Hermione estava exausta. Precisava descansar urgentemente, mas por algum motivo não conseguia dormir. Era aquela sensação de novo, aquela que ela fazia de tudo para ignorar antes que acabasse enlouquecendo. Lauren já estava dormindo e a carta que ela havia escrito para contar a Draco que estava bem já estava a caminho e agora ela se encontrava sentada próxima a janela, observando o movimento enquanto seus pensamentos voavam para longe.

—Mione? – Uma voz encheu o quarto e ela se virou rapidamente na direção da porta.

—Luna, não vi que estava aí. –Murmurou, dando um leve sorriso para a amiga.

—Eu bati e chamei, mas você não respondeu, então eu entrei. –Deu de ombros. -Mione, por que está chorando? –A Zabini perguntou se aproximando devagar da amiga e sentando-se ao lado dela.

—Estou? –A morena se perguntou, então passou as mãos pelo rosto e um soluço escapou de seus lábios ao constatar que sim, ela estava chorando e muito. –Me desculpe, você não deveria me ver desse jeito.

—Tem certeza? –Perguntou, segurando a mão da amiga que ainda não havia se acalmado. – Mione eu sou sua amiga. Estive ao seu lado nos melhores momentos de sua vida, o que a faz pensar que eu não estaria agora?

—Eu só não queria que me assistisse quebrar, não agora que finalmente estou melhorando.

—E não vai fazer isso sozinha. Nós estamos aqui por você.

—É que eu tenho eu tenho esse sentimento dentro do meu peito, e Luna ele queima tanto! –A Malfoy soluçou, se jogando nos braços da amiga.

—Não posso dizer que entendo o que está passando, mas posso imaginar o que está sentindo agora. Eu sei que as coisas ainda estão muito recentes, mas mesmo que pareça o fim, você sabe que não é. Eu vi você quebrar quando Bellatrix a torturou na mansão, quando perdeu sua memória e viu o quanto Annia estava sofrendo, Hermione, eu sei que está quebrada agora! Mas você se levantou todas as vezes. Você é a pessoa mais forte que eu conheço, então sei que vai juntar os pedaços e se levantar mais uma vez, e nós estamos aqui pra ajudar com isso.

—Você não entende, Luna. –A morena se levantou, andando de um lado para o outro. Respirou fundo e se virou para a amiga, falando algo que nem mesmo Draco sabia. –Eu sinto o Ben. É como se dentro de mim eu tivesse essa certeza de que ele está vivo e tivesse que me convencer do contrário porque eu sei que não é verdade.

—Mione...

—Eu estou enlouquecendo, não estou? –Perguntou, soluçando.

A loira, no entanto, não respondeu, apenas se levantou e envolveu sua amiga em um abraço apertado. Estava preocupada e se perguntava por quanto tempo Hermione estaria guardando aquilo que com certeza não a estava fazendo bem. Ficou ao lado dela até que ela finalmente dormisse e, antes de sair do quarto percebeu que Lauren estava acordada, sentada no pequeno berço com seus intensos olhos acinzentados fixos na direção da mãe. A menina, no entanto, era tranquila e não chorou nem quando Luna a pegou no colo, como se soubesse que não deveria acordar sua mãe naquele momento.

...

—E então? Alguém tem uma ideia de como podemos passar o tempo enquanto nossas namoradas estão trancadas no dormitório? –James perguntou. Ele e os amigos estavam sentados no saguão de entrada entediados, apenas esperando para que a noite chegasse e com ela o baile que marcaria suas despedidas da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts.

—Nina realmente olhou pra mim ontem e disse que não me quer perto até a noite. –Chris resmungou e os outros riram. –Doeu.

—Pelo menos ela falou com você. –Ronan disse.

—Vocês perceberam que não há nenhuma garota nos corredores hoje? –Albus perguntou. –E não estou falando apenas das que vão se formar. Tessa simplesmente desapareceu.

—Rose e Lily também. –Scorpius acrescentou.

—O que acham que elas estão fazendo? –O Potter mais velho perguntou.

—Não faço ideia. –Collins respondeu.

—Ei, uma garota. -Albus indicou com a cabeça e todos observaram surpresos quando Amélia passou por eles, sentando-se mais afastada, aonde o sol batia mais forte.

Ronan se levantou estranhando. O que ela estava fazendo ali? Aquele era o dia mais esperando por ela desde o primeiro ano, por que não estava fazendo o que quer que as outras também estavam fazendo?

—Eu estou de olho em você, Zabini. –O garoto Malfoy gritou para que ele se escutasse e o mais velho revirou os olhos, continuando seu caminho até a morena.

—Ei, o que está fazendo aqui? –Perguntou, sentando-se ao lado dela.

—Comendo. –Goulart respondeu, estendendo um prato cheio de frutas para o loiro. –Você quer?

—Sabe o que eu quis dizer. –Ele disse comendo uma amora e fazendo-a revirar os olhos. –Melly, você é a única garota que vimos hoje.

—E não adianta que não vou entregar o que estamos organizando desde o quinto ano.

—Desde o quinto ano? –Arregalou os olhos, surpreso quando ela assentiu. –Não vai ao baile?

—Não decidi ainda.

—E por que não?

—Anthony me convidou, mas... Eu não sei, não me parece mais a coisa mais importante de todas. Me parece bem idiota, na verdade.

—E realmente é. –Ronan disse, fazendo-a estranhar. –Qual é, Melly, a partir de agora teremos mais responsabilidades, essa é a última noite que realmente podemos ser adolescentes idiotas sem ninguém nos julgar por isso.

—E é exatamente por isso que me parece idiota.

—Mas não se esqueça que você me prometeu uma dança.

—Quando ainda namorávamos.

—Não importa quando foi, assim como também não me importo de ir atrás de você no salão comunal.

—Por que está fazendo isso, Ronan?

—Não vou apagar tudo o que vivemos juntos, Melly. Seguir em frente sim, mas apagar não. Até que nós nos divertimos.

—Você é um verdadeiro príncipe, Ronan Zabini. –A garota disse se levantando e dando um beijo no rosto dele. –Prometo que vou pensar.

Amélia então deixou o saguão de entrada, voltando para o salão comunal. Ao chegar ao corredor a garota encontrou Annia, Nina e Alison, deixando o lugar. As garotas gargalhavam e já haviam começado os preparativos para o baile. Amélia percebeu quando viu as maletas de maquiagem das garotas em suas mãos.

—Oi. –Annia disse finalmente notando sua presença.

—Oi. –Cumprimentou a castanha, continuando a andar.

A Malfoy observou Goulart seguir seu caminho, então se virou para as amigas, olhando-as como se pedisse algo. Nina logo cruzou os braços, irritada pois sabia exatamente o que era.

—Não. –Respondeu.

—Ah, pelas barbas de Merlin, Nina, ela está sozinha! –Annia insistiu.

—Tem ideia do que está me pedindo, Annia? Por causa dela eu e o Chris terminamos quando ele mais precisava de mim.

—Eu sei, mas... Ally, o que você acha?

—Não acho que devemos deixá-la sozinha. Eu sei que ela foi uma pessoa horrível, mas ela também disse a verdade, o que mostra que ela se arrependeu. –A Veela disse.

As três garotas se encararam por um tempo e o rosto da ruiva foi ficando vermelho. Sabia que elas estavam certas, e mesmo que Amélia não tivesse dito a verdade, ela ainda estava precisando de amigas, já que as suas a haviam deixado na hora em que ela mais precisava.

—Tudo bem. –Bufou, contrariada e as outras duas comemoraram. –Mas que fique claro que não estou prometendo ser a garota mais legal do mundo. Se ela me irritar eu juro que...

—Tá, tá, nós entendemos. –Alison interrompeu a ameaça, puxando-a pelo braço e indo até a castanha. –Amélia, espera!

—Sim? –Ela parou, estranhando.

—Por que não vem com a gente para a sala precisa? –Annia convidou.

—O quê?

—É que a Nina é péssima fazendo cachos e eu sei que você é ótima. Será que pode me ajudar? Eu posso ajudá-la com o cabelo e Ally pode fazer sua maquiagem, se quiser. –A castanha sorriu.

—Sinto muito, mas eu estou ocupada. Tenho certeza de que as outras garotas ficarão felizes em ajudar. –Goulart respondeu, forçando um sorriso.

—Por favor? –Pediu e a ruiva revirou os olhos. Nunca havia imaginado que veria sua melhor amiga implorando algo justamente para a ex-namorada de Ronan. –As outras garotas não fazem tão bem quanto você.

—Por acaso andou quebrando as regras e falando com o Ronan hoje, Malfoy? –Ela cruzou os braços, arqueando as sobrancelhas.

—Não.

—Então por que vocês dois estão fazendo isso?

—Porque não acho que você deva ficar escondida no salão comunal enquanto todos nós estamos aproveitando no baile. E também acho que já está na hora de deixarmos toda aquela briguinha infantil para trás e começar a agir como adultas.

—Nós realmente queremos que você vá, Amélia. –Alison sorriu.

—Por favor? –Nina pediu, baixinho.

—Tudo bem, eu ajudo vocês. –A castanha disse, arrancando um sorriso das outras. –Mas eu não vou ao baile.

—O quê? Por quê? –A ruiva perguntou.

—Meu vestido não entra. –Ela confessou, baixinho. –Comprei no início do ano.

—Mas isso não é problema. –Alison disse. –Vamos dar um jeito e você vai ficar linda.

As quatro garotas então seguiram em direção a sala precisa, e lá estavam todas as garotas da escola. No quinto ano, elas haviam tido a ideia de se arrumarem juntas para o grande dia e, além do baile a noite, fazer uma festa para se despedirem de todas as outras alunas da escola. A música estava alta, haviam doces e salgados em uma mesa, além de bebidas – não alcoólicas – sendo servidas enquanto todas se divertiam.

Annia, Alison, Amélia e Nina se aproximaram do quadro que uma vez fora usado por Harry Potter para voltar a escola e saíram direto no Cabeça de Javali. Sabiam que seria uma tarefa complicada, mas nenhuma garota faltaria ao baile por não ter um vestido e elas encontrariam o perfeito.

...

—Tudo bem, eu cansei. –Chris se levantou. –Não quero mais ficar deitado aqui pensando no que as garotas estão fazendo, apenas esperando a hora passar.

—Alguma ideia melhor? –James perguntou, levantando a cabeça para olhar para o amigo.

—Cara, ainda são duas horas da tarde! Duas horas da tarde! Vamos morrer de tédio antes mesmo do baile começar. –Albus murmurou.

—Já sei o que podemos fazer. –Collins disse, animado. –Vamos jogar Quadribol.

—Madame Hooch não vai querer ser juíza. –Ronan falou.

—Não precisamos de uma juíza, nós conhecemos as regras. Além disso, acho que seria divertido se misturássemos todos os times. Sem rivalidade entre as casas hoje, o que acham?

—Pode dar certo. –O Potter mais velho se levantou, gostando da ideia. -Reúnam os outros alunos para separarmos os times. Eu vou buscar as bolas e bastões.

Logo todos os garotos estavam no campo, animados com a ideia de jogar Quadribol, ignorando toda a rivalidade que as partidas traziam consigo. Vários times mistos foram formados, sem distinção de casas e assim eles passaram a tarde, em um torneio cujo o único objetivo não era uma taça, mas sim a diversão.

[N/a: Notas finais IMPORTANTES]