Diamante Bruto escrita por Natsumin


Capítulo 30
Capítulo Vinte e nove - Rasgando a Ferida


Notas iniciais do capítulo

Boa Leitura! ♥



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A primeira semana da aposta se passou. Natsumin ainda não conseguia acreditar no que estava fazendo. Um tímido raio de sol foi refratado pelo vidro da janela, projetando-se sobre o rosto de Natsumin, fazendo-a acordar. Ela esfregou os olhos com cautela, não havia conseguido dormir muito bem essa noite, assim como todas as noites desde o acontecimento. Viktor estava sendo gentil com ela, e ela podia ver que era algo...Sincero. Mas como? Como ele havia mudado de ideia? O que o fez mudar de ideia?
         Ela retirou o cobertor e sentou-se na cama-sofá da sala de Guitarras. Faltavam apenas duas semanas e meia, visto que hoje era quarta-feira, para a aposta acabar e os exames finais começarem. Até que Castiel havia sido bem cauteloso ao escolher iniciar a aposta na semana retrasada. Assim, ela não precisaria passar as férias com ele, ou estudar com ele nos exames finais. Preferia fazer esse tipo de coisa sozinha.
         Natsumin olhou para o relógio na parede. Oito e meia. Ela deu literalmente um pulo da cama e trocou suas roupas com a maior rapidez possível. Não tinha nem tempo de tomar banho. Ela abriu a porta do quarto de Castiel e achou estranho o fato de o ruivo não se encontrar por lá. Ela voltou e pegou a escova de dente e a de cabelo, em seguida, abriu a porta do banheiro do quarto dele.
         — Oh Meu Deus. — ela falou baixo, mas tinha os olhos arregalados. Tudo o que ela tinha na mão acabara de cair e ela mentalmente xingava o ruivo que pareceu não se abalar nem um pouco com os acontecimentos. — Dá para vestir uma roupa? — ele pediu, olhando Castiel que usava apenas uma toalha branca na cintura.
         — Estou na minha casa. — ele respondeu, sério e arrogante. 
         — Acharia legal que fosse eu que estivesse de toalha, Castiel? — Natsumin fez uma pergunta retórica e o ruivo lançou-a um olhar 43, abrindo o perfeito sorriso de coiote faminto.
         Ele separou os lábios para falar...
         — Não responda. — Natsumin percebeu o seu erro e preferia que ele ficasse quieto.
         — Por que? — ele provocou-a. — Acha mesmo que e ia querer te ver nua? — ele sorriu. — Se quisesse ver uma tábua nua, eu ia lá fora e arrancava um pedaço da casinha falida de Dragon.
          Natsumin franziu o cenho, indecisa entre rir dele e soca-lo. Mas, não fez nenhum dos dois.
          — A propósito. — Castiel passou por ela, esbarrando o ombro nu propositalmente no dela. — Eu já te vi nua. No vestiário. — ele sorriu e fechou a porta do banheiro, para se trocar.
          — Rrrr! — Natsumin rosnou por trás da porta, escovando os dentes. Ela estava com raiva dele por que ele nem ao menos tentou acordá-la para avisar sobre o horário da escola, mas, sabia que logo, logo passaria. Não ficava muito tempo com raiva de Castiel. Sabia que ele era assim e... Gostava dele assim. Mas, é claro, não era nada especial. Ele era quase um... Amigo. Isso. Amigo.
                                                   ***                   
          — Atenção, alunos de Sweet Amoris.     
          A voz da diretora ecoou pelos alto-falantes da sala de aula. Natsumin soltou o lápis, observando mais alguns versos que tinha escrito de sua música.
         — Os testes finais começarão em exatas duas semana e meia.
Seus olhos opacos
Seu sorriso traiçoeiro
Por que você é assim?
Um Diamante Bruto.
Sim, um Diamante.
Não pode ser lapidado.
É um animal selvagem
Como um lobo negro.
Traiçoeiro, mas encantador.

         — Espero que estejam cientes de que não haverá férias para os que ficarem em recuperação em todas as matérias. Portanto, ESTUDEM!
         A diretora gritou no final, fazendo Natsumin levar um belo susto. Seu coração disparou e assim que viu que todos os outros alunos já fechavam as mochilas e se preparavam para ir embora, ela fez o mesmo. Assim que o sinal tocou, ela saiu da sala, sozinha. 
                                                        ***     
          Armin observou a figura da menina desaparecer entre a multidão de alunos. Não tinha percebido, mas Kentin fazia o mesmo.  Nesse momento, os dois perceberam que estavam sozinhos na sala, olhando para a mesma garota. Kentin encarou Armin com uma expressão rude, os lábios estavam cerrados em uma linha retilínea. Armin fingiu que não o viu e retirou o psp do bolso. Não desistiria de Natsumin. E sabia que Kentin também não.
                                                           ***     
         
          — Natsumin! — Viktor aproximou-se dela, colocando a mão no ombro da menina, para que ela virasse o rosto para ele. — Você precisa vir comigo. — ele sorriu. — Tenho um presente para você.
          — Viktor, não sei se posso, eu... 
          — Vamos, Natsumin, é bem rápido! — ele ameaçou chorar novamente. — Por favor, é para pedir perdão.
          Natsumin assentiu com a cabeça e deixou-se ser guiada por ele.
          Viktor estava um pouco estranho, passando pelos alunos com uma rapidez extraordinária, como se ansiasse por esse momento há muito tempo. Ele levou-a ao final do corredor principal e chutou uma placa de madeira que estava no chão, olhando para os lados, a fim de se certificar de que não havia ninguém por perto. Em seguida, ele retirou uma chave que estava embaixo da placa de madeira e usou-a para abrir o porão.
          — Primeiro as damas. — Viktor gesticulou, delicadamente, o que não era do seu feitio.
          Natsumin atravessou a porta, um pouco desconfiada e observou-o entrar e fechá-la.
          Viktor virou o corpo da menina para frente, a fim de que ela olhasse as paredes do porão. Haviam diversos encartes de jornais, figuras em preto e branco, figuras antigas, fotos que a lembravam de algo... Fotos que ela conhecia muito bem, para falar a verdade.
          Casal morre em acidente de Avião
          Natsumin arquejou assim que viu o noticiário. Aquele era um jornal de uns quatro meses atrás, mais ou menos três meses antes de ela entrar em Sweet Amoris. Ela levou as mãos à boca, tampando os lábios que estavam separados. Ela não podia acreditar.
          Ela olhou as outras fotos. Eram figuras de fotos xerocadas da vida pessoal dela. Havia imagens de quando ela era pequena, imagens dela com os pais, de quando ela ganhou a primeira guitarra, de quando participou do concurso de talentos da escola. Ela não conseguia entender o que Viktor queria fazer com aquilo.
          — Que... Que tipo de droga de surpresa é essa! — Natsumin gritou, não conseguindo segurar sua rebeldia, sua raiva, a fusão de sentimentos de ódio dor e mágoa que a tomavam. Raiva dela mesma.
          Mas nenhuma lágrima saía de seu rosto. Natsumin era dura na queda, não iria chorar. Muito menos na frente de Viktor.
          — Uma menina nasceu. — uma voz feminina bem conhecida surgiu atrás de Natsumin e ela pôde ver um sorriso formar-se nos lábios de Viktor. — Ambre vestia a camisa que Castiel havia dado para ela, a dos Rolling Stones, os shorts brancos que Castiel havia roubado dela e os all-star pretos de Natsumin. Ela estava tentando imitá-la de forma absurdamente ridícula.
          Natsumin cerrou os punhos, observando-a aparecer na luz.                                 
          — Seus pais a amavam e queria o seu bem. — Ambre caminha lentamente, passando a mão pela parede e Natsumin acompanhou sua mão, observando as fotos de desde quando ela era pequena. — Mas, a menina cresceu e tronou-se um monstro. — Ambre sorria, enquanto mostrava as fotos de Natsumin no seu tempo de rebelde, quando ela ainda andava com Tsubaki, Ayuminn e seus amigos roqueiros.
          — O pai queria que ela tivesse uma carreira brilhante como médica. — Ambre continuou, sentindo o gosto da vingança na ponta da língua. E era um gosto amargo como seu veneno. — A mãe queria que ela fosse qualquer coisa. Menos uma cantora.
          Ambre andou, mostrando as outras fotos que haviam na parede. Nesse momento, Natsumin percebeu que estava rodeada de fotos xerocadas da vida dela.
          — Mas, a garota rebelde e mesquinha preferiu seguir o seu sonho a dar a felicidade aos pais. — ela mostrou a foto do dia em que Natsumin faria seu primeiro show. Não mostrava o rosto dela, mas Ambre pôde reconhecê-la pelos sapatos. Eram os mesmo all-stars que ela estava usando naquele momento.
          — Então, egoísta, imatura e, principalmente, sem talento algum, com a rejeição dos pais a garota resolveu fugir de casa! — Ambre tinha uma felicidade incomum ao falar aquilo. — Ela pegou um avião com os amigos rebeldes e foi fazer o show. Mas, sabe o que aconteceu? — ela abriu o sorriso de naja. — Os pais foram atrás dela! — ela bateu palmas e deu pulinhos. — Mas eles não foram atrás dela para apoiá-la, pelo contrário, foram para impedi-la! Só que... — Ambre abriu um sorriso perverso e Viktor cruzou os braços, como se ansiasse por essa parte.   
          — Eles morreram no avião. — Ambre tentou forjar uma tristeza totalmente falsa. Miserável.
          — A garota tinha um talento impuro, se é que aquilo podia ser chamado de talento. Desde então ela mora com a tia e estuda em Sweet Amoris. Mas, ao contrário do que muitos pensam, ela não é a santinha que parece ser. Ela é uma assassina!
          — Assassina! — Viktor gritou, levantando a mão para o alto.
          Natsumin sentiu seu peito ser perfurado. Havia sido atingida. Cutucaram sua maior ferida.
                                                ***
           — Onde ela está? — Castiel segurava Kentin pela gola da camisa, fazendo-o ficar com os pés fora do chão.     
            — Eu juro que não sei! — Kentin insistia em falar.
            — Então como veio me avisar que ela estava em perigo?
            — Eu a vi andando com Viktor no corredor principal e ouvi Brad conversando com Ian.
            — Do que eles falavam? — Castiel bateu o corpo de Kentin contra a parede. — Vamos, fale depressa!
            — Viktor ia fazê-la chorar hoje.
            Castiel sentiu a fúria domá-lo por completo. Suas narinas se dilataram, seu peito inflou em fúria. Seus olhos negros estavam opacos, descontrolados. Ele soltou o corpo de Kentin no chão e correu para o final do corredor, onde se encontrava Brad e Ian.
            — Onde está Viktor? — ele segurou Brad pela gola da camisa. — Fala agora! — gritou.
            — E-eu juro que não sei! — o garoto gritou.
            — É claro que sabe!
            — Ela está no porão. — Castiel ouviu uma voz feminina às suas costas. Era Cathy.
            Ele olhou-a, desconfiado. Não falava com Cathy desde o ano passado, na última vez em que haviam ficado. Ele lembrou-se de Cathy beijando-o calorosamente, enquanto dizia-o que... Ela havia dito que o amava. Depois disso, ele a abandonou. Não queria ficar com alguém que o amava. Ela nunca correspondia às outras garotas. Apenas passava umas noites com elas, depois as deixava. Ele era assim. Pelo menos passou a ser depois de... Depois de Debrah.       
            As pupilas de Cathy se dilataram, mostrando o amor que ela ainda sentia por ele. Ela apontou para o porão com o dedo indicador.
            — Por que você falou? — Brad empurrou-a.
            — Por que eu quis! — Cathy empurrou-o de volta e olhou para Castiel. — Me perdoa.               
            Castiel sequer ouviu os outros dois. Antes mesmo de pensar, já estava na porta do porão.


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Notas finais do capítulo

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