Radioativos escrita por Katy Marie


Capítulo 4
Os Cinco


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem :3
E quero agradecer a MiissMarte por ter recomendado a história, adoreei ^^



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Acordei em um lugar diferente, não era mais aquele meu quartinho, também era tudo branco, mas os móveis eram diferentes dessa vez. Estava deitada numa cama um pouco mais confortável que aquela minha, olhei para os lados e tinha uma cortina azul separando minha cama de provavelmente outras, lembrei-me do ocorrido e tive imediata certeza de que estava numa enfermaria.

Sentei-me e senti minha cabeça doendo. Levei minha mão até a testa e senti um curativo no canto esquerdo, aquele corte ainda estava ardendo um pouco. Olhei ao redor e não ouvi voz nenhuma, aquela era minha oportunidade de tentar conhecer o ambiente em que estavam me mantendo presa e poder saber o que estava acontecendo.

Coloquei as pernas para fora da cama e mal encostei os pés no chão quando do nada surgiu uma enfermeira do meu lado, ela vestia aquelas roupas estranhas também.

– Então, como se sente? - perguntou e sua voz parecia mais amigável do que das outras pessoas com quem tive contato.

Fiquei um pouco furiosa por não ter conseguido sair dali sem ser vista, queria saber que lugar era aquele, tudo aquilo me deixava agoniada.

– Melhor. Agora vão me levar de volta para meu quarto?

Se me levassem de volta ao meu quarto poderia pelo menos ver os corredores e tudo mais, a não ser que tampassem meus olhos, só que como o cara moreno com nome de Jason não tinha me vendado, não achava que fossem fazer isso.

– Na verdade não. Vão te levar para outro lugar.

– Que lugar?

– O Sr. Lurishb quer te ver.

– Quem é ele?

– Vai descobrir - disse dando de ombros.

Fiquei com medo de quem poderia ser aquele homem, ouvi o Jason dizer aquele nome e o outro cara recuou um pouco, então quem quer que fosse parecia ser uma pessoa poderosa, talvez alguém que mandasse em tudo ali.

– Daqui a pouco vão chegar para te levar, quer algo, como uma água talvez? - a enfermeira perguntou.

– Não, obrigada. Eu só queria te pedir algo...

– Fale o que é.

– Será que posso me ver no espelho?

Acho que a mulher esperava que eu pedisse alguma outra coisa, mas o que eu queria naquele momento era me ver, saber qual era ao menos a minha aparência já que o resto todo ninguém podia me dizer. Acho que a enfermeira ficou sem saber se podia mesmo me entregar um espelho, mas no fim acabou cedendo, deve ter reparado que aquele objeto nas minhas mãos não representava perigo, até porque não conseguiria acerta-la com aquilo nem se quisesse, estava fraca.

A mulher entregou-me o espelho, ele era simples e de tamanho médio com as bordas de uma madeira puída. Vacilei um pouco ao olhar para o vidro, mas eu queria aquilo, tomei coragem e levantei os olhos.

Era esquisito eu ver minha aparência, e estranho não lembrar de como eu era. Não reconhecia aquela imagem que me olhava de volta. Tinha olhos de uma cor diferente, um mel quase esverdeado e os cílios eram longos, os cabelos eram compridos e negros com leves ondulações, o nariz era um pouco pontiagudo, os lábios eram carnudos levemente rosados e um grande curativo ocupava metade da minha testa, fora que ainda tinham marcas arroxeadas em volta do pescoço. Eu não era feia, mas também não era bonita.

Levei um susto ao ouvir vozes de pessoas vindo pelo corredor da enfermaria, entreguei o espelho para a mulher e coloquei as pernas de volta na cama, não queria que pensassem que eu estava tentando fugir e me punissem por isso.

A cortina foi aberta e do outro lado vi o Jason e um outro homem que não conheci quem era, não era o Mezquiel e isso me aliviou, ver a cara dele era a última coisa que queria naquele momento.

– Ela está melhor? - o Jason perguntou para a enfermeira como se eu não estivesse ali.

– Parece que sim, já podem leva-la para o Sr. Lurishb.

O Jason segurou um dos meus braços e o outro cara segurou o outro como se eu realmente conseguisse passar por um deles, o que não era possível ainda mais naquele meu estado.

Pensei que fossem vedar meus olhos ou coisa assim, só que não fizeram isso - não que esteja reclamando, é até melhor para eu ver como que é o lugar - pelo visto eles estavam bem convictos da forte segurança do local e que ninguém era capaz de fugir, ainda mais eu que era só uma pessoa fraca e isso tinha que concordar.

O corredor que estavam me levando era bem comprido e cheio de portas iguais aquelas do meu quarto, só que não dava para ver o que tinha dentro, às vezes conseguia ouvir barulhos como de coisas sendo jogadas e murmúrios de pessoas, mas não dava para entender direito o que falavam.

As paredes eram pintadas de branco na parte superior e cinza na parte inferior, as luzes fluorescentes penduradas no teto alto balançavam de quando em vez e passos andando apressados podiam ser ouvidos como se houvesse um andar superior àquele que estava andando e talvez realmente tivesse.

Tentei perguntar aos dois caras que me carregavam quem era o Sr. Lurishb e para onde me levaram, mas eles não me responderam como eu já esperava. Aquilo tudo me deixava bem nervosa, talvez de uma vez por todas realmente fossem me matar, devem ter reparado o quão inútil eu era.

Entramos num outro corredor comprido no qual as portas tinham mudado, não eram mais aquelas de aço, mas eram bem fechadas e de um material que eu não conhecia. Paramos em frente a uma delas, a última do corredor, e meu estômago começou a revirar de nervoso, não sei se queria mesmo descobrir quem era aquele homem que parecia mandar em todos.

O Jason encostou sua mão direita numa especie de computador perto da porta e logo depois ela se abriu automaticamente revelando algo do outro lado que eu não imagina. Achava que veria o tal Sr. Lurishb segurando uma arma superpoderosa, mas o que estava do outro lado era uma sala, ampla e sem nada, o chão e o teto eram pintados de um amarelo claro e as paredes eram de um vidro escuro que não dava para ver o que tinha do outro lado, mas podia ter a certeza de alguém nos observava. Tinham cinco cadeiras dispostas em fileiras na horizontal no meio do lugar, fui empurrada para uma delas, uma das que ficava nas pontas. Não estava entendendo o que fazia ali, será que iriam soltar um gás tóxico que me mataria? Era o mais provável...

Não estava muito tempo sentada ali quando a porta se abriu novamente, quem entrou carregado por seguranças ou enfermeiros - já não sabia mais de nada - foi um garoto, ele parecia confuso também, usava uma calça larga e uma camiseta todos os dois brancos, os cabelos loiros estavam despenteados e seus olhos azuis pareciam sem vida. Ele foi colocado na cadeira ao meu lado e nem fez a mínima questão de me olhar, deve ter pensado a mesma coisa que eu, que provavelmente morreríamos ali e que não vali a pena conhecer ninguém.

Depois chegaram mais três pessoas. Uma delas foi uma garota que usava a mesma roupa que eu - deveria ser uma espécie de uniforme, um para garotas e outro para garotos - ela tinha cabelos ruivos longos e ondulados, tinha olhos verdes bem claros que também pareciam sem vida e no seu rosto pálido tinham algumas sardas espalhadas. A outra pessoa foi um garoto, ele era negro, tinha os cabelos cortados quase careca, era grande e musculoso e parecia que estava bem furioso de estar ali, quando se jogou na cadeira com tanta força achei que ela fosse quebrar, pelo visto ele estava era com vontade de pegar aquela cadeira e tacar na cara de alguém. A última pessoa foi uma outra garota, ela parecia a mais indefesa de todos nós ali, era baixa e magra, tinha os cabelos castanhos que iam até os ombros e seus olhos amendoados estavam vermelhos, parecia que ela tinha chorado.

Éramos cinco, todos sentados naquelas cadeiras de madeira sem saber o que fazíamos ali, todos sem dizer uma única palavra, a única coisa audível era nossas respirações e um choro baixo que imaginei ser da garota que tinha entrado por último, só que não me virei para confirmar, não queria ter contato visual com ninguém para compartilhamos o mesmo sentimento de medo e termor, só o meu pânico já estava bom, não queria ver mais um.

O Jason tinha desaparecido, mas outros dois caras com aquelas roupas estranhas estavam parados um em cada canto da sala, nos observando, parecia até que não eram páreos para cinco pessoas, mas tinha certeza de que conseguiriam derrubar cada um de nós.

O silêncio foi quebrado por uma voz que surgiu e que parecia vir de todos os cantos do lugar, olhei em volta, mas não era ninguém entrado, era só um alto-falante que deveria estar preso em algum lugar do teto, um lugar bem escondido.

– Que bom que estão todos reunidos - a voz disse, ela tinha um tom forte e autoritário e mesmo sem ver a pessoa, já sabia quem era - Aqui é o Sr. Lurishb quem fala, enfim poderemos nos ver.

Depois que ele disse isso, as paredes da sala - antes com vidros escuros - começaram a clarear, o vidro se tornou transparente e eu não acreditava no que via.


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Notas finais do capítulo

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