Poder. Definição: "Do latim, potere; é o direito de deliberar, agir ou mandar; exercer autoridade, a soberania, ou o império de dada circunstância ou a posse do domínio, da influência, ou da força."

Infelizmente, este não era o caso para o tipo de poder que fora exercido à desengonçada garotinha de dez anos. Na verdade, foi o tipo de poder que traçou o seu destino, pegando a curva errada para uma rota desconhecida da qual não havia volta, nem chegada.
Metáforas à parte, ela era uma potencial; uma entre outras milhares de garotas de todas as idades, e O Poder deveria ser atribuído a apenas uma delas, até que um belo dia quase-apocalíptico, uma deusa de cabelos vermelhos concebeu os poderes à cada uma das potenciais, traçando um rumo diferente para a vida de todas elas. Elas eram as Escolhidas, ou como muitos se dirigiriam às mesmas, elas eram [pausa dramática] as Caça-Vampiros.

Mas o que faz desta garotinha tão especial?

A resposta, francamente, seria nada. Pelo menos nessa linha temporal.

...

O fogo se proliferava por cada canto de todas as cidades de um mundo em decadência; vampiros, demônios, e até mesmo espécies não-identificadas caminhavam sob o mesmo solo que um dia pertencera aos mortais, mas agora se abrigavam em esconderijos subterrâneos, invertendo os papéis com as criaturas da noite.

Tudo havia começado na pacata cidade de Sunnydale, no sul da Califórnia, sobre a Boca do Inferno -- ou pelo menos, uma delas, que são espalhadas por todo o mundo -- que nunca foi fechada. Pelo menos não nessa realidade.
Nessa realidade, a poderosa bruxa de cabelos vermelhos foi atacada antes de poder realizar o feitiço que mudaria a vida das potenciais a serem A Escolhida. O vampiro de cabelos platinados virou poeira pouco antes de deixar o amuleto que carregava em seu pescoço exercer o seu papel de salvar o mundo, A Caçadora e suas potenciais foram todas brutalmente assassinadas por Uber-Vampiros. Tudo havia dado errado.

Foi uma questão de tempo até que a próxima Escolhida fosse acionada, apenas para ser assassinada, respectivamente (ou, muitas vezes, não na mesma ordem). Muitas delas morriam sem nem ao menos saber quem eram, ou até mesmo o porquê. O Primeiro -- o caçador de Potenciais -- simplesmente as encontrava, e se certificava de que as mesmas não reagissem no futuro. Até que havia restado uma unica sobrevivente… Uma garota tão ordinária que mal pôde ser localizada. Nenhum dos "caçadores de caçadoras" descobriram o seu paradeiro. Ela era praticamente inexistente, uma criança perdida no mundo, que mal sabia da responsabilidade que enfrentaria por ser a unica sobrevivente entre milhares.

Como isso era possível, ninguém sabia. Por algum motivo, havia algo a protegendo; fosse um feitiço, ou não, era tudo o que fazia dela especial. Ela era tão comum, que ninguém conseguia localizá-la. Uma pálida garota raquítica de 10 anos, e ela era a última Caçadora da história. Ninguém acreditaria que aquela mesma garotinha, salvaria o mundo um dia.

Uma criatura de pele cor de bronze (que possuía possíveis trejeitos femininos) abriu seus grandes olhos, duas grandes lacunas brancas ocupavam inteiramente suas córneas, inexpressivamente cheias de informações. Esta era a última vez que a criatura se encontraria espiando outras linhas temporais.

"Eu acho que temos uma vencedora." Anunciou, em um tom preciso.

Uma segunda criatura com características bastante semelhantes -- olhos inexpressivos, uma pele dourada coberta por ruinas de um azul prateado e em trajes tipicamente greco-romanos, mas de trejeitos masculinos -- pareceu intrigada.

"Nome." Ordenou.