— Kentin, não precisa responder... — Natsumin pôs a mão em cima da de Kentin e nesse momento, Castiel levantou os olhos negros para os dois. Involuntariamente, o ruivo trincou os dentes e Lysandre, que estava ao seu lado, percebeu a tensão nele. Conhecia Castiel muito bem. Mas, como mero observador, Lysandre preferiu não falar. Ele achava mais do que sua obrigação não se meter na vida dos outros. Bem como também não ligar para o que pensassem dele.
A menina virou as órbitas azuis para Alexy, abrindo um sorriso malicioso, como se quisesse dizer “Tinha que ser você”. Em resposta, Alexy abriu um sorriso largo e levantou os ombros.
Natsumin agora não se preocupava mais com o fato de alguém amá-la ou gostar dela. Depois de tudo o que tinha acontecido com Castiel, ela passou a se conformar com o fato de que, mesmo que alguém a ame, a vida sempre o tirará do caminho de Natsumin. Não por opção dela, mas por castigo. Castigo por tudo o que ela fez.
Natsumin sentia-se mudada agora. Estava mais alerta. Mais sarcástica. Na verdade, ela não havia mudado. Apenas estava trazendo de volta a Natsumin rebelde que retornava aos poucos, libertando-se das paredes de seu corpo.
— É claro que gosto dela! — Kentin gritou irritado, sentindo-se um covarde pelo fato de ter ruborizado e ter feito Natsumin dizer aquilo. “Não precisa responder”. Ele precisava sim! E ele queria e iria responder agora mesmo!
Se bem que.... Kentin observou a mão de Natsumin na sua, em seguida virou os olhos verdes para o ruivo do outro lado da fogueira, discretamente. Ele sentiu um frio percorrer sua espinha assim que os olhos opacos de Castiel encontraram os seus. Como se o ruivo pudesse mata-lo a qualquer momento.
Mas Kentin se recompôs. Tinha que parecer forte. Seu pai havia o instruído. Ele tinha que deixar de ser covarde!
— Ela é minha amiga. — ele se concertou, diante dos olhares de todos à sua volta. Sabia que estavam entendendo as coisas de maneira errada. Ou, nem tanto. Ele era apaixonado por Natsumin desde criança. Mas, não podia dizer isso. Não na frente de todos.
Kentin evitou olhar para Natsumin naquele momento. Seu rosto queimava, ele podia sentir que estava terrivelmente ruborizado.
— haha! — Alexy deu um leve tapa no ombro de Kentin. — Eu quis dizer gostar de uma outra maneira....
— Kentin não poderia responder. — Armin se manifestou. Suas órbitas pareciam ainda mais azuis depois que a íris escura diminuiu. — É um completo noob nas relações! — Armin abriu um sorriso forte, fazendo com que Alexy sorrisse também, em seguida todos à sua volta.
— Isso não é verdade! — Kentin se exaltou, irritado com os gêmeos.
— Eles só estão brincando, Kentin. — Natsumin procurou acalmá-lo, pondo a mão em seu ombro. E deu certo. Kentin sentou-se novamente no tronco de madeira caído.
— Não gosto desse tipo de brincadeiras... — Kentin agora estava ainda mais ruborizado.
— Ok, ok, Ben 10. — Brita interrompeu-o, sorrindo. — Vamos começar de novo. No lugar do jogo da verdade, podemos jogar verdade ou consequência.
— Acho essa ideia espetacular... — Ambre levantou uma das sobrancelhas, abrindo um grande sorriso sarcástico.
— Consequência? — Violette ruborizou.
— Agora a coisa vai ficar séria, Vi. — Alexy sorriu para a menina. Violette sentiu borboletas no estômago assim que viu o sorriso de Alexy. Violette o achava tão gentil. Na verdade, para ela, ele era o amis gentil dos meninos, o mais... especial. A menina sabia que estava gostando de Alexy. Mas, nunca teria coragem de contar para ele. Por isso tinha medo desses jogos. Assim como fizeram com Kentin, o que aconteceria se a perguntassem de Alexy? Ela morreria de vergonha!
Melody encontrava-se retraída em seu canto. Iris estava ao seu lado e, naquele momento, Melody invejava sua calma. A menina podia se sentir tensa demais. Não conseguia olhar para Nathaniel com aquela blusa branca de mangas compridas. Ele era tão diferente quando não estava com aquela roupa social. E a fogueira ainda destacava seu cabelo loiro... Melody balançou a cabeça. Tinha que aprender a ter coragem. Alguma hora, Nathaniel terá que saber o que ela sente.
— Eu topo. — Melody se manifestou e Nathaniel levantou os olhos dourados para ela. Estava desconfiando da Melody totalmente certinha que ela sempre pareceu ser.
— Eu também. — Iris disse, sem temor. Não tinha o que temer. Por enquanto.
— Então todos topam? — Brita sorriu. — Você começa, Ben. — Brita provocou Kentin.
— Por que eu? — o garoto indagou.
— Parou na sua vez. — Brita continuou. — Vai, gira a garrafa.
Kentin girou o objeto. A garrafa parou, depois de cinco segundos que pareceram infinitos. Todos os olhares estavam voltados para o objeto, com exceção de Lysandre, que escrevia em seu bloco de notas e de Castiel, que tinha os olhos opacos distantes, indagando-se sobre a volta às aulas.
A ponta parou em Castiel.
Brita arregalou os olhos amarelos, Alexy arregalou as órbitas cor de rosa e Ambre abriu um pequeno sorriso. Nathaniel pareceu mais sério e mau humorado do que estava durante toda a noite. Kentin trincou os dentes. Quanta sorte para um dia!
— E agora? — Kentin indagou, arrancando a paciência de Brita e jogando-a em um precipício. A menina preparou-se para gritar, mas Natsumin interrompeu-a.
— Pergunta para ele. — Natsumin apontou para o ruivo com a cabeça. — Verdade ou consequência? Depois, faça a sua pergunta. Se ele escolher a consequência, você terá que manda-lo fazer algo e se ele não fizer, sofrerá uma consequência que você escolherá. — Natsumin instruiu-o. Havia brincado disso muitas vezes quando era rebelde. E, as consequências eram bem... terríveis. A menina pareceu indiferente, apesar de tentar eliminar suas memórias ruins.
Castiel procurou também parecer indiferente às reações de Natsumin. Apesar de ser tremendamente difícil. A garota estava indiferente, como se o que tivesse acontecido entre os dois não tivesse significado nada. Era óbvio que ele não se importava, mas seu interior não o permitia se incomodar. Apesar de ele saber que aquilo estava o incomodando. Enquanto ele sequer conseguia sorrir, ou parecer menos arrogante, tudo o que ele conseguia era ser ainda mais rude. Só que ela não. Natsumin estava feliz, sorria a todo momento, falava e instruía mais os amigos.
Nesse momento, Castiel percebeu que talvez a garota não fosse tão parecida com ele quanto ele julgava ser. Ela não era arrogante. Pelo contrário. Era por isso que todos gostavam, tanto dela. E esses “todos” incluíam Armin e... Kentin. Castiel estava de olho nos dois. E, apesar de ter algumas dúvidas, Nathaniel também poderia estar no meio.
Mas que diabos ele estava pensando? Havia sido apenas um beijo! Beijo ele podia dar em quem quisesse! Não se importava! E se gostam ou não de Natsumin o problema era deles! Castiel não se importava com Natsumin, com o babaca do Armin, ou o covarde do Kentin! Sequer com o imbecil do Nathaniel! Se bem que... Com a chegada de Debrah, Castiel precisava ser mais cauteloso em relação ao traíra do representante.
— Verdade ou consequência? — Kentin tomou coragem para perguntar.
— Verdade. — Castiel respondeu de pronto. Sua voz rouca havia saído em um tom muito ríspido, como se ele estivesse pronto para socar e xingar alguém.
Kentin suspirou. Não sabia o que perguntar para ele. Tinha um pouco de medo do que pudesse acontecer depois...
— É verdade que... Gosta de bandas de rock? — Kentin indagou, deixando os ansiosos por uma pergunta maliciosa decepcionados.
— Por um acaso é cego? — Castiel indagou ainda mais rude e Kentin não falou mais nada.
— Gire a garrafa, Castiel. — Brita instruiu.
O ruivo girou e todos esperaram ansiosos novamente. Parou em Iris.
— Verdade. — Iris falou de pronto.
— É verdade que seu irmão é um baba ovo do babaca do Viktor? — Castiel indagou, deixando Iris sem palavras.
— Eles são amigos. — Iris franziu o cenho antes de responder. Sabia que Castiel era arrogante, aquele era o jeito dele, mas... ele estava diferente demais. Algo estava acontecendo...
— Gira, Iris. — Brita estimulou. Estava ansiosa para a chegada da sua vez.
A garrafa parou em Ambre.
A loira abriu um sorriso sarcástico. Estava esperando sua vez a noite inteira. — Pode perguntar. Eu quero verdade.
— Tudo bem. — Iris revirou os olhos. Não tinha ideia do que perguntar para Ambre. — É verdade que você não gosta da cor verde?
Ambre revirou os olhos. Que pergunta idiota.
— Não tinha uma melhor não, sua...? — Ambre não completou assim que observou o olhar reprovador do irmão.
— Não, desculpe. — a menina respondeu.
— É verdade. — Ambre respondeu, em seguida bufou e girou a garrafa. O objeto parou em Natsumin.
Alexy arregalou os olhos e Armin preparou-se para uma piadinha. Castiel deixou os olhos à espreita. Tinha um segredo ainda guardado em si. Aquele em que havia tentado salvar Natsumin das garras de Ambre, mas foi atingido e Armin se aproveitou da situação.
O ruivo cerrou os punhos involuntariamente.
— Ah, qual é! — Alexy se manifestou antes que Brita pudesse continuar. — Ei, Natsumin, você que não tem medo de nada, escolhe consequência! Todo mundo aqui só escolhe verdade! Viu a pergunta de Iris? — ele olhou para Iris, murmurando “sem ofensa” antes de continuar. — Foi estúpida!
— Tudo bem. — Natsumin sorriu. Não se importava mais com nada e nem ninguém. Principalmente em relação à Ambre. Ela direcionou os olhos azuis à garota, em seguida encarou-a diretamente — Escolho consequência. — disse sem hesitar.
— Ótimo. — Ambre abriu um sorriso maléfico e nem se importou com a reprovação de Nathaniel. — Você terá que beijar Castiel.
Nesse momento, o ruivo trincou os dentes e Lysandre percebeu a forte tensão nele. Ambre sorriu em desdém, achando ser um desafio para Natsumin e que ela consideravelmente não iria fazer aquilo. Se ela não fizesse, teria a consequência. E se ela não aceitasse a consequência pesada que Ambre estava pensando, ela seria tachada como covarde por toda a sua vida. Ambre ia pagar para ver o espetáculo.
— E qual a consequência? — Natsumin indagou, fria e séria.
— Eu exporei o seu segredinho. — Ambre disse prontamente, fazendo menção ao duro segredo do passado de Natsumin.
A menina sentiu a garganta secar e se levantou. Pronta para dar a resposta.