~Pov Annia

Fiquei sozinha naquele jardim por mais alguns minutos pensando no que aconteceu. É sério? Eu tinha mesmo beijado James Potter? Eu toquei meus lábios e fechei os olhos pensando no que ele tinha me dito.

–Não estou dizendo pra você perder as esperanças e nem nada disso, mas você sabe que não o vejo assim.

–Não. Eu sei que você nunca tentou me ver como algo assim. Já parou pra pensar nisso? Não? Pois devia. –Ele nem me deu tempo de resposta, apenas beijou meu rosto e se levantou. –Boa noite, e bem-vinda de volta. E não se esqueça, pense nisso.

O pior de tudo é que ele estava certo. Eu nunca tentei o ver como algo assim. Não fazia sentido pra mim.

Resolvi deixar para pensar nisso depois e me levantei indo em direção ao meu dormitório. Quando cheguei lá, Nina estava penteando seus fios ruivos enquanto Amélia estava sentada em sua cama abraçada a um unicórnio rosa de pelúcia, apertando-o com raiva. E Ruby, nossa outra colega de quarto estava em sua cama lendo.

–Aproveitou com ele não foi?! –Goulartt perguntou assim que eu me sentei e eu suspirei.

–O quê? –Perguntei saindo de meus devaneios.

–Vai se fazer de desentendida agora Malfoy?! Eu sei que estava com o Ronan!!

–Eu não...

–Pelo que vi vocês dois terminaram hoje, qual o problema de Annia estar com Ronan? –Nina interrompeu sorrindo e soltando a escova. Ela cruzou os braços, parando ao meu lado e eu também sorri.

–Fique na sua Weasley perdida, essa conversa ainda não chegou na Toca!

–Ora, por favor, Goulartt você e eu sabemos que eu não sou uma Weasley e mesmo se eu fosse, com certeza a conversa já chegou na Toca, já está até no pasto, afinal, você está aqui conversando com a gente. Embora eu não a ache uma vaca muito inteligente. –Nós duas nos seguramos pra não rir enquanto a fúria nos olhos de Amélia ia crescendo. Ela olhava Nina como se fosse matá-la.

–Vadia...! –Amélia se aproximava cada vez mais de nós.

–Puta! –Falei. –Tem certeza que vai querer sair no tapa com nós duas no primeiro dia de aula Goulartt? Considerando o fato de que você está sem as suas amiguinhas aqui e que nós somos duas?

–Não. Eu não vou brigar com vocês, não vale a pena, mas é bom você saber Cohen, não deveria falar assim comigo, sei de muitas coisas sobre você e eu posso muito bem me aproveitar delas um dia.

–Aguardarei ansiosamente. – Nina disse com um sorriso divertido.

–Pode aguardar. E você Malfoy, se não quiser acabar como a sua amiguinha um dia vai, é melhor se afastar do Ronan!

–Muito engraçado. Você fala como se eu tivesse medo de você, coisa que eu não tenho. Entendeu agora ou é muita coisa pra sua mentalidade de vaca?

–Não sei, é pra sua filhote de Comensal?! –Ela viu como aquilo me afetou e sorriu.

Tudo bem falar de mim, mas não meta meu pai nisso. Rapidamente tirei minha varinha do cós da calça e empurrei Amélia com força na parede, colocando a varinha no pescoço dela. Ruby apenas soltou um gritinho enquanto largava o seu livro.

–Não ouse falar do meu pai sua vadia! –Ela gargalhou.

–Não estou mentindo, estou? –Apertei mais a varinha em seu pescoço. –Vai fazer o quê? Usar uma das maldições imperdoáveis que seu paizinho te ensinou? Será que o pirralho do seu irmão também já está aprendendo ou ainda não tem idade suficiente? –Meus olhos se encheram de lágrimas. Não lágrimas de tristeza, mas sim de raiva. –Com quantos anos seu querido vovô Lucius começou a ensinar pro seu pai traidor do sangue?

–Annia, não... –Nina disse colocando uma das mãos sobre o meu ombro. Ela sabia que se não me impedisse eu não ligaria de matá-la ou torturá-la ali. Ela não sabe o que aconteceu, não sabe o que meu pai passou, portanto não tem direito de dizer uma palavra.

–Escute aqui Parkinson, não use essa boca suja pra falar da minha família. Eu posso muito bem falar da sua se eu quiser. Que tal a sua mãe? Sei que metade dos pais dos alunos daqui já dormiu com ela. Como se sente sabendo que a sua mãe é uma rodada que ainda não superou o fato de que meu pai nunca vai olhar pra ela como olha pra minha mãe, quem você e ela julgam como se fosse inferior só por ser nascida trouxa?! – O sorriso sumiu do rosto dela. –Nunca mais fale do meu pai! –Eu abaixei minha varinha lentamente.

–Pelo menos ela não é uma imunda como você Granger!

Revirei os olhos e fui em direção a minha cama, deitando-me e deixando-a lá. Até nossas brigas eram como as de nossas mães, por Merlin! “Parkinson... Granger” suspirei cansada e me virei, deitando-me de lado.

Logo meus pensamentos voltaram a James. Será que daria certo se um dia nós ficássemos juntos? Ele é tão perfeito e bom comigo, mas eu ainda gosto do Ronan, e ficar com James sabendo disso é horrível da minha parte. Não quero usá-lo para esquecer.

Por que James Potter você tinha que me fazer ficar assim? Eu juro por Merlin que queria dar uma chance á ele, mas não é ele que eu amo e eu não quero magoá-lo. Embora eu saiba que há chances de dar certo eu não quero usá-lo para esquecer Ronan e mesmo que essa não seja a minha intenção eu sei que vai acabar sendo assim se eu lhe der chances. Apesar de tudo James ainda é meu melhor amigo, não posso fazer isso com ele.

*-*

Nem consegui dormir direito essa noite. Os nomes de James e Ronan ficaram rodando na minha cabeça até tarde. Por fim eu desisti de tentar dormir e me troquei. Escrevi uma carta aos meus pais dizendo que estava tudo bem antes que minha mãe aparecesse aqui na escola pra saber por que não escrevi e resolvi ficar lá um tempo sozinha para que eu pudesse pensar, mas eu ouvi um barulho e me virei.

Lá estava Ronan. Ele também carregava uma carta nas mãos, sabia que tia Luna também apareceria aqui se ele não escrevesse. Ele sorriu ao me ver e eu também.

–Bom dia. –Falei reparando em seu cabelo bagunçado.

–Bom dia. Também se esqueceu de escrever ontem?

–Sim. –Nós rimos. – E então, por que está acordado há essa hora?

Ele pegou sua coruja e lhe entregou a carta olhando-a até que sumisse de vista.

–Não consegui dormir então resolvi fazer algo que fosse mais útil do que ficar deitado.

–Ainda pensando nela?

–Não só nela. Por incrível que pareça eu estou bem. Pelo menos acho que estou bem. E você, por que está acordada há essa hora?

Porque beijei James ontem, mas te amo e estou me sentindo como se estivesse brincando com ele. Por isso não dormi e assim como você resolvi fazer algo que fosse mais útil do que ficar deitada na cama pensando em vocês dois.

–Nada de mais. Só perdi o sono.

–Huum... Sabe que pode me contar tudo né?

–Sei.

–Você teve mais pesadelos?

–Não. Estou bem, é sério.

–Se precisar de mim pra qualquer coisa eu estou aqui okay? –Ele me abraçou apertado e beijou meu rosto.

–Obrigada Ronan. –Fechei os olhos sentindo seu cheiro e flutuando com aquele rápido abraço. –Animado para as aulas? –Disse assim que ele me soltou.

–Claro, adoro deveres e mais deveres! –Ele disse rindo irônico. –Então, vamos tomar o café da manhã?

–Vamos vou aproveitar e falar com Scorp.

–Considerando o excelente humor dele todas as manhãs você não acha que deve esperar um pouco?

–Tem razão. –Nós rimos. –A única coisa que o faz sorrir de manhã se chama brigar com Rose Weasley, o que deve começar daqui a pouco.

–Isso se já não começou.

–Como Chris está?

–Ainda bravo com o pai e provavelmente também deve estar brigando com uma certa ruiva.

Ele passou o braço em volta de mim e nós fomos até o salão principal, onde, de fato, encontramos Rose brigando com Scorp.

–Se eu não fosse sua prima eu juro que matava você!! –Ela disse ficando da cor dos cabelos.

–Eu não fiz nada ruiva!

–NÃO ME CHAME DE RUIVA!

–Mas você é ruiva, quer que eu te chame de loira?

–Nossa Lily, como você consegue ter tão bom humor quando este garoto está por perto?!

–Rose ele...

–Não responde! –Rose a interrompeu. –Quer saber Scorpius, pode me provocar, mas no dia que eu cansar de você é bom você correr, porque eu sei onde você mora e tenho acesso livre pela casa, um dia eu vou esquecer que somos primos e vou...! –Ela abaixou a cabeça e parou de falar.

–E vai...? –Scorp perguntou.

–Não vou discutir com você sobre isso, acha que serei idiota a ponto de contar meus planos?! –A ruivinha cruzou os braços. –Como tio Draco e tia Herms conseguiram ter um filho tão chato como você?

–Digo o mesmo da tia Meg e do tio Rony.

–Alguém me explica o que está acontecendo aqui? –Pedi, mas fui ignorada com sucesso.

–Não estou com seu colar da sorte. –Scorp disse e ela levantou o olhar pra ele, desviando rapidamente e sentando-se para tomar seu café da manhã e ignorando-o, o que o fez suspirar nervoso.

–Anda logo Nina, admite! –Chris disse com um sorriso safado no rosto, vindo atrás de Nina, que parou ao nosso lado.

–Admitir? O que eu ganho falando isso?

–A minha felicidade ué!

–Chris, se quer que eu diga algo não é assim que você vai conseguir isso. A sua felicidade? Fala sério!

–É só dizer que eu sou lindo. Eu sei disso e você sabe também. O que custa dizer?

–Custa a minha dignidade. –Ela disse cruzando os braços. – Além disso, tem caras beeem mais bonitos que você aqui, por Merlin!

–Quem, por exemplo? –Ele cruzou os braços, ficando sério.

–Esqueça isso Collins e pare de me infernizar! Por que não vai atrás de uma das suas putinhas?!

–Talvez eu vá!

–Ótimo! Assim você me deixa em paz! –Ele bufou de raiva. – O que está esperando?! Um convite formal para se retirar? SAI!

–Estou esperando você me dizer quem!

–Então espere sentado, porque da minha boca não vai sair nada. –Nina disse seguindo para a mesa da Sonserina e sentando-se para tomar seu café.

–Qual o problema dessas ruivas afinal?! –Chris disse olhando pra ela nervoso enquanto ela o ignorava.

–Também queria saber. –Scorp murmurou ao lado dele olhando para Rose.