Sacrificed Blood - O Baile da Morte escrita por Thay


Capítulo 2
Capítulo 1




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Era oficial, meu último ano na escola estava para começar. A praia de Seattle se mantinha calma, exatamente como nos últimos nove meses desde que Logan fora embora. Eu sentia falta dele todos os dias, principalmente em momentos como esse, nessa praia, porque o nosso primeiro encontro fora aqui e na época eu não admitira, mas já estava apaixonada. E agora, tudo não passava de uma lembrança, eu me sentia vazia, sem um sentido real pra vida e simplesmente seguia em frente. Logan não mandara mais nenhuma carta, não dera um telefonema, nem mesmo um e-mail... E depois de um tempo eu cansei de esperar. Mas era hora de realmente seguir em frente.
Chega de me lamentar pelas coisas que aconteceram, demorou, mas eu finalmente aceitei todas as mudanças que ocorreram. Meu irmão e minha avó eram bruxos, eu me apaixonei por um lobisomem e era a reencarnação de uma princesa do século XVII. Não era a vida mais normal do mundo, mas eu podia conviver com isso.
Minha mãe cumprira com a promessa, eu saí da LHS, agora vou retornar para Seatle High School. Eu a considerava a melhor escola do mundo, mas agora isso não era a coisa mais importante pra mim, o motivo principal de eu estar aliviada por mudar de escola novamente era que, só assim, me livraria de todas as recordações que ficaram naquele prédio, eu não veria mais Logan em todos os rostos e muito menos me frustraria por não ser ele.
O único problema era Alisson.
– Você promete que não vai me trocar por nenhuma vadia dessa escola de riquinhos? - ela disse, segurando minha mão enquanto olhávamos o pôr-do-sol juntas na praia. Eu ri.
– Eu prometo. Ninguém vai te substituir! - olhei novamente para a paisagem, a areia sob mim começava a esfriar. Mas eu queria continuar sentada ali.
– E, pelo amor de Deus, arruma um namorado, esses seios precisam ser tocados, minha filha! - eu joguei minha cabeça pra trás e gargalhei com esse comentário.
– Pode deixar.

E, enfim, o sol mergulhou na imensidão do mar, finalizando o último dia antes de recomeçar na SHS. Eu me levantei junto com a Ali e ela me deixou em casa, mamãe preparava o jantar e a família toda reunida comeu. Entrei no quarto e suspirei. Caminhei até a cômoda do lado da minha cama e abri a pequena gaveta nela, lá dentro estava o colár que minha avó me deu há quase um ano atrás, com o diamante ainda brilhando, mesmo no escuro. Os sonhos que tive com Elizabeth continuaram eventualmente, mesmo depois de tudo, então decidi mantê-lo escondido e longe de meu pescoço. Sentir Logan em meus braços para depois acordar e perceber que nada era real seria castigo demais para que eu pudesse suportar. Por falar nisso, meus olhos novos não foram muito aceitos de início, todo mundo pensou que eu estivesse usando lentes, e eu acabei não tendo outra saída, a não ser sustentar a mentira, dizer que fora um presente do meu irmão. Mas depois, ninguém nunca mais me vira de olhos castanhos novamente. Estranhamente minha mãe se adaptou muito bem à mudança, parecia até aliviada com isso.

Segurei a pedra de diamante entre os dedos, tantas memórias retornando... Não! Eu não podia continuar me torturando assim, ele escolhera ir embora, sair da minha vida, se achava que estava melhor sem mim, tudo bem, eu também estaria. Fechei os olhos com força e espremi a pedra na mão, coloquei o diamante de volta na gaveta e a fechei.
Era isso, novo ano, antiga escola, novas experiências e de volta à realidade.
Logo tudo não passaria de uma lembrança sombria. Acordei com o sol batendo nos meus olhos, dificultando o processo para abrí-los. Levantei-me e fui direto para o banheiro, me encarei no espelho. Nossa, como eu estava animada pro primeiro dia! Peguei o celular na cama e vi que já eram 7:28. Droga, merda, já era pra eu estar pronta!
Corri para o chuveiro e banhei com pijama mesmo, joguei a roupa molhada de lado, penteando descontroladamente o cabelo, vesti a primeira blusa que achei com uma saia. Calcei meus all stars pretos, joguei um pouco de perfume no pescoço, escovei os dentes em dois minutos e passei um gloss rápido. Não estava nem perto do que eu queria aparentar ao retornar para SHS, mas era melhor do que quando eu acordei, então me dei por satisfeita.
– Querida, não quer tomar seu café, antes? - minha mãe gritou quando me viu passar pela sala e ir direto até a porta.
– Não, eu to atrasada!
– Toma um iogurte no caminho, no carro, eu levo você. - eu olhei pra ela, que já tinha o alimento na mão e depois pra porta. Bufei.
– Tá, me dá isso. - peguei o pequeno lanche com ela e nós duas corremos até o estacionamento do hotel.

Minutos depois chegamos ao prédio duas vezes maior que a LHS, a renomada Seattle High School. Com quase cinco andares, o edifício tinha estrutura o suficiente para lecionar quase 1.500 alunos, o jardim ficava nos fundos, havia uma quadra no sótão, ginásio, piscina, biblioteca, laboratório, enfermaria e por fim, um refeitório. Na verdade, não era muito diferente das outras escolas, mas essa tinha a vantagem de estar em boas condições. Ela era bem cuidada e os professores bem preparados, os alunos que saíam daqui sempre tinham ótimas recomendações e os que não conseguiam crescer no mercado de trabalho normalmente é porque não queriam mesmo.
Desci do carro e dei um beijo na bochecha da minha mãe pela janela do carro, logo vendo-a dobrar a esquina com o mesmo. Olhei novamente para o prédio, tentando recordar os tempos que estudei aqui, antes de acabar com a traseira do carro da mamãe, antes de ir pra LHS, antes de conhecer Logan... Espremi os olhos outra vez, novamente a falta dele me trazendo a lembrança da dor insuportável que tive de passar ao lidar com sua partida.
Tomei fôlego e caminhei na direção da entrada, pronta para pegar meus horários na secretaria. História, Arte, Educação Física e Literatura. Assim que tive o horário em mãos eu fui em busca de meu armário, porém no caminho, uma velha conhecida apareceu.
– Seja bem-vinda de volta, Ammy! - era Ashley, a vadia que transou com meu ex-namorado, Derick. Claro, eu não guardei rancor por causa de um ocorrido de dois anos atrás, mas ela continuava sendo uma vadia.
– Oi, Ashley. - forcei um sorriso - As coisas continuam as mesmas por aqui?
– Ah, nada mudou. Soube que você fez uns amigos na escola de presidiários. Não está armada, está?
– Eles não são presidiários, Ashley.
– Bom, pelo menos, você não foi presa. - ela riu e eu fiz uma leve cara de nojo - Fique à vontade, querida, você já sabe onde tudo fica.
– Obrigada. Como estão você e o Derick?
– Ah... - ela me encarou por um momento, como se questionasse se deveria responder ou não. Ou talvez porque eu havia feito essa pergunta. Bem, nem eu sabia - Estamos bem, obrigada. - então se afastou.

Enquanto passeava pelos corredores, a fim de encontrar meu armário para guardar alguns livros, depois de as primeiras aulas terem acabado, peguei-me observando os alunos para ver se tinham mudado muito desde a última vez que pus os pés aqui. E fora nesse momento que quem eu menos queria ver apareceu.
– Seja bem-vinda de volta. - a voz galante, forçada de Derick quebrou o silêncio prazeroso de minha mente. Olhei para trás, ainda com o armário aberto e dois livros de história e biologia nos braços.
– Oi, Derick. - forcei um sorriso - Como é que vai?
– Bem. - ergueu um canto da boca, encostando-se no armário vizinho, como quem insinua algo - Fiquei feliz com a sua volta.
– Hum.
– É... - ele olhou pro chão por um momento, fingindo timidez e aquilo me irritou um pouco - Quer dar uma volta depois da aula?
– Derick, vai embora! - falei, fazendo careta e me virando. Ele veio atrás. Bufei.
– Espera. Pelos velhos tempos!

Eu o encarei firme.
– Escute bem. Só voltei pra cá porque precisava esquecer algumas coisas que aconteceram, você não faz parte de nenhuma das minhas pretensões ou interesses. Traiu minha confiança ficando com a Ashley. Você é só mais um menino mimado que não consegue nem tomar as próprias decisões da vida. Agora me deixa em paz, porque nem sua amiga eu quero ser. - passei por ele que ouvia tudo calado e caminhei na direção do banheiro.

Ao me deparar o espelho largo do local, percebi que todas as vagas estavam vazias. Eu estava sozinha lá. Era melhor, assim eu poderia encarar meu reflexo em paz sem ser interrompida. Apoiei-me sobre a pia, jogando os livros no chão, sem me importar se o mesmo estava seco ou não. Respirei fundo, os ombros subindo e baixando, levantei os olhos para a Ammy à minha frente.
– Você é ridícula. - eu disse. E era verdade, era como eu me sentia. Tudo o que acontecia, eu não conseguia controlar e estava sempre precisando de infelizes pra me salvar. E acabava me sentido assim.

Como a garota não respondeu, ou melhor, disse a mesma coisa que eu, peguei meus livros do chão e andei em direção à porta.
– Ammy... - uma voz esganiçada soou por meus ouvidos e eu franzi o cenho, olhando pra trás antes de abrir a porta e entrar no corredor. Mas logo me arrependi.

Era um homem, aparentando ter pouco mais de 24 anos. Seu olhar era triste, sofrido, os cabelos eram pretos, espetados e os olhos azuis. Porém não foi isso que me fez dar passos pra trás e topar com a parede. O homem estava dentro do espelho, como um reflexo de algo. E toda a sua vestimenta, parecida com a da época medieval, estava rasgada e suja. Três buracos fundos se espalhavam por seu abdômen e ele sangrava por eles, e também por arranhões no pescoço, rosto e outras brechas pelo corpo.
– Ammy... - ele repetiu e aquela aparição, apesar de todas as coisas que eu já vi, me fizeram começar a tremer da cabeça aos pés - Não deixe que ela faça com vocês o que fez comigo. Mate-a. Mate-a! - ele gritou e, de repente, se transformou em um demônio, engolindo toda a extensão do espelho e desaparecendo.


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Notas finais do capítulo

Oooi, faz tempo, eu sei. Muito tempo kk
Mas, agora, finalmente, tomei as rédeas da minha vida e, se tiver alguém por aí, não sei, ninguém acompanha, deixe um pequeno comentário pra eu saber se gostou ou não, ok? Beijos



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