Radioativos escrita por Katy Marie


Capítulo 2
Sem Respostas


Notas iniciais do capítulo

Aí está mais um capítulo, quero agradecer a todos os comentários de vocês *U* fiquei feliz que gostaram daquele pequeno capítulo, não que os outros que vou postar sejam grandes, mas pretendo colocar eles um pouco maiores.
Um aviso: Vou passar a postar todas as quartas, então tirem um tempinho desse dia parar lerem e deixarem a autora aqui feliz u.u kkkk



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Acordei meio desnorteada, não sabia quanto tempo tinha se passado dormindo, mas já era noite porque a claridade do sol não entrava mais pela pequena janela e pude ver que o tempo estava escuro lá fora.

Olhei em volta e ainda estava no mesmo quarto branco e claustrofobiante, só que ao olhar para meu braço vi uma marca meio avermelhada na minha pele no antebraço, se estendia do pulso até quase o cotovelo. Estava lisa, não parecia uma cicatriz, só uma marca que parecia ter sido feita de caneta, só que estando naquele lugar e sem saber de nada, provavelmente caneta não era.

Meu desespero cresceu, aquele comprimido me fez desmaiar e fizeram alguma coisa em mim, tinha certeza disso. Olhei outras partes do meu corpo e só tinha aquela marca no braço esquerdo mesmo.

Eu estava agoniada, sentindo-me inútil, não podia fazer nada. Num momento de loucura maior comecei a socar a porta com a cama e a gritar desesperadamente até minha voz sumir e sentir-me fraca escorregando pela parede e caindo sentada no chão. Lágrimas quentes escorreram pela minha face fria, mas eu sabia que chorar não adiantaria nada, só que era a única coisa que podia fazer naquele momento.

A comida ainda estava em cima da prateleira, estava cheia de fome, mas me controlei até porque não queria comer algo que não sabia o que tinha, nem aquela água queria beber.

Voltei para a cama e fiz a única coisa que podia fazer: Esperar.

~~ ooo ~~

Os dias foram passando e eram sempre a mesma coisa, os homens me obrigavam a tomar um comprimido e eu acordava mais tarde sem saber o que tinha acontecido e uma marca diferente aparecia no meu corpo. Tinha uma mulher que vinha pegar a comida que eu não tinha comido e colocava outra nova pelo compartimento, mas eu sempre me recusava a comer, as vezes ela vinha colocar roupas e lençóis limpos para mim também, mas ela nunca trocava uma palavra sequer comigo e eu nem me dava o trabalho de falar, sabia que não responderia mesmo.

Estava usando uma pequena pedrinha que encontrei no quarto para fazer palitinhos na parede marcando os dias que estava ali e na minha contagem faziam três dias. Três dias no tédio e com medo de tudo, qualquer barulho diferente me deixava apavorada. Às vezes no silêncio podia ouvir alguns murmúrios de pessoas falando do lado de fora do meu quarto, não dava para entender direito o que diziam, de vez em quando as vozes pareciam nervosas e depois paravam. Imaginei que fossem alguns seguranças vigiando a porta, mas não dava para saber ao certo, talvez minha mente estivesse alucinando, muito tempo sozinha num lugar todo branco sem saber de nada não fazia muito bem, então comecei a entender que os hospícios algumas vezes deixavam a pessoa pior do que antes.

No quarto dia algo diferente aconteceu, aquele cara que sempre me obrigava a engolir os comprimidos - o moreno - entrou no meu quarto e nas suas mãos não continham nada.

Fiquei encolhida na cama com medo do que aquilo podia significar, tinha a absoluta certeza de que tinha chegado minha hora, ele iria me levar para a morte. Mas quando ele se aproximou da bandeja de comida e não de mim, me aliviei um pouco, não muito, mas o suficiente para me descolar da parede, eu quase que estava atravessando ela.

– Você precisa comer - ele disse, já tinha me acostumado com aquela voz estranha que saia através da máscara, eu ainda não entendia o motivo de usarem aquelas roupas, um enfermeiro normal não usava aquilo tudo de vestimenta.

Eu balancei a cabeça negativamente, ainda não conseguia encontrar minha voz, parecia presa na minha garganta.

– Olha só, você vai comer isso nem que eu tenha que te obrigar. Não pode ficar fraca e morrer, se é isso que quer.

Eu não tinha tocado na comida todos aqueles dias que fiquei ali, a única coisa que bebi foi água e mesmo assim a da pia, não queria me arriscar bebendo algo que eu não sabia o que era. Realmente estava bem fraca, mal conseguia me manter de pé, meu estômago roncava cada vez que sentia o cheiro do alimento naquela bandeja, mas resisti, tinha que fazer isso.

– Para que me querem viva? - perguntei, minha voz saiu estranha e tive que fazer um esforço enorme para pronunciar aquelas palavras.

– Porque... Quer saber? Não é da sua conta, ou come agora ou serei obrigado a enfiar a comida pela sua garganta abaixo e acho que não quer isso, não é?

Como não dei nenhuma resposta, ele pegou o prato com a comida e se aproximou de mim sentando-se na beirada da cama. Não queria que ele me obrigasse a comer, se já era horrível tendo que engolir o comprimido a comida seria bem pior, então antes que ele pudesse encher a colher com algo que parecia uma sopa, disse:

– Espera, eu...eu como sozinha.

– Isso aí, acho que está começando a aprender as regras.

Ele me deu a bandeja e eu quase a derrubei, meus braços estavam fracos, mas me esforcei para levar a colher até a boca. A comida não estava muito boa, só que eu estava cheia de fome, então depois de uma colherada não consegui mais parar até o prato ficar vazio. Bebi a água que tinha o gosto normal, e depois entreguei a bandeja para o cara que deveria estar bem satisfeito de ter conseguido fazer-me comer aquilo.

Ele já ia saindo da sala quando eu o chamei, virou-se e ficou parado esperando eu falar.

– Será que poderia responder algumas perguntas minhas?

– Não posso lhe dar informações - foi a única coisa que disse antes de sair batendo a porta atrás de si.

Fiquei com raiva, não entendia o motivo de não saber o que fazia ali e nem porque não me lembrava de nada, nem meu nome. Como eles podiam ter esse direito? Porque me tratavam daquele jeito me obrigando a tudo?

Estava indignada, segurei a pequena pedrinha em cima da prateleira e ponderei minhas chances de conseguir ferir um dos enfermeiros com aquilo, só que as chances eram zero praticamente, aquilo era bem pequeno e o máximo de estrago que faria era um corte superficial, fora que provavelmente teriam seguranças no corredor. Não iria muito longe.

Enquanto estava encostada na parede, ouvi sons diferentes vindo do outro lado dela pela primeira vez, parecia alguém batendo com algo na porta seguido de gritos. Fiquei um pouco assustada no início, mas logo depois me veio a mente que talvez fosse algum prisioneiro como eu, a ideia de não ser a única me deixou um pouco melhor, sem querer ser egoísta, mas não ser o única naquela situação era mais razoável.

Bati na parede também, mas acho que a pessoa no outro lado nem deve ter ouvido. Procurei pela parede que ficava encostada a cama vendo se tinha algum mínimo buraco em que pudesse me comunicar só que não achei nada.

No momento que ia arrastar a cama e bater com ela na parede, ouvi um som de porta de metal batendo e não era a minha, logo depois os gritos e barulhos cessaram, o que me fez imaginar que provavelmente aqueles homens tinham dado algum tipo de sedativo para quem quer que fosse do outro lado, o que me fez voltar com a cama para o lugar, não estava afim de me colocarem para dormir de novo e fazerem sabe-se lá o quê comigo.

Eu estava supercuriosa para saber o que se encontrava fora do quarto em que estava presa, queria saber onde estava e o que se passava, mas o máximo que conseguia enxergar pela pequena abertura com acrílico na porta era um corredor com a parede pintada de branco com cinza, mas só via uma parte dele bem pequena, não sabia o que se encontrava do meu lado.

Não estava mais aguentando ficar ali, sentei-me na minha cama dura e esperei, já que era a única coisa que estava fazendo em todos aqueles dias.


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Notas finais do capítulo

E aí, o que acharam?? :D