Lembranças... Tantas as lembranças que passaram como um vulto em minha mente. As lembranças sempre mostram um momento especial, uma conversa... Uma pessoa, nas minhas lembranças, era uma pessoa, uma pessoa especial, uma pessoa em que eu morreria no lugar, uma pessoa que se alguém ameaçasse esse alguém já estaria morto em um minuto, uma pessoa que com um simples sorriso fazia do meu dia um dia mais alegre, uma pessoa que com um olhar conseguia mudar meu humor, uma pessoa com quem eu queria passar o resto da minha vida, essa pessoa era Maura, a única que conseguia me fazer sorrir mesmo quando estou triste, me faz feliz apenas estando presente, que me faz arrepiar toda vez que ouço sua voz... Maura, ela é a mulher que eu amo e que nunca quero perder. E fui tirada desses pensamentos quando senti alguém me abraçar, e sussurrar alguma coisa que não entendi direito, mas aquela voz... Aquela voz, era a voz que me deixava arrepiada. – Maura... – Gemi sentindo um pouco de dor.

– Jane! Você acordou! – Ela estava chorando, mas com um sorriso no rosto, aquele sorriso me fez esquecer minhas dores, e me fez abrir um meio sorriso.

– Como está se sentindo? Está com dor?

– Eu... O que aconteceu? A única coisa que me lembro é de um clarão.

– Você esteve em um acidente de carro, quebrou duas costelas e uma perna, teve ferimentos na cabeça, graves ferimentos na cabeça. Deslocou o pulso e quebrou o nariz, também teve alguns ferimentos internos e...

– Okay doutora, quando vou receber alta? – A cortei, com uma voz mais rouca que o normal.

– JANE RIZZOLI! Você capotou seu carro! Você não vai pra casa cedo!

– Maura... Foi tudo tão rápido, não me lembro de muita coisa, mas eu sei que eu estava pensando em você o tempo todo.

– Você só fala isso porque eu estou brava com você, como pôde capotar o carro e me deixar aflita desse jeito?

– Falo sério. Eu estava indo pra sua casa, eu ia falar com você, pedir pra não ir, eu ia me humilhar na sua frente, te implora para ficar e... – Fui interrompida por um beijo, um beijo carinhoso e confortante, não queria que aquele contato acabasse.

– Well... Deu certo.

– Sério? Pera, como assim?

– Jane, quando sua mãe me avisou que você sofreu um acidente, meu coração parou por um segundo, não literalmente por que... Você sabe, mas eu nunca estive tão apavorada em toda a minha vida, não poderia te perder, você é a pessoa mais importante da minha vida e não posso te deixar, com o tanto de você não me deixar. – Sorriu

– Maura, eu nunca vou de deixar e... Onde está a minha mãe?

– Ela esteve aqui ontem o dia todo, falei pra ela ir pra casa tomar um banho e descançar.

– Ontem?! Quanto tempo eu estou aqui?!

– Desde ontem, você fez cirurgias de emergência e ficou dormindo, aliás, estava sonhando com o que? Você ficava sorrindo.

– Com você. – Sorri, e Maura devolveu o sorriso, depois me beijou, com mais paixão, mas ainda assim, um beijo calmo, macio e doce.

– JANE! MAURA! O QUE...?!?!

– Ma... – Tentei ficar reta, mas estava com muita dor – Ai!...

– Angela, eu posso explicar. – Disse Maura enquanto se levantava.

– Maura, quando?... O que?

– Alguns dias. Nos íamos te contar mas estávamos esperando o momento certo e... – Ela tentou terminar a frase, mas minha mãe a interrompeu com um abraço.

– Estou tão feliz por vocês!

Maura ficou sem reação, eu também, mas eu estava feliz por minha mãe ter aceitado assim tão fácil, fácil até de mais...

– Ma... Frankie te disse alguma coisa?

– Não precisou né filha? – Eu e Maura nos olhamos espantadas. – Qualquer um que olha pra vocês pensa que são um casal, eu não sou diferente. – Sem palavras, eu estava sem palavras, eu estava feliz e curiosa ao mesmo tempo, Maura me olhava ainda com cara de espanto, estávamos perplexas.

– Acalmem-se meninas, eu não vou gritar nem ficar brava, muito pelo o contrario, eu estou muito feliz por vocês, quero ver vocês duas felizes, minhas suas filhas, quero ver elas felizes, e tenho que dizer ter Maura como nora... – Fez uma pausa – Não poderia ter escolhido melhor filha.

– Deve ser alguma coisa dos Rizzoli’s... – Comentei.

– Como assim? – Perguntou Maura.

– Primeiro Frankie, depois Tommy, agora eu, não me espanto se minha mãe entrar na onda também – Riram.

Meu dia estava indo bem,apesar das dores, estava tudo dando certo, Maura e eu já estávamos salvas romanticamente falando, minha mãe “abençoou” o relacionamento, eu estava bem, todo mundo estava bem.

O dia estava correndo bem, tedioso, mas bem, recebi visitas de tudo quanto é gente, minha família, alguns amigos, amigos da minha família, alguns colegas de trabalho, alguns eu até não conhecia, mas mesmo assim foi bom ver eu as pessoas se importam. Já estava quase noite, meu quarto estava “lotado” nele estava Maura, minha mãe, Tommy, Frankie, Korsak e Frost, a companhia deles era simplesmente a melhor, ainda mais agora que eu e Maura não tínhamos que esconder nosso relacionamento. Quando contamos para Frost e Tommy eles reagiram igual minha mãe, estavam tranqüilos, na verdade, eles disseram que de algum modo já sabiam... Estava tão na cara assim? De qualquer jeito, estava tudo dando certo finalmente, não sei por quanto tempo, mas vou aproveitar, depois desse acidente, eu vou aproveitar, vou passar mais tempo com Maura e com minha família, parece estranho isso vindo de mim, mas tudo pode acabar amanhã, o destino prega peças, e se ele pregar mais alguma pra mim, eu quero estar preparada, quero viver os momentos, quero ter boas lembranças, quero lembrar de minha vida da melhor maneira possível, quero viver. Afinal, você apenas vive uma vez. Certo? Tenho duvidas sobre isso, mas se vivermos mais de uma vez, eu sei que quero viver todas elas ao lado de Maura, não quero que nada nos separe, nem mesmo a morte.