estive com ela em todos esses anos. Ela nunca olhou para Viktor da forma que olha para você. E, mesmo com ele, ela nunca deixou de te esperar ligar.

                — Ela também poderia ter me ligado.

                — Isso não é desculpa. — Tsubaki olhou para os lados. — Ela é tão teimosa quanto você e, se você a ama e não quer perde-la, é melhor se desfazer desse orgulho.

                Tsubaki olhou para ela, depois para trás. Tinha a sensação de ter alguém por perto além de Armin.

                — Nada mais daqui pra frente caberá a mim. — Castiel ajeitou um Ethan adormecido em seu colo. — Não estou aqui para mendigar amor de ninguém.

                — Como se precisasse... — Tsubaki suspirou. — Ela te ama. Só precisa desapegar da culpa pelo acidente.

— Com os pais dela? Ainda? — Castiel fez de tudo para manter a voz baixa.

— Não. De Viktor. — Tsubaki franziu o cenho. — Você não sabia?

— O que aconteceu? — Castiel apertava os olhos, interessado.

— Droga.. — Tsubaki mordeu o lábio. Às vezes falava mais do que deveria.

— Agora você vai ter de desembuchar... — Castiel levantou as sobrancelhas.

Tsubaki suspirou e xingou uns vinte palavrões antes de prosseguir. Sei que fará a escolha

certa. —  Quando vocês ficaram juntos no quarto vermelho... — Tsubaki franzia o nariz e mordia o lábio, nervosa. — Bom, ele apareceu lá, você sabe.

Castiel assentiu, lembrando-se da noite em que se gabou para o riquinho que tinha transado com Natsumin. Não se orgulhou muito agora que lembrou. E, algo na expressão de Tsubaki dizia que teria ainda menos motivos para se orgulhar do que fez.

— Quando saiu de lá, triste, ele foi atropelado. — Castiel passou a mão no rosto, preocupado, depois que Tsubaki terminou de falar.

— Ele ficou bem, mas demorou muito tempo para se recuperar e uma perna dele

Tsubaki não dobra direito hoje. — ela suspirou. — Mas é isso, ela se culpa por isso. E foi quando eles começaram a ficar juntos também.

Castiel apenas assentia.

— Obrigado por isso, garota. — ele crispou os lábios.

— Eu também queria te agradecer por algo. — ela olhou para os lados antes de continuar. — Por ter ajudado o...

                — Por tirar um bêbado e moribundo do meio da rua? — Castiel sorriu. — Não foi nada, ele estava atrapalhando meu caminho de qualquer maneira.

                Tsubaki sorriu. — Tem notícias dele?

                Castiel sabia que ela iria perguntar. — Talvez seja mais fácil encontrar notícias dele no bar mais próximo. — Castiel não perdeu a oportunidade de debochar.

                — Claro. Obrigada. — Tsubaki balançou a cabeça e deu de ombros para encontrar Armin, que a observava de longe.

                — Mas a irmã dele sabe. — Castiel continuou. — Espero que ajude.

                — Obrigada. — ela virou o rosto para trás e sorriu.

                — Mas, se quiser um conselho... — Castiel a fez parar novamente. — Mantenha distância. — Tsubaki voltou a andar, como se já soubesse desse infortúnio. Andando pela noite nos bares da cidade, Castiel ouviu muito sobre Nathaniel. Ele não era mais o mesmo.  

                — Agora somos só eu e você, moleque. — Castiel beijou a cabecinha adormecida de Ethan em seu colo. — Só eu e você.


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Notas finais do capítulo

Logo logo trarei o próximo! ♥



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