~Pov Annia

Finalmente, depois de horas de viajem nós chegamos à escola. Ronan continuou calado o resto da viajem. Chris continuou brigando com Nina enquanto eu, Alison e James conversávamos sobre Hogwarts.

A tristeza nos olhos de Ronan estava me machucando, mas se eu perguntasse alguma coisa era provável que eu não receberia resposta. É o jeito dele. Quando está magoado não fala com ninguém. O trem parou e todos se levantaram ansiosos para sair logo de lá.

—Podem ir na frente, preciso fazer uma coisa. – Falei e todos seguiram, mas peguei Ronan pelo braço e o puxei impedindo-o de continuar. –Você não. Preciso conversar com você.

Ele me olhou e suspirou cansado, voltando e se sentando novamente.

—Que foi? –Ronan perguntou cruzando os braços. Sabia que se me ignorasse nós nunca sairíamos de lá.

—Olha, eu sei que você a ama, e que está doendo, mas... –Ele bufou de raiva e se levantou de novo, me olhando magoado por ter tocado no assunto. – Você não vê que ela não merece você? Ela sempre inventa algo e você fica se matando por causa desse relacionamento de vocês que só se resume em brigas... Não acha que é hora de você seguir? Que ela não merece que você fique mal?

—No fundo eu sempre soube que nunca daria certo... –Ele murmurou dando um sorriso triste. –Sabe quando você sabe que algo vai dar errado, mas você gosta muito e tenta fazer dar certo, mas nunca dá? –Assenti. –É assim que eu me sentia quando estava com ela, mas eu gostava de tudo, até da maneira mimada dela. –Ele sorriu de novo provavelmente pensando nela.

—Por que continuou se achou que nunca daria certo?

—Porque eu a amo. Mesmo sendo insuportável, implicando sem motivos, mesmo não se dando bem com a minha mãe... –Ele deu de ombros. –Só tinha esperanças que eu estivesse errado.

—Você devia falar com ela. Dizer que a ama e voltar com ela. –Não Annia, não é hora de chorar. –Se vai ser mais feliz com ela devia procurá-la.

—Não, eu cansei de brigas e de tudo. Chris estava certo, até que eu demorei demais para desistir dela.

—Então eu não quero ver você mal. –Ronan revirou os olhos. – Promete? Vai parar com essa tristeza toda e colocar os pés naquela escola como um verdadeiro Sonserino faria? Com direito a sorriso e tudo?

—Prometo. –Ele se aproximou de mim e me abraçou apertado. –Obrigado pela bronca. –Ele riu e me soltou, pegando a minha mão e fazendo-me sentir um formigamento. –Agora vamos?

—Vamos!

*-*

Entramos juntos no Salão Comunal e nos sentamos lado a lado. A diretora Minerva fez um breve discurso nos dando as boas vindas e logo começou a seleção das casas.

—Abner Thaner. –A garota morena dos olhos escuros sentou-se no banquinho.

—GRIFINÓRIA! –Os Grifinórios explodiram em vivas para recebê-la.

—Alison Delacour.

Alison sentou-se no banquinho e todos no salão pararam perplexos. Ela baixou um pouco o olhar, envergonhada e Minerva logo colocou o Chapéu Seletor em sua cabeça. Amélia a fuzilou com o olhar e depois encarou Ronan – que também estava curioso pra saber em que casa ela entraria – mas ele apenas desviou o olhar, como se não a tivesse visto.

—Huun... Parece que temos uma descendente de Veela aqui, mas vejo que não gosta muito disso. Tem o temperamento forte como o de uma boa Sonserina, mas não... Sonserina não será o melhor para você. Veremos a Grifinória... Ou Lufa-Lufa?... Já sei! CORVINAL!

Os garotos Corvinos explodiram em vivas, mas já as garotas a olhavam como se tivesse feito algo errado. Alison apenas se sentou e fingiu que não viu as garotas que a olhavam com raiva. Não eram todas, mas uma grande maioria.

— Thomas Bradwey. –A diretora chamou e ele sentou-se no banquinho.

—LUFA-LUFA! –Os lufanos aplaudiram dando as boas vindas ao garoto.

A seleção das casas seguiu e logo o banquete foi servido. Amélia tinha parado de chorar, e agora encarava a mim e a Ronan com ódio. Ele por ter terminado tudo e eu por ter entrado no salão de mãos dadas com ele. Provavelmente quando chegássemos ao dormitório teríamos uma discussão feia.

—E então Chris como foi o jantar com o seu pai e a namorada nova? – Ronan perguntou.

—Imaginem um jantar péssimo. Agora multiplica isso por... Sei lá, 30000.

—Foi tão ruim assim? – Nina disse.

—Não. Eu estou sendo gentil. Estava pior.

—A namorada dele pelo menos é legal? – Minha vez de perguntar.

—É uma garota mimada que tem a minha idade e que só está interessada no dinheiro dele.

—Ela tem a sua idade? –Ele balançou a cabeça e se levantou.

—Vou escrever uma carta pra minha mãe. Nem imagino como deve estar aquela casa. Minha mãe depressiva chorando o dia inteiro e a Angel chorando porque não entende o que está acontecendo. –Chris foi embora do salão sozinho.

—Angel é a irmã dele? –Nina perguntou e Ronan assentiu. –Quantos anos ela tem?

—Sei lá, acho que tem um.

—E o pai dele os deixou assim do nada?

—Não sei. Ele nunca me disse o motivo do pai ter ido embora.

—Com licença, mas vou ter que roubar a Annia de vocês por um tempinho. –James disse sentando-se ao meu lado, no lugar que fora de Chris.

—Vai lá. –Nina disse dando de ombros.

Me levantei e segui com James para o jardim. Nós nos sentamos no chão e ele me olhou sorrindo.

—Que foi?

—Nada não. Então, Ronan terminou mesmo com a Goulartt?

—Terminou. –Falei dando um sorriso leve.

—Uuhn... Annia, eu posso te perguntar uma coisa?

—Claro.

Ele ficou calado por um bom tempo, e quando dirigi meu olhar para ele, recebi um beijo calmo que foi aprofundado por ele fazendo-me viajar. Sua mão estava em minha nuca e a minha estava em sua gravata.

Sim, eu estava beijando James Potter e estava gostando do beijo dele. E gostando muito, por mais estranho que tenha sido beijá-lo. Não, eu não posso ficar dando-lhe esperanças. Entre nós dois só há amizade, não o vejo como algo além.

De repente minha mente foi parar em Ronan. Eu ainda gosto dele, e gosto muito. Quando James pegou minha cintura eu o soltei, respirando fundo e olhando em seus olhos.

—James... –Falei e ele sorriu pra mim.

—Pergunta respondida.

—O quê?

—Minha pergunta era “Se eu te beijasse você iria retribuir?”. Como se eu perguntasse pra você sua resposta seria um óbvio “Não James, perca as esperanças eu não gosto de você assim e blá, blá, blá” eu resolvi tirar a prova.

—Não estou dizendo pra você perder as esperanças e nem nada disso, mas você sabe que não o vejo assim.

—Não. Eu sei que você nunca tentou me ver como algo assim. Já parou pra pensar nisso? Não? Pois devia. –Ele nem me deu tempo de resposta, apenas beijou meu rosto e se levantou. –Boa noite, e bem-vinda de volta. E não se esqueça, pense nisso.