Não Podia Ser Você! escrita por Marcio Lank


Capítulo 3
Ashley




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/549221/chapter/3

Todos se recusaram a almoçar. O clima estava péssimo. Com certeza cada um estava fazendo suas suspeitas mentalmente, eu estava. E Jake ainda dormia.

A porta do banheiro onde se encontrava o corpo de Ashley estava fechada, não trancada, mas, ninguém se atrevia a voltar lá.

Nós seis sentamos nos dois sofás que tinham na sala.

–Quem a matou? - perguntei ingenuamente.

Silêncio total...

–Precisamos resolver isso. - disse Joe.

–Sim... - concluiu Luize.

Realmente pareciam estar bem tristes, o que fazia as suspeitas serem diminuídas. Mas com certeza, entre nós seis, alguém fingia. E fingia muito bem.

Não sei se será bom o Jake saber disso. Iria influenciar muito na sua vida. Com certeza o deixaria traumatizado. Se foi ele quem fez isso? Impossível.

–Se lembram de quando ela caiu da escada na escola? - começou Luize. - e então todos nós a ajudamos e depois ela abraçou cada um?

–Queria que ela me abraçasse agora. - respondi.

Todos concordaram com a cabeça.

–E naquela vez em que tivemos que participar de uma dança na escola... e ela teve que ficar com aquele gordão. - disse Joe.

Todos riram, mas, ao mesmo tempo lágrimas caíam de alguns.

Clarisse começou a chorar muito alto e Joe disse:

–Calma amor, vai ficar tudo bem!

–Não, não vai! - gritou Clarisse. - O cabelo dela era lindo e eu tinha inveja disso. Mas agora que ela se foi... percebo que sempre a olhei torto por seu cabelo. Se eu pudesse me desculpar... - e começou a chorar.

Joe a abraçou forte e cochichou algo em seu ouvido. Ela fechou os olhos e começou a cochilar encostada nele.

–Eu me lembro de quando fui mal na prova de Matemática e ela me consolou dizendo que a prova estava realmente muito difícil, mas eu que não tinha estudado. - disse Emilly.

–Se eu tivesse ficado acordado só mais um pouco... - começou Mike. - Quem sabe eu poderia tê-la ajudado.

–Eu... eu... eu a amava! - desabafei.

O silêncio se manteve por alguns segundos, mas logo Joe disse:

–Quem não sabia disso?

Isso me deixou com raiva. Gostava dela desde sempre e, quando finalmente me expresso para meus amigos, ganho essa resposta. Mas do que adiantava? Eu demorei demais. Mais do que demais. Agora ela estava morta! Morta!

–Jack - disse Luize. - Você deve estar se sentindo horrível. Sei como é. Não exatamente do mesmo jeito, mas, já gostei de um garoto que nunca ligou pra mim. Você supera. Pode demorar, pode parecer que nunca conseguirá, mas, quando menos esperar, estará gostando de outra pessoa.

–Você está errada! - disse Joe. - Eu nunca amarei ninguém como amo minha Clarisse.

–Relaxa. - disse Luize. - É apenas minha opinião.

O clima só piorou. Mesmo que eu estivesse sofrendo com isso, sofria mais ainda em ver que meus amigos também estavam sofrendo. E então tentei mudar de assunto:

–Que tal jogarmos algum jogo divertido? - perguntei.

–Acho uma ótima ideia. - concordou Mike.

Joe cutucou Clarisse, mas ela tinha apagado.

–Pelo jeito será só nós cinco. - disse ele.

–De qualquer forma, alguém tem uma ideia de jogo legal? - perguntou Emilly.

No mesmo segundo Mike falou:

–Eu conheço!

–Então explique. - respondeu Joe.

–Bem, todos devem mostrar os dez dedos das mãos... Uma pessoa começa a rodada e fala alguma coisa que nunca fez. Quem nunca fez essa mesma coisa, abaixa o dedo. Mas a pessoa que está falando, na sua própria vez, não precisa abaixar o dedo. E vai rodando a vez em sentido horário.

–E quando a pessoa abaixar todos os dez dedos? - perguntou Emilly.

–Essa pessoa perde. - respondeu Mike.

–Então, quem sobrar no final ganha. - concluiu Luize.

Joguinho legal... - disse Joe sarcasticamente.

–Pelo menos vamos poder conhecer melhor uns aos outros. - eu disse.

Todos se ajeitaram em posições mais confortáveis... e Mike perguntou:

–Alguém quer começar?

Ninguém respondeu. Depois de um tempo, Joe respondeu:

–Tá, tá. Eu começo.

–Então... - começou ele. - Eu nunca andei de avião.

–Sério? - perguntou Luize.

–Não te interessa! - respondeu Joe.

Apenas Emilly abaixou um dedo.

Agora era minha vez:

–Eu nunca... nunca... beijei ninguém. Na boca.

Joe, Mike e Emilly começaram a rir. Luize enrubesceu e abaixou um dedo.

–Eu nunca fui em um museu. -disse Emilly.

Ninguém abaixou os dedos, pois, teve um passeio da escola que nos levou a um museu, mas seus pais não a deixaram ir. A única na turma que não foi.

Passando alguns minutos, Mike já havia perdido. No jogo, restava eu: com três dedos, Joe: com dois dedos, Emilly: com três dedos e Luize: com seis. No final das contas Joe venceu.

Depois começamos a contar piadas e chegávamos a se jogar no chão de tanto rir... Tudo parecia tão bem, até que Jake desceu as escadas, bocejando dizendo que estava com muita fome. Ao ver aquele rosto inocente, me fez lembrar da triste realidade: que entre nós, havia um assassino.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Não Podia Ser Você!" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.