13 Rotas escrita por Um Moletom Cinza


Capítulo 3
Marcel - Far Too Young To Die 3/3


Notas iniciais do capítulo

Voltei a dormir era umas 3:00 da manhã, eu estava meio indisposto, revirei um pouco na cama, eu me sentia como aquele garoto, senti todas as sensações que ele estava sentindo, estava com um sentimento ruim, uma sensação horrível, mas por fim acabei dormindo.



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Aquela noite foi terrível para mim, me contorcia na cama, era como se uma faca estivesse entrando no meu peito acertando diretamente meu coração, era um aperto, uma dor que eu não queria mais sentir. E meu fim de semana tinha sido estragado no começo, em plena sexta feira. Minha semana tinha começado uma desgraça, e eu comecei a ver apenas o lado ruim da minha vida. Eu comecei então a entrar em uma profunda depressão, já não saia mais com os amigos, comecei a faltar no serviço. As horas demoravam a passar naquele apartamento pequeno e eu comecei a me sentir sufocado. Cada segundo parecia uma eternidade, as horas pareciam dias, os dias anos. E já era quinta feira quando eu resolvi sair de casa, tomei um banho gelado, comecei a pensar nas coisas que eu estava fazendo da minha vida, a essa altura do campeonato já não tinha mais família, amigos, emprego, era apenas eu e eu mesmo. Meus pensamentos começaram a focar em apenas uma coisa, e na minha cabeça começou a passar uma especie de filme. Desliguei o chuveiro, peguei a toalha, me sequei e enrolei-me nela, fui em direção ao quarto, sentei em minha cama, estava muito calor então resolvi enfim, após 4 dias trancados sem ver a claridade, abrir a janela. Estava um sol lindo, uma tarde agradavel, sensação termina de uns 23°C, aproximadamente, eu não sabia muito o que eu estava pensando já naquele momento, eu ficava olhando as pessoas lá em baixo na calçada, todas tão pequenas, fiquei pensando qual seria o pensamento delas, e como elas faziam para curar a dor da perda. Sentei-me na cama novamente, e fiquei observando a paisagem pela janela aberta, fui deitando-me na cama, fiquei olhando para o teto, que agora pegava claridade. Eu me dei conta que estava realmente sozinho nesse mundo, eu me virei e me encolhi todo na cama, e voltei a pensar em coisas negativas. Era o que eu mais estava pensando naqueles dias. Acabei adormecendo, nem percebi quando nem como, mas de maneira calma e serena eu adormeci. As horas parece que voaram, quando foi 6:00 da manhã da sexta feira, eu acordei, estava um dia nublado, o tempo tinha virado, eu estava enrolado em uma toalha, deitado na minha cama. Perdi noção de tempo e espaço, olhei para o relógio, marcava 6:02 da manhã. Decidi que tinha que sair daquele apartamento. Peguei a mala que estava em cima do guarda-roupas, abri, e comecei a colocar as roupas na mala.
Depois de arrumar a mala, peguei meu Iphone, meu carregador, chaves do apartamento e do carro, e sai do apartamento, tranquei a porta, certifiquei-me de que todas as janelas estavam fechadas. Não sabia para onde ia, nem quanto tempo ficaria fora, então era melhor prevenir, alias não sabia nem se eu voltaria. Desci as escadas do prédio, passei pelo porteiro como um jato, puxando a mala de rodinhas. Cheguei na garagem do prédio que ficava do outro lado da rua, parei ao lado do meu carro, tinha um bilhete preso no para-brisa, retirei o bilhete. estava escrito

"Marcel, sei que fui tolo de te largar, posso ter errado muito na minha vida, e dessa vez queria fazer tudo certo pelo menos uma vez, não damos certo, mas por favor não me odeie, quero continuar sendo seu amigo, seu confidente, sei que vai ser difícil, que você não vai entender e que você acha que não tem motivos, mas um dia você vai entender.

Te amo."

Aquela droga daquele bilhete me fez lembrar que eu estava com o celular desligado desde o dia que terminamos, foi então que resolvi ligar, liguei meu celular, e começou a carregar, milhares de mensagens, não fiz muita questão de ler, mas percebi que grande parte das mensagens era dele, que grande parte das ligações perdidas era dele. Entrei no carro, com os olhos cheios de lagrimas, coloquei a chave no câmbio, virei, o carro ligou, e eu arranquei pra fora do estacionamento. Segui em direção a São Paulo, só queria ver uma paisagem diferente, então eu segui, sem rumo, com uma mala, parei em um hotel, não era de luxo, era desses de beira de estrada, na verdade era uma velha casa. Logo na entrada fui recebido por uma garota, aparência de 17 anos, bonita, alta, loira, parecia uma modelo, não condizia com a realidade daquele local, era linda demais para estar ali parada. Seu nome era Sarah, perguntei se havia vagas disponíveis, e ela mencionou uma suite com uma sala, era o único que estava vago no momento. Aceitei o quarto. Peguei as chaves e andei em direção ao corredor, Sarah ficou me observando até que chegasse ao meu quarto, entrei no quarto, tinha um papel de parede vermelho com aparência antiga, moveis de madeira talhados, e uma salinha ao lado. Deixei a mala e fui para o estacionamento, fui até a parada mais próxima que tinha daquele hotel, comprei cigarros e bebidas. Voltei para o hotel. Quando entrei na sala principal, avistei Sarah conversando com um rapaz, bonito por sinal, tinha as costas largas, usava um macacão jeans surrado. Passei direto pelo casal que estava conversando, e entrei no corredor que dava no quarto. Entrei e tranquei a porta.
Comecei a desfazer minha mala e colocar a roupa dentro das gavetas e do guarda roupas, peguei minhas bebidas e meus cigarros e coloquei dentro da salinha ao lado do quarto onde tinha um frigobar. Então peguei um maço de cigarros, tirei um cigarro e comecei a fumar, fumei quase um maço inteiro em questão de uma hora. Fui pro quarto, estava meio tonto, não estava acostumado a fumar. Sai do quarto e fui até a recepção, encontrei Sarah e o Moreno bonito, perguntei se eles poderiam me arrumar um papel e uma caneta, e um copo. Sarah pediu para o Moreno bonito, chamado Edgar, pegar o copo na cozinha, e ela abaixou-se atras do balcão para pegar o papel, levantou-se, me entregou o papel e uma caneta. Edgar voltou com um copo, agradeci e voltei para o meu quarto, então comecei a beber.
As horas iam passando e minha vontade de beber aumentava cada segundo mais. Já era 2:30 da manhã e eu comecei a escrever no papel que Sarah me entregara mais cedo, então escrevi.

"Em um velho quarto de Hotel, na beira da estrada que ia para o interior de São Paulo, a insônia era agora minha unica companheira. Aquelas músicas depressivas começavam então a fazer sentido na minha cabeça. Ao lado do quarto tinha uma salinha pequena, para receber amigos, caso o hospede fosse ficar muito tempo. Como eu estava ali a um certo tempo, pelo chão haviam algumas cinzas de cigarros, que caiam no chão. Alguns maços que ainda não tragará, estavam fazendo parte para completar a cena funebre das minhas desgraças. Em posse de minhas mãos eu tinha uma garrafa daquilo que já não me dava mais alegria era minha cumplice, e só fazia-me afundar cada vez mais em meus sentimentos por aquele imprestavel, aquilo descia quente pela minha garganta, como se queimasse tudo por dentro."
Parei de escrever levantei-me e caminhava em direção a cama, não estava com sono, porém, eu queria sair desse mundo de maneira pacifica, e nada me trazia mais paz naqueles ultimos dias que o sono. Sentei naquela cama toda dessarumada, com lençois sujos, abri a gaveta do criado mudo e peguei o pote com alguns calmantes, tomei 3 pilulas, para ver se o sono chegava mais rapido. Me deitei, e lentamente o sono veio, o som que vinha do rádio estava cada vez mais baixo, e eu começava a fechar os olhos, queria que aquela dor passasse o mais rapido possivel, eu adormeci, e tudo aquilo parecia um paraiso, queria que aquela realidade fosse eterna, no sonho eu parecia feliz, eu estava com Ele, mas Ele não estava comigo, acordei assustado, olhei para o lado e não havia ninguem, comecei a chorar. Levantei-me, liguei para a recepção, Edgar atendeu ao interfone, pedi para que ele fechasse minha conta no hotel. Peguei minhas roupas, estava decidido que ali não conseguiria ficar. Sai do quarto, em meio as garrafas vazias, cinzas e bitucas de cigarros deixados para trás , eu paguei a conta do hotel, pedi para que Edgar chamasse Sarah, não sei porque mas queria me despedir dela. Ela veio vestindo uma camisola de renda, com cara de sono, mas mesmo assim estava linda, abracei-a e entreguei o papel que havia escrito naquela madrugada no meu quarto. Pedi para ela ligar para Ele e pedir pra ele ir até lá, quando Ele chegasse ela entregasse a carta. Enfim, sai do hotel era aproximadamente 5:30 da manhã, e segui em direção a Cunha, cidade serranea no interior de São Paulo, Em meio a tantas curvas perigosas liguei o rádio, estava tocando "Let Me Go" da Avril Lavigne, e aquela música foi entrando na minha mente, e eu estava atordoado. No momento em que ela cantou "I'm sorry, is too late", a mesma dor de quando perdi ele veio, e então eu desabei, parei o carro e não queria mais saber daquilo. Coloquei a mão no bolso da jaqueta, senti um volume, tirei o objeto do bolso, era o par de alianças que eu comprará para noivar com Ele, arremessei o mais longe que eu consegui. Entrei no carro novamente, e comecei a acelerar sem medo, a estrada estava vazia. Naquele momento eu não tinha certeza de nada na minha vida, eu sabia que queria que aquela maldita dor de perda saisse de mim, fui parando o carro novamente. Parei em uma curva onde tinha uma vista linda, um penhasco muito alto, sentei no capô do carro e fiquei observando aquele vale, cheio de árvores, nesse momento meu celular começou a tocar, era Ele. Atendi, Ele estava preocupado comigo, perguntou onde eu estava, não falei, só falei que não queria mais que ele me ligasse, desliguei o telefone e voltei a observar a paisagem, o dia estava nublado, entrei novamente no carro, e comecei a marcha a ré, na hora começou a passar um filme na minha cabeça, era como se alguem esivesse do meu lado e começasse a falar tudo da minha vida, eu comecei a chorar, parei de dar marcha a ré, Ele me ligava novamente, atendi novamente e em prantos disse "Já que quer saber onde eu estou, Estou na estrada, e você nunca mais vai me ver, ninguem nunca mais vai me ver, esse é meu fim", coloquei o telefone no viva voz e falei, não desliga, pisei no acelerador o mais rápido que eu consegui, ao invés de fazer a curva, atirei o carro contra a mureta de segurança, o carro quebrou a pequena mureta e caiu penhasco abaixo. Naquele momento já sabia que não teria mais volta, era meu fim, então só pude ouvir ele dizer, " Não faz isso Marcel, independente de não estarmos juntos, Eu Te Amo". Então o carro se chocou contra uma rocha, gasolina começou a vazar, questão de segundos o carro explodiu. Questão de segundos minha vida acabou.


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Notas finais do capítulo

Acordei assustado com o celular despertando, era 6:20 da manhã, hora de eu ir trabalhar, eu estava suado, parecia que eu tinha sentido todo aquele fogo do carro, estava com uma aparência cansada, me levantei e fui tomar banho e me arrumar,



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