Não Podia Ser Você! escrita por Marcio Lank


Capítulo 4
Uma Chama se Acende




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O céu estava começando a escurecer quando o telefone tocou. Mike, que estava mais próximo, atendeu. Logo passou para Clarisse.

Após ficar alguns minutos no telefone, seus olhos se encheram de lágrimas. Ela subiu as escadas correndo e podemos ouvir um barulho estrondoso de uma porta batendo. Quando Joe percebeu a situação, correu atrás dela, e todos nós fomos juntos. Ela se trancou. Disse que precisava ficar sozinha e que mais tarde explicava.

Algumas horas antes, tive que contar para Jake sobre o que aconteceu com Ashley. Sua reação foi totalmente diferente do que eu imaginei. Não pareceu ficar assustado, só ficou um pouco nervoso. Ele até pediu para ver o corpo. E aceitou manter segredo, até que fosse resolvido.

Agora já estávamos com fome. Então resolvemos ir a pé em uma lanchonete, não muito longe. Joe passou algum tempo conversando com Clarisse por cartinhas debaixo da porta. Por fim, ele traria um lanche para ela, quando voltássemos.

No caminho, Joe começou a explicar:

–Era sua mãe no telefone. Dizendo que sua avó tinha falecido. Ela vai embora amanhã bem cedo, por causa do enterro.

–E se foi ela? - perguntei. - Você sabe... sobre a Ashley...

–De homem pra homem... - começou ele. - Pode confiar em mim, não foi. Conheço ela e já me prometeu que nunca esconderia nada. E aliás, quando ela levanta para ir ao banheiro, balança a cama toda e isso sempre me acorda.

O que ele disse não me convenceu totalmente. Mas ela tinha um bom motivo para ir embora. Realmente, não podíamos prendê-la.

Depois meio que sem reparar, estávamos andando em duplas. Joe e Mike conversavam sobre vídeogames, Luize e Jake falavam sobre mim, o que eu não achava legal e Emilly parecia querer puxar algum assunto comigo, mas suas bochechas coravam e ela se virava para que eu não percebesse. Mas percebi.

De longe, pude perceber que a lanchonete estava muito cheia. Jake puxou Luize pelas mãos, como sempre, dizendo que estava com muita fome e foram correndo. Joe e Mike apostaram quem chegaria primeiro. Logo, estava sozinho com Emilly.

Chegando lá, encontramos os quatro sentados em uma mesa com apenas quatro lugares. O resto das mesas estavam cheias, mas logo um casal saiu. Não pudemos levar as cadeiras para essa mesa pois eram aparafusadas no piso. Então fomos obrigados a nos separarmos.

A mesa que eles ficaram, não era tão próxima, mas de tão alto que riam, dava para ouvir. Realmente estavam se divertindo. Diferente de nós. Como eu não conseguia pensar em mais nada, sem ser isso, perguntei:

–Quem você acha que... que matou a Ashley?

–Não tenho certeza... - começou ela. - Mas acho que para ter conseguido deixá-la desse jeito, deve ter sido um garoto.

–Você suspeita de mim? - perguntei sem medo.

–Não. De jeito nenhum. - disse ela.

–Você acha que pode ter sido a Clarisse?

–Olha, acho que não. - respondeu. - Mas se foi, em parte é até bom que ela vá embora.

–É. Mas, mesmo que seja, os pais da Ashley não sabem de nada. E se soubessem, contatariam a polícia e tudo mais. Temos que resolver e conseguir provas, caso contrário, todos nós seremos culpados. - conclui.

–Nossos pais também, meu tio... - disse ela. - seria uma grande confusão.

Quando percebi, já estávamos tendo um assunto.

–Você é daqui, a pessoa de quem mais confio. - disse.

–Posso dizer o mesmo. - respondeu.

–Você me promete que não foi você? - perguntei.

–Sim, eu prometo Jack. - respondeu.

–Ótimo... - comecei. - Então nós dois, escondido deles, é claro, vamos investigar mais a fundo e descobrir se algum deles, teriam um motivo para fazer isso. É claro, o Jake não teria capacidade de assassinar ninguém.

–Ok. Também concordo que não foi ele.

Depois percebemos que ainda nem tínhamos pedido e as garçonetes nos olhavam com cara feia. Pedimos. Depois de alguns minutos chegou nosso lanche. Enquanto comíamos, Joe veio me cobrar o dinheiro do que o Jake comeu. Disse que já iam embora, para que o lanche de Clarisse não esfriasse. Emilly passou a chave para ele e continuamos a comer.

Meu lanche custou R$ 15,90. Quando abri minha carteira, só tinha R$ 12,00. Havia levado pouco dinheiro pois sabia que não gastaria muito, mas Jake comeu muito, me deixando com menos do que eu deveria ter para pagar.

Emilly se levantou e estava com o valor de seu lanche na mão. Ficou olhando para mim, esperando que eu me levantasse. Senti uma sensação quente e fria percorrer por todo o meu corpo ao mesmo tempo. Estava com muita, muita vergonha. A única saída que eu tinha era... pedir dinheiro emprestado para a Emilly.

–Aconteceu alguma coisa? - me perguntou.

–Ah, não... - respondi sem jeito.

–Pode confiar em mim.

–É que...

É que...?

–Faltam R$ 3,90 para que eu consiga pagar meu lanche. - respondi com muita vergonha.

Ela começou a rir e logo disse:

–Seu bobo! É claro que eu te empresto! Mas me paga depois, hein?

–Ok, ok. Muito obrigado!

* * *

Antes de entrarmos, eu disse:

–Obrigado. Me sinto melhor em ter você comigo nessa.

A abracei forte, enrubesci e inventei uma desculpa:

–Ahh... tenho que entrar logo... preciso... ahh... usar o banheiro!

Ela apenas riu. Disparei o mais rápido que pude em direção à porta. Rodei a maçaneta e impulsionei meu corpo pra frente.

Caí no chão sentado e meu nariz doía muito. Coloquei minhas mãos sobre ele e estava sangrando.

–Seu doido! - gritou Emilly. - O que estava pensando?!

–Eu pensava que estivesse aberto...

Ela me ajudou a se levantar, tocou a campainha e logo Jake abriu. Fomos até a cozinha, onde lavei meu rosto escorrido de sangue. Depois ela me trouxe um pedaço de algodão e sem pensar, enfiou no meu nariz. Disse que eu devia ficar um tempo com a cabeça inclinada pra cima.

–O que aconteceu? - perguntou Luize.

Todos estavam na cozinha. Inclusive Clarisse.

–Ah... eu... sem querer bati de cara em um poste.

Todos riram...

–Foi isso mesmo, Emilly? - perguntou Joe, rindo. - Ou ele levou um soco de alguém na rua?

–Foi isso... - respondeu ela, confirmando minha mentira. - Estávamos meio distraídos.

Continuaram a rir por mais tempo, principalmente Jake, mas acreditaram.

Quando finalmente saíram da cozinha, eu disse:

–Obrigado... Assim não vão pensar que fui tão bobão...

–Ah, que nada. - respondeu. - Você só estava com vergonha e se descuidou.

Eu não via meu rosto, mas de tão quente que ficou de vergonha, com certeza eu parecia um tomate.

–Não fiquei nada! - respondi.

–Relaxa. - disse calmamente. - sabemos que não...

Ela sorriu, ficou um pouco vermelha e foi em direção às escadas, ou seja, seu quarto.


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Notas finais do capítulo

Está chegando ao fim..., eu acho.



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