~Pov Annia

—A poção que faremos hoje é muito complicada. –O professor começou. –Sei que muitos de vocês já ouviram falar dela, e muitos também já a desejaram, por isso quem conseguir iniciá-la corretamente poderá ficar com uma amostra. Alguém tem alguma ideia de que poção estou falando?

Levantei minha mão e quando o professor acenou com a cabeça eu disse:

—Felix Felicis.

—Exatamente senhorita Malfoy, mais cinco pontos para a Sonserina. –Ele sorriu.

—Parece a tia Herms quando perguntam algo que ela sabe a resposta. –Ronan murmurou ao meu lado e eu revirei os olhos.

—A Felix Felicis ou sorte liquida é uma poção que trás sorte para quem a beber por 12 horas. Lembrando que o uso em eventos esportivos é proibido e ela não pode fazer com que algo impossível aconteça, muito menos ir contra os atos contratuais mágicos.

—Aposto que consigo e você não. –Falei para o loiro ao meu lado, que revirou os olhos pegando em minha cintura. Há muito tempo disputávamos como os melhores nessa disciplina.

—Não seja boba Malfoy, quando vai aceitar que sou melhor que você?

—Melhor que eu? Que eu me lembre eu consegui terminar minha Amortentia no ano passado.

—É, mas Chris não jogou os ingredientes a mais no seu caldeirão.

—Algum problema senhor Zabini e senhorita Malfoy? –Balançamos a cabeça negando e ele continuou com sua aula. –Sei que essa é uma das últimas poções que deveriam ser passadas a vocês, mas estou passando-a agora devido ao tempo que leva para ficar pronta. Os ingredientes estão em suas mesas e as instruções na página 289. Podem começar.

Abri meu livro e, na página que ele havia falado havia um pedaço de pergaminho. Guardei-o no bolso e me voltei para as instruções.

Dinheiro de Leprechaun.

Peguei o de Ronan e coloquei no caldeirão fazendo-o balançar a cabeça. Com um movimento de varinha ele fez com que o meu fosse até sua mão e o colocou no caldeirão.

Trevo de quatro folhas.

Quando Ronan fez menção de pegar o meu eu o peguei. O loiro me puxou beijando minha bochecha e pegou de minha mão adicionando ao seu caldeirão.

Objeto de maior valor sentimental para o pocionista.

Dando uma rápida olhada ao redor da sala encontrei Nina com Cleve um pouco mais distantes, enquanto Chris ignorava Goulartt, que havia se sentado com ele.

—Lembrando que ela demora seis meses para ficar pronta, portanto hoje apenas vamos colocar os ingredientes e começar a fervê-la. Senhor Collins acho que adicionou a quantidade errada de trevos na sua poção, está escura demais.

—Posso ajudá-lo a concertar, professor. –Amélia disse sorrindo e o capitão do time de quadribol revirou os olhos.

—Faça isso senhorita...?

—Goulartt, senhor.

Soltei um suspiro dando uma olhada discreta na ruiva, que apenas estava com sua cabeça abaixada agora, voltando seu olhar para o livro e fingindo que não havia escutado.

Reli o próximo ingrediente e respirei fundo. Este seria mais difícil do que os outros.

Para Ronan não parecia tão complicado, já que ele ia passando para o próximo. Então, comecei a pensar na minha infância e rapidamente a resposta veio a mim: Califórnia.

Eu tinha nove anos quando meus pais resolveram fazer uma viajem até a praia onde haviam passado sua primeira lua de mel. Naquele momento parecia que Lucius não existia, que sempre fomos uma família, que não havia preocupação alguma.

E lá meu pai havia comprado uma pulseira pra mim e para minha mãe. Com algumas pedrinhas brancas azuladas que ele chamou de “pedra da lua”. Peguei minha varinha e a convoquei, sempre a trazia para Hogwarts comigo. Tirei uma das pedras e a coloquei no caldeirão.

Asfódelo.

Não me demorei dessa vez, acrescentei-os ao caldeirão e olhei para Ronan, que já havia acabado e tinha um ar superior que me fez revirar os olhos.

Essência de Beladona.

Com o último ingrediente já no caldeirão a poção atingiu a cor certa me fazendo sorrir vitoriosa. Nós dois havíamos conseguido. Zabini pegou minha cintura e depositou um beijo em minha testa.

—Parece que nós dois empatamos. –O loiro falou. –Mesmo assim, eu terminei primeiro.

—Quem sabe na próxima você perca. –Pisquei o olho e ele se aproximou para me dar um selinho.

—Oh meu Merlin vocês dois estão de parabéns. –Slughorn nos interrompeu com um sorriso no rosto.

—Então, ganhei o prêmio?

—Infelizmente não senhor Zabini, a senhorita Cohen terminou primeiro.

Direcionamos nosso olhar para Nina, que já tinha o seu pequeno frasco em suas mãos e o encarava como se não fizesse a mínima ideia de quando usá-lo. Percebi quando do frasco o olhar dela se desviou muito rapidamente para o capitão do time da Sonserina, mas ela logo o mudou de direção.

As aulas foram passando e Goulartt não compareceu a mais nenhuma para sorte de todos. Nina passou o resto do dia com Cleve, ele a animava e isso era bom, há muito tempo não a escutava gargalhar e isso é só uma das coisas que ele conseguiu. Na hora do banho não a ouvi chorar mais.

Ao passar pelo quadro de avisos reparando na aglomeração me deparei com um pedaço de pergaminho em um azul tão intenso que só poderia ser feitiço, depois de me espremer no meio de todos finalmente consegui ler o que estava escrito.

Todos os alunos - exceto os de primeiro, segundo e terceiro ano – estão convidados a comparecer no saguão de entrada á meia-noite de hoje.

E lembrem-se: As melhores pessoas na vida são livres.

—NR

Franzi o cenho e saí da aglomeração de curiosos, um sorriso surgiu em meus lábios ao ver Ronan entrando pelo buraco do quadro com Nina. Me aproximei do loiro e lhe dei um selinho.

—Já deram uma olhada no quadro de avisos? –Falei.

—Quem conhecemos com as iniciais NR? –Ele perguntou e nós duas demos de ombros.

—Nora Race? –A ruiva arriscou.

—Acho que não. –Nós respondemos juntos.

—Ela é da Corvinal, e tudo bem que ela é monitora e tem a senha, mas acho que ela não nos convidaria a quebrar as regras.

—Tem razão. –Nina disse.

—James me disse que Hagrid teve que viajar então teremos um professor substituto por alguns dias. –Contei.

—Sério? –Meu namorado falou desapontado. –Sabem que eu só estou fazendo Trato de Criaturas Mágicas por causa dele né? E se o professor novo for um daqueles insuportáveis?

—Se for o cara que se sentou hoje com os professores durante o jantar ele é bem bonitinho. –Comentei e revirou os olhos.

—Até pode ser, mas você sabe que eu sou melhor, sinta-se honrada.

—Você se acha Zabini. –Cruzei os braços e ele sorriu segurando meu queixo pronto para retrucar, mas Nina levantou um dedo e fez um “xiii” que todos perto de nós ouviram.

Minerva entrava pelo buraco do quadro com uma expressão séria no rosto. Todos se calaram imediatamente, atentos aos passos da diretora. Um rápido olhar passou pelo congestionado quadro de avisos, mas ela nada disse sobre o tal convite que ali estava. Ao ter certeza de que tinha a atenção de todos, a diretora disse:

—Por favor, alguém pode me trazer o senhor Collins imediatamente? –Ela pediu. Ronan e eu nos entreolhamos e ele deu um passo à frente.

—Vou chamá-lo, diretora. –Minerva balançou a cabeça concordando.

Pouco tempo depois ele voltou acompanhado do amigo, que parecia confuso por toda a atenção recebida, mas mesmo assim não disse nada.

—Me acompanhe até a minha sala, por favor. –Ela disse e ele se aproximou, saindo com ela.

Todos os alunos presentes no salão comunal pareciam curiosos para saber o que havia feito Minerva vir buscá-lo pessoalmente, um longo silêncio se instalou quando eles saíram. As pessoas até pareciam ter esquecido o convite misterioso.

Ronan subiu comigo e Nina para o quarto, e mesmo torcendo para que estivéssemos sozinhos ali encontramos Ruby fazendo a lição de DCAT e Amélia deitada na cama parecendo não estar nada bem. Ronan deu de ombros e entrou, se sentando em minha cama e cumprimentando a loira de cabelos encaracolados.

—Então, o que acham que ele fez dessa vez? –Perguntei me sentando ao lado de meu namorado, que me abraçou carinhosamente.

—Goulartt está aqui, então não faço a mínima ideia. –Nina murmurou a contragosto.

—Também não sei o que pode ter sido, desde que... –O olhar dele foi até a ruiva por um breve momento. –Chris não tem feito nada que Minerva não fosse gostar a muito tempo.

—Podem, por favor, ficar quietos? Minha cabeça está explodindo! –Goulartt reclamou fechando o dossel da cama com um aceno de varinha, nos fazendo revirar os olhos.

—Já descobriram quem é o responsável pelo convite lá embaixo? –Ruby perguntou nos olhando.

—Ainda não. Você vai até lá? –Perguntei.

—Acho que não, tenho que terminar umas coisas. E vocês?

—O que me diz? Nós vamos? –Eu sorri.

—Lógico que vamos. –Ronan respondeu dando um beijo em minha testa.

—E você Nina? Também vai até lá?

—Não. Não quero problemas. –A ruiva respondeu entrando no banheiro.

—E nem nós. –Zabini murmurou baixinho piscando o olho enquanto sorria divertido pra mim, me dando um selinho.

*-*

Meia-Noite.

Assim como nós, muitos alunos curiosos estavam no saguão de entrada esperando que algo acontecesse antes que nos pegassem ali. Foi quando uma linha azul cruzou o céu ao lado de uma rosa, ambas vindas do meio dos alunos. Quando elas se encontraram aconteceu uma explosão de cores maravilhosa, que cobriu todo o saguão, eu não conseguia ver mais ninguém. Se Ronan não estivesse segurando minha mão eu provavelmente o teria perdido.

Quando finalmente conseguimos enxergar novamente percebi que assim como eu, todos estavam confusos procurando os responsáveis por tudo aquilo. Não demorou para que eles aparecessem.

Passando correndo entre os alunos e fazendo novas – desta vez pequenas – explosões com as varinhas, estavam Alison e James. Não era uma surpresa pra mim que o Potter fosse o responsável por isso, mas Alison? Eu nunca imaginaria!

—QUE COMECE A GUERRA! –O Grifinório gritou. Foi o suficiente para que todos ali entendessem o recado e se juntassem a eles.

~Pov James

Peguei a mão de minha namorada enquanto todo o saguão se cobria de cor. O sorriso em seus lábios fazia seus olhos brilharem em um maravilhoso tom de azul. Naquele momento percebi que eu seria feliz enquanto a tivesse sorrindo e iluminando o mundo ao meu lado.

Minha ideia era colocar um feitiço em todos os corredores para que todos ficassem colados no dia seguinte, mas a loira não gostou muito. Deixei, então, que a loira fizesse tudo ao seu modo e ao ver o resultado uma onda de orgulho subiu pelo meu peito.

Puxei-a pra mim colocando minhas mãos em sua cintura e ela colocou os braços sobre meus ombros. Éramos atingidos a todo o tempo, mas nem nos importamos. O cabelo dela estava coberto por várias cores assim como o meu.

—Eu amo você James Potter. –Ela gesticulou com a boca para que apenas eu ouvisse e eu a beijei.

—E eu amo você minha Veela. –Gesticulei de volta, colocando todo o amor que eu sentia por ela naquela última palavra que ela tanto odiava. Eu não queria que fosse assim, queria que ela sentisse orgulho por ser essa criatura maravilhosa.

Ally me puxou mais uma vez e os meus lábios tocaram os seus. Naquele momento todas as gargalhadas, todos os gritos e brincadeiras ao nosso redor sumiram, e foi assim que eu decidi qual seria o próximo passo.

Quando nos separamos e tudo voltou, a loira levantou o braço com sua varinha e dela saíram faíscas que cortaram o céu e iluminaram toda a noite estrelada.

—Então, o que significa “NR”? –Perguntei rindo.

—Novos românticos.

—Sério? –Perguntei rindo.

—Cala a boca. –Ela respondeu rindo também e me puxando para mais um beijo.

Foi quando o silêncio chegou e eu tive a certeza de que Minerva tinha chegado. Nem precisei olhar para saber que a sua expressão não era das melhores.

Nós nos separamos e olhamos para a diretora, que com um aceno de varinha limpou todo o salão e fez os fogos pararem. Segurei a mão da loira enquanto os olhos dela passavam por todos os alunos analisando-os.

—E então? –McGonagall perguntou. –Alguém tem algo a dizer? –Todos permaneceram em silêncio. –Quem são os responsáveis por isso? –Ela disse parando diante de mim e da loira. –Por que tenho a impressão de que foi o senhor, senhor Potter?

—Metade certa. –Ally disse desviando o olhar para mim enquanto se segurava para não rir da expressão de surpresa da diretora.

—Estou muito decepcionada com você, senhorita Roberts. –Minerva disse fazendo-a ficar séria. –Quero dizer, eu esperava isso de James, mas... Quero ambos na minha sala agora.

Balançamos a cabeça assentindo e seguimos pelo corredor enquanto ouvíamos suas ordens para que todos fossem para seus respectivos salões comunais.

Assim que cruzamos o corredor a loira caiu na gargalhada, me fazendo rir junto. Não dissemos nada, apenas continuamos o caminho, e quando chegamos a sala da diretora eu a encostei na parede lhe dando um selinho.

—Pronta para sua primeira e provavelmente única detenção, senhorita Roberts? –Perguntei.

—Oh meu Merlin não acredito que fiz isso! –Ela disse pulando em mim e me abraçando. –Eu nunca me diverti tanto em toda a minha vida!

—E eu idem. –Respondi beijando sua testa, em seguida a ponta de seu nariz, até que cheguei a seus lábios.

Assim que meus lábios tocaram os seus foi como se meu corpo estivesse todo em chamas, uma sensação que eu gostaria de saborear até o resto da noite, mas Minerva McGonagall discordava disso.

—Magus. –A voz dela ao nosso lado fez com que Ally se assustasse e nós nos separássemos.

Não deixei de reparar da marca colorida que ela havia deixado na parede enquanto subíamos em silêncio. De pé esperamos para que a diretora começasse com a punição, mas ela apenas nos olhava de braços cruzados.

—Então? –Perguntei começando a me preocupar com o olhar recebido.

—Menos 100 pontos de cada casa. –Ela começou nos fazendo resmungar.

—Sabe que não ganharemos a taça das casas este ano não é? Como pode tirar tantos pontos de sua própria casa? –Perguntei e a loira apertou minha mão como se mandando eu me calar.

—Os senhores receberão detenções por duas semanas, e as idas para Hogsmeade estão suspensas até lá. –Eu e a loira nos entreolhamos. A ideia não parecia tão divertida agora. –E seus pais serão avisados do que fizeram.

—Não acho a última parte necessária diretora. –Falei imaginando em como Harry e Gina Potter já estava cansado de receber cartas contando sobre as minhas... “Atividades Extracurriculares”.

—Como conseguiram tirar todos da cama sem que ninguém soubesse? –Ela perguntou e eu olhei para Alison.

—Colocamos um convite nos quadros de avisos, apenas os convidados conseguiriam vê-lo. –Ela respondeu e McGonagall arregalou os olhos.

—E qual será a detenção, diretora? –Perguntei.

—A senhorita Roberts ajudará Madame Pomfrey na enfermaria, ouvi dizer que gostaria de se tornar Medibruxa então acho que assim poderá também aprender alguma coisa. –A Corvina balançou a cabeça assentindo. –O professor Lance precisa de ajuda para corrigir alguns trabalhos que Hagrid deixou se acumularem, creio que poderá ajudá-lo, senhor Potter.

Soltei um gemido involuntário, mas não disse mais nada. Passar mais tempo do que já sou obrigado com o ex da minha namorada, incrível. Revirei os olhos pensando nisso.

—Estamos dispensados? –Ally perguntou pegando minha mão.

—Sim, e se forem pegos nos corredores novamente a detenção durará até o fim do ano. Começarão amanhã.

Mal posso esperar...