Hermione havia levantado bem cedo naquele dia. Estava decidida a encontrar respostas e não se sentiria bem até encontrá-las. A castanha se vestiu e colocou um lindo vestidinho rosa em Lauren e em seguida partiu em direção ao quarto de suas amigas. Depois de muita luta conseguiu acordá-las e, juntas, desceram para tomar seu café da manhã.

Elas bateram na porta, no exato endereço que a mãe de Pansy havia lhe dado. Felizmente uma senhora abriu a porta rapidamente e Hermione se apressou em se curvar, sendo acompanhada pelas amigas.

—Bom dia, senhora. Eu estou procurando uma mulher chamada Amaya, me disseram que ela mora aqui. Ela está? –A senhora Malfoy perguntou com um sorriso.

—Sou eu mesma, em que posso ajudar?

—Eu estou procurando uma criança que foi entregue para a adoção, me disseram que foi entregue para a senhora.

—Entrem, por favor. –Ela pediu.

Elas a acompanharam, não se esquecendo de tirar os sapatos antes de adentrar a casa. Seguiram Amaya até a sala, aonde ela indicou para que se sentassem, deixando as quatro diante para ela. Lauren permanecia quieta nos braços de Meg, observando todos os detalhes da sala da mulher.

—Qual de vocês é a mãe da criança? –Perguntou.

—Na verdade, somos amigas da mãe. –Hermione respondeu. -Ela me disse que já esteve aqui no Japão procurando pela criança, mas infelizmente não encontrou nenhum registro em nenhum orfanato, mas agora que localizamos a senhora acho que temos mais chances. Sou Hermione Malfoy, esta é a pequena Lauren e essas são minhas amigas, Gina Potter, Meg Weasley e Luna Zabini.

—É um prazer. –As outras disseram juntas, embora estranhando o rumo que a conversa estava tomando.

—O prazer é meu. –Amaya respondeu, visivelmente impressionada ao reconhecer aqueles nomes. –Ficarei muito feliz em ajudá-la em sua busca, senhora Malfoy. Se a senhora souber o ano em que a criança foi entregue para a adoção e o nome completo dos pais será mais fácil de encontrar em meus arquivos.

—O ano foi 1998 e os pais são Pansy Parkinson e Theodore Nott. –Hermione disse, não contendo o calafrio ao dizer em voz alta o último nome. Gina, Meg e Luna arregalaram os olhos, chocadas com a nova revelação.

—Me acompanhem. –A senhora murmurou, após encarar Hermione por algum tempo. As quatro a seguiram em direção a uma sala repleta de livros e ela parou diante de uma das prateleiras. –Eu não sei se sabem como os processos de adoção funcionam aqui no Japão, mas as crianças só podem ficar no orfanato até completarem 18 anos. É onde nossos registros terminam.

—Mas se ele foi adotado será fácil encontrá-lo. –Gina murmurou.

—Imagino que será. –Amaya murmurou, se dirigindo até a prateleira e pegando os livros daquele ano. Eram grandes e alguns deles estavam incrivelmente desgastados. –Suponho que vocês não saibam falar japonês?

—Eu sei. –Luna murmurou com um sorriso. As amigas a olharam, estranhando e ela deu de ombros. –Minha mãe me ensinou quando eu era criança e nunca mais esqueci. Posso?

Amaya assentiu, entregando o primeiro livro nas mãos de Luna. Para facilitar, Amaya mostrou em que lugar da página se encontravam os nomes dos pais, deixando sobre a mesa um papel com os nomes de Pansy e Nott escritos em japonês, assim todas poderiam ajudar. Não sabiam quanto tempo haviam ficado ali procurando, mas quando terminaram o último livro o dia já estava quase no fim.

—Não encontrei nada. –Meg murmurou, bufando.

—Nem eu. –Gina respondeu.

—Tem certeza que estes são os únicos? –Hermione questionou, preocupada.

—Infelizmente sim, esse é todo o meu registro. –A mulher respondeu.

—Eu não entendo. –A Malfoy disse baixinho.

—Talvez tenha se confundido, senhora.

—Não, Pansy não se confundiria. A senhora não se lembra dela? Acho que tenho uma foto em algum lugar. –Começou, revirando sua bolsa até encontrar uma foto que havia encontrado em sua casa de Pansy e Draco abraçados e entregando para que Amaya olhasse.

—Não, sinto muito. –Ela respondeu, devolvendo a foto embora mal a tivesse olhado.

—Mione, eu acho que devemos ir. –Meg murmurou, olhando da mulher para a amiga.

—Pode nos dar o endereço do orfanato? Estou pensando em adotar. –Gina pediu, com um sorriso. –Quero dizer, depois de ver tantos registros, acho que Harry e as crianças ficarão felizes em ter mais um em casa.

—Claro, senhora Potter. –A senhora sorriu, anotando o endereço em um pequeno cartão e entregando-a.

—Passaremos lá amanhã à tarde.

—Estarei esperando. As crianças ficarão maravilhadas ao saber que vão conhecer heróis de guerra.

—Obrigada por tudo, senhora. –Luna disse em japonês e todas se curvaram, sendo acompanhadas por ela até a porta.

Hermione saiu em silêncio. Como isso era possível? Pansy nunca se esqueceria do nome da mulher para quem o seu filho foi entregue, tinha certeza disso. Havia algo errado, ela sabia, e não voltaria até descobrir o que era.

—Isso foi estranho. –Meg murmurou.

—Está mesmo pensando em adotar? –Luna questionou.

—Não. –Ela riu. –Harry enlouqueceria se eu voltasse com uma criança sem dizer nada. Tem alguma coisa muito errada com essa mulher e amanhã nós iremos até o orfanato descobrir o que é.

—Gina, você é brilhante. –Hermione sorriu para a amiga.

—Eu sei. –Ela sorriu. –Agora, Pansy e Theo? Por que não ficamos sabendo disso antes?

—Ninguém sabe, ela só contou pra mim.

—Vocês ficaram mesmo próximas hein? –A Zabini disse e a Malfoy balançou a cabeça, assentindo.

...

As quatro acordaram bem cedo naquele dia e foram direto para o orfanato. Uma garota abriu a porta com um sorriso. Tinha os cabelos curtos e escuros, a pele clara e usava um suéter cinza.

—Bom dia. –A menina disse em inglês após olhar bem para as quatro. Elas se curvaram. –Posso ajudar?

—Nós estivemos ontem na casa da senhora Amaya e estamos procurando por uma pessoa que foi entregue para a adoção. Ela está? –Hermione começou.

—Sinto muito, ela só chega mais tarde.

—Se importa se esperarmos aqui? –Luna pediu, sorrindo.

—Não, sem problemas. –A menina disse, dando espaço para que elas entrassem. –Meu nome é Erisa Aoki, entrem, por favor.

—Eu sou Hermione Malfoy e essas são Gina Potter, Meg Weasley, Luna Zabini e Lauren. –A castanha se apresentou, com um sorriso, entrando no lugar e se deparando com várias crianças brincando.

—É uma honra conhecê-las. –Erisa disse, visivelmente surpresa. –A pessoa que estão procurando foi entregue há muito tempo?

—Há dezenove anos. – Hermione respondeu.

—Então talvez eu possa ajudar, cheguei aqui há dezenove anos também. Mas tive sorte, fui adotada quando tinha dezesseis por uma família ótima. –Ela sorriu. –A adoção não é uma coisa muito comum por aqui.

—O Japão é um país que presa muito os laços de sangue. –Luna acrescentou.

—Exatamente. Porém mesmo depois de ser adotada não consegui ficar longe, então Amaya me contratou como ajudante e estou aqui até hoje. Então, como é o garoto que vocês estão procurando?

—Na verdade ele foi entregue assim que nasceu, mas temos uma foto da mãe dele. –Disse entregando a foto para a garota.

—Recebemos poucas crianças que não são japonesas aqui e, se não me engano naquele ano foram dois meninos e quatro meninas. –Murmurou, olhando bem para Pansy. –Talvez...

A menina subiu as escadas com a foto de Pansy ainda em mãos. As outras a seguiram de perto, observando-a pegar a foto que estava em uma das mesinhas de corredor. Na imagem haviam duas garotinhas pequenas e um garoto. Ele estava com as duas no colo, segurando uma de cada lado, todos com sorrisos enormes.

Erisa colocou as fotos próximas, observando a semelhança e naquele momento Hermione teve a certeza de que haviam encontrado. O tom dos cabelos eram os mesmos dos de Pansy, assim como o sorriso. Ele era um garoto lindo.

—Eu não acredito. Eu sabia que viriam atrás dele. Ele ficará tão feliz! –Aoki sorriu, voltando seu olhar para Hermione. –Ele se chama Ren.

—Ele foi adotado? –Meg perguntou.

—Pela senhora Amaya. –A garota respondeu e as quatro se entreolharam, mas ela não percebeu. –Ren sempre sonhou em encontrar sua mãe. Ele ama a senhora Amaya, claro, mas sempre soube que sua mãe voltaria algum dia.

A movimentação no andar debaixo ficou mais agitada e nós logo descemos para ver o que estava acontecendo. As crianças faziam festa para o filho de Pansy, que havia acabado de entrar no lugar. Ele tinha um dos meninos em seu colo e sorria, animado com algo que ele lhe contava.

—Eles vão me buscar amanhã! Você e Erisa vão me visitar, não é? Na minha casa nova?

—As crianças aqui aprendem inglês desde cedo e mesmo sabendo que Ren cresceu aqui e por isso fala nossa língua elas não falam com ele em japonês. –A garota explicou.

—É claro que iremos. Você vai se comportar?

—Vou. –O menino sorriu. –Também quero ser convidado para o casamento. -A garota corou violentamente e ele gargalhou, colocando o menino no chão.

—Quando acontecer você será. –Ele respondeu e em seguida andou até ela. Ren parou ao lado de Erisa e deu um beijo rápido no topo da cabeça dela. –Bom dia, kanojo.

—Bom dia, kare. –Ela respondeu, ainda vermelha.

—Bom dia, senhoras. –Ele cumprimentou, se curvando e as três também logo fizeram o mesmo.

—Ren, se importa de... –Amaya começou, porém, sua voz falhou quando colocou os olhos nas visitantes. –Leve essas coisas lá para cima, você e Erisa.

Os dois balançaram a cabeça assentindo e a mulher se aproximou delas. Não parecia nada feliz quando passou por elas dizendo nada mais do que um “me acompanhem”. Elas seguiram-na até uma sala no último andar e a mulher se sentou à mesa.

—Erisa sabe? –Disse depois de um tempo em silêncio.

—Foi Erisa quem descobriu. –Hermione respondeu.

—Então eu não posso fazer mais nada, ela deve estar contando para ele agora. –Amaya soltou o ar. -Ele vai embora. –Murmurou e seus olhos marejaram. –Me desculpem por ter mentido, mas eu não suporto a ideia de ele não voltar.

—Nós entendemos. –A senhora Malfoy falou.

—Ele não vai esquecer o que a senhora fez por ele só porque achou a mãe biológica, Amaya. –Meg disse.

—Eu o amo tanto. –Amaya disse, baixinho. –O amei desde que o peguei pela primeira vez. Eu sabia que isso aconteceria algum dia, mas... Ele é tudo para mim!

—Imagino o quanto seja doloroso, mas tenho certeza que ele também a ama por tudo o que fez por ele quando Pansy não estava. –Gina tentou acalmá-la. –Ele tem o direito de conhecê-la.

—Eu sei. –Ela murmurou depois de um tempo.

—É verdade? –Ren entrou na sala acompanhado de Erisa. –Encontraram minha mãe biológica?

Hermione olhou para Amaya e ela respirou fundo, olhando bem para o garoto. Em seus olhos havia uma mistura de ansiedade, felicidade e até um pouco de medo. Erisa mantinha-se ao lado dele, segurando sua mão.

—Sim, é verdade. –A mulher mais velha respondeu.

Hermione andou até o menino e lhe entregou a fotografia. Ele a olhou fixamente e sorriu, como se tentando guardar todos os detalhes daquele rosto que havia sonhado encontrar desde sempre. Amaya havia contado a ele o que aconteceu, que sua mãe não queria entregá-lo e sempre que ele se sentia triste ela dizia o quanto tinha certeza de que aquela mulher o amava mesmo que de longe. Agora ele sabia quem ela era e mal podia esperar para encontrá-la.

—Ela é linda. –Ele murmurou e seus olhos marejaram.

—Se parece com você. –Erisa falou.

—Quando posso encontrá-la?

...

Todos saíram da sala, deixando que Ren e Amaya conversassem a sós. Eles ficaram um bom tempo naquela sala e enquanto isso elas brincavam com as crianças. Elas realmente ficaram felizes em conhecê-las e simplesmente maravilhadas com o tom avermelhado dos cabelos de Gina. Quando Ren saiu da sala ele se sentou ao lado de Hermione, que balançava Lauren em seus braços para que a menina dormisse.

—Eu conversei com Amaya e eu quero conhecê-la. Quero conhecer a minha mãe.

—Ela ficará muito feliz ao ver você, Ren. –Hermione sorriu.

—Pode me falar um pouco sobre ela?

—É claro que posso.