~Pov Rose

Eu ainda estava na enfermaria e provavelmente passaria a noite. Madame Pomfrey disse que, mesmo eu estando bem e nada tendo me acontecido, era melhor que eu ficasse devido às poções que ela havia me dado para que eu me acalmasse por causa do bicho papão.

Infelizmente eu ainda não havia falado com Scorpius. Era tudo o que eu conseguia pensar. Será que ele estava bem? Quero dizer, sei que ele estava fora da enfermaria e isso era um um bom sinal, mas será que, enquanto eu estava longe, Lucius disse ou fez alguma coisa?

A porta se abriu, o que fez meu coração saltar, mas mesmo não sendo ele eu sorri ao ver minha mãe caminhando em minha direção com algo para que eu comesse, estava morrendo de fome.

–Madame Pomfrey iria mandar aos elfos, mas pedi a ela para trazer, assim tenho um tempo a mais com você antes que ela me expulse. –Ela disse rindo e beijando meu rosto enquanto eu comia. –Sabe que não vai fugir dessa conversa por muito tempo não é Rose?

–Que conversa? –Perguntei sabendo exatamente do que ela queria falar.

–Sabe o quão grave foram suas atitudes? Pensou no que poderia acontecer se ele a encontrasse, como de fato fez? –Eu desviei meu olhar para o prato e ela suspirou, a preocupação tomando o lugar da expressão severa. –Querida, entende que nós poderíamos ter perdido você? Se ele quisesse mesmo não teria sido só um bicho-papão, por mais horrível que seja.

–Entendo mamãe. –Levantei os olhos de novo. –Eu só... Fiquei preocupada com ele. –Soltei a ultima parte em um sussurro após tomar coragem para dizer.

–Eu sei. –Minha mãe disse acariciando meus cabelos. –Gosta do Scorpius não é?

–O quê? –Corei olhando para qualquer lugar que não fossem seus olhos. –Não mamãe, nós somos primos e isso é errado.

–Parece que toda aquela reunião de família constrangedora que seu pai os colocou deu resultado afinal. –Ela riu. –Não precisa negar o que sente só porque alguém não concorda criança, além disso, não teria se arriscado por alguém que não é realmente importante.

–Eu fiquei com medo do que poderia acontecer, queria estar lá mesmo que não fosse ajudar!

–Eu sei bem como é, mas me promete uma coisa? –Eu a olhei esperando que ela falasse. –Não se arrisque mais, você não sabe do que Lucius é capaz meu anjo e eu não quero que se machuque.

–Tudo bem, eu prometo. –Minha mãe se aproximou de mim e me abraçou apertado. –Me desculpe.

–Eu te amo muito. –Ela murmurou beijando minha cabeça.

Foi quando as portas da enfermaria se abriram mais uma vez. De início não demos muita atenção, mas quando nos separamos eu pude ver que era Scorpius, o que me fez corar mais ainda.

–Scorp que bom que veio. –Minha mãe disse ao me ver olhando de mim pra ele e se levantou.

–Boa noite tia Meg. –O Sonserino disse se aproximando. –Eu posso voltar depois de quiser.

–Não, lógico que não. –Ela se aproximou dele. –Seu tio Rony me chamou, mas eu não queria que Rose ficasse sozinha. Fico mais tranquila sabendo que estará aqui.

–Posso ficar com ela até madame Pomfrey voltar se quiser.

–Seria ótimo, obrigada querido. –Por fim ela beijou o rosto dele e saiu nos deixando sozinhos. Ele ainda estava um pouco longe de mim, mas meio relutante foi se aproximando, até que se sentou em minha cama.

–Então, como você está? –Perguntou depois de algum tempo olhando pra mim.

–Bem e você?

–Melhor. –Scorp respondeu. –Eu fiz uma coisa pra você. –Completou meio envergonhado. –Não sei se ficou realmente bom e nem se devo lhe dar, mas... Acho que merece depois de tudo.

Curiosa eu o olhei enquanto o loiro tirava um pedaço de pergaminho do bolso. Olhou-o mais uma vez e então o estendeu pra mim, suas bochechas tão vermelhas quanto meus cabelos.

–Oh meu Merlin Scorpius! –Exclamei sorrindo ao ver um desenho de uma garota sentada em um jardim em meio a alguns livros e rosas. –Eu... Eu nem sei o que dizer! Quero dizer, eu sabia que era bom nisso, mas... Nossa! Ficou tão perfeito!

–É como eu a imagino daqui a alguns anos.

–Me imagina tão bonita assim? –Perguntei rindo e ele riu também.

–Pra falar a verdade eu acho que não é possível que fique mais bonita do que já é, mas sei que ainda vou me surpreender. –Eu corei olhando o desenho mais uma vez e depois encontrando os seus olhos. –Fiquei com medo do que ele poderia fazer a você.

Abaixei minha cabeça me lembrando do bicho papão, me dava arrepios só de pensar. Scorpius se aproximou de mim e segurou meu rosto para que eu o olhasse.

–Eu estou bem. –Falei.

–Não deveria se colocar em perigo por mim Rose.

–Era melhor coisa a fazer. –Cruzei meus braços irritada fazendo-o me soltar.

–Sabe que não era. –Ele interrompeu antes que eu dissesse mais alguma coisa. –Ele poderia ter te machucado!

–Quer brigar de novo por isso?

–Nunca mais, mesmo que ele apareça aqui e me leve de novo, nunca mais se coloque em situações de risco como essa. –Disse pausadamente enquanto meus olhos se enchiam de lágrimas. Tudo o que eu não queria era que ele insistisse naquele assunto idiota. Qualquer pessoa poderia me dizer isso, mas ele não. –Eu não suportaria se algo acontecesse por minha culpa.

–Está preocupado com culpa?! –Gritei incrédula.

–Estou preocupado porque me importo com você! –Ele gritou em resposta. –Ele é perigoso e eu sei que pode voltar por isso não a quero no meio do fogo cruzado, pelo mesmo motivo que meu pai não quer a minha mãe! Pode se machucar gravemente Rose!

–E que motivo seria esse? –Perguntei esperando que ele mudasse de assunto, mas Scorpius suspirou parecendo se acalmar.

–Precisa mesmo me ouvir dizer que amo você cabeça de fogo? –Perguntou olhando pra mim.

–O quê? –Falei com os olhos arregalados.

–Eu não sei bem o que isso quer dizer, mas... Olha, meu pai ama a minha mãe, por isso não quer que ela se machuque e quer estar perto dela o tempo todo mesmo que brigando. Ele quer cuidar dela, protegê-la de qualquer coisa que a faça mal mesmo que não tenha nada a ver com isso. É o que eu sinto em relação a você Rose.

–Então talvez eu também ame você. –Eu disse após um tempo fazendo-o rir.

Scorp se aproximou mais de mim e segurou meu rosto olhando em meus olhos. Aos poucos ele foi chegando mais perto até que seus lábios tocaram os meus e ele me beijou.

Dessa vez foi bem diferente do outro, já que ele se aproximou um pouco mais e não foi tão rápido como da última vez. Ficamos um bom tempo assim.

Eu ainda achava estranho e nojento quando meus pais faziam isso, mas quando ele me beijava era tão bom. Era como se a coisa mais estranha do mundo fosse também a melhor coisa dele.

Quando Scorpius me soltou e olhou pra mim de novo nós rimos, em seguida ele me puxou para um abraço apertado.

~Pov Nina

–Annia, por Merlin me ajuda! –Acordei minha amiga que de tão preguiçosa nem se mexeu com os barulhos que eu estava fazendo, diferente das nossas outras colegas de quarto. –ANNIA!

–O que foi? –Perguntou sonolenta enquanto olhava pra mim.

–Levante e me ajude a escolher uma roupa.

–Não está falando sério, está Nina? –Ela cobriu o rosto com o travesseiro, mas eu o tirei fazendo-a resmungar. –Não sabe o quanto eu a odeio agora.

–Por favor, eu não quero que a senhora Collins pense que sou uma vadia como as outras ou que me visto mal. Eu tenho que estar perfeita!

–Eu ainda mato você algum dia. –Resmungou se levantando e vindo cambaleando sonolenta até a minha cama.

–Eu separei essas três aqui, mas não consigo me decidir. –Falei mostrando-a.

–Ei essa é a minha jaqueta que está sumida desde o início do ano!

–Bem... Não está sumida mais. –Eu disse e ela revirou os olhos.

–Que tal se usasse a jaqueta e o short, mas essa blusa e não a vermelha? Combina mais com você. –Ela pegou uma das blusas que estava espalhada pela minha cama e me entregou.

–Obrigada sua linda, maravilhosa. –Agradeci sorrindo.

–Falsa. –Ela riu. –Alguém tomando banho?

–Goulartt. –Respondi e ela revirou os olhos. –Por sorte acordei mais cedo hoje, assim não precisaria esperar o banho mínimo de uma hora dela.

Após me vestir segui para o salão principal para tomar meu café da manhã. Annia se cansou de esperar a Amélia sair então resolveu juntar suas coisas e ir tomar banho no quarto do Ronan. Chris chegou pouco tempo depois de mim com a pequena Angel em seus braços. Desde que aprendeu a falar o nome do irmão ela não parava, o que a deixava ainda mais fofa e ele ainda mais convencido.

O senhor e a senhora Zabini iriam embora hoje, por isso tínhamos que voltar cedo com ela, por sorte Minerva havia autorizado o passeio com a pequena.

Caminhamos por Hogsmeade, ela em meu colo repetindo o nome dele e reparando em toda a movimentação enquanto ele segurava um pacote de doces da Dedosdemel.

Havíamos marcado na Casa de Chá de Madame Puddifoot, lugar esse que ele havia dito ser o favorito dela. Quando chegamos a encontramos já sentada próxima à janela.

A senhora Collins abriu um sorriso ao ver o filho, que nem hesitou em correr até ela e abraçá-la apertado e demoradamente, o que a fez derramar algumas lágrimas que ela secou antes que o moreno visse.

Me aproximei sentindo minhas bochechas queimando, e quando eles se separaram ela pegou a pequena Angel dos meus braços abraçando-a também. A pequena estava feliz em rever a mãe, já que não parava quieta. E então ela olhou pra mim. Chris passou uma das mãos pela minha cintura e olhou pra ela.

–Mãe, essa é a cabeça de fogo que eu falei.

–Me chamo Nina senhora. –Falei e ela sorriu.

–Por favor, querida me chame de Carolyn.

–Chis! –A pequena gritou nos fazendo rir.

–Acho que vou ganhar uma viagem para a Alemanha, já que ela falou o meu nome primeiro. –Meu namorado disse.

–No fundo eu desconfiava que ela falaria. Vamos, sentem-se.

Nos sentamos e pedimos algo pra comer. Chris odiava o lugar, mas para ele parecia o melhor de todos com ela ali.

–Seu pai me disse que sua irmã está na casa dos Zabini. –Ela comentou. –O que houve?

–Não a quero perto daquela mulher. –Respondeu simplesmente. –Ainda fala com ele? –Ela abaixou a cabeça e ele suspirou. –Não acredito mãe.

–Não quero que continue nessa briga, ele é seu pai e terão que voltar a conversar Christian.

–Sabe que eu não vou. –Ela bufou cruzando os braços, assim como eu, ela também sabia que era impossível de acontecer.

–E você? –A senhora Collins lançou o olhar a mim com um sorriso enquanto segurava seu colar que a pequena Angel tentava pegar. –Como conseguiu fazer meu filho deixar de ser o idiota que sei que era?

–Eu não era tão idiota assim. –Ele sorriu bebendo um pouco do chá que havia pedido e nós o olhamos com as sobrancelhas arqueadas.

–Eu não sei senho... Carolyn –Corrigi ao ver que agora ela olhava pra mim, o que a fez sorrir. –Acho que tudo começou com uma aposta que fizemos no início do ano.

–Aposta? –Ela perguntou interessada.

–Eu a desafiei a me derrubar da vassoura no Quadribol já que ela é batedora, como ela ganhou eu tive que convidar alguma garota pra sair então como sou irresistível e sabia que ela queria eu a convidei.

–Sabe que eu não queria. –Falei rindo e olhando-o.

–Se não quisesse não teria aceitado quando a convidei. –Ele me deu um selinho.

–Pode buscar um sapo de chocolate pra mim querido? –Carolyn pediu e ele revirou os olhos.

–Por que não diz de uma vez que quer ficar sozinha com ela? –Chris perguntou rindo e beijando meu rosto, em seguida se aproximou dela e fez o mesmo, depois pegou a irmã dos braços da mãe. –Quer vir Angel?

Em resposta ela disse o nome dele e os dois saíram, o que me deixou mais vermelha. Eu sabia que falaria com ela, mas estava com medo de que ela não gostasse de mim.

–É uma garota muito bonita Nina. –Ela disse. –E tem bom gosto musical.

–Obrigada. –Agradeci tomando um pouco do meu chá.

–Sou eu quem tem que agradecer querida. –Carolyn deu um sorriso, tossindo um pouco. –Eu sei que ele está mal por tudo o que está acontecendo entre David e aquela criança que ele chama de namorada, ainda mais porque estou fora de casa, mas sei que se ele está sorrindo é por sua causa.

–Sei que vê-la o deixou muito mais feliz Carolyn, ainda mais saber que está melhor. –Ela abaixou os olhos e balançou a cabeça. –Está melhor, não está?

–Não se preocupe comigo querida, estarei bem desde que meus filhos estejam.

–Senhora Collins ao menos diga a ele o que tem! Por favor, ele não para de pensar nisso, mas não quer perguntar ao pai.

–Se eu disser só vou assustá-lo mais, e isso é tudo o que eu não quero.

–É tão grave assim?

Mas antes que ela pudesse responder ele voltou, trazendo mais doces da Dedosdemel. Se sentou ao meu lado após devolver a irmã para os braços da mãe e lançou um olhar a nós duas.

–Está tudo bem? Estão sérias demais.

–Está sim querido. –A mulher respondeu olhando-o e sorrindo.

Mais alguns minutos conversando e logo teríamos que estar de volta à escola. Nos levantamos e seguimos pelas ruas de Hogsmeade até que chegamos à entrada da escola, onde teríamos que nos despedir. Eu ainda pensando na conversa que tivemos.

–Vai voltar pra casa? –Chris perguntou e ela negou.

–Não posso, só tirei o dia para ver você e sua irmã.

–Não vai me dizer o que tem?

–Algum dia talvez, mas hoje não. –Carolyn sorriu e vendo que ele parecia decepcionado com isso se aproximou beijando-lhe o rosto. –Não se preocupe, estou melhor.

–E se não estiver?

–Olhe pra mim garoto, acha que me deixariam sair se eu não estivesse mesmo bem? –Ela riu.

–Então por que tem que voltar? Por que não vai pra casa se está bem?

–Oh meu Merlin como você é teimoso. –Chris revirou os olhos. –Já disse que estou bem. Agora vão antes que se atrasem.

–Eu amo você. –Ele murmurou enquanto a abraçava demoradamente.

Após se despedir de Angel, o que fez a criança chorar, ela se aproximou de mim e me deu um abraço também.

–Foi um prazer conhecê-la querida.

–A senhora também. –Falei.

–Carolyn. –Ela corrigiu e eu ri.

–Não vou me esquecer da próxima, prometo.