Diamante Bruto escrita por Natsumin


Capítulo 51
Capítulo Nove - Tequila... E Discos Voadores


Notas iniciais do capítulo

Maratona!♥



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— Castiel.
Natsumin tinha a parte esquerda da boca levantada, formando um sorriso torto ligeiramente medíocre, mas absurdamente sexy aos olhos masculinos. As órbitas azuis faiscavam numa chama intensa e sedutora. A voz saíra aveludada, em um tom baixo e sutil, provocante a ponto de chamar a atenção do ruivo mesmo que de modo ligeiro. Ela não tinha muitas ideias na cabeça, não sabia como impedi-lo, para que impedi-lo e se realmente queria impedi-lo. Não fazia ideia da história de Castiel com a ex, sequer fazia questão de ouvi-la, a não ser que viesse da boca do ruivo. Apesar da expressão branda, o coração tinha os ritmos acelerados, ela planejara alcança-lo, chama-lo e impedi-lo de prosseguir até a casa e encontrar a ex no meio do caminho. Entretanto, não sabia o que fazer depois que ele vira-se e a encontrasse com o olhar negro.
Como o fazia agora.
— Natsumin.
Ele pronunciou com ironia, em resposta à provocação dela, mas, ao contrário da garota, os lábios do ruivo não esboçavam sinal de sorriso. Estava de mau humor e aquilo definitivamente não era bom. Significava que a pequena conversa que a menina iniciara, não terminaria com fins... Apreciáveis.
— Como vai, ruivo? — ela cerrou o punho e estendeu a mão para frente, de modo que atingisse o ombro do ruivo em um leve soco convidativo. Quase um cumprimento. Ela sabia que era uma ideia estúpida, estava completamente ciente, obrigada. Mas não tinha ideias melhores na cabeça, Castiel era tão difícil de lidar que ela sequer iria querer se arriscar com assuntos corriqueiros ou que levasse a revelações e mais brigas, que foram frequentes entre os dois por um bom tempo. E, por falar em tempo, ela só precisa ganhar um pouco dele, então tinha permissão de fazer a idiotice possível.
— Está bêbada? — Castiel franziu os cenhos, mas os lábios permaneceram retilíneos sob o nariz, os braços agora estavam cruzados sobre o peito, o que significava que sua paciência de “grande porte” havia se esgotado há vinte anos. Ele direcionou as órbitas negras para a mão de Natsumin que ainda estava sobre seu ombro, em seguida para ela, num gesto que significava que era melhor ela retirar a mão dali. E logo.
— Bêbada? — Natsumin apreciou a ideia, sua voz saíra um pouco mais aguda do que deveria. Ela retirou a mão do ombro de Castiel e deixou-a cair ao lado dos quadris, abrindo um sorriso disfarçado. Até que se fingir de bêbada não seria uma má ideia. A Natsumin rebelde em seu interior já havia despertado bem antes, quando Natsumin jogava ironias para Debrah. Mas agora, ela estava atônita, socando as paredes de Natsumin para que fizesse um ato insano pelo menos dessa vez. Queria vê-la se fingindo de bêbada um pouco, na verdade queria que ela de fato estivesse bêbada. — Calma aí, aquilo ali é um disco voador? — Natsumin apontou com o dedo indicador para uma barraca que havia acabado de ser erguida sobre a areia branca da praia, de onde uma pequena luz de cor verde saía, mas não se destacava, em razão de a noite não ter chegado e a tarde cismar em permanecer por um longo tempo. A rebelde em seu interior sorriu. Na verdade, irradiou de tão feliz. E foi uma luz. E de cor verde, quem diria. — Vamos ver o disco voador, Castiel! — Natsumin agarrou o braço do ruivo e puxou-o para dentro da praia, longe da estrada onde estava o carro da garota irritante que gostava de ir para praia usando saltos.
— Você só pode ser louca, sua idiota! — Castiel tentava resistir, mas olhando para o rosto aparentemente e inocente de Natsumin, ele parecia gostar de vê-la assim, tão insana, fazendo coisas ridículas, coisas das quais, se ela estivesse consciente, não faria.
— Oh Meus Deus! Vão nos abduzir! — Natsumin levou uma das mãos aos lábios, que estavam abertos, formando um “o” entre eles. As sobrancelhas negras e finas estavam duramente levantadas sob a franja de mesma cor. O vento da tarde batia sobre seus cabelos, arrastando-os para trás numa harmonia incomum.
Castiel cruzou novamente os braços e bufou, encarando-a com a expressão rude, apesar de rir por dentro.
***
— Então quer dizer que Armin é apaixonado pela Natsumin. — Brita olhou para ambas as laterais do corpo antes de atravessar a rua aos risos. Faltavam pouquíssimos metros para chegarem à casa e ela não via a hora de comer os chocolates, que carregava com vontade. — Imagina se Peggy tivesse vindo passar as férias conosco.
— Não sou apaixonado! — Armin tinha um ávido sorriso no rosto, estava levando tudo basicamente na brincadeira enquanto corria para alcançar Brita, Alexy e Iris que já estavam basicamente do outro lado da rua. Internamente, detinha algo que nunca havia sentido antes. Talvez apenas quando zerou a primeira franquia de God of War. Ou quando ganhou seu primeiro Mortal Kombat. — Alexy que é apaixonado demais! A ponto de ver paixão em tudo quanto é canto!
— Sou...apaixonado pela vida! — Alexy apoiou as mãos nas pernas, ligeiramente agachado, respirando fundo. — Já disse... que sou péssimo em corridas? — os braços, quase deixaram as sacolas caírem e Brita impulsionou-se para frente, a fim de alcançar as sacolas que poderiam, mas não caíram graças a um milagre. Ou melhor, à sorte de Alexy. Logo em seguida, a menina levantou uma das sobrancelhas em reprovação.
— Ok,ok, Pestes ambulantes apaixonadas. — Brita balançava a cabeça enquanto esfregava as costas das mãos sobre a testa sob a franja roxa. — Para sermos mais rápidos, vamos andar juntos, mas sem correr, senão o Alexy morre no meio do caminho. — ela voltou as órbitas amarelas para o objeto de suas críticas. — Iris, pode pegar uma das sacolas do Alexy? Eu e Armin já estamos cheios.
Brita esperava uma resposta. Vendo que não a obteve, direcionou as órbitas à Íris, que tinha os olhos fixos à tela do telefone celular.
Não consegui encontrar o meu Cast. Obrigada, amiga, mas não foi dessa vez. Acho que já vou embora. Tenho coisas para resolver antes da aula. Segunda a gente se vê.
Iris olhava a mensagem em silêncio. Não valia a pena contar à Brita, sabia que a menina não gostava de Debrah. Primeiro porque as duas gostavam de Castiel no passado, mas foi Debrah quem o conquistou. E depois disso, Iris havia prometido guardar segredo. Não podia mais esperar de tanta ansiedade para a segunda-feira. Era uma pena Debrah ter estado aqui, mas não ter conseguido ver Castiel. Seria tão lindo um reencontro dos dois. Eles se merecem. Castiel é muito bonito e Debrah é linda, simpática, canta muito bem, tem uma banda e....
— Por um acaso é surda? — Brita tinha as narinas ligeiramente infladas, estavam expelindo raiva pelos orifícios possíveis. Já não bastava a peste dobrada, ainda havia Iris. Que bênção.
— Ah, foi mal, não estava prestando atenção. — Iris abriu um sorriso pequeno, sem graça, o vento batia contra as madeixas naturalmente ruivas de seu cabelo, jogando fios avulsos para frente, que brincavam ao tapar parte de seus olhos.
Brita suspirou fundo, impaciente. Reconsiderou tudo o que estava pensando antes e voltou a atenção aos gêmeos hiperativos. — O segredo de vocês está guardado, não se exaltem. E vamos logo que estou com fome.
***
— Natsumin! Eu estava te procurando!
Nathaniel estava mais calmo e agora corria, os olhos cor de mel, mas quase amarelos com o sol de fim de tarde sobre o seu rosto estavam em êxtase. A respiração era ofegante sob o peito nu, o cabelo estava desgrenhado com o vento. Tinha que avisa-la de uma vez que Debrah já havia partido e que não havia mais perigo, ela já podia deixar Castiel partir.
Ele só precisava de uma maneira de conta-la, sem que Castiel perceba.
Não, ele nãos e importava com Castiel. Na verdade, era justamente ao contrário. Nathaniel estava pensando em si quando pediu a Natsumin para impedir o ruivo. Não queria que a garota de seu passado, a mesma que estragou sua reputação e sua vida com uma mentira estúpida de uma hipocrisia inegável, fizesse o mesmo com as suas férias ou o que restavam delas. Ele não queria que chegasse aos ouvidos de Natsumin a história que ocorrera entre ele e Castiel, não queria que ela interpretasse da maneira como todos fizeram.
— Nathaniel? Nathaniel! — Natsumin esboçou um sorriso largo e abriu os braços para as laterais, como se reivindicasse um abraço. — Estou feliz em vê-lo!
— Feliz em ver... Ele? — Castiel franziu as sobrancelhas rispidamente e comprimiu os olhos e as sobrancelhas, formando uma expressão que não expressava satisfação. De forma alguma.
— Não sei porque haveria algum problema com isso... — Nathaniel pôs uma das mãos sobre o rosto, esfregando as têmporas, enquanto procurava se acalmar.
— O problema é que Natsumin não deveria estar se misturar com esse tipinho de gente. — Castiel aproximou-se da garota e segurou-a pelo pulso. — Vai ver milhões de discos voadores quando dormir, garotinha. — pronunciou de forma ríspida.
— Me solta, Castiel, eu gostei desse! — ela puxou o pulso para si, deixando o ruivo furioso, ao vê-la se aproximando e Nathaniel e dando-lhe um abraço forte. — Ela já foi? — indagou em sussurros sobre a orelha do rapaz.
— Sim.. — Nathaniel respondeu enquanto observava-a se afastar, os rostos se pareando, se tocando, enquanto os corpos se separavam.
— Pode ir, confie em mim. — Natsumin estava de costas para Castiel quando pronunciou, os cabelos negros foram lançados pelo vento para o seu rosto, o fim de tarde se aproximava, com o pôr do sol.
— Deveria aprender a lidar melhor com as pessoas, Castiel.. — Nathaniel se controlava, mais uma vez com a mão sob o rosto e, dessa vez, especificamente a testa sob a franja dourada. Ele respirava fundo, enquanto uma aura roxa o envolvia de ódio, mesmo ele se esforçando ao máximo para não deixa-la transparecer.
— É. Vou me lembrar de ser um idiota como você da próxima vez. — Natsumin ouviu o ruivo praticamente cuspir entredentes, ela não se virou, mas já podia imaginar seus dentes trincados, os lábios em linha retilínea, os olhos comprimidos abaixo das sobrancelhas rigidamente franzidas. Se estivesse de braços cruzados, definitivamente não seria um bom sinal.
— Vá, Nathaniel. — sussurrou, de modo que o loiro só pode entender ao ler seus lábios. Natsumin respirou fundo e virou-se para trás, encontrando exatamente um Castiel da forma que ela imaginava.
Nathaniel assentiu e deu de ombros, seguindo para a casa onde estavam hospedados.
— Se continuar a andar com ele, vai ser uma idiota como ele.
A voz de Castiel era ríspida, o vento também bagunçava suas mechas rubras, Natsumin comprimia os olhos e fazia cara de idiota, para que parecesse não estar entendendo muito.
— Shhhhhhh.. — Natsumin pôs o dedo indicador sobre os lábios do ruivo. — Vem comigo e cala a boca.
***
—Tequiiiiiiiila! — Natsumin sorria, levantando o braço direito numa pose vitoriosa, os dedos estavam gélidos de tanto pressionar a garrafa repleta do líquido frio.
— O que você está fazendo? — Nathaniel olhou para os lados, discretamente, procurando se certificar que Castiel não estivesse perto demais para perceber que algo estava errado.
— Para impedi-lo, precisei fingir estar bêbada. — Natsumin sorriu a pronunciar.
— Mas acho que... — Nathaniel olhou novamente para trás, a casa de praia estava vazia, os móveis, levemente desgastados pela maresia, sobre o chão de madeira, as luzes acesas para disfarçar a chegada da noite. Castiel havia ido tomar banho, mas Nathaniel precisava ser cauteloso. Não queria bater em Castiel, visto que toda ação teria sua reação correspondente. — Acho que já é o suficiente. Não precisa ir até tão longe.
— Não posso. — Natsumin sussurrava. — Tenho que terminar o que comecei. — ela virou de costas para Nathaniel. Ao lado da geladeira de cor azul marinho, de onde retirara a garrafa de tequila, havia uma bancada de madeira escura, aderida à pia, ao fogão e a um aparelho esquisito que captava a fumaça, mas que Natsumin sequer sabia para que servia, nunca havia se importado com aquele tipo de modernidade. Ela abriu a garrafa com a rapidez adquirida em seus tempos rebeldes e por falar em rebelde, a que estava em seu interior tinha os olhos brilhantes e pidões, ansiando pelo momento em que o líquido passasse pela garganta da garota, queimasse todo o seu íntimo. E nada de limão e sal! Tinha que ser direto. Era mais emocionante.
— Vai mesmo fazer isso, Natsumin? — Nathaniel tinha poucas esperanças de ainda impedi-la de fazer aquele tipo de loucura.
— Só se prometer balançar minha cabeça. — Natsumin ironizou, levantando a garrafa como se a oferecesse como premiação.
— Não sei se posso fazer isso... — Nathaniel estava ligeiramente ruborizado e os olhos desviaram-se para o lado, os lábios estavam ligeiramente entreabertos, sua cabeça estava confusa.
— Eu balanço sozinha então. — Natsumin sorriu, virando um gole generoso, sentindo o líquido queimar sua garganta, os cabelos longos faziam cócegas na região próxima a seus glúteos, visto que o rosto estava completamente virado para trás, fazendo com que o comprimento aumentasse.
— Natsumin... — Nathaniel esfregava as têmporas em reprovação. Ao ouvir passos descerem pelas escadas de madeira, direcionou os olhos para lá.
Ao mesmo tempo, a porta da frente se abriu.
— Não acredito! — Brita soltou as sacolas com as compras. — Tequila!
Natsumin finalmente retirou a garrafa dos lábios. Havia praticamente engolido umas cinco doses naquele meio tempo.
— Yeaaah! Tequiiiilaa! — Natsumin já podia sentir a energia crescer em seu peito, apesar de não se considerar bêbada por enquanto.
— Teeequiiiila! — Brita tirou a garrafa da mão de Natsumin e virou-a sobre os lábios, dando dois leves goles, apreciando, bem como Natsumin o fizera, o líquido, que ardia até a sua alma. Ela esfregou os lábios umedecidos com as costas das mãos e levantou as duas mãos para cima com os punhos cerrados, a voz havia saído como um grito estrondoroso. — Yeaaah tequila!! — repetiu a frase que Natsumin dissera antes.
— É, agora arrume a sua. — Natsumin sorriu, puxando a garrafa da mão de Brita. Em seu íntimo, já podia ver a Natsumin rebelde sorrindo, preparando fogos de artifício, esperando que algo mais... Provocante acontecesse na noite da tequila.
No mar azul dos olhos de Natsumin, refletia-se a imagem de Castiel, de blusa de mangas compridas, preta, e calças jeans escuras, os cabelos escarlates quase negros por estarem molhados. A expressão em seu rosto era rígida, os dentes estavam trincados, os braços pendiam nas laterais do corpo, os tênis pretos chocavam-se com força contra os degraus de madeira.
— Me passa a tequila.
E, como meros espectadores, todos os presentes direcionaram os olhos para o ruivo, o enunciador das palavras.


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Notas finais do capítulo

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