Radioativos escrita por Katy Marie


Capítulo 5
Sr. Lurishb


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem ^^



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As paredes antes escuras ficaram transparentes, do lado de fora do quadrado de vidro em que estávamos tinha uma espécie de arquibancada com várias pessoas perfeitamente iguais sentadas, todos usavam roupas branca sem um amassado, cabelos engomados na cabeça num tom de loiro diferente, quase branco e peles pálidas, seus olhos eram negros e nos observavam atentos.

Observei aquele lugar estranho atenta a cada detalhe. Estávamos num cubo de vidro no centro de um enorme salão, luzes surgiam do teto alto em todos os lugares, mas tinha um holofote maior em direção ao cubo. Os bancos onde as pessoas estranhas estavam sentadas ia subindo formando uma espécie de arquibancada. Em cada canto tinham homens parados e pareciam seguranças, usavam roupas cinzas e um capacete da mesmo cor que não dava para ver que estava ali atrás e o desconhecido sempre me assustava.

Olhei para o lado vendo se alguém entendia aquilo, mas pelo visto estávamos na mesma, olhares de pânico e expressões de confusão formavam os rostos do pessoal ao meu lado. A garota frágil enfim tinha parado de chorar, mas tinha se encolhi mais na cadeira, sua pele estava super pálida e achei que ela fosse desmaiar a qualquer momento.

Ficamos todos ali por longos minutos esperando alguém agir, mas ninguém fez nada e ninguém apareceu, deixou-nos naquela agonia achando que a qualquer momento alguém soltaria um gás venenoso ali dentro. Até que uma voz vinda dos auto-falantes surgiu, fazendo-me dar um pulo de susto.

– Bom, queridos, parece que enfim iremos nos conhecer - a voz disse e nem precisei de confirmação para saber quem falava - Aqui é o Sr. Lurishb quem fala, mas acho que já devem ter imaginado isso.

Olhei diretamente para a porta esperando que alguém entrasse por ali, mas não foi isso que aconteceu, uma pessoa surgiu em frente a arquibancada e de frente para o cubo de vidro, mas não era a pessoa em si, era computadorizada, um holograma, eu acho.

Todos que estavam sentados na arquibancada se levantaram e disseram em uníssono:

– Hunu Mutun.

– Hunu Mutun, meus ajudantes - o Sr. Lurishb disse, ele não era nem um pouco parecido com o que achava que viria. Tinha cabelos loiros quase brancos como a maioria do pessoal naquela sala, olhos violeta que pareciam brilhar, uma pele bem lisa e de uma cor estranha, quase acinzentada, usava um terno branco que se ajustava perfeitamente em seu corpo e sapatos da mesma cor. Eu achava que veria um velho, mas ele não era. Não que tivesse cara de ser bem novo, mas não deveria passar dos 40 anos.

Depois de dizerem aquele cumprimento estranho que eu não fazia ideia do que significava, o Sr. Lurishb se virou para o cubo de vidro e olhou cada um de nós dentro dos olhos e quando olhou nos meus, um rápido reconhecimento se fez presente na minha mente, como se eu já o tivesse visto na vida, mas isso logo depois passou me deixando com uma pulga atrás da orelha. Será que já nos conhecíamos? Até porque eu não me lembrava de nada da minha vida, então qualquer suposição era possível.

– Então, como todos podem ver, esses meros humanos logo vão se tornar nosso maior triunfo, algo que nenhum de nossos míseros inimigos poderão deter...Não que eles um dia conseguiram nos vencer, não é? - o Sr. Lurishb deu um sorriso que naquele rosto dele parecia completamente desproporcional.

Dúvidas e mais dúvidas sobrevoavam meus pensamentos, como assim seremos seu maior triunfo? que inimigos são esses? Não pude pensar mais em muitas coisas, pois no minuto seguinte um movimento repentino do garoto negro e musculoso pegou todos de surpresa, ele deu um salto da cadeira e bateu tão fortemente no vidro que achei que ele fosse quebrar em milhões de pedaços.

– O que estamos fazendo aqui seu desgraçado? O que está fazendo com a gente?! - sua voz era grossa demais e dava um pouco de medo, até o Sr. Lurishb recuou um pouco para trás - mesmo aquele garoto não podendo encostar nele - acho que ele também não estava esperando por aquilo.

Os seguranças que estavam dentro do cubo de vidro com a gente apareceram do nada ao lado do rapaz furioso, seguraram seus braços enquanto ele se debatia e começava a xingar uns palavrões que eu não conhecia. Colocaram-no de volta na cadeira e ele estava mais calmo, sua cabeça ficava pendendo para os lados e imaginei que o tivessem dado algum tipo de sedativo.

– Bom, peço desculpas por esse imprevisto, não irá acontecer mais - o Sr. Lurishb deu um olhar tão gelado na nossa direção que senti um frio na espinha - Eles podem não ser nossa maior criação, mas com certeza é uma das mais inovadoras e irá nos ajudar a terminar o que começamos.

Cada palavra daquele homem me deixava mais furiosa, ele falava de nós como se fôssemos um objeto criado por ele, como se tivesse se apoderado de nossas vidas e não tivéssemos o direito de mais nada, e pior, talvez tudo isso fosse verdade.

O holograma do Sr. Lurishb andou de um lado para o outro, aquilo parecia tão real que me perguntei se aquela plateia eram realmente pessoas reais sentadas ali. Não sabia o motivo daquele homem não aparecer pessoalmente, acho que ele poderia ser tão poderoso que queria manter sua integridade, não que nós ali de dentro pudéssemos fazer alguma coisa e o único que tentou estava sedado e parecia meio alienado.

– Radioatividade, tem um conceito bem simples, é definida como um fenômeno de características naturais ou artificiais resultante da capacidade de alguns elementos químicos, fisicamente instáveis, de emitir energia sob a forma de partículas ou radiação. E foi pensando nisso que criei eles, armas poderosas em forma de pessoas que poderiam se camuflar na sociedade facilmente. Pessoas com níveis de radiação dentro de si, basta um único toque para que um humano qualquer morra e isso é só o começo. Logo eles terão tão alto poder de radioatividade que todo ser humano que estiver na mesma região que eles morrerão rapidamente, morte rápida e coletiva, tudo o que queremos, mas ainda estou estudando isso, por enquanto o nível de radiação deles é bem pequeno, só que logo isso mudará.

Não tinha reparado que enquanto ele falava, algumas imagens passavam numa enorme tela transparente, eram fórmulas químicas e conceitos que eu não entendia nem um pouco. Meu coração estava acelerado, era muita coisa para digerir, tudo que ele tinha dito parecia uma grande piada, mas eu tinha certeza de que não era, o Sr. Lurishb não tinha cara de ser o tipo de homem que faz brincadeirinhas.

Tinha radioatividade dentro de mim? Por isso que apareciam cortes pelo meu corpo quando eu desmaiava, estavam fazendo experiências conosco e aí estava minha confirmação, estávamos mesmo sendo usados como um objeto e não tinha nada que eu pudesse fazer. Olhei para as pessoas sentadas ao meu lado e eles também pareciam pasmos, um olhava para a cara do outro em busca de respostas, mas ninguém tinha coragem de abrir a boca, tínhamos medo do que poderia acontecer.

– A todos aqui presentes quero lhes apresentar eles, Mabelle, Sloan, Doreen, Cedric e Anyrouse, as minhas experiências que serão a nossa ajuda, ou melhor, que tornarão a nossa vitória um pouco mais facilitada. Infelizmente meu tempo é curto, queria lhes dá mais explicações, mas tenho que ir. Hunu Mutun e em breve nos vemos.

Quando o Sr. Lurishb disse os nomes apontou para cada um de nós. Então era isso, me chamava Mabelle, era tão estranho eu enfim descobrir como me chamava depois de tanto tempo me perguntando isso. Tive vontade de me levantar e lançar uma enchurrada de perguntas sobre mim, mas isso só me faria ser sedada. O garoto loiro ao meu lado se chamava Sloan, a ruiva, Doreen, o garoto nervoso era Cedric e a garota assustada, Anyrouse. Pelo menos uma coisa sabíamos sobre nós, mesmo isso sendo só 1%.

Depois de dizer aquelas palavras, o holograma do Sr. Lurishb apagou e ele desapareceu, todas as pessoas se levantaram automaticamente e aos poucos foram deixando aquela sala, mas não sem antes dar uma olhada nos "animais" presos naquele cubo de vidro.

Quando o lugar se esvazio, veio com ele um aperto no meu coração, até porque não sabia se era melhor ter pessoas ali ou não ter, as duas opções me assustavam e fiquei mais assustada ainda quando o vidro ficou preto novamente e os seguranças nos retiraram da sala.


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Notas finais do capítulo

Ei, leitores fantasmas, será que poderiam aparecer? Estamos no mês de Halloween, então me façam visitas que prometo não gritar de susto, ok? Rsrs
Até o próximo capítulo pessoal :3