A sorveteria era perto do colégio, em dez minutos já estávamos descendo dos carros e caminhando em direção a entrada. Por dentro a sorveteria era colorida, as paredes tinham o fundo branco com bolinhas coloridas de várias cores: verde, vermelho, amarelo, azul; As mesas eram também cada uma de uma cor, as mesmas das paredes. Fiquei meio zonza com tantas cores.

A gritaria na sorveteria era ensurdecedora, tinha muitas crianças correndo de um lado para o outro com as mães gritando para elas pararem. Eu não iria conseguir ficar lá, será que tinha outra sorveteria por perto? Se não poderíamos comprar um pote de sorvete no mercado e comer na calçada mesmo. Acho que eles não iriam aceitar.

– Não tem outra sorveteria por aqui? - Perguntei torcendo para que a resposta fosse sim.

– Não, você deve estar meio desnorteada com tantas crianças mal educadas e com tudo colorido mais você se acostuma - Respondeu Letícia.

– Viemos aqui desde crianças - Completou Gabriel.

– É, talvez daqui à sei lá, dez anos eu me acostume com todas essas cores juntas e essas crianças mal educadas gritando - Disse fazendo todos riram.

Chegou nossa vez de fazer o pedido, eu e o Daniel escolhemos sorvete de chocolate com bastante calda também de chocolate do jeito e eu amo, Clary escolheu sorvete de morango sem calda, Letícia escolheu sorvete de creme com calda de chocolate, Matheus escolheu sorvete de flocos com calda de maracujá (eu sei nojento mais ele gosta fazer o que?) e o Gabriel escolheu sorvete napolitano com calda de chocolate.

Fomos para uma mesa nos fundos da sorveteria para tentar ficar o mais longe possível daquelas pestinhas, o que não deu muito certo já que a sorveteria estava lotada.

– Até parece que você não foi uma criança remelenta que gritava de um lado para o outro - Disse Clary.

– Claro que não! Eu era super educada e todos me adoravam- Me gabei.

– Até parece - disse Letícia.

– É verdade, quando chamavam minha mãe ou meu pai para alguma lugar sempre falavam "Levem a sua filha linda que parece um princesa na beleza e na educação" Disse fazendo uma terrível imitação da voz um homem fazendo todos rirem.

– Você não existe Nic! - Disse Matheus ainda rindo.

Nesse momento o celular de todos menos o meu apitaram anunciando uma nova mensagem e eles começaram a exclamar coisas do tipo "Oh Meu Deus!!" ou "Eu não acredito". E sim eu fiquei me sentindo excluída e totalmente sem graça.

–Ah Nic você não recebeu o convite? - Perguntou Clary.

– Claro que não ela não conhece quase ninguém e ela não tem o número dela - Disse Matheus.

– Acabamos de ser convidados para a festa do ano! - Disse Daniel.

– Eu vou pegar muita mulher cara! - Disse Matheus.

– Fala sério Matheus – respondeu Gabriel rindo.

– Que festa é essa? - Perguntei curiosa.

– É a festa da Stephanie! Ela da às melhores festas da cidade! E só vão pessoas selecionadas - disse Letícia super animada.

– Legal, depois me contem como foi – Sorri sem graça.

– Nada disso, você é minha convidada - Disse Daniel.

– Obrigada – sorri dessa vez animada - Vocês são sempre convidados?

– Na maioria das vezes só os meninos por que eles são lindos . - Disse Letícia.

– Fazer o que? São poucas que resistem a esse charme todo - disse Matheus fazendo todos rirem.

– Nem é convencido - eu disse rindo - E aonde é a festa?

– Sempre é na própria casa da Stephanie. - Respondeu Daniel.

– Ata, e quando vai ser? - Perguntei.

– Nesse fim de semana - respondeu.

– E ela convida as pessoas faltando poucos dias para a festa? - Perguntei meio surpresa.

– Ela sempre faz isso para todos comentarem, se ela avisar um mês antes ela acha que no dia da festa quem não foi convidado vai querer fazer uma festa do tipo "Os excluídos" e meio que estragar um pouco o brilho da festa dela - Disse Letícia e eu comecei a rir.

– Isso é meio idiota não acham? - disse ainda rindo.

– Sim, é - disse Clary rindo também.

Nesse momento dois garotinhos vieram correndo em nossa direção e ficaram rodeando a mesa, um deles tinha uma casquinha na mão e esse mesmo menino tropeçou e caiu jogando seu sorvete na minha blusa, eu dei um grito fazendo todos rirem e os garotinhos saírem correndo. Fiquei com muita raiva, sou do tipo que gosta de ri dos outros mas odeio quando riem de mim.

– Estão achando engraçado? - Perguntei com minha paciência abaixo de zero.

– Muito - respondeu Gabriel.

Isso foi a gota da água, peguei o sorvete que estava na minha blusa e joguei na cara do Gabriel fazendo os outros gargalhar ainda mais. Gabriel não gostou muito das risadas.

– Vamos ver até quando vão achar graça? - Disse Gabriel com um sorriso maligno de sorvete. Ele pego o pote de sorvete pela metade dele e jogou na Clary que estava ao seu lado.

– SEU IDIOTA!! –Gritou ela com todos ainda rindo, ela jogou o seu sorvete cara do Matheus, e depois disso foi a maior sujeira.

Um jogando sorvete no outro, os outros clientes não ficaram para trás, também entraram na brincadeira. Quando todos já estávamos lambuzados dos pés à cabeça os seguranças da loja conseguiram fazer todos pararem e nessa hora nós nos entre olhamos e saímos correndo para não ter que limpar a sujeira. Entramos no carro e arrancamos com as portas ainda abertas e os seguranças gritando. Caímos na gargalhada.

Depois de deixar a Clary em casa fomos para a nossa. Daniel estacionou em frente à garagem da sua casa.

– Minha mãe vai me fazer tomar banho do lado de fora! - Eu disse choramingando.

– Eu irei adorar ver - Respondeu ele com um sorriso malicioso no rosto.

– Seu idiota. Até parece que sua mãe vai adora ver você sujando o chão.

– Na verdade ela vai se começar a me xingar e me obrigar a limpar. - Disse Daniel me fazendo rir.

– É mais eu não estou a fim de limpar a casa - Disse já imaginado minha mãe gritando.

– Acho que eu posso te ajudar - Daniel respondeu se aproximando, Ele começou a beijar meu pescoço me fazendo ficar arrepiada.

Fiquei surpresa e meio paralisada em quanto ele beijava e lambia meu pescoço retirando um pouco do sorvete, os lábios dele eram macios e eu logo coloquei minhas mãos em seus cabelos o trazendo para mais perto. Ele foi subindo os lábios até o canto da minha boca e quando ia se aproximar mais a mãe dele abriu a porta e gritou o Daniel nos fazendo dar um pulo e sair do carro apresados.

– Nossa parece que vocês viram um fantas... O QUE ACONTECEU? VOCÊS ESTÃO IMUNDOS!! - Disse a mãe dele.

–Nossa valeu! - Respondeu Daniel irônico.

– Você não vai entrar em casa assim! Pode se lavar no quintal!!

Minha mãe apareceu na porta e fez o mesmo escândalo, e nos mandou para o quintal nos lavar. As duas ficaram observando e provavelmente falando mal da gente enquanto o Daniel ligava a mangueira.

– Você primeiro - disse e jogou a água gelada em mim me fazendo gritar e ele gargalhar.

– Por que você não se molhou primeiro? - Perguntei indignada.

– Porque eu estou adorando ver você com a camisa transparente grudada no corpo - Disse sorrindo.

– IDIOTA! - Gritei o fazendo rir ainda mais.

– Calma, desculpa, vou tirar minha blusa para você também ver meu corpinho - Disse e começou a tirar a blusa, mostrando a barriga sarada cheia de quadradinhos.

– Nada mal! - disse sem pensar.

– Sabia que ia gostar. – Corei e ao perceber que ainda analisava seu corpo puxei a mangueira de sua mão e o ajudei a tirar o excesso de sorvete do corpo.

Após recebermos a aprovação de nossas mães entramos cada um em sua casa. Nem preciso comentar que demorei uma hora no banheiro tentando tirar o sorvete do cabelo. Sorri aliviada quando entrei no meu quarto e percebi que já tinha um cortina branca tapando a janela.

Fique pensando a noite toda no meu quase beijo com o Daniel, não sei por que isso mexeu tanto comigo eu já havia beijado outros meninos, também estava com vergonha de encontrar ele de novo, não sabia se seria constrangedor olhar para ele ou se seria normal, adormeci pensando nisso.