Mãe,

Eu realmente quero acabar com tudo isso. Eu, Annia Granger Malfoy, cansei de passar as noites acordada pensando no que farei quando o encontrar, cansei de acordar chorando, gritando pelos pesadelos, cansei de ter medo.

Quero consertar as coisas, refazer o feitiço e impedir que ele chegue a mim novamente, cumprir a promessa que fiz a Ronan e a você de que ficaria bem.

Ele entrou em minha mente mais uma vez. Me mostrou um pouco da infância do papai e mãe, Henry sabia que ele não era filho de Lucius desde o início... Foi horrível.

Okay, vamos parar de falar disso antes que eu enlouqueça e vamos falar de você. Como estão as coisas em casa? Sua briga com o papai (não negue, eu percebi quando se despediram de nós em Hogwarts) acabou? E os gêmeos? Nossa eu estou tão ansiosa, será que vão ser loiros ou morenos?

Antes que pergunte, sim, Scorpius está ótimo. Ele estava com a Rose mais cedo, acho que finalmente estão se acertando e não sei não hein, isso ainda vai dar em namoro... E o tio Rony vai tentar matá-lo.

Amo você!

A.M

Sem pensar duas vezes a Sonserina entregou a carta à sua coruja. Hermione precisava saber de tudo antes que fosse tarde demais, antes que ela voltasse para aquele maldito jogo. Dando uma olhada na cama encontrou um Ronan adormecido com apenas um fino lençol sobre seu corpo já que as roupas estavam espalhadas pela Sala Precisa.

Quando o Sonserino abriu os olhos e reparou na garota olhando-o com um sorriso nos lábios jogou seu travesseiro nela acertando bem em seu rosto deixando-a um tanto confusa.

—Hey por que me jogou isso?

—Já estava me sentindo constrangido com a forma que estava me olhando. –Ela revirou os olhos e ele se levantou abraçando sua cintura.

—Mandei uma carta para minha mãe contando sobre ontem.  –O loiro sorriu beijando sua testa. –Meu pai vai me matar quando souber.

—Vai mesmo.

—Nossa você é ótimo em confortar as pessoas.

—Ótimo? Acho isso pouco. Que tal excelente? –Ronan sorriu convencido e eu revirei os olhos. –Vem, temos que nos trocar para não nos atrasar como da outra vez.

*-*

Seguiram juntos para o salão comunal para trocar de roupa, combinando de se encontrar no salão principal para irem juntos para a aula. Quando Annia chegou ao quarto encontrou a amiga já pronta. Se fosse outro dia Nina teria perguntado onde ela passou a noite e quando ela respondesse diria algo que levaria as duas a rir até as aulas começarem, mas naquele dia ela escolheu ficar quieta.

Se arrumou e seguiu com a Sonserina até o grande salão. Ela procurou Chris com os olhos e, quando o notou ao lado de Ronan seguiu para o fim da grande mesa das serpentes. Annia lançou um olhar ao namorado e seguiu a amiga, sentando-se ao lado dela.

—E então, como você está?

—Com vontade de matá-lo. –Respondeu bebendo suco de abóbora. –O pior é que ainda tenho que olhar pra cara dele nas aulas e no Quadribol.

—Não vai sair por isso não é? –A Malfoy disse cruzando os braços dando uma rápida olhada em Scorpius, que entrava no salão ao lado de Rose com um sorriso tão lindo quanto o da garota.

—Eu não sei Annia. –Suspirou. –Ele foi até o quarto falar comigo ontem.

—E o que ele disse?

—Que não se lembra. –Revirou os olhos suspirando. –Ele acha que eu sou idiota.

—Já pensou que isso pode ser coisa da Goulartt? Ela ficou insistindo desde a briga nos primeiros dias que ia se vingar de você, talvez...

—Não o defenda, por mais que ela seja uma vadia ele não transaria com ela se não quisesse.

Annia se calou e Nina olhou de novo para o ex-namorado. Ele tinha a cabeça baixa e os olhos no café da manhã sem demonstrar a mínima vontade de comê-lo. Ao seu lado direito estava Ronan e do esquerdo Amélia. Não sabia se ele a havia visto ali ou se a tinha convidado para sentar-se, mas olhá-los tão próximos a fez lembrar-se de quando os viu na cama abraçados, do modo como ele a puxou pra perto pouco antes de acordar da mesma maneira que fazia com ela.

E de repente toda a sua vontade de comer havia ido embora e os olhos verdes dele se fixaram nela. A garota se levantou e passou rapidamente pelo salão murmurando algo como “aula de transfiguração” que Annia não entendeu.

*-*

O fim do namoro era o principal assunto na aula de poções, o que só aumentou o mau humor de Chris. Ela não acreditara, e não a culpava, mas aquilo e a dúvida se havia ou não acontecido algo entre ele e Amélia Goulartt só servia para deixá-lo pior.

Nina não era idiota, assim como Ronan e Annia também não eram. Ele sabia o que “eu não me lembro” parecia, e se estivesse no lugar deles também não acreditaria, mas precisava fazer alguma coisa.

Esperou até o fim da aula e, quando todos os alunos começaram a sair para a próxima aula disse a Ronan que teria que fazer uma coisa antes. Foi até Amélia, que conversava com algumas garotas enquanto juntava os livros.

—Tenho que falar com você. –Um sorriso surgiu nos lábios dela e a garota olhou para as amigas.

—Podem ir na frente meninas, eu alcanço vocês. –Voltou seu olhar para o capitão do time da Sonserina e deu um passo à frente tocando seu rosto. –O que houve baby? Sentiu saudades?

—Não toque em mim. –Mandou fuzilando-a com o olhar, e ela logo obedeceu com o sorriso substituído por uma expressão de dúvida enquanto saíam da sala e iam para o corredor. –O que fez comigo?

—Do que está falando?

—Eu não me lembro do que aconteceu e sei que está por trás disso Goulartt! O que eu não entendo é o motivo para ter feito isso!

—Como assim não se lembra?! –A castanha cruzou os braços zangada e ele franziu o cenho estranhando a reação dela. –Não está falando do que eu acho que está não é?!

—Não se faça de desentendida Goulartt, não estou com paciência para você hoje... O que tinha na minha bebida?

—Não acredito que não se lembra Collins!

—Diga o que você fez comigo! –Ela se aproximou com um sorriso no rosto e olhando nos olhos dele, mas Chris não recuou.

—Eu te beijei e por mais que eu pensasse que não fosse corresponder você correspondeu. Me puxou pra perto, tirou o meu vestido - ou da Cohen, tanto faz - e...

—Cala a boca! –Mandou entredentes.

—Calma baby, eu sei o que fazer para se lembrar.

—É mesmo? –Perguntou com as sobrancelhas arqueadas.

—É simples, me encontre na sala precisa depois do jantar e farei com que se lembre de tudo, sei que você vai adorar.

Respirou fundo em busca de se acalmar e saiu, deixando-a falar sozinha. Se continuasse ali com certeza a mataria, e não estava nem um pouco afim de ir para Azkaban tão cedo. Será que ela estava falando a verdade? Que não havia feito nada para que acontecesse?