Crônicas do Pesadelo {Interativa} escrita por Dama dos Mundos, Kaline Bogard


Capítulo 70
A Corte de Flores e Luz Estelar


Notas iniciais do capítulo

Hello, pessoas, como vão? Espero que estejam todos bem.
O cap hoje está um pouco menor que os outros (é um milagre? Sim, com certeza é). Podem considerar como um pequeno bônus, se quiserem. kkk
Foi uma decisão própria por não querer estender demais algo que poderia ficar exageradamente grande.
Mas acho que vocês vão gostar do mesmo jeito. Bom, eu espero, pelo menos. q
Tenham uma boa leitura.:3



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Assim que o crepúsculo começou a se avizinhar, e as sombras da noite deitaram-se lentamente sobre o vale, os elfos e seus visitantes interromperam seus afazeres comuns e prepararam-se para o Festival das Flores. Por tradição, todas as vestimentas utilizadas no festival eram leves e fluídas, muitas vezes de diversas cores, para celebrar a liberdade e a beleza. Não era utilizado qualquer tipo de calçado, tornando o contato com o solo e a grama necessário, reestabelecendo a comunicação entre indivíduos e terra. Runas elficas foram gravadas por todo o corpo dos presentes, com uma tinta especial que brilhava muito levemente quando iluminada pela luz da lua.

Com o escuro que aos poucos engolia tudo, Selene foi instruída a soltar as salamandras. Obviamente ela foi advertida que se o fizesse de um jeito errado poderia estragar toda a festividade, e sua resposta fora claramente uma ou outra imprecaução. Mas ela enfim dirigiu-se a jaula previamente preparada para manter as criaturas seladas, parecendo desfilar com as runas vermelhas em formas de chamas que adornavam todas as partes visíveis do corpo (e as não observáveis, também) e um vestido que consistia em faixas de tecido que cruzavam a frente de seus seios e uma saia muito longa e esvoaçante.

Assim que ela entreabriu a porta da jaula, murmurando baixinho para que as salamandras se comportassem, os pequenos seres se espalharam como o fogo que os moldava. Elas convergiram para as fogueiras, três extensas estruturas de madeira que simulavam flores de lótus desabrochadas. As fagulhas vivas subiram, estáveis, e simultaneamente todas as três estavam acesas, e os pequenos elementais de fogo riram (um estalar suave e quase inaudível), rodando ao redor das chamas.

As fadas que haviam reunido-se no vale a alguns dias, agora rondavam os campos floridos próximos, ora sentando-se sobre as pétalas e cantarolando, ora dançando e transportando pólen de uma flor para a outra. Uma música suave, produzida por flautas e algo que parecia muito um violino, começara a tocar de um outro ponto. Ali, um grupo de elfos portava os instrumentos, enquanto um casal se intercalava para criar um dueto.

Os primeiros a iniciar os festejos foram as crianças, assim como os mais novos do grupo de relicários… Anne entrou em meio a roda com seus padrões delicados como o vento, um short de tecido leve e um corpete brancos, com os cabelos longos presos em várias tranças que juntavam-se para formar uma única, mais grossa. Ryan havia sido pintado com marcas tribais lupinas, e usava uma calça da cor de terra seca e um colete do mesmo tom.

Enquanto eles rodavam e rodavam, o ritmo ia ficando cada vez mais intenso e alegre, e mais pessoas se juntavam à dança. Trixia estava de negro, com uma pintura de pantera em seu rosto, bailando com um vestido curto e solto. Lidrin saiu de seu pretenso mal humor e colocou calças e um sobretudo da cor de seus cabelos, deixando que as preparadoras elficas pintassem inúmeras asas em seu corpo, e esforçou-se para ficar no mesmo ritmo que os demais.

Selene caminhou para o pequeno estande onde haviam bebidas, todo decorado com miríades de flores coloridas, e é claro, não demorou para ser abordada por Frosty e trocarem seus habituais jogos de palavras. O príncipe estava usando um tom de azul tão claro quanto gelo, com calças bufantes e uma túnica longa. As suas runas lembravam ondas e flocos gelados caindo por sua pele.

Skylar estava um pouco em dúvida de como se portar, e acabou decidindo beber também. Ele endireitou sua camisa de tons rubros e a calça curta, cuidou para não esfregar descuidadamente as marcas de lobo similares à de Ryan, e juntou-se aos outros dois no estande. Não demorou para que Nyx também agregasse com sua presença, veias metálicas percorrendo sua pele e um conjunto cinzento, composto de uma calça justa e uma blusa com mangas longas e largas, envolvendo seu pequeno corpo.

Ela afirmou que eles não deveriam beber tanto, e é claro, foi ignorada.

Era evidente que se arrependeriam no dia seguinte e Nyx iria calmamente jogar isso na cara deles, mas por hora era um momento para festejar, então eles festejaram.

Um pouco mais afastada, estava Neco. Ela observava a animação enquanto comia um aperitivo com frutas e pedacinhos de carne. Parecia com uma pequena fada, com aquele vestido amarelado que lembrava uma flor, por conta dos inúmeros pedaços de tecido que formavam sua saia. As suas tatuagens eram simples e estruturadas, como o solo. Ela ergueu a cabeça para observar quem vinha em sua direção, uma pessoa alta que definitivamente não era um elfo. Era Sean, com marcas em formas de garras percorrendo o corpo e listras brancas que contrastavam com a pele morena. Ele estava usando roxo, apenas uma calça.

Estendeu uma mão para ela, provavelmente chamando-a para uma dança. E Neco foi.

Gravor também fora marcado com muitas listras, mas ele optara pela cor laranja, e preferiu usar um colete a ficar com o torso totalmente nu. Encontrava-se um pouco mais afastado da fogueira, observando a dança, os amigos que bebiam e toda a decoração, repleta de flores trançadas com extremo carinho e dedicação. Ele também podia ver Helbrand e Kyria, Levih e Alyss. Todos de alguma forma se divertindo, todos aproveitando o momento.

Ele decidiu deixar seus próprios pensamentos de lado, e juntou-se ao grupo que bebia.

Os minutos passavam, as músicas mudavam de ritmo e a noite ia ficando, ao mesmo tempo que mais profunda, mais iluminada com a luz do festival e das próprias estrelas. Em meio a tanta duvida sobre o que poderia acontecer nos dias vindouros, havia aquele lugar, um paraíso num canto do mundo, onde por ao menos uma única noite, ninguém tinha nada a temer.

 

Em um dado momento, a música parou. O príncipe chamou a atenção de todos os presentes para o céu. Um risco pálido singrou o firmamento. Depois outro, e então vários. Gradativamente, uma chuva de estrelas cadentes tomou a noite, competindo com seu manto negro. Havia apenas silêncio, e olhos que observavam a mesma direção, alguns admirados, outros apenas encantados.

O Vale das Estrelas não era o único lugar de Meroé onde ocorria aquele fenômeno. Nas outras cidades, criaturas de toda raça também vislumbravam-no, a maioria parava tudo o que estava fazendo pela mesma razão. Até mesmo um certo grupo que conspirava para libertar Pesadelo viu as estrelas caírem.

Mas era certo que, em nenhum outro ponto de Meroé, havia tanta harmonia e reverência naquele momento.

Então, tão repentinamente quanto começara, a chuva de estrelas cadentes cessou por completo. O som do violino e das flautas foi recomeçando, lento e constante, até agilizar para uma música festiva novamente. As rodas de crianças elficas foram montadas, e os dançarinos começaram a circundar as fogueiras. E, fosse pela energia contagiosa que aquele momento trazia, fosse puramente por conta da bebida, após alguns minutos, todos estavam dando voltas ao redor das chamas e cantando juntos.

E assim o festival das flores foi seguindo noite adentro, até que a última fagulha se apagou, o sono começou a chegar e as últimas estrelas foram escondidas pelo alvorecer.


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Notas finais do capítulo

Bem, por hoje é só, pessoal. Foi curto, mas espero ter dado uma ideia básica do que foi o Festival das Flores no Vale das Estrelas. A partir de agora voltamos com a programação normal (que contém capítulos gigantes e tretas) e logo iniciaremos o penúltimo arco de CDP.
Sim, eu sei, vocês já estão de saco cheio de mim, mas tenham paciência. q

Eu preferi deixar apenas uma visão geral do festival para não extender demais, considerando que a última festa, o Baile de Máscaras, foi partido em dois e tinha muito menos protagonistas envolvidos.
Esse capítulo é inspirado em todos os tipos de festivais em livros que me deixaram emocionada ou feliz sem nenhuma razão aparente. O nome dele também remete a um dos livros que gosto muito, A Corte de Espinhos e Rosas, que não coincidentemente, tem uma das cenas em festivais mais bonita que já li.

Até a próxima, gente. :3
Kisses kisses para todos vocês ♥