Não Podia Ser Você! escrita por Marcio Lank


Capítulo 5
Tarde Demais




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/549221/chapter/5

Sete e meia da manhã, todos acordados. Menos Jake, o que não é nenhuma novidade.

Chegamos ao acordo de trancar a porta do banheiro central, a mãe de Clarisse talvez poderia entrar na casa. Joe ficou encarregado de guardar a chave, não que isso importe. Para possíveis perguntas, o banheiro estava interditado porque Mike teve uma dor de barriga, claro, ele foi o único que não gostou muito da ideia. E Ashley teria saído. Enfestamos de diferentes tipos de desodorante em spray lá dentro. Um difundo fede bastante mesmo.

Pensava que Clarisse tivesse ficado chorando aquele tempo todo, sozinha no quarto. Mas ao invés disso estava guardando suas coisas para ir embora. As vezes ela é bem madura.

Bebemos café e comemos torradas, tirando Clarisse que dizia não ter apetite. Oito oras em ponto a campainha tocou. Emilly abriu a porta e lá estava ela: com um casaco totalmente preto que cobria sua blusa por baixo e uma enorme saia da mesma cor. Aquele rosto jovem, que não parecia ser mãe de uma adolescente, mas era ela, a tia Mary.

O que eu não queria, quer dizer, ninguém queria, aconteceu. Ela fez questão de dar uma voltinha pela casa para ver como estávamos se saindo. Clarisse não sabia que iriam direto para o enterro, então levou uma mala e foi correndo para o quarto se trocar.

Passando pelo banheiro, ela forçou a porta e perguntou porque estava trancada. Então explicamos sobre o Mike ter tido dor de barriga. Ela sentiu o cheiro dos desodorantes e concluímos, falando que era pra eliminar o mau cheiro. E então se tocou que, Ashley não estava conosco. E dizemos que ela foi fazer compras. Por fim, ela pediu para mandarmos um beijo pra ela. Se despedimos e elas se foram. Tia Mary prometeu ligar, preocupada se ficaríamos bem sem adultos...

* * *

Para almoçar pedimos pizza. Enquanto esperávamos chegar, todos estavam sentados nos dois sofás da sala. Agora éramos apenas seis. Do nada, Mike gritou:

–Eu não aguento mais! Quem assassinou Ashley?!

Silêncio total.

–Não é assim que vamos resolver. - comecei. Ninguém iria se revelar...

–Ah é?! - berrou ele. - Você fala como se soubesse de tudo! Foi você não, foi? Admita!!!

Por alguns segundos apenas fiquei encarando ele. E depois falei:

–Eu nunca faria isso. Seja quem for, você está aí. E eu te odeio! De todo coração!

Mike começou a encarar todos, como se ele fosse o único inocente. Eu e Emilly trocamos olhares. Ela deveria ter pensado o mesmo que eu: ele só se tornou mais suspeito.

Clarisse ter ido embora, me deixou com uma agonia que acabei falando:

–Só espero que não tenha sido a Clarisse.

Na mesma hora Joe se levantou e deu um soco na minha boca. Isso doeu.

–Eu já disse que não foi ela! - gritou com raiva.

Tentei responder mas a dor foi maior. Minhas palavras se embolaram na minha consciência que a única reação que consegui ter foi começar a chorar.

–Agora virou um bebê chorão?! - me zoou.

Fiquei com muita raiva do que ele disse. Não queria revidar com palavras ou fisicamente, infelizmente com medo dele me machucar, pois é bem mais forte. E se ele fosse o culpado, com medo ainda mais dele me assassinar.

Me levantei e corri direto para o quarto, como uma criançinha. Fui dormir.

* * *

Acordei com um barulhinho vindo lá de baixo. Rapidamente peguei meu celular e eram quatro da manhã. Estava com tanta raiva que ignorei. Me joguei na cama e voltei a dormir.

Acabei acordando, de novo, nove e meia da manhã. Luize e Emilly já estavam acordadas vendo TV. Estava morrendo de fome pois no dia anterior, só tinha tomado café da manhã. Luize disse que sobrou algumas fatias de pizza e eu fui pegar. Quando estava voltando para a sala, Emilly se levantou e andou em direção da cozinha, mas, bateu com a coxa na quina de um móvel no caminho. Ela se queixou um pouco e continuou indo para a cozinha. Voltou apenas com um copo de água que colocou na mesinha em frente ao sofá onde estava sentada. Subiu um pouco sua bermuda e onde ela bateu no móvel estava roxo. Achei estranho ter ficado daquele modo, bem roxo, em pouco tempo, mas ignorei e me ofereci para pegar gelo. Ela aceitou e colocou.

Já era de tarde, estávamos prontos para almoçar na rua e apenas Joe não tinha aparecido. Ainda bem. Ele era a última pessoa que eu gostaria de ver.

–Que horas vocês foram dormir? - perguntei.

–Por volta das onze da noite - respondeu Luize.

–O Joe falou alguma coisa sobre mim, depois que saí?

–Ele ficou resmungando. - disse Emilly. - Falando que você era idiota, fraco...

–Alguém tem que chamar ele. - disse Jake. - E chamar logo... estou com fome.

–Eu que não vou. - respondi rapidamente.

Silêncio total.

–Por que não vamos todos? - disse Mike. - inclusive você, Jack. As vezes ele se arrependeu e ficou com vergonha de sair do quarto.

Aquilo me convenceu e todos subiram as escadas. Mike, que estava na frente, bateu na porta. Sem resposta.

–Abre logo! - disse Jake.

–Tem certeza? - cochichou Mike, meio confuso.

Jake se enfiou na frente, rodou a maçaneta e empurrou a porta com força.

De várias cenas que se passaram na minha cabeça, do que poderia acontecer quando abríssemos a porta, nunca imaginaria aquilo.

Todos nós cinco congelamos. Deitado na cama estava Joe com um travesseiro cobrindo o rosto e um facão (exatamente como o que estava na mão de Ashley) fincado no lado esquerdo de seu peito.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Não Podia Ser Você!" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.