Boneca Humana escrita por SweetAmmy


Capítulo 2
Capítulo 1 — Olá, Bridgeport!


Notas iniciais do capítulo

→ Estou me matando para decidir qual imagem usar em cada capítulo aqui SHAUSHAUHS não quero correr o risco de ter minha história excluída novamente



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/549421/chapter/2

Era quase meio-dia quando chegamos à nova cidade. Passei os últimos quatro anos acostumada a me mudar de um lado para o outro, afinal, a profissão do meu pai exigia isso. O únicos diferencial… Era que, pela primeira vez, não mudávamos apenas de cidade. Estávamos mudando de continente. Da América para a Europa. Dos Estados Unidos para a França. Isso me assustava um pouco, mas nada que alarmasse demais. Meus pais falavam francês e minha tia Agatha configurou meu sistema para adicionar o idioma “Francês” às opções de língua.

— Se seguirmos por essa estrada, poderemos evitar trânsito. Só irá levar mais meia hora pra chegarmos à nossa casa. — Philippe, meu pai, disse, enquanto dirigia. Ele era empresário musical e tinha que acompanhar os artistas de um lado para o outro. O grande problema… É que, quando os artistas adquiriam fama, procuravam empresários mais famosos, gravadoras mais famosas e se esqueciam de que meu pai, Philippe Foxy, é quem havia levado-os ao sucesso. Isso me mata de raiva! É por isso que eu detesto muitos cantores e boybands por aí considerados “perfeitos” e amados por todos.

— Acho que você irá gostar da França, Kaplan. — Minha mãe, Lucia, disse do banco de trás. Sim, eu adorava andar no banco da frente e, felizmente, meus pais não se importavam. — Ouvi falar muito bem sobre Bridgeport. Sua tia, Agatha, já viveu por aqui e disse que Bridgeport é ótima. Além disso, seu pai conversou com os garotos da banda por telefone, eles pareciam bem simpáticos.

— A única coisa que me intriga é… Uma boyband francesa? — Disse, arqueando as sobrancelhas. Meu pai iria ser empresário de uma banda chamada Os Engravatados. Eu conhecia várias boybands em ascensão, e nenhuma delas era francesa.

— Existem artistas por todo o mundo, Kaplan, esperando uma chance para mostrarem seu valor. O que os impede de fazer isso é a falta de oportunidades. — Lucia explicou. Para mim foi o suficiente.

Não levou muito tempo até que chegássemos à casa que seria nossa.

— Uau, é linda! — Exclamei ao vê-la. Era uma casa bem grande, construída em um estilo futurista. Bem a minha cara!

— Você vai adorá-la por dentro! — Lucia disse, descendo do carro. — Seu pai mandou construir um estúdio de gravação na garagem!

— Sério? Podemos gastar tanto dinheiro assim? — Perguntei.

— Podiam gastar energia me ajudando a tirar as malas do carro! — Philippe ignorou minha pergunta, abrindo o porta-malas e tirando as malas que vieram conosco.

— Quando o caminhão de mudança chega, Philippe? — Lucia perguntou, me ignorando também.

— Estavam descarregando o navio quando saímos, devem chegar em duas, três horas no máximo.

Esqueci de me falar: Não cruzamos o oceano de avião, viemos de navio. Meu pai passou quase quatro horas explicando sua profissão para tentar convencer os proprietários do navio a nos deixarem viajar com as coisas da mudança. No final, tudo valeu à pena — exceto o fato de que meu pai ficou exausto e dormiu quase a viagem inteira.

— Hum… Três horas? Acho que dá tempo de passar no apartamento dos meninos. — Lucia disse enquanto ajudava a tirar as malas do carro. — Seria bom conhecê-los de um modo mais informal. Sabe? Sem toda aquela pressão de “carreira”, “negócios” e tudo mais.

— É, seria uma boa. — Falei. — Estou louca para conhecer os integrantes da boyband francesa.

— Certo. Tenho o endereço anotado no celular, podemos dar uma passada por lá. — Philippe concordou. — Kaplan, os garotos tem mais de 20 anos. Nem pense em ficar íntima demais deles!

— Apenas se forem muito bonitos! — Lucia brincou, fazendo-me rir. Mas Philippe não deu risada.

— Não estou brincando. Lembre-se de que você tem limitações.

Parei de rir no momento em que ele disse “limitações”. Eu sabia exatamente o que significava. Eu não era humana, então não podia me expor demais, ou todo o disfarce acabaria indo por água abaixo. E “não me expor”, na linguagem do meu pai, significava: Não confiar muito nas pessoas, não me aproximar demais delas e, principalmente, não desejar ter nenhum relacionamento sério.

— Prometo me comportar. — Falei em um tom sério até demais que fez a rigidez de meu pai se quebrar em um riso.

— Essa é a minha menina!

Deixamos as malas no hall de entrada da casa e entramos no carro de novo para procurar o endereço do apartamento dos Engravatados. Durante o passeio, fiquei observando a cidade. Era relativamente pequena, mas bastante desenvolvida. O centro possuía prédios altos, cujo estilo de construção variava entre o clássico e o moderno. Não levou muito tempo até que chegássemos ao prédio onde os meninos moravam.

Lucia analisou o lugar.

— Puxa, aqui é bem…

— Pequeno? — Arrisquei. Ela concordou com a cabeça.

— É um ponto positivo. — Philippe disse. — Quer dizer que os garotos levam um estilo de vida simples e não vão deixar o ego subir à cabeça. Quando você encontra cantores em ascensão morando em casas luxuosas, você tem quase a certeza de que eles são mesquinhos e se acostumam a uma vida fácil, e no mundo da fama não é dessa forma. É preciso batalhar, aceitar trabalhos dos quais você pode se envergonhar, mas tudo isso é apenas fase, um degrau da longa escada que leva ao topo. E quando você chega ao topo, valoriza tudo o que já fez no passado, pois tudo aquilo contribuiu para que você chegasse onde chegou.

E com toda essa filosofia de vida, os artistas ainda abandonavam meu pai quando se tornavam famosos. Vai entender esses humanos!

— Profundo! — Lucia exclamou. — Não vou questionar sua experiência. Vamos subir pelo elevador, não podemos demorar mais que o caminhão de mudança.

Dito e feito. Ao chegar ao andar indicado, tocamos a campainha do apartamento e fomos recebidos por um rapaz de cabelos louros (tingidos, a julgar pela barba e sobrancelhas da cor preta) que usava uma calça de ginástica e nenhuma camisa, exibindo um abdômen definido. “Uau!”, pensei.

Como se adivinhasse meus pensamentos, meu pai pigarreou para mim.

— Bom dia? — O rapaz louro disse em um tom de indagação, não nos reconhecendo.

— Boa tarde. — Philippe corrigiu. Me mata de vergonha meu pai ter essa mania de ficar sempre corrigindo os outros. — Meu nome é Philippe Foxy, conversamos por webcam nas últimas semanas. Você deve ser David Sullivan, certo?

— Aaaah, você é o Sr. Foxy! Quase não o reconheci! O senhor pessoalmente e aquele cara da webcam são bem diferentes.

— Sim, o computador distorce a imagem. — Philippe deu um sorrisinho com o canto da boca. — Podemos entrar?

— Oh sim, fiquem à vontade! — David abriu a porta e nós adentramos o apartamento. Minha mãe estava certa: Era pequeno para abrigar quatro garotos. Ou talvez nossa casa seja grande demais para abrigar apenas três pessoas.

— Pessoal, o Sr. Foxy está aqui! — David gritou, chamando os outros. Todos saíram do quarto (ao menos estavam totalmente vestidos. Menos constrangimento para mim em relação ao meu pai) e deram oi para nós. Enquanto isso, David foi a seu quarto e se trocou para ficar mais apresentável.

— Estes são Clark, Logan e Tyler. — O louro apontou para cada um dos três, se posicionando ao lado deles.

— É um prazer conhecê-los, rapazes. Essas são minha esposa Lucia e minha filha Kaplan.

— Desculpem não termos ligado antes, queríamos fazer uma visita casual antes de termos que tratar dos negócios. — Lucia disse.

— Sem problemas, acho que é bom para quebrar aquele clima tenso dos primeiros dias de trabalho. — Clark disse.

— Concordo. Ouvi a música que vocês já gravaram e vocês têm um imenso potencial.

— Obrigado! Ouvimos falar muito bem do senhor, Sr. Foxy. — Tyler disse. — O homem que nos indicou disse que senhor é conhecido por aqui como “o levanta-fama”. Pode pegar as piores bandas, mas dá um jeito de colocá-las na mídia e elas fazem sucesso.

— E depois o ego sobe à cabeça e elas acabam por abandonar meu pai e procurar empresários mais famosos. Curioso, não? — Falei, sendo irônica. Papai secou-me com o olhar e os garotos ficaram em silêncio. Foda-se, sou desbocada mesmo! Não quero criar uma relação de amizade com essas bandas para depois elas deixarem meu pai, e gosto de deixar isso bem claro desde o início.

— São coisas da vida. — Philippe disse. — Podemos conversar por alguns instantes? Gostaria de saber um pouco mais sobre vocês. O que vocês fazem, seus interesses futuros…

Nos sentamos no sofá da sala e começamos a conversar. Os garotos eram americanos como nós, vieram de uma cidade do interior chamada Twinbrook, e se mudaram para Bridgeport, na França, a fim de tentarem fazer sucesso em uma cidade mais urbana. Eles trabalhavam em um bar para pagar o aluguel do apartamento e, nas horas vagas, ensaiavam. Os instrumentos que eles tinham para tocar, alguns foram comprados com o salário e outros foram doados por amigos que apoiavam o sucesso da banda. “Puxa, eles são mesmo simples!”, pensei. Mas o que me deu orgulho foi a determinação que tinham. Mesmo não fazendo sucesso imediato por falta de oportunidade, eles não desistiram. E Logan falou sobre seu desejo de ajudar entidades e projetos sociais com sua música. Achei interessante vê-los preocupados com o meio ambiente e os animais.

Meu pai passou um tempo conversando com os meninos, minha mãe fazendo perguntas de vez em quando. Eu fiz duas ou três perguntas só pra não ficar quieta demais, porque, pra falar a verdade, não gosto muito de me meter nos assuntos do meu pai. E então nos despedimos e fomos embora.

— Simpáticos os garotos, não achou querido? — Lucia comentou ao entrar no carro.

— Muito. — Philippe concordou, dando a partida. — Há muito tempo eu não me deparava com garotos que se preocupam com algo mais além da fama.

— Acho que iremos nos dar muito bem com eles! — Lucia sorriu.

Quando voltamos para casa, o caminhão de mudança havia acabado de chegar. Perfeito! Passamos o resto da tarde e o início da noite desempacotando caixas, mas no geral correu tudo bem. Depois, meus pais me contaram sobre uma escola chamada Sweet Amoris High School, onde eu iria estudar.
— Ela parece ser ótima, andei fazendo uma pesquisa e descobri que Sweet Amoris é a melhor escola da região. Inclusive adolescentes de Paris vêm estudar aqui. — Lucia disse. — A escola organiza vários projetos e os alunos que aprendem a executá-los sozinhos. A diretora Shermansky diz que é importante para formar o caráter dos estudantes e prepará-los para a vida adulta.

— Isso é bom. — Falei.

— Farei sua matrícula amanhã cedo, e você virá comigo para conhecer melhor a escola e seus futuros colegas.

— Kaplan… Sei que estamos em um país diferente e que a cultura daqui é bem diferente da nossa. — Philippe começou. — Mas não se sinta intimidada. Vai dar tudo certo, é só agir normalmente que tudo ficará bem.

Eu sabia qual era a grande preocupação do meu pai: Estar em um país diferente significava querer se familiarizar com a nova cultura e, consequentemente, ficar mais próxima dos franceses. E franceses tinham a fama de serem bem íntimos uns dos outros. Ele estava preocupado de eu me aproximar demais e alguém acabar descobrindo meu segredo. Mas… Escolas nunca me amedrontaram, e meu pai sabia disso. Não seria diferente dessa vez, só porque eu estava em um país novo.

Seria?


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

→ "Os Engravatados" é uma banda do The Sims 3 mesmo. No modo compra, você encontra um pôster da banda. De qual Engravatado vocês mais gostaram? Meu favorito é o David, o loirinho kkkk



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Boneca Humana" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.