~Pov Hermione

Draco ficou calado e emburrado até chegarmos em casa. Assim que entramos ele se sentou no sofá e pegou o Whisky, mas não um copo, a garrafa.

–Como se sente? –Perguntei me sentando ao seu lado, ainda com vontade de rir.

–Só um minuto. –Ele bebeu mais um pouco, respirou fundo e olhou pra mim. –Ainda estou com vontade de matar o Potter, não está funcionando.

–Draco se acalma.

–Como eu posso me acalmar?! Você viu aquilo?! Ele... Ele... AH EU NÃO QUERO ME LEMBRAR DISSO! –Eu gargalhei. –Ela ainda é um bebê! Não tem idade pra essas coisas! E isso não tem graça Hermione!

–Amor... –Chamei respirando fundo e tentando ficar séria. –Ela tem 17 anos.

–Mas continua sendo a minha princesinha!

–Então tá, pra você com quantos anos ela poderia começar a namorar?

–Eu não sei, uns 45?

–Nem eu tenho 45.

–Você não conta. –Ele bebeu mais encarando o nada. –Então era pra isso que aquele pirralho queria que ela fosse na casa dele quando eram menores.

–Ele tinha 7 anos, só queria brincar!

–“Brincar” eu estou vendo que tipo de brincadeira era! Eu estou de olho nele Hermione.

–Deixe os dois! Ele é um bom garoto, não vai fazer mal a ela.

–Ela ainda é um bebê! E eu não deixo os dois, ele... Você viu aquilo? Ele deixou de ser um bom garoto quando tirou a inocência da minha menina na minha frente.

–Você é insuportável sabia?

–E sabe quem é o culpado por isso?

–James? –Perguntei rindo.

–Exatamente!

–Cala a boca Malfoy. –Mandei beijando-o.

O loiro deixou a garrafa de lado e se aproximou de mim segurando minha cintura enquanto me beijava. Eu sentia o gosto de Whisky em sua boca, coisa que eu estava acostumada e que eu até gostava.

Aquele beijo voraz me fazia sentir como se eu estivesse em chamas. Ele tirou meu casaco e me deitou no sofá, distribuindo beijos pelo meu pescoço. Aquilo estava me enlouquecendo.

Tirei sua blusa rapidamente e Draco soltou meus cabelos, passando seus dedos entre os fios bagunçando-os. Suas mãos foram subindo por dentro de minha blusa, chegado ao meu sutiã, mas ele não tirou. Um barulho no andar de cima nos assustou, fazendo com que nos separássemos pegando as varinhas.

–O que foi isso? –Perguntei.

–Não sei. Fique aqui okay? Eu vou subir pra ver.

–De jeito nenhum! Nós vamos juntos. –Ele olhou em meus olhos pronto para reclamar e me mandar ficar, mas ele sabia que não adiantaria. Outro barulho fez com que ele pegasse minha mão e me puxasse pra perto, subindo as escadas na minha frente.

Passamos pelo quarto de Annia e Scorp, mas não vimos nada. Quando entramos no nosso percebemos uma coruja na janela, o que nos fez respirar aliviados. Aquela era a coruja de James. Ela sobrevoou o quarto, jogou o envelope aos nossos pés e saiu.

Eu peguei o envelope e Draco cruzou os braços acho que se lembrando do que houve entre James e Annia. Mas para minha surpresa a carta não era dele.

“Eu posso estar bem mais perto do que vocês imaginam... As crianças cresceram desde a última vez.”

Não havia nada mais ali, apenas aquela frase. Dentro do envelope encontrei várias fotos. Uma de Annia, outra do Scorp, Rose, James, Lily, Alvo e Ronan. Minhas mãos ficaram trêmulas e eu corri até o celular, ligando para Harry rapidamente. Draco veio atrás de mim.

–Alô?

–Gina, onde está o Harry?! Ele está aí?! Eu preciso falar com ele!

–Oh meu Merlin, se acalme, eu vou passar pra ele. –Disse a ruiva parecendo preocupada.

–Mione?

–Harry, por favor, diga que já tem aurores em Hogwarts. Eu estou tão preocupada!

–Aconteceu alguma coisa? Você está chorando? –Mas Draco pegou o celular colocando-o no viva-voz para que eu pudesse ouvir, e me abraçou me acalmando enquanto as lágrimas que eu nem tinha percebido que começaram a cair aumentavam junto com a minha preocupação.

–Potter?

–Estou aqui.

–O ministério já mandou aurores para Hogwarts ou não?

–Alguns, mas o que aconteceu?

–Lucius mandou uma carta e... Por favor, mande-os ficar de olho nas crianças.

–Carta? O que estava escrito?

–“Eu posso estar bem mais perto do que vocês imaginam... As crianças cresceram desde a última vez.”

–Vou falar com a Minerva agora mesmo.

–Obrigado. - Após desligar o loiro me abraçou e me beijou enquanto acariciava meus cabelos. –Ele não vai fazer nada com ninguém dessa vez, você vai ver.

Eu balancei a cabeça tentando acreditar e ele beijou minha testa. A campainha da casa tocou e nós descemos juntos, eu secando os meus olhos. Draco abriu a porta e uma garota dos cabelos vermelhos pulou em seus braços o abraçando. Era Meg, e atrás dela estava Rony, que logo veio me abraçar. Eles haviam acabado de voltar de viajem e provavelmente não sabiam o que estava acontecendo.

–Oh meu Merlin eu estava com tantas saudades de vocês! –Ela disse soltando o irmão e correndo para me abraçar.

–Somos duas! –Falei soltando-a e olhando pra ela. –Seus cabelos estão lindos!

–Obrigada. –Ela sorriu. –Pensei “sou uma Weasley, vai ficar legal”, e sem querer ficou vermelho, não ruivo como o deles, mas eu gostei.

Nós seguimos juntos para a cozinha enquanto eles falavam da viajem. Planejavam fazer de novo nas férias e levar Rose, até nos chamaram pra ir! E eu acho que se tudo der certo e Lucius for preso nós vamos.

–Vai ser perfeito, as crianças vão amar! –Meg sorriu. –Só seria melhor se Rose tivesse ido.

–Vocês precisavam de um tempo pra vocês, ela mesma disse isso.

–Eu concordo, mas ela precisa conhecer! –Foi a vez do ruivo dizer. –E vocês? Como andam as coisas aqui em Londres?

Draco e eu nos entreolhamos e ele resolveu falar. Não queríamos dar essa notícia assim, mas eles precisavam saber, ainda mais depois dessa carta. Rose corria perigo como todos os outros.

–Que caras são essas?

–Lucius voltou. –Ele disse e os dois arregalaram os olhos preocupados. –Atacou a colega de quarto da Annia e hoje nos mandou isso. –O loiro pegou o envelope entregando-o para o cunhado.

–Mas isso... Rose...! Acha que ele vai...? Precisamos fazer alguma coisa!

–Há alguns aurores na escola, mas mesmo assim eu estou com tanto medo! –Falei.

–Acha que ele pode fazer algo com as nossas crianças?

–Eu não duvido que faça...

~Pov Rose

Scorp e eu ainda estávamos presos no armário de vassouras. Já estava escurecendo e se ninguém me ouvisse gritar teríamos que passar a noite aqui. Ele estava sentado no chão com a cabeça abaixada, não havia dito nada e aquilo estava me preocupando, principalmente o fato de que ele precisava ir até a Madame Pomfrey.

–POR FAVOR! –Gritei batendo na porta. –ALGUÉM?!

–Cala a boca Weasley, ninguém vai te ouvir. Depois de Hogsmeade nenhum aluno fica andando pelos corredores procurando garotos presos em armários. –Eu bufei cruzando os braços e me sentei ao seu lado.

–Seus olhos ainda doem? –Murmurei preocupada e ele apenas balançou a cabeça. –Martin te bateu muito? –Scorp não respondeu, continuou do mesmo jeito que antes. –Me desculpe por não te ouvir quando tentou me avisar.

–A culpa não foi sua, você não sabia dessas apostas. - Ele levantou os olhos se virando pra mim, seu olho estava roxo pelo soco. Mesmo preocupada eu não disse nada. –Para de chorar cabeça de fogo.

–Eu não estou chorando. –Falei rápido secando os olhos.

–Você não sabe mentir.

–Como sabe que eu estou chorando? Consegue ver? –Perguntei esperançosa.

–Eu enxergo embaçado e escuro, mas eu consigo ver os seus olhos. –Eu corei, sorte que ele não viu isso.

–Está com raiva de mim?

–Eu sempre estou com raiva de você. –Eu dei um leve sorriso.

–Sinto muito, se eu não fosse tão idiota nós não estaríamos aqui agora e ele não teria feito nada disso com você.

–Se você continuar chorando eu vou te dar um Crucio. –Eu me calei e ele aproximou sua mão do meu rosto lentamente, secando algumas das minhas lágrimas. –Você não é idiota, ele sim.

–E se você ficar cego? Temos que ir á Madame Pomfrey!

–Pela milésima vez, eu não vou ficar cego, e muito menos ir até a Madame Pomfrey.

–O quê? Por que não? Vai sim!

–Eu sei que eu estou com um olho roxo e ela com certeza vai perguntar o que aconteceu. Eu não vou dizer, então tenho que evitar a Annia pelo menos até isso sumir.

–Scorpius, por favor, vá até lá! O que custa dizer o que houve?

–Eu não vou deixar aquele imbecil do seu namoradinho se achando. Ele pode ter me batido, mas isso é um assunto nosso, eu tenho que resolver.

–Vocês brigaram por minha causa, e se disser que ele é o meu namoradinho mais uma vez eu vou te bater.

–Se você falar alguma coisa eu vou te prender aqui. Não negue, eu sei que gosta do Jenkins mesmo ele sendo um idiota.

–Eu já estou presa aqui. E EU NÃO GOSTO DELE!

–Eu não acredito em você.

–Acha que eu gostaria depois de tudo isso?

–Eu não sei, me diz você.

–Você é um idiota.

–Isso não responde a minha pergunta.

–EU NÃO GOSTO DELE, APENAS O ACHAVA GENTIL E LEGAL, MAS QUE DROGA MALFOY! POR QUE NÃO PODE SER AGRADÁVEL PELO MENOS UMA VEZ NA VIDA?!

Ele ficou calado por longos minutos, e quando eu achei que tinha desistido de falar Scorp simplesmente se virou pra mim. Estava tão escuro e frio naquele armário...

–Se não gostava dele por que ficavam andando juntos o tempo todo?

–Como eu disse, eu o achava gentil, gostava da companhia dele.

–Hum...

–Mas e você?

–Eu?

–Não está gostando de nenhuma garota? –Ele franziu o cenho me olhando como se eu tivesse enlouquecido. –Pode falar, quem sabe eu a conheça... Prometo que não digo nada.

–Tem uma garota. –Ele começou. –Eu não sei por que, mas eu fico desenhando ela o tempo inteiro, e eu nem gosto dela!

–Se não gosta por que a desenha?

–Eu não sei! Quando eu vejo ela já está lá me olhando... O sorriso dela é lindo.

–Quem diria, Scorpius Malfoy ama alguém.

–Não amo nada. –Eu o encarei duvidando e ele revirou os olhos. –Acho que vamos ter que passar a noite aqui.

–Estou começando a pensar nisso também. Eu estou com fome, e você precisa ir a Madame Pomfrey.

–Como eu disse, eu não vou ir à enfermaria, e nós vamos ter que esperar até o horário do café da manhã. Se alguém passar por aqui nós chamamos. –Eu concordei e ele se deitou no chão gemendo.

–Ainda está doendo?

–Não se preocupe comigo, descanse, ou pelo menos tente.

–E se tiver ratos?

–Eles vão ver o seu cabelo, achar que é uma tocha e ir embora.

–Nossa, como você é engraçado. –Ironizei.

–É um dom. Deita logo Weasley, deixe de ser fresca.

–Eu não sou fresca!

–Então prove. –Meio relutante e com medo dos ratos eu me deitei longe dele. Precisamos sair daqui logo já que se ficássemos ou nos mataríamos ou morreríamos de fome. -Boa noite Red.

–Boa noite idiota.

Alguns minutos depois eu ainda não havia conseguido dormir, diferente dele. Eu ficava pensando no que aconteceu hoje, e eu teria pensado nisso por mais tempo se um barulho não tivesse me assustado. Me aproximei do meu primo e o sacudi, chamando-o e o acordando.

–Scorp?

–Hum...

–Scorpius... –Continuei chamando.

–O que quer?

–Eu ouvi um barulho.

–Vai dormir, deve ser só um rato.

–Eu não vou dormir, pelo menos não assim, você sabe que eu tenho medo de ratos!

–Eles não vão fazer nada com você, me deixa dormir.

–Eu posso dormir do seu lado? Por favor?

–Se prometer não me acordar de novo tudo bem.

–Eu não vou.

O loiro arredou um pouco para o lado me dando espaço e eu me deitei. Scorp ainda gemia um pouco quando se mexia. Amanhã eu tentaria convencê-lo a ir à enfermaria.

–Me desculpe por tudo o que houve.

–Não precisa se desculpar.

–Ainda dói?

–Vai melhorar. Rose eu já disse que eu estou bem!

–E os seus olhos? Espera... Você me chamou de Rose? –Eu sorri esperando a resposta, mas ela não veio.

Scorp estava com os olhos abertos, mas não conseguiu responder. Ficamos assim, em silêncio o resto da noite. Eu não dormi e acho que nem ele, já que ás vezes eu o pegava olhando pra mim.