Sacrificed Blood - O Baile da Morte escrita por Thay


Capítulo 3
Capítulo 2




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/549195/chapter/3

Tive pesadelos com aquele homem do espelho durante toda a noite, tanto que o evento ficou cravado em minha memória. As partes daquele cadáver sangrando, e falando comigo como se realmente fosse real. Uma verdadeira cena de horror. Em versões criadas por minha mente, ele saía se arrastando pela pia, saindo do espelho, se transformando em uma besta de dentes afiados e enormes, engolindo-me de uma vez só. Traduzindo: não dormi.
Os meus olhos com certeza se encontravam completamente fundos e roxos. Só que agora nos dois. Mike estava ocupado quando eu liguei pra ele pedindo ajuda, mas disse que viria assim que pudesse. Ele era a única pessoa a quem eu podia confiar para falar sobre esse assunto, obviamente. Então, as dúvidas rondaram minha cabeça até que fosse hora de levantar e ir para a escola.
Caminhava de volta para a sala, depois do almoço, distraída demais com os pensamentos e quando dei por mim, estava jogada no chão com uma série de papéis espalhados ao redor. Olhei pra cima e encarei o sujeito no qual havia esbarrado. Uma garota de olhos ternos, parecendo bolinhas de gude, castanhos. Tinha cabelos cacheados e um sorriso acolhedor, parecia se condenar pelo ocorrido.
– Ah, meu Deus, me desculpa! - ela disse, trêmula e se abaixando rapidamente pra juntar os papéis. Eu ri levemente, ajudando-a.
– Não, tudo bem.
– Eu sou tão desastrada!
– Já disse, tá tudo bem.

Ela forçou um sorriso tímido e estendeu a mão.
– Sou Elena.
– Ammy. - apertei sua mão. Nos levantamos, já com todos os papéis juntos e empilhados, um volume enorme e branco pesando sobre seus braços franzinos.
– Você é nova aqui? - ela perguntou, confusa.
– Não, na verdade, mais ou menos. É que eu saí no ano passado e voltei esse ano.
– Ah, - ela começou a caminhar pelo corredor e eu a acompanhei - deve ser por isso que nunca te vi, só estou aqui há um ano.
– E o que mudou por aqui exatamente?
– Nada, quer dizer... Alguns alunos se foram, outros vieram. Você voltou, por exemplo.

Algumas pessoas corriam para o lado contrário onde caminhávamos. Franzi o cenho, elas pareciam apressadas, desesperadas para chegar ao destino, que, se eu não me engano, aquela direção levava a ele.
– Deve ser algum pronunciamento da diretora. - Elena chutou.

Um grupo de alunos passou tão depressa que a derrubou, jogando todos os papéis para o ar novamente. Abaixei-me para ajudá-la. Mas, por dois segundos eu avistei um colár quase igual ao de Elizabeth, se não fosse pela coloração azulada caído por entre seus pertences. Como se não quisesse que eu visse, Elena pegou a jóia e guardou-a novamente no bolso, nem percebendo que o estrago já havia sido feito.
– Eu tenho que ir. - ela disse, depois de recolher novamente os papéis. Se levantou, porém antes que ela conseguisse partir, enfiei a mão sorrateira no bolso de sua blusa e peguei o objeto. Ela nem notara.

Em casa eu analisei a diferença entre as duas pedras. Uma azulada e a outra transparente, uma pertencia à princesa da Itália e a outra a quem? Será que Elena era descendente de alguma parente de Elizabeth? E essa parente seja a pessoa a qual o homem no espelho se referia? A mulher que causaria o grande estrago? A quem eu deveria matar pra evitar um estrago maior?
Não fazia ideia, e o pior de tudo é que nem tinha uma referência da qual poderia pesquisar na internet, pois os colares eram muito simples, não haviam símbolos, assinaturas. Nada. Nem Mike estava disponível no momento.
Decidi respirar fundo e ver o que iria acontecer, afinal, a quem eu poderia recorrer para esse tipo de situação? A verdade é que eu queria evitar qualquer familiaridade com Logan pelo simples ressentimento que eu tinha de sua partida, mas sabia, pela experiência, que negar as coisas que aconteciam seria pior.
– Quer que eu vá até aí, ficar com você? - Alison perguntou quando eu liguei pra ela pra falar contar parte das novidades.
– Isso seria ótimo. Mas já são quase sete da noite, ela vai deixar?
– Claro, minha mãe te adora. - eu ri.

Passei as mãos pelos cabelos após desligar o celular. Andei pelo quarto e os pensamentos, involuntariamente, voltaram para nove meses atrás. Onde será que Logan estava agora?
– E aí, como foi o primeiro dia de aula na escola pra almofadinhas? - Alisson perguntou, entrando no quarto sem avisar. Eu me assustei de início, mas logo ri, ela tinha permissão pra fazer isso.
– Ah, sabe como é? Fora as boas estruturas, nada de novo realmente. - dei de ombros.
– Sabe que é meio egocêntrico você usar palavras como "estruturas", não é? - fez cara de nojo.

Ri e me sentei na janela, deixando uma perna pendurada.

– Aí, o que é isso? - ela tinha o colár, o de Elena, em mãos. Desci da janela, correndo em sua direção. Esqueci que o tinha deixado em cima da cômoda.
– Ah... - tentei conter o desconforto que aquilo era, mas foi impossível. Pus uma mecha de cabelo atrás da orelha - É só um presente que minha avó me deu no ano passado de aniversário. - menti.
– Porra. - ela disse, impressionada - Um diamante! Superou o show do Simple Plan. E você só me conta agora! - bateu de leve em meu ombro.

Ela ficou admirando a pedra, como se estivesse hipnotizada e franziu o cenho. Depois, piscou, retornando à realidade e sua expressão ficou em choque.
– Alison... O que foi? - toquei seu ombro. Ela abaixou o colár.
– Pode parecer estranho, mas... Eu já vi isso antes.
– Hã?
– É. Eu já vi isso antes.
– Tem certeza de que não foi em uma das vezes em que eu usei e você acabou percebendo?
– Não, Ammy, eu teria perguntado! Isso... Caramba, é um dejá-vu forte! - tocou o diamante.

E se eu pensei que o dia não poderia ficar mais estranho, ela arregalou os olhos, como quem toma um choque e começou a flutuar. Ali, na minha frente, toda a sua pele irradiava uma luz branca e os olhos se coloriram do mesmo jeito. Os pés não tocavam o chão e o colár brilhava do mesmo jeito, o pescoço se curvara pra trás, como se o seu peitoral estivesse sendo puxado por algo invisível, os braços moles e suspensos. Eu ouvi ela inspirar um pouco de ar antes de cair, desmaiada. A segurei, antes que seu corpo sofresse o impacto contra o solo. Ali abriu os olhos devagar, claramente tonta. Notei que eles haviam voltado ao normal, com as pupilas castanhas de sempre.
– Ammy, o que...? O que aconteceu? - ela sussurrou.

Não consegui responder. Apenas a abracei, sentindo um alívio imenso por ela estar bem.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Hey! Mais um capítulo, espero que tenham gostado :) Beijos



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Sacrificed Blood - O Baile da Morte" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.