Pov Lety


Não cansaria de olhar para ele. Tão lindinho. Me sinto como uma psicopata mas não importo, não há ser humano mais perfeito que meu marido, dormindo como ele está então... pena do resto. Estamos a caminho de nossa casa agora, depois de uma semana no paraíso.
Casa... esse assunto me atormenta. Não por me sentir insegura em morar com ele, longe disso, só não ficaria atormentada desse jeito se tivéssemos uma casa mesmo para morar. A culpa não é dele, nunca, mas de certa forma é minha. Vejamos bem analisado, eu troquei de marido um dia antes do casamento... minha vida já estava planejada com o Aldo (N/A [Nota da autora] ARGH ARGH ARGH) eu iria morar com ele no litoral (N/A MAIS ARGH ARGH ARGH). Agora, foi com o Fernando que me casei, estou muito feliz com isso, só que não vou morar aonde ele estava vivendo... com a Márcia e o Carvajal. Não gosto muito de lembrar disso.

Flashback ON

O quartel é maravilhoso. Elas assim me fazem querer ficar perto do Aldo.
– Bom dia – vejo Seu Fernando chegar sorrateiro e automaticamente me desagarro de Aldo. Não me entendo, só basta eu sentir sua respiração perto de mim que viro a Lety de antes. Reviro os olhos. Vejo a Márcia ao seu lado, parece que chegaram juntos...
– Ai Márcia, vendo vocês juntos me lembrei de quando você passava as noites com o Fernando – calem a boca dessa Oxigenada – e os dois chegavam juntinhos – matem-na – pra trabalhar de manhã – CALE – e se – ESSA – amavam – BOCA – awwwwwwn Márcia.
– Pois é, acontece que Fernando e eu agora moramos juntos. - Márcia dá a grande, maravilhosa notícia, acho que se ele falar algo mais eu infarto. Pouco me importa, ele sempre amou ela. Agora vejo seus sonhos se realizando...
– Seu Fernando, fico muito feliz que o senhor e a dona Márcia tenham retomado a relação – é a única coisa que consigo falar. Droga Leticia, você devia espancar ele até perguntar o porquê dele ter te esquecido.
– Felicidades, felicidades – Aldo diz bem feliz ao meu lado, que vontade de espancar ele também... Além do que ele só é meu noivo...

Estranho, Seu Fernando ri nervosamente. Agora que não entendo mesmo.

– Não é isso não Dona Lety – ele fala rindo, devia estar muito feliz assim por morar com Márcia Villaroel – não é isso não – ENTÃO É O QUE PALHAÇO?
– Não é isso que você está pensando não Lety – Márcia se intromete.
– Me desculpe eu achei que – você tinha me esquecido, Seu Fernando, achei que todo aquele amor que dizia sentir por mim tivesse desintegrado e que agora você é da Márcia, não mais meu.
– Não, não, não retomamos nada – Dona Márcia continua – só estamos morando juntos porque moramos – cínica.
– Vendemos é o que ela quer dizer – Fernando retoma a falar – vendemos nossas casas.
– É vendemos nossas casas – Márcia confirma.
– Antes moravam em casas separadas – Aldo obviamente manda seu lindo raciocínio, porque obviamente enquanto eu fazia amor com Senhor Fernando Mendiola, a Márcia assistia tudo já que morava junto com ele.
– É, só que agora não temos dinheiro, então vendemos nossas casas para pagar a dívida. Então para vocês entenderem... O Carvajal mora junto com a gente – Fernando responde a questão levantada pelo Aldo.
– É sério? – falo diretamente para a Dona Márcia, afinal isso é bem confuso... tipo muito.
– Sim, vamos viver como três irmãozinhos – ok, agora ela passou dos limites com essa frase... “irmãozinhos” depois de ter passado anos fazendo amor com Seu Fernando? Meu poupe, é impossível esquecer isso.
– Bom, com licença – não aguento ficar mais um minuto aqui imaginando os dois apaixonados um pelo outro.

“Não, não, não retomamos nada/só estamos morando juntos” penso nisso que a Dona Márcia falou.

Solto meus ombros;

Suspiro aliviada.

Flashback OFF

Saio desse pensamento quando sinto o ônibus parar em sua última parada. Ele continua dormindo. Meu lindinho, que medo tinha e tenho de perde-lo. Chego mais perto, ouço sua barriga fazer um barulho bem estranho. Gargalho, acho que alguém está com fome. Começo a beijar toda a extensão de seu rosto, sei que gosta de acordar assim e preciso fazer algo para tirar essa insegurança de ficar sem ele. Vejo ele abrir os olhos quando começo com os selinhos. Paro. Sorrio junto dele quando sinto suas carícias em minha bochecha.
– Paramos? – ele fala de forma carregada. Deus, como amo esse homem.
– Sim, sim. É a última parada até em casa então acho melhor você descer e comer algo... você deve estar com fome. – seguro o riso por lembrar do que ouvi mais cedo.
– Vamos, mas antes quero um beijo – ele diz com um biquinho que ele sabe que me derrota. Safado.
– Mais? Já te dei tantos... – entro no mesmo jogo que ele.
– Mais um não faz mal... ou você cansou de mim? – Nunca.
Chego mais perto de sua boca, ele continua no mesmo lugar. Encosto nossas bocas sem muito esforço e quando vejo ele já querendo começar a apimentar as coisas, recuo. Rio da sua cara de insatisfação. Quando vejo que ele está pronto para reclamar o agarro sem piedade. Sim, ele não esperava por isso, sei porque ele demora segundos para entrar no ritmo. Nossas línguas batalham enquanto sinto suas mãos forçando meu corpo para cair em seu colo, nossos sexos são assim apertados um no outro. Solto um gemido. Isso o alegra e me puxa ainda mais para seu corpo e sinto uma de suas mãos indo para meu pescoço e a outra... bem pelo aperto em minha bunda nem preciso dizer. Alguém está começando a se animar. Paro o beijo em busca de ar porém não o solto. Não teria forças, ele sabe como me desestabilizar. Olho em seus olhos e percebo que não devo ter medo, sou dele e ele é meu.
– Agora podemos ir? – pergunto não por querer ir mas por não conseguir me conter. Querendo ou não, estamos nos agarrando em pleno ônibus de viagem.
– Querer não né, mas vamos sim. – ele tira seu cinto enquanto me levanto de seu colo. Desço esperando ele do lado de fora.
Ao descer ele já agarra minha mão. Sinto que temos essa necessidade de nunca nos soltar.
– O que você vai querer? – questiono-o.
– Você. – ele chega perto de minha orelha esquerda e diz isso. Esse homem.
– Isso você já tem. – Respondo.
Ele me para no meio do caminho.
– Eu tenho tanto medo de perder você novamente. – ele diz olhando em meus olhos.

Não consigo responder, apenas o abraço muito forte.

Eu também, Fernando, eu também;
Mas somos Lety e Fernando,
Fernando e Lety;
Dependentes um do outro...

Os Mendiola.