Diamante Bruto escrita por Natsumin


Capítulo 57
Capítulo Quatorze - Campo Minado


Notas iniciais do capítulo

Maratona!♥



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“A vida é um campo minado, é difícil recuperar-se depois que se pisa em uma bomba, mas não é impossível e ainda haverá mais a serem pisadas”.  Natsumin

Eram cinco horas da manhã.
As costas doíam um pouco, ele havia bebido um pouco mais do que o suficiente e a conversa com Castiel não fora muito satisfatória. Lysandre programara ficar em casa e compor antes de dormir naquele dia, mas Castiel o ligara e informara-o sobre o que estava acontecendo. Lysandre já suspeitava, mas o fato de Castiel pedir a ele para encontra-lo naquele bar significava que o ruivo ainda não a tinha superado, embora negasse.
Lysandre já suspeitava disso também.
Mas estava cansado demais. E a cabeça doía. Abriu a porta do quarto com cuidado, retirou o sobretudo preto e a blusa branca. Ayuminn acordara com o barulho, os olhos bicolores eram vívidos, amarelo e rosa, fitava a figura de costas que abrira a porta. Era um anjo? Ela estava sonhando? Deus ele tinha asas! Oh não seria uma espécie de anjo da morte? Se bem que para anjo da morte ele estava tão bem, as costas eram largas, ele era bem alto, o cabelo era prateado e a luz da lua que entrava por aquela janela iluminava as costas largas e nuas com asas. Ayuminn encolheu-se sob o cobertor, não poderia fazer movimentos bruscos, ele não poderia ter noção de que ela estava ali. Fechou as pálpebras com tanta força que os olhos doeram. Tinha que ser um sonho, mas ficava difícil quando ela sentia parte do cobertor ser puxado e ele cobrir-se deitado ao seu lado. Estava ainda de costas para ela, Ayuminn só via mesmo aquelas asas. Fechou os olhos novamente, em duas horas iria acordar, ir para Sweet Amoris e essa história de anjo nunca existiria. Só um sonho, certo?
***
Hora de recomeçar.
Natsumin encarava-se no espelho, o cabelo negro caía pelas costas até a altura dos quadris, havia crescido bastante nesse ano. Parecia que havia passado mais tempo do que o necessário por causa de tudo o que acontecera com ela. Mas fazia um ano apenas. Um ano que ela havia causado a morte dos pais, um ano que havia jurado nunca mais encontrar quem ela já foi, um ano que não via Tsubaki e Ayuminn, um ano naquela rua amargurada de sua antiga cidade.

— Natsumin!
— Natsumin!
Ela apenas corria e enxugava as lágrimas, envolvida no casaco de couro de seu pai, usando a presilha de cabelo de sua mãe. Andava rápido, os saltos de baixo porte, mas grossos da bota preta batiam contra a calçada com força. Ela passava com força o braço pela face, o nariz estava vermelho os olhos também.
— Você vai parar de correr e me escutar! Qual é, o que aconteceu com você?
A voz de Tsubaki era tão nítida naquela noite.
— O QUE ACONTECEU COM SUA FAMÍLIA?
Ayuminn aparecera de repente em sua frente, envolta por um sobretudo preto de couro. Aqueles olhos bicolores também era o mesmo que ela vira em Sweet Amoris.
— Me deixem em paz!
Desviara de Ayuminn, apressara o passo para fugir de Tsubaki.
— Vocês.
Ela parou de costas para as duas que continuaram onde estavam, as três na mesma posição sobre a calçada, Natsumin não ouvira os passos das duas, o que comprovava isso.
— Não há problema algum com a minha família. Será que não veem o verdadeiro problema?
Natsumin finalmente voltou o corpo para elas e observou uma Tsubaki estatizada de olhos arregalados e sobrancelhas arqueadas, uma Ayuminn de costas para ela, mas com o rosto voltado para o lado, apenas ouvindo.
— Você são o problema. Vocês só me causam problemas. O “problema” é que nunca fui amiga de vocês. Na verdade... Nunca as considerei minhas amigas. Portanto, podem voltar e me deixar em paz, eu vou embora dessa cidade de qualquer maneira!
— O que? Como assim?
Ayuminn virara o corpo completamente, agora eram os seus olhos bicolores que estavam arregalados. Tsubaki ainda estava estatizada, os olhos amarelos brilhavam junto as lágrimas presas.
— É mentira!
Tsubaki finalmente reagiu, ia correr na direção de Natsumin nem que fosse para puxá-la pelos cabelos e faze-la dizer a verdade, o que estava realmente acontecendo. Ninguém entendia aquilo. Mas Ayuminn segurou-a.
— Não, não é! Nunca gostei de vocês, só estava junto PORQUE QUERIA O QUE VOCÊS TINHAM! Queria a vida boa, beber e sair, nada de responsabilidades, nada de compromissos. Afinal, é só isso que vocês fazem, não é?
Natsumin não continha as lágrimas, o rosto alvo estava rubro principalmente no nariz, nas bochechas no espaço entre os olhos. Não percebia, mas aprecia gritar. Um grito que arrancara parte de seu peito detonara sua garganta.
— Cala a droga dessa boca!
Tsubaki era quem gritava, o rosto já estava envolto em lágrimas, os olhos inchados. Contorcia-se, forçava-se para frente, mas Ayuminn continuava puxando-a para trás.
— Não vale a pena, Tsubaki.
Ayuminn não tinha lágrimas, mas os olhos estavam vermelhos.
— Isso, ouça à voz da experiência porque você não tem nenhuma!
Natsumin gritou antes de virar as costas e prosseguir.
— Impossível se lembrar de tudo o que passamos juntas e em nenhum momento pensar que gostou de nós. Você precisa nos dizer a verdade, Natsumin!
Tsubaki tombou os joelhos no chão. Ayuminn abraçou-a, agachada ao seu lado. Natsumin teve tempo de virar para trás e observar aquela cena.
— Um dia você ainda vai ter de dizer a verdade.
Foram aquelas palavras de Ayuminn com os cabelos prateados, mas de ligeira luz lilás caindo sobre o rosto e aqueles olhos bicolores baixos e tristes observando o corpo de cabelos castanhos ajoelhado.
Natsumin causara dor naquela noite. Mais uma vez.

 
Os olhos azuis estavam quase sem vida. Envoltos por machas avermelhadas escondiam um passado de mentiras, desilusões. De dor. Ela se sentia como no primeiro dia de aula em Sweet Amoris encarando aquele reflexo, buscando alguém diferente. Alguém que pudesse reunir forçar, ultrapassar barreiras, alguém que pudesse enfim seguir em frente. Mas aquele era o problema.
Não via nada.
As lágrimas desceram e ela rapidamente aparatou-as passando o braço e as costas das mãos pelo rosto com rudez, sem se importar com a dor que aquilo causava, principalmente quando o braço se chocava com o nariz. Pegou a bolsa, já estava pronta de qualquer forma. Kovu miava pedindo um carinho. Ele era a única criatura além da tia que gostava dela. Não era por menos. Ela era um monstro. Alguém; alguém não, uma coisa, que não merecia respeito. Talvez fosse por isso que a brincadeirinha de Ambre não afetara tanto. A fizera chorar, é claro, não é todo dia que se depara com seu passado quando pensou que tudo tivesse acabado. Mas não a afetou de verdade. E porque ela sabia que merecia aquilo.
Colocou Kovu no chão, mas não antes de beijar sua cabecinha negra e fofa e olhar mais uma vez aqueles olhinhos azuis cheios de vida. Abriu o pacote de ração para filhotes, colocou-a na vasilha azul e verificou se havia água. Ajeitou a caixinha de areia no banheiro e trancou a porta do quarto.
— Pensei que não fosse descer tão cedo.
Alexy tinha um sorriso grande no rosto. Um dos braços estavam apoiados no sofá da sala e ele tinha uma perna esticada e a outra curvada, estava esperando há um bom tempo.
— Bom, pelo menos espero que não saia correndo dessa vez.
Armin surgiu ao pé da escada e a levantou no ar, colocando-a no chão apenas quando os degraus acabaram.
— “Mademoiselle”. — Alexy ofereceu o braço e Natsumin aceitou, disfarçando a tristeza com um pequeno sorriso. Armin surgiu ao seu lado direito e ela passou o braço por debaixo do dele. — Agora você é dona flor e seus dois maridos. — Alexy beijou a ponta do nariz dela e Natsumin ruborizou, pega de surpresa. Deu tempo de olhar para o rosto de Armin, mas as expressões eram felizes e não de ciúmes. Talvez não tivesse ciúmes do irmão, talvez seus sentimentos tenham mudado. Natsumin acreditara ser melhor assim. Não podia ser amada daquela maneira.
Atravessando aquela porta com dificuldades — porque para três atravessarem ao mesmo tempo uma porta em que só passa um é quase impossível — Natsumin percebeu que talvez mais pessoas além de Kovu e sua tia se importavam com ela. E aquilo era bom.
***
Droga!
Castiel saltou da cama, mas o corpo não conseguiu sustenta-lo e logo estava no chão. A cabeça doía, as coisas ainda giravam, a ressaca estava sendo pior do que pensara. Respirou fundo, esfregou uma das mãos sobre o rosto com força, apoiou-se na cama para levantar e impulsionou o corpo para cima enquanto se apoiava na perna direita. Droga, a cabeça doía muito, ele apertava os olhos, mas a visão estava empacada, precisava apertar um pouco mais as pálpebras. Sentou-se na cama, esfregou os olhos com força. O relógio já marcava sete horas. Não iria mesmo para Sweet Amoris.
Como ela conseguia? Depois de tanto tempo, como ela ainda podia mexer com ele? Era como se Debrah fosse uma droga, ela vem com aquele jeitinho meigo, depois se mostra mais ousada, é determinada, consegue sempre o que quer. Ele se apaixonara por esse jeito dela, pela maneira como estava disposta a seguir seus sonhos. Debrah sempre fora sonhadora. Ele ainda não entendia como ela resolveu deixa-lo, obviamente houve a história mal esclarecida com Nathaniel justo quando eles estavam tão bem. Um produtor gostara da banda que ele formava com Debrah e Lysandre, iria avalia-los, estava a um passo de ter tudo o que sempre quis!
Até aquele bilhete maldito leva-lo à sala dos representantes e ele ver as mãos de Nathaniel na cintura dela! Estavam a um passo de um beijo, droga! Para piorar perdera mais, o produtor não o queria mais na banda, disse coisas sem sentido para ele “controlar o seu ego” e que “ele era um bom guitarrista, mas precisava ser mais modesto”.
A cabeça rubra tombou no travesseiro. E lá ficou.
***
Errado, muito errado.
Lysandre continuava a repetir enquanto Rosa revirava os olhos.
— Rosa, não é certo colocar estranhos no meu quarto. Ainda mais... ela! — Rosa notou Lysandre ruborizar ligeiramente enquanto passava a mão direita pelo cabelo prateado.
— Ela não é estranha, Lys fofo. E pelo jeito que você fica quando fala dela... — ela levantou uma sobrancelha, observando com cautela a mudança de expressões no rosto dele. As sobrancelhas que ficaram brandas voltaram a perder a estabilidade. — Provavelmente não é estranha para você mesmo!
Ayuminn respirava com calma. Acordara ouvindo vozes, mas não conseguia distinguir as palavras. Viu a silhueta de um rapaz de sobretudo preto e cabelos prateados. Arquejou baixo. Jesus, não fora um sonho. Ela vira asas, jurava que sim. Será que ele as escondia naquele sobretudo?
— Eu só a conheci uma vez, Rosa. Não há motivos para coloca-la para dormir comigo.
— Lys,, vocês dormiram juntos? — Rosa sabia a resposta, mas era engraçado fazê-lo ruborizar.
— Não, Rosa... — Lysandre balançava a cabeça. — No sentido literal, ela dormiu ao meu lado.
— Como não conseguiu vê-la? — Rosa também sabia essa resposta. E, OBVIAMENTE sabia que ele não ia chegar após o almoço, mas mentira porque a menina era muito bonita e Lysandre estava precisando de uma companhia que não fosse as mulheres vulgares que Castiel o apresentava nos bares. Lysandre era cavalheiro demais para isso.
— Quer saber? Tudo bem, vamos acorda-la — Rosa foi direcionando o corpo à Ayuminn, mas Lysandre entrou na frente dela.
— Deixe-a dormir, Rosa. Parece cansada. — Lysandre olhou para o rosto dócil deitado ao travesseiro e lembrou-se da última vez em que a viu. Ela parecia esconder segredos. Tinha um ar de mistério naquele rosto. Mistérios de uma maneira boa.
— Vá tomar banho, Lys fofo. Preciso acorda-la porque tem escola hoje!
Lysandre direcionou-se ao banheiro, mas não antes de suspirar. Não havia como discutir com Rosa. Ela sempre tinha as palavras na ponta da língua.
— Eu sei que estava fingindo. — Rosa sorriu e pronunciou próxima a Ayuminn. — Tome banho no meu quarto e Leigh pode nos deixar no colégio junto com o Lys.
Ayuminn também sorriu.
***
Oh, droga, atrasada de novo.
Ela olhou para baixo, verificou se estava tudo certo. Estava vestido, shorts, camiseta e tênis. Conferiu o uniforme novo de box que foi obrigada a comprar depois de terem sumido com o dela. Se aquelas garotas não fossem tão monstruosamente fortes, ela poderia jurar que iria se vingar um dia. Ah se ia!
Sweet Amoris está perto, Sweet Amoris está perto. Ela pronunciava a si mesma, procurando convencer-se de que não estava atrasada embora tivesse certeza de que sim. Quando chegou os portões de Amoris estavam fechados e ela ainda teve tempo de ver a diretora dar as costas após trancá-lo.
— Velhinha! Quero dizer.. — ela revirou os olhos. — Senhora! Diretora! — Tsubaki mordia o lábio inferior e comprimia os olhos tentando-se lembrar do nome daquela senhora. — Por favor!! Eu faço qualquer coisa!
A diretora Elizabeth hesitou. Parou de andar por um tempo pronta para gritar até que voltou o rosto para trás e notou que a menina chorava.
— Por favor, não posso ter faltas. — Tsubaki implorava, sabia que era boa naquilo.
— Pois bem. — a diretora destrancou o portão e abriu-o. Tsubaki entrou depressa antes que ela se arrependesse e se posicionou para pedir milhares de desculpas e agradecer, mas a diretora a impediu de pronunciar qualquer coisa. — Vá à sala dos representantes para Nathaniel cadastrar seu atraso. Em seguida me espere por lá. Estarei pensando em seu castigo.
— Que ótimo... — Tsubaki conversou com seus botões.
A sala de Nathaniel pareceu vazia quando ela abriu a porta sem bater. Nathaniel estava de costas, arquivando algumas pastas quando virou apenas o rosto e seus olhos amarelos sorriram ao vê-la.
— Você nunca bate? — ele deu um sorriso tímido mas lindo por sinal.
— Considere seu dia de sorte. — ela entrou e sorriu também em resposta, com a cabeça baixa, fazendo com que algumas mechas castanhas caíssem sobre seu rosto. — A diretora me pediu para esperar aqui e avisa-lo que cheguei atrasada e ela estará tramando meu castigo em sua gruta amaldiçoada.
Nathaniel abaixou a cabeça prendendo o sorriso enquanto a balançava para os lados em uma postura séria de reprovação.
— Pode levantar a cabeça, sei que quer olhar minha calcinha outra vez.. — Tsubaki brincou e Nathaniel arregalou os olhos, completamente ruborizado, mas os olhos viram que era mentira e logo se acalmaram.
— Você gosta bastante desse tipo de brincadeiras. — Nathaniel pronunciou sério, voltando a arquivar a papelada.
Ótimo, isso mesmo Tsubaki. Continue sendo esse tipo de anta e a única coisa que vai conseguir é afasta-lo de você. Além disso, pode falar a verdade, você pelo menos está atraída por ele. Tsubaki revirou os olhos. Ela com certeza era maluca, não era possível.
— Para ser sincera, eu gosto sim. — Tsubaki aproximou-se a passos leves, largando a mochila em cima da cadeira onde pensou em se sentar. — Você não?
— Esse tipo de brincadeira não é pertinente ao meu trabalho. — Nathaniel respondeu sereno, mas as sobrancelhas estavam franzidas.
— Então aqui deve ser tão chato quanto parece. — Tsubaki sentou-se sobre o balcão onde Nathaniel colocava as pastas a serem organizadas.
— Não vê que é meu trabalho? — Nathaniel tinha um tom de voz mais firme e levantava a cabeça para observar o rosto dela com clareza. — Eu gosto de organização, não sou como você que chega atrasada ou de roupas íntimas em lugares sérios; gosto de estar aqui e isso não quer dizer que eu seja apenas um chato que não sabe se divertir.
— Eu não te chamei de chato em momento algum. — Tsubaki franziu o cenho enquanto Nathaniel se abaixava para pegar as pastas que acabara de derrubar. Ela estava a chamando de irresponsável? Bom, porque foi isso muito bem o que pareceu. Ela podia esfregar a ficha dela na cara dele naquele exato momento. Ele ia ver com aqueles olhos encantadores quem era o irresponsável naquela sala! — Olha... — ela desceu da mesa e se agachou ao lado dele para ajuda-lo com os papéis, embora estivesse se corroendo por dentro para não dar uma boa bofetada na cara dele. — Eu tenho certeza de que pode ser divertido quando quer, apesar de ser um tremendo ignorante às vezes. — ela sorriu, um sorriso largo e Nathaniel percebeu onde de fato havia errado. Ele abaixou os olhos um pouco sem graça e levantou-se pondo sua parte dos papéis na mesa de volta.
Bingo! Tsubaki comemorou por dentro quando Nathaniel deu um sorriso sereno para ela, embora ela sentisse que ele havia sido atingido quando ela o chamou de ignorante. Tsubaki sentiu algo diferente naquele momento, como se fosse aceita, mas de uma maneira diferente. Ela podia sentir que aquilo seria uma grande amizade ou, pelo fato de ela se apaixonar rapidamente e perdidamente, um grande amor. Só que Nathaniel não parecia corresponder. Afinal, ele era o representante de turma, devia tratar bem a todos e, é claro, ruborizar depois de ver uma garota de calcinhas. .
— Obrigado. — ele agradeceu as folhas que ela recolheu e pôs na mesa. — E desculpe por, bem...
— Ter sido insensato e ignorante e, mesmo que por cinco minutos ter me achado uma completa irresponsável? — ela aproximou-se, fixando os olhos nos dele. — Tudo bem.
Nathaniel deu um sorriso sem graça e começou a acertar os papéis sobre o balcão.
— Mas tem uma condição. — o loiro levantou os olhos quando a ouviu falar, mas estava com dúvidas sobre a bomba que poderia vir a seguir. Essa aluna nova, Tsubaki, tinha a palavra confusão escrita na testa.
***
— O que está olhando? — Brita tentava ver através daqueles olhos amarelos o que Natsumin tanto procurava durante toda a aula.
— Nada. — ela negava. Castiel não estava na sala. Não estava no corredor, com certeza não estava no pátio, já que ela checara umas duzentas vezes. Não que ela se importasse, é claro, agora que não moravam mais juntos ele podia fazer o que bem entendesse com a vida dele. É só que... Bem, Natsumin vira a ex dele circulando pelos corredores, mas ele não. Havia algo de muito errado, Castiel matava algumas aulas, mas ficava no pátio. Ele nunca faltava plenamente até porque a diretora pegaria pesado no seu pé.
— Como nada? Você está procurando por alguém. — Brita tinha um sorriso de lado no rosto. — Quem é o sortudo?
Natsumin balançou a cabeça e sorriu. — Juro que não é ninguém.
— Castiel não veio hoje. — Iris pronunciou e pareceu proposital, mas não foi. Ela havia acabado de perceber aquilo e enquanto a professora de História enrolava com desenhos abstratos ela preferiu iniciar a conversa.
— Está procurando Castiel, Natsumin? — Brita indagou sem perdão.
— O que? Claro que não. — Natsumin negou imediatamente, o que já não era um bom sinal.
— Você gosta dele, não é? — Por mais que aquilo doesse em Brita, Natsumin tinha todo o direito de...
— Mas você não pode, Natsumin, ele tem namorada... — Iris protestou um pouco, ela precisava ajudar Debrah a ter Castiel de volta. Ela gostava muito de Natsumin, mas Debrah era sua melhor amiga.
— Não, não e... — Natsumin balançava a cabeça, olhando para Iris. — E, para qualquer outra coisa que for perguntar — o olhar direcionou-se à Brita. — a resposta é não. — Os olhos azuis estavam sérios, pela primeira vez seus lábios formavam uma completa linha retilínea.
— Eu ia perguntar se você gosta de homens, pelo menos. Mas como sua resposta é não... — brita virou-se para frente, curtindo seu próprio comentário.
— O que... não, é... Brita! — Natsumin ficou desconcertada por um tempo e Iris sorriu aliviada. Por um momento pensou que Natsumin fosse um empecilho para Debrah e Castiel voltarem, mas como ela negou com tamanha convicção, talvez fosse verdade.
Quando terminou de pronunciar, notou olhos amarelo e rosa observarem-na do fundo da sala. Estavam acompanhados de cabelos prateados e sua dona, desviou aquele olhar triste. Natsumin virou rapidamente para frente, não choraria, não correria novamente.
***
— Naaats! — Alexy esfregava a nuca enquanto abria aquele largo sorriso. Corria na direção de Natsumin como na primeira vez em que ele pronunciara seu nome após se conhecerem no ginásio de Sweet Amoris.
— Naaats! — Armin também a chamava do outro lado, coincidentemente. Ela voltou o olhar para Alexy primeiro e logo em seguida a Armin. Confusa, não sabia para onde ir, portanto permaneceu no meio do pátio.
— Acho... que... agora.... você... já pode... dizer o que.... aconteceu... com você,..... mocinha! — Alexy pronunciava entre pausas. Apoiava as mãos nos joelhos e a respiração era entrecortada. Correra muito para alcançar Natsumin antes do irmão. — Você....sabe.... que....não sou.....bom... em... correr.
Natsumin levantou os olhos para o amigo. Os olhos estavam apertados, assim como os lábios. As sobrancelhas franzidas para baixa, ela parecia um cachorrinho abandonado. Precisava desabafar um pouco e tinha confiança suficiente em Alexy para isso.
— Muito engraçado, Alexy. — Armin tapava os olhos com o videogame portátil. — Também quero falar com Natsumin mas temos que sair desse lugar terrível primeiro. — Armin comprimia os olhos assim que a luz do sol os tocava. — Por favor, odeio esse tipo de claridade! — ele parecia mais impaciente.
— Conheço um lugar. — Natsumin sorriu.
***
Era a hora do almoço, mas ela não estava com fome.
Seus olhos bicolores vagavam pelo pátio de Sweet Amoris, contemplando aquela grama de um verde forte por ser bem cuidada. Já fazia meia-hora que estava sentada no banco de madeira entre o pátio e o jardim. Abrira o livro “Tudo sobre Fotografia”, e entre olhadelas para os lados e para as palavras, contemplava a imagem do rapaz de pé sozinho no jardim. Ela analisava cuidadosamente aquela roupa de traços finos e exóticos, seu semblante sereno aqueles belos olhos estavam voltados para um pequeno bloco de anotações. Natsumin esquecera-se de seu nome, mas Rosa fez o favor de lembrar. Lysandre. Era um nome que dava gosto de pronunciar. Não, obviamente não sentia nada por ele, afinal só o vira uma vez e bem, o beijara, mas... Era... Foi coisa do momento. Ele fora gentil e ela retribuiu. Mas, é claro, que gostava de admira-lo. Lysandre era em sua opinião o mais bonito dos rapazes que conhecera. Os traços eram fortes, mas finos, ele tinha ombros largos e a postura era ereta, ele era bem alto. Hoje estava usando botas pretas e um sobretudo preto, fechado. A blusa era de mesma cor. Ela sentiu um ímpeto vazio de ir falar com ele, vazio porque sabia que ele não estava sentindo o mesmo. Em toda aquela serenidade, ele parecia querer ficar sozinho e Ayuminn sabia como respeitar aos outros. Além do mais, ele era seu patrão.
***
— Tsubaki, eu não sei se posso... — Nathaniel tinha uma das mãos na nuca e a outra checava o relógio para não se atrasar a chegar em casa.
— Você aceitou, não pode voltar atrás. — ela pegou a bolsa que trazia dentro da sua mochila. Deixou esta na sala dos representantes e puxou Nathaniel pelo pulso. — Além disso sua hora já acabou.
— Mas preciso chegar em casa ced... — Nathaniel contestava mas ela colocou o indicador nos lábios dele.
— Calado, você vai comigo ao meu treinamento de boxe e porque sim.
Nathaniel não teve como negar.
***
A sala proibida ainda parecia a mesma desde a última vez em que estivera ali. Alguém a trancara com Castiel e Natsumin permitiu-se sorrir com as lembranças. A rebelde despertara naquele momento, ainda um pouco abalada, mas a sensação de estar em uma sala proibida e dessa vez propositalmente era maior. Armin foi o primeiro a entrar após Natsumin e ficou maravilhado com o local. Quem diria que em Sweet Amoris houvesse um lugar em que poderia se isolar e ficar em paz com seus jogos. E o melhor, nada de claridade! Mas Armin perdeu parte dos pensamentos quando através daquelas órbitas azuis deparou-se com a imagem de Natsumin sentando-se ao chão, os olhos marejados como quem tivesse chorado a noite inteira, os lábios tão vívidos quase sem cor e voltados para baixo, o cabelo estonteante que caía sobre seu rosto voltado para baixo. Ela cruzava as pernas sob a calça jeans rasgada, hoje ela usava all-stars e não parecia tão confiante como sempre fora. Parecia batida. Um soldado cuja primeira batalha fora perdida.
Alexy sentou-se de imediato ao lado dela, tinha na ponta da língua palavras a serem ditas, mas era difícil pronuncia-las. Como uma língua mal compreendida e hábitos mal interpretados. Ele sabia o que dizer, mas não sabia como dizer, pela primeira vez em sua vida. Acariciou a cabeça dela e deixou um beijo ali. Armin sentou-se de frente para a menina, era melhor olha-la nos olhos e entender o que estava acontecendo. Armin tinha olhos compreensivos e de amplidão, algo que aprendera nos jogos que jogou a sua vida inteira. Os olhos de Alexy também eram compreensivos e transmitiam paz assim que se olhava para eles. O rapaz tinha um sorriso tímido nos lábios enquanto o irmão uma das pernas levantadas, provando seu desconforto com a situação. Armin nunca foi muito bom em coisas referentes ao mundo real. Pelo menos em seu mundo aquele tipo de sofrimento era resolvido quando se zerava uma batalha e mesmo que não conseguisse, haveria outras milésimas chances. Só que Natsumin era uma batalha real e ela não parecia ser beneficiada em momento algum.
— Não deixei o Armin correr atrás de você ontem. — as órbitas cor de rosa brilhavam. — Sabia que precisava ficar sozinha não importa o que estivesse acontecendo.
Natsumin levantou o rosto e sorriu. Um sorriso simples, os dentes não apareciam.
— E foi o melhor, não foi? — ele continuou.
Ela assentiu com a cabeça. Sim, havia sido o melhor sim.
— Você sabe que pode contar com a gente sempre não, é? — Armin tocou o ombro dela com ternura e ruborizou ligeiramente quando a menina afagou a mão dele em seu ombro com a sua. — Quer dizer, a não ser que você queira que eu dê meus remédios para você em Resident Evil como da última vez; Aí não rola.
Natsumin sorriu novamente. Um sorriso mais largo e com os dentes à mostra. Mas logo a cabeça estava voltada para baixo novamente e aqueles olhos que se iluminaram em minutos, perderam aquela luz em segundos.
— Eu não sou o que vocês pensam que eu sou. — Natsumin começou, sentiu um aperto ruim no peito e sua garganta se fechava aos poucos. Os olhos ardiam sentindo as lágrimas a chegar mas ela ainda se negava chorar. Alexy e Armin permaneciam atentos, nenhum dos dois pareceu querer falar nada. Nem mesmo Armin que sempre tinha piadas para tudo. — Fiz coisas muitos ruins, eu...
— Não vai dizer que também vê gente morta? — Armin encontrou a hora certa.
— Ele tem tendências retardadas, Natsumin, continue. — Alexy interrompeu Armin e Natsumin não levantou a cabeça mas deixou escapar um suspiro em seguida um sorriso. Era altamente contraditório sorrir nesse momento, mas Alexy e Armin conseguiam fazê-la e isso era maravilhoso.
— Só que eu não posso, não estou pronta, eu não consigo dizer o que fiz! — Natsumin não conseguiu conter as lágrimas e imediatamente Alexy e Armin abraçaram-na em conjunto.
— Pode contar quando se sentir pronta, menina! Deixa disso, cade seu sorriso? — Alexy pronunciou baixinho com um sorriso no rosto.
— Eu não mereço vocês dois. Alexy, Armin. — ela afastou-se daqueles abraços tão bons e apertados. — Vocês são a melhor coisa que me aconteceu. — ela pronunciou entre lágrimas, as mesmas que Armin enxugou com o indicador e Alexy com beijos na ponta do nariz. Natsumin não se assustou dessa vez. Esses beijinhos estavam ficando frequentes. Armin depositou um beijo terno na testa dela e Alexy sentiu que talvez fosse o momento de deixa-la a sós com o irmão, mas Natsumin segurou seu pulso antes que ele se afastasse.
— Sabe as alunas novas? — Natsumin iniciou parte do que seria um grande alívio. Um alívio que ela nunca sentiu em todo esse tempo depois da tragédia.
— Tsubaki e Ayuminn? — Alexy e Armin indagaram em uníssimo.
— Sim, — Natsumin pronunciou e respirou fundo, tomando coragem para continuar. — Elas eram minhas melhores amigas antes de eu vir para cá. — eles permaneceram em silêncio e ela continuou. — Mas para que elas não soubessem dessa coisa muito ruim que eu fiz, eu... — Natsumin já chorava novamente, o cenho estava franzido, as sobrancelhas e os lábios voltados para baixo. — Eu menti para elas, disse que não significavam anda para mim, que nossa amizade era uma mentira. Eu fiz isso para que nunca mais me procurassem eu não merecia a amizade delas, eu mereço viver sozinha para sempre! — o peso no peito transmitiu-se para a cabeça, Natsumin não era mais capaz de controlar as lágrimas, a culpa pesava em suas costas, a dor rasgava seu peito naquele momento. Ela levantou os joelhos, abraçou o estômago, a dor do vazio por ali era tão forte, tão absurda. Ela não conseguia respirar, não conseguia suportar aquela dor.
— Ei Nats, calma, você vai passar mal. — Alexy começou a abana-la com um pedaço de papelão que Armin correra para buscar do outro lado da sala. — Olha pra mim, Nats. — Natsumin recusou-se, queria manter a cabeça abaixada, esconder a vergonha que ela era para todos. — Nats... — Alexy pediu novamente, mas ela negava balançando a cabeça para os lados.
— Nats... — Armin levantou o rosto dela com a mão, forçando-a a olhar para ele e o irmão. Ela ainda se negava, forçando o rosto para baixo. — Você é linda. Olhe para nós, por favor.
Linda? A beleza era um fardo, um obstáculo para que ela se isolasse, Natsumin não sentia mais vontade de tocar a vida para frente, queria sumir, isolar-se, embora a rebelde dissesse que não valia a pena, a vida era assim, tinha que lutar, enfrentar seus medos e suas mágoas, principalmente seu passado. A vida era um campo minado, é difícil recuperar-se depois que pisa em uma bomba, mas não é impossível.
— Imagine que isso tudo seja um jogo. — Armin começou a falar, ele sentia a necessidade de ter sua vez de mostrar que não era só um gamer, não era só um garoto que vivia com o rosto preso à telas e se desligava da vida real. Armin sabia muito bem quando gostava de alguém e fazia de tudo para ver essa pessoa feliz. Natsumin estava em conflitos consigo mesma, ele precisava aceitar e fazer de tudo para ajuda-la a voltar a sem quem era, a superar o que quer que ela tenha feito. — Os gráficos são ruins, há mais pontos em branco do que tecnicamente fases e objetivos concretos. Você é a protagonista. — ela foi levantando a cabeça aos poucos e Armin sentiu-se aliviado por finalmente estar voltando a encontrar aqueles olhos azuis mesmo que vermelhos de tanto chorar. — Você tem um segredo, um passado, você tem uma história como todo mundo. Mas não consegue encontrar seu caminho, não há dispositivos em seu bolso ou setas que te mostrarão o seu objetivo, não há mapas, você é 3D, mas está presa em um jogo 2D. Você quer fugir mas não consegue porque não sabe para onde ir. Natsumin. — Armin pegou uma das mãos dela e beijou-a com carinho.
Naquele momento Natsumin começou a ter uma visão diferente do rapaz, talvez Armin não fosse tão diferente, ou meramente perdido. Armin não se escondia em suas piadas ou seus jogos, ele simplesmente era assim. Mas ao mesmo tempo conseguia ser maduro, este tipo de comparação que ele fazia naquele momento era abstrato mas ela podia compreendê-lo e por um momento ela se perdeu na imensidão daquele azul profundo de seus olhos e perguntou-se como não poderia gostar dele. Era impossível. Ela gostava dele sim, em parte seu inconsciente pensava em Castiel, ainda mais naquele local que marcou tanto os dois. Mas era Armin e Alexy que estavam ali. Especialmente Armin de um lado mais diferente.
— Você só precisa concentrar-se e analisar a imensidão daqueles gráficos ruins e ver como se estivesse em um helicóptero, fazer seu próprio mapa mental de uma visão real mas ao mesmo tempo ilusória. — Armin procurava encontrar as palavras, ele revirava os olhos de vez em quando e franzia o cenho, procurando as palavras certas, já que ele não era muito bom com conversas tão sérias. Por isso era importante falar à sal maneira. Trazer o seu mundo para o real. — E no final das contas isso tudo vai continuar sendo um jogo e embora você seja a protagonista do seu, ainda há milhares de protagonistas parecidos com você em situações parecidas ou piores e todos tentando achar seus objetivos. Acho que é isso, Natsumin. Você precisa...
Natsumin abraçou-o imediatamente.
— Eu entendi, Armin. — ela pronunciou com a boca próxima ao ouvido dele, acariciando o rosto dele com o seu. — Sei que você se sente desconfortável em conversas assim. — ela afagou o pescoço dele com seu nariz e Armin sentiu um arrepiou bom, envolvendo a cintura dela em um abraço apertado, os joelhos dela estavam na perna esquerda cruzada dele e o joelho levantado estava próximo ao tronco dela. — Obrigada.. — uma tímida lágrima escapou pelo rosto de Natsumin e caiu pelo pescoço de Armin.
— Ela é minha, seu pervertido. — Alexy puxou Natsumin de Armin, embora tivesse que confessar que o irmão tivera se saído muito bem. Nunca ele iria pensar que Armin fosse capaz de dizer tantas coisas e ainda mais baseado nos videogames estúpidos que ele joga. Se bem que depois dessa conversa eles não apreciam mais tão estúpidos. Tirando o fato de que Alexy odiava o fato de perder para Armin em todos esses jogos e quando Natsumin ia para casa deles, ele perdia também. Abraçou a menina com força, afagando a cintura dela e apertando-a de propósito. — Natsumin, Natsumin sua danadinha também.
Natsumin deixou escapar um sorriso e Alexy pegou sua mão. Armin refletia sozinho naquele momento, os olhos azuis ainda perdidos naquele abraço repentino, no nariz dela que afagara sua nuca com carinho.
— Olha, não vou falar nada a respeito de gráficos e blá blá blá porque não tenho ideia do que ele estava falando. — os dois sorriram nesse momento, e Armin, apesar de perdido, também. — Mas você precisa contar a verdade para essas duas. Se o destino as colocou novamente em sua vida você precisa aceitar. Porque esse tipo de coisa só acontece uma vez, viu? — Alexy a abraçou novamente. — Não precisa falar o que você também não nos disse, mas diga que teve medo de perde-las, fale o que o seu coração mandar, Nats. Fala que tudo o que você disse era mentira e se não der certo pode nos chamar que a gente vai fazer aquelas duas escutarem, não é, Armin?
Armin não respondera.
— Armin? — o irmão repetiu.
— Sim, sim. — Armin deu um sorriso largo e Natsumin notou que ele ruborizava.
— E então, pequena Natsumin. O que vai fazer? — Alexy agora segurava as duas mãos dela.
— Vou contar a elas. — Natsumin disse convicta e as lágrimas finas iam timidamente sendo secadas pelo belo rosto.

 


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Notas finais do capítulo

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