Crônicas do Pesadelo {Interativa} escrita por Dama dos Mundos, Kaline Bogard


Capítulo 69
Não se deve irritar a Morte.


Notas iniciais do capítulo

Adivinhem quem voltou?
Yeah, sou eu mesma, renascendo das cinzas (eu digo isso tanto que devo parecer uma Fenix agora)
Enfim, demorou, mas chegou!
Como prometido, um capítulo fresquinho dos nossos amados (mas não tão amados por eles mesmos) Pesadeletes. ♥
Espero que gostem. :3



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No dia em que a Morte foi capturada, toda a Meroé pareceu estremecer. Cada um de seus habitantes conscientes, fosse sobre sua superfície ou abaixo dela, sentiu seu coração apertar. Governantes, mercenários, soldados, comerciantes… todos pararam.

Inclusive aquelas duas.

Elas estavam em meio às suas rondas, cumprindo seu papel como mensageiras dos deuses. Espex e Tenebrae não estavam no mesmo patamar daqueles que habitavam a superfície e o subterrâneo de Meroé, sua criação fora um tanto quanto diferente, para propósitos distintos… mas elas, como seres vivos, também foram capazes de sentir um desequilíbrio no mundo. E se as duas, que representavam a esperança e o desespero, não fossem capazes de perceber isso, então não existiria a mínima razão para terem sido geradas.

As duas pararam seus movimentos no mesmo instante, sincronizadas. Suas mãos também buscaram os próprios corações, atingidos por uma dor incompreensível. Elas voltaram seus olhos para o firmamento, percebendo algo que seres mortais comuns não notariam… um prenúncio de tempestade.

— Algo não está certo…

— Algo está fora do lugar…

Espex, sempre a primeira a falar, estreitou seus olhos avermelhados, aquele terror vago retumbando em sua alma forjada pela esperança. Tenebrae não parecia estar muito melhor. Ela, uma Emissária de Desespero, conhecia aquela sensação… a de que as coisas poderiam terminar de uma forma muito, muito ruim.

— O tempo está se esgotando.

— Até mesmo a Morte cedeu.

— Vamos até a mestra… — sugeriu a dama branca, descendo seu olhar para vislumbrar sua “irmã”.

— Sim.

Diante da concordância de Tenebrae, ambas deram as mãos… elas saltaram em sincronia perfeita, utilizando-se de toda a força dos músculos das pernas, causando crateras no solo onde antes estavam. Seus corpos diluíram-se em nuances de luz branca e negra, mesclando-se até que ascendessem à morada dos deuses, Cherriot.

 

oOo

 

Haviam se passado dois dias que ele estava ali, preso.

Dois dias de humilhação, tédio e o pior: longe de seus jogos.

Surm havia aprendido a muito tempo atrás, antes mesmo de Meroé ser povoada, quando ele era um deus regente em outro mundo, com sua irmã gêmea, Destiny: a Morte não deve se irritar. Em hipótese alguma.

Isso não era algo que lhe cabia… irritar-se com mortais que eventualmente viriam ao seu reino. Sua irmã, no entanto, era instável e vivia causando problemas. Ela quase matara boa parte dos Relicários por conta de uma provocação.

Não que coubesse a Surm intrometer-se em toda aquela baixaria que estava rolando nas Terras de Meróe, desde que um dos guardiões resolvera abdicar de seu posto. Ele estava ali apenas para observar e trazer para o seu reino aqueles que perecessem na guerra que viria. Porque uma batalha sem precedentes estava para ocorrer, e sua irmã frisara aquilo muitas, muitas e muitas vezes.

Ele suspirou apaticamente, mudando a posição em que estava sentado. O turbilhão de magia que o mantinha ali não havia enfraquecido com o passar dos dias, nem sequer as algemas que prendiam firmemente seus pulsos. Surm havia passado as últimas 48 horas entre lamentar o desconforto que aquela estadia forçada lhe causava, resmungar o quanto sentia saudade dos jogos com Nyele e ignorar a troça que tanto Lyla quanto Kenai faziam dele.

Bem… era o esperado, considerando que ambos gostariam de surrá-lo se tivessem a oportunidade, ele sendo um deus ou não, eles tendo chance ou nem perto disso. Surm entendia o impulso destrutivo de pessoas que nasceram para lutar… ele entendia muitas coisas, por mais que não demonstrasse. Lyla e Kenai não eram um problema.

O problema era a bruxa.

Porque, apesar dela não ter chances naturalmente contra ele, arranjara um jeito de sabotá-lo e prendê-lo. A maldita era inteligente… e ela fazia questão de esfregar isso na sua cara.

Ele não deveria mandar pessoas para seu reino antes do tempo, mas bem que adoraria quebrar o pescoço daquela vadia.

Porém, não eram os implicantes brutos que ocupavam sua atenção no momento, nem sequer Corine.

Liam Succubus estava sentado em uma cadeira a sua frente. Ele escrevia algo em um livreto, provavelmente estava estudando-o, ou recolhendo todo o tipo de informação que conseguia captar com os olhos. Ele percebera a razão pela qual o Filho de Lilith preferia observá-lo a manter contato com os outros presentes. Era notável o quão fina e tênue era a relação entre os chamados Seguidores do Pesadelo. Eles estavam unidos agora, mas não dava para saber até quando… o quão fácil seria debandá-los.

Seus objetivos eram diferentes. Suas personalidades não se suportavam mutuamente. O despertar de Pesadelo pairava sobre uma corda bamba, um emaranhado de probabilidades que tendiam levar à queda. Estranhamente, contudo, eles pareciam mais próximos de atingir seu objetivo do que era esperado.

Talvez, o deus estivesse tão curioso sobre eles quanto vice-versa.

E essa perspectiva era um tanto quanto bizarra.

— Se você perguntasse diretamente, em vez de ficar me olhando de cima a baixo, teria um resultado melhor.

Liam ergueu a cabeça do pequeno livro e observou-o fixamente. — Você não me responderia. Afinal, eu sou uma das razões para você estar aqui.

— Deveria tentar, no lugar de tomar decisões precipitadas. Além disso, a meu ver, você é o único de todos os envolvidos que tem um motivo realmente válido para seguir em frente.

— Você sabe da conexão…

— Eu sei de muitas coisas… afinal, eu sou um deus. — Surm disse, com certo desdém, apoiando os braços sobre seus joelhos. — Deve ser horrível ter uma voz murmurando mensagens enigmáticas na sua cabeça.

— Eu já me acostumei. — Liam disse. Apesar de não parecer, Surm sabia o quanto aquilo era mentira para ele mesmo. O deus sentia o cheiro do cansaço mental daquele garoto, como se fosse algo palpável.

— Não… você apenas desistiu de lutar contra. Mas mesmo essa decisão está começando a vacilar.

— Seja o que for que você espera fazer supondo coisas sobre mim, não conseguirá. — ele ficou sério… aparentemente, o deus havia atingido um nervo. Oh, bem… era apenas justo, considerando que os parceiros dele estavam atazanando-o a dois dias.

— Tão desconfiado… se está preocupado que eu faça você mudar de ideia ou tome uma decisão diferente do que normalmente tomaria, por que não vai embora? Eu estou trancafiado aqui, mas você pode ir aonde desejar.

— Alguém já lhe disse o quão insuportável você é?

— Escuto isso o tempo inteiro, tenha certeza. — Surm espreguiçou-se, ou, pelo menos, esticou o corpo o máximo que conseguia naquele espaço apertado. As algemas não ajudavam muito, também.

— Se eu perguntar… vai me responder direito, ou vai continuar usando esses jogos de palavras? — Liam ergueu novamente a cabeça. Havia tanta curiosidade em seus olhos que Surm riu. Rato de biblioteca… agora entendia o termo utilizado pelo Mokolé para referir-se ao rapaz.

— Eu jurava que você gostaria desse tipo de coisa.

— Já atingi minha cota de jogos, prefiro evitá-los por um tempo. E então?

— Pergunte. Embora eu tenha uma vaga ideia da maioria das coisas que passam pela sua cabeça.

Liam voltou a fazer uma careta, que Surm fez questão de ignorar completamente. Falar seria útil. Tudo para distrair sua mente. Ele teria preferido mil vezes um jogo de xadrez, mas duvidava que seu anfitrião fosse tão simpático a ponto de aceitar mover as peças em seu lugar.

— Você realmente pode saber de tudo?

— Eu sei o bastante. Afinal, eu estou presente nos eventos onde a morte existe, e como tal é previsível que eu note o que ocorra ao redor. Ao mesmo tempo, posso estar em vários outros lugares. Eu vou aonde quero, quando quero.

— Aparentemente, você não pode ir aonde quiser, agora.

— Haha. Agradeço pela parte que me toca.

— Se você é uma divindade onipresente, como diz ser, por que a bruxa conseguiu prendê-lo?

Surm suspirou apaticamente. Mantendo a calma… sim, ele precisava ficar calmo. Era indispensável que ele mantivesse o controle sobre si mesmo. Sua memória sabia o que ocorreria se essa fina linha fosse atravessada.

Coisas colapsando vieram à sua cabeça… ele afastou-as novamente.

— Eu não sou tão tolo para dar uma resposta que eventualmente pode voltar-se contra mim.

— Sábio da sua parte.

— Deuses precisam ser sábios. — ele fez um esgar, — A grande maioria, pelo menos.

— É estranho… — seu interrogador endireitou-se na cadeira, acertando os óculos sobre o nariz e analisando-o com o olhar. — Conversar com um deus, como se ele fosse um ser mortal. Como se fosse… acessível.

— Deveras, principalmente porque todos vocês estão acostumados à lenda do Panteão de Ordem e Caos, que fatalmente afastou-se de Meroé. Ou dos deuses elementares, que foram os primeiros a chegar nesta terra. Eu diria que esses últimos talvez lhe ofereçam essa sensação de divindade absoluta… quanto a mim, sou o que vocês costumam chamar de Deus Neutro. Eu represento pouco mais que um conceito… não posso falar muito sobre minha irmã, mas pessoalmente prefiro estar entre os mortais.

— Por quê?

— É mais divertido. — mais uma lembrança, dessa vez relativamente agradável, povoou seus pensamentos. Antes da queda de Ragadash, um certo Deus do Caos o levara para uma casa de jogos. Ele lhe ensinara algumas coisas, apesar de teoricamente ser mais novo. Entre elas, ensinara-lhe a apostar.

Hildin era uma praga traiçoeira, mas ele tinha seus pontos bons, por incrível que parecesse.

Não soube dizer se sua resposta causou desdém ou curiosidade em Liam. Na verdade, o Filho de Lilith parecia bastante confuso. Surm estalou sua língua, bocejando a seguir.

— Tanto trabalho para me capturar, e receio que vocês só serão capazes de me usar para algo tão simples…

— Por que você tem tanta certeza de que não vamos optar pelo método mais drástico?

— Veja bem… — o deus apoiou metodicamente o cotovelo sobre um dos joelhos, observando o rapaz com apatia. — Por mais ousados, infames e loucos que todos vocês podem ser… nenhum é estúpido o suficiente para desencadear meu poder. Nenhum de vocês quer ver o que vai acontecer. Isso se chama autopreservação. Instinto natural, se preferir.

Ele não ousou questionar o que ocorreria. Ah… a sutileza da mente humana, pegando informações no ar e transformando em fatos. Liam nunca saberia o que Surm havia feito, num tempo muito, muito distante. Antes de Meroé. Em um mundo que fora apagado da existência…

Mas ele previa os riscos.

Não se deve irritar a Morte.

— Pela sua boa vontade em não continuar esse assunto, eu lhe darei uma informação de graça… o que acha?

— E todas as que deu até agora, se é que alguma é realmente útil, não foram de graça?

— Considere que você está doando seu tempo para me entreter, ficar preso aqui dentro é tão entediante… — ele bocejou novamente, como que para ilustrar o seu tédio. — Loke é filho do Guardião do Santuário da Terra.

Silêncio.

Liam permanecia parado encarando-o, como se simplesmente houvesse continuado aquela conversa sem sentido, com um assunto bem menos polêmico do que a bomba que Surm acabara de jogar no ar. O deus esperou mais alguns minutos, estudando-o com o olhar, à espera de uma reação, qualquer que fosse. Ele sabia que Loke não teria mencionado sua ligação com seu progenitor… não, o amaldiçoado era uma cobra, assim como Hildin. Ele era manipulador por natureza, e não confiava em ninguém.

Então Liam já suspeitaria, de alguma forma? Ele era, sem dúvida, muito inteligente, mas conseguiria ligar os fatos a esse ponto?

O rosto neutro que ele portava – ou tentava manter, até então – começou a sofrer modificações. Perplexidade… compreensão… a última peça que faltava para construir um quadro em sua cabeça.

Ele resmungou alguma coisa inaudível, algo que Surm não precisava escutar para de fato entender, e então fitou-o, parecendo nervoso.

— Está me contando isso pensando em quê? Acha que vou soltá-lo em troca?

— Você sabe que, eventualmente, eu serei solto de alguma maneira.

Os dentes dele trincaram.

— Está tentando nos sabotar, então… uma vingança pela humilhação que fizemos você passar. É isso, não é?

— Seria… se essa informação fosse uma mentira. E você já chegou a conclusão que eu não tenho razões para dizer mentiras… ao contrário do seu parceiro de equipe. — Surm atirou as costas para trás, colocando-se deitado naquele micro-espaço, o rosto quase encostando na ventania que mantinha-o ali. — Apenas é algo que eu achei que deveria saber. Faça o que achar melhor com isso.

A próxima coisa que ele ouviu foram passos se aproximando e alguém abrindo a porta que levava àquele salão. A voz irritante da bruxa chegou a seus tímpanos, e o deus fechou os olhos, clamando mais uma vez por paciência.

— O que você está fazendo aqui?

— Eu sou um dos donos daqui, fico onde bem entender… — a voz de Liam saiu bastante ríspida. — Espero não precisar te lembrar qual é o seu lugar.

— De forma alguma, Senhor. — havia uma nota perceptível de ironia na voz dela. Era lógico… afinal, aqueles dois sabiam quem era o mais forte entre eles. — Mas devo lembrar-lhe também que o prisioneiro deseja se libertar. Não dê ouvidos às coisas que ele lhe disser.

— Não me tome por estúpido, Corine. E se acha que é tão problemático o fato dele poder falar, conjure uma mordaça mágica ou algo similar e cale-o você mesma.

Não houve mais nenhumas palavras trocadas após aquilo. Apenas o som da porta se fechando com um baque violento, então um som que parecia muito um resmungar baixo e outro abrir e fechar de porta.

Enfim… o silêncio.

Surm fechou os olhos. Quem sabe ele não conseguiria dormir um pouco, para aliviar a tensão.

 

oOo

 

Lyla acertou um potente gancho no boneco de treino que havia a sua frente. Ele espatifou-se com a força do ataque, os pedaços de madeira e palha espalhando-se pelo piso da sala que haviam mobiliado para servir como local de treinamento. Não um dos melhores locais, nem o mais prático, mas dava para aliviar o estresse. E Mordok sabia o quanto os últimos dias haviam sido estressantes para ela. Na verdade, para todos eles.

Não bastasse terem perdido mais uma Chave Principado, também perderam um parceiro da equipe… bem, não que ela estivesse sentindo muito a falta de Cedric, mas era uma mão a menos. E era óbvio que ter aquele segundo mokolé no grupo colaborava em questão da força bruta. Okay, eles até conseguiram uma bruxa para por “no lugar dele” mas Lyla não confiava em Corine. Na verdade, ela não confiava em ninguém ali, mas ela ainda possuía o mínimo de convivência com Loke, Liam e Kenai para suportar a companhia deles.

Ela pisoteou com o pé direito os restos do boneco de treino.

Kenai parecia sentido pela morte do filho, Liam estava nervoso por sabe-se lá qual razão e Loke não havia dado sinal de vida.

Ela não dava a mínima para o estado mental ou físico dos outros, porém era uma verdade que aquela jornada estava se aproximando do fim, e seria ótimo se o grupo estivesse preparado para o que estava por vir. A última Chave a ser recuperada diretamente de seu Santuário estava ali, quase à distância de um estender das suas mãos. Quando Loke retornar-se e os planos para capturarem as outras duas Chaves estivessem concluídos, eles poderiam partir.

O enigma já estava sendo solucionado, também.

Algo sobre abater a rainha do falso paraíso subterrâneo.

Ela não sabia o que queria dizer. A única coisa que sabia era que estavam prestes a iniciarem mais uma pequena batalha. E Lyla vivia para as batalhas. Não fosse por isso, não estaria com aquelas pessoas, independente deles serem Seguidores do Pesadelo ou não.

Ela também viera de uma família de propensos Seguidores. Alguns tão antigos e decrépitos que realmente viram o auge de Pesadelo. Outros que meramente eram descendentes desses, mas que mantinham a sua “Fé” que a criatura retornaria.

Lyla havia sido enfiada naquela confusão justamente por conta disso… pela família, e pelo seu próprio capricho. A vontade de ver o tão falado Pesadelo, lutar ao lado dele, destruir em seu nome.

Mas seguir um ideal é uma coisa, e seguir pessoas que seguem um ideal é outra, completamente diferente. Não era como se ela fosse arrepender-se da decisão que a levara até aquele lugar… até aquelas pessoas.

Entretanto, mesmo um general sangrento precisava de um tempo para descansar. Um momento sem preocupações e sem a probabilidade de receber uma facada por entre as costelas, ou um murro em meio a sua face, ou até mesmo um pensamento suicida em sua cabeça.

É… seus parceiros eram malditamente bons no que faziam, assim como ela era. E isso era um fato que Lyla não saberia caracterizar sendo bom ou ruim. Erguendo o pé da pilha de madeira e palha, começou a dar passos largos e ágeis em direção à saída. Ela precisava sair dali, mesmo que não soubesse o quanto Loke ainda demoraria para retornar.

Eles poderiam esperar por ela.

Que esperassem!

Lyla precisava descontar sua raiva em alguém ou alguma coisa. Não importava no que… nem que fosse em bebida. Deveria ser capaz de encontrar uma taverna, se estivesse disposta a andar um pouco. E ela certamente estava.

Reprimindo o anseio de provocar Kenai – ela ainda não o vira naquele dia – ou Surm (não teria graça se não pudesse de fato tocá-lo), Lyla atravessou a porta do aposento, passou pelo espaço que reclamara como seu quarto e capturou entre os dedos o seu mangual. Ela moveu-o contra o ar algumas vezes, testando seu peso. Não era algo realmente necessário, a mulher tinha-o por tempo o suficiente para conhecer cada peculiaridade de sua arma preferida.

Apoiou sua base contra o ombro, sentindo vagamente a esfera da ponta cutucar suas costas enquanto ela se movia. Era uma sensação vagamente reconfortante… seria melhor ainda se ela conseguisse afundar aquela esfera na cabeça de alguém.

Ela já havia atingido a porta de saída da mansão quando deparou-se com a última pessoa que desejava ver no momento. Loke entrou em seu campo de visão, galopando aquela criatura bizarra que Surm criou… qual era o nome daquele troço mesmo? Do-alguma-coisa? Ah, foda-se, ela não se importava. Importava-se menos ainda com a expressão vagamente fatigada no rosto do homem, que assim que a viu fez a criatura parar seu avanço. Era visível o quão acuado o animal estava… aparentemente havia sido complicado fazê-lo ir até ali, principalmente porque a força que capturara seu criador era tão forte naquele antro.

Só de imaginar o quanto Loke tivera de lutar para fazer aquela coisa chegar até eles, já melhorava um pouco seu humor.

— Simpático de sua parte vir me receber, docinho.

— Se você quer que eu afunde essa belezinha aqui na sua cara como boas vindas, pode falar. — ela rapidamente desencostou o mangual do ombro, deixando que a esfera caísse pesadamente sobre o chão.

— Eu preferia que você me desse suas boas vindas de uma maneira mais… agradável.

— O seu tipo de corpo não me apetece.

— Ah… a esperança é a última que morre, afinal. — ele espalmou a mão direita contra o coração. Lyla teve o ímpeto de xingá-lo, mas até ela já havia percebido que isso era inútil. Disposta a ignorá-lo, a mulher contornou-o para continuar seu caminho, desta vez segurando o mangual de maneira que a esfera balançasse lentamente de um lado para o outro. — Onde você está indo, Lyla? Não temos coisas para resolver?

— É Holdier, para você. — aquela havia se tornado quase que uma frase de efeito nas conversas entre ambos. — E você nos atrasou por alguns dias, tenho todo o direito de sair quando e pra onde eu quiser. E sinta-se satisfeito por eu não fazê-lo engolir esse mangual.

Propositalmente tornando-se surda a qualquer resposta que pudesse ouvir dele – que certamente seria destilada em ironia e a deixaria ainda mais puta do que já estava – Lyla continuou seu caminho.

Pobre daquele que acabasse cruzando-o…

 

oOo

 

— E o filho pródigo à casa torna.

Kenai mal havia deixado o quarto quando ouviu aquilo. Ele estava entocado ali pelo dia inteiro, apreciando bebida que havia surrupiado da adega de Liam e tentando colocar os pensamentos no lugar. Ele detestava ter de colocar os pensamentos no lugar. Mas após certas situações, uma discussão e um beijo que ainda não conseguia entender direito como acontecera (preocupante, ainda mais levando em consideração que ele que beijara alguém), o mokolé chegou a conclusão que precisava tirar umas horas pra meditar… ou o mais perto disso que conseguia.

Seu quarto certamente sofrera os efeitos de sua “meditação” nem um pouco controlada e altamente caótica.

— Quem é você mesmo?

— Eu sou Corine, a bruxa mais poderosa sobre Meroé e quem trouxe A Morte até nós. Ponha-se no seu lugar.

— Tá, tá, tanto faz. Estou cansado demais para o seu ego, senhorita.

Então o desgraçado traidor havia voltado. Já era hora, ele estava demorando demais para retornar e estava atrasando todos eles. Consequentemente, estava mantendo Kenai sem distrações, e isso estava mexendo com sua cabeça. Bufando, ele enfiou as mãos nos bolsos das calças largas que usava, sem se preocupar em vestir uma camisa, e caminhou na direção em que as vozes vinham.

— Quem é vivo sempre aparece. — Kenai saudou com seu habitual mal humor Loke, observando-o de cima a baixo, apenas para ter certeza do quão miserável ele lhe parecia. — Que porra fizeram com você?

— Fui preso, solto, e minha montaria não conseguia galopar em linha reta sem me atirar no chão umas vinte vezes. — a despeito da natural personalidade “animada” de Loke, ele parecia bastante mal humorado no momento, usando as mãos para bater suas roupas, retirando poeira e detritos delas. Ele passou por fim os dedos pelos cabelos, tirando algumas folhas dali, e então suspirou. — Lyla acaba de sair, o Rato de Biblioteca está sabendo?

— Nem eu fazia ideia que ela tinha saído, por que acha que eu saberia se ele tivesse sido avisado? — o mokolé trincou os dentes, cruzando os braços de maneira ameaçadora.

— Talvez porque você é o macho da relação e sua querida “esposa” deveria ser avisada do que ocorre em “sua casa”. — ele falou aquilo calmamente, como se dissesse que uma ventania estava chegando. O cérebro inquieto de Kenai demorou alguns segundos para processar a informação, mas quando o fez, um rosnado escapou de seus dentes e no segundo seguinte ele já havia levantado Loke pelo colarinho.

— Repete.

— Francamente, eu não estou com tempo nem com paciência para a sua lerdeza mental hoje. Que tal você me soltar, então podemos ambos voltar ao trabalho?

Kenai pensou em acertar a testa contra a dele ou quebrar alguns de seus dentes brancos e perfeitos, mas nesse exato momento Liam adentrou o local também, dirigindo-se a ele. — Continue segurando-o, Lagartixa.

— Por que você acha que manda em mim?

— Ah, pelo amor de Irina, faça o que eu estou mandando uma vez na vida!

— Liam… pensei que nós dois fossemos os sensatos do grupo… essa atitude não é muito sensata, sabe?

— Não venha apelar para a minha sensatez, seu mentiroso desgraçado!

— Cara… eu sou um Filho de Hildin, mentir está na minha essência.

— Eu não dou a mínima para isso.

— Certo, então você pode dizer ao menos em que eu menti? Porque sabe, eu minto sobre muita coisa, o tempo inteiro… — Loke abriu um sorriso vago, que era claramente de deboche, e Kenai rangeu os dentes, trocando olhares dele para Liam e vice-versa.

— Que droga esse cara fez, Quatro-Olhos?

O mokolé estava com certa dúvida de como agir naquela situação. Ele tinha o ímpeto bastante justificado de continuar o que estava fazendo antes de ser interrompido por Liam, mas seu instinto dizia-lhe que não era uma boa hora. Bem… o Rato de Biblioteca deveria estar irritado por alguma razão. Na verdade, ele parecia ainda mais puto depois de ouvir o apelido.

— Esse traste escondeu que é filho do maldito Guardião da Terra. É por essa razão que ele encontrou o primeiro Santuário com tanta facilidade e fez tanta questão de ir sozinho buscar a Chave.

Kenai apertou um pouco mais a pegada, aquele rosnado familiar escapando de seus lábios. — Então você tem feito a gente de idiota esse tempo todo?

Loke entrabriu os lábios para dar uma resposta qualquer, mas visivelmente pensou melhor e deu tapinhas na mão de Kenai para que este o solta-se. O que, como era de se esperar, não surtiu efeito algum.

— Você conseguiu uma informação de primeira, Liam. Eu deveria perguntar de que fonte ela é?

— Eu prefiro que você se explique.

— E eu preciso? Você aceitou minha cooperação quando me juntei a causa, em verdade nós dois usamos um ao outro para ter êxito. Você também nunca questionou meus métodos.

O olhos de Liam se estreitaram por trás dos óculos. Ele endireitou-os com um movimento típico de quem analisara a situação e atiraria umas boas verdades na cara de outra pessoa.

Kenai sabia.

Ele o conhecia por tempo o suficiente – e vira tal movimento, inúmeras vezes – para saber.

— Não se esqueça, Loke… que você não é o único aqui que sabe jogar. Mantenha isso em mente para não se surpreender mais tarde.

— Pode ter certeza que não irei.

— Também não se esqueça… — Liam murmurou pausadamente — Que você precisa das minhas habilidades para conseguir aquilo que tanto quer.

Loke não respondeu, visto que Kenai rapidamente se intrometeu no assunto. — De que porra vocês dois estão falando agora?

O Filho de Lilith ignorou-o completamente e ergueu um pouco a voz, tornando-se ríspido novamente. — Nós já perdemos um dos nossos, e quase morremos nessa última missão. Inclusive, você chegou bem mais próximo de morrer, e pelo que sei a única coisa que você valoriza é essa sua vida medíocre. Você não tem muitas opções além de colaborar com todos nós, se quisermos tomar a dianteira nessa corrida de novo.

Ele virou-se com estudada elegância, e fez seu caminho de retorno para o lugar onde estava antes. Seja ele qual fosse. Kenai olhou mais uma vez de um para o outro, parando para encarar Loke por fim, o qual permanecia com a mesma expressão divertida de sempre. Ah, ele não era tão burro quanto parecia. O mokolé sabia bem do que aquele rostinho aparentemente inofensivo era capaz de fazer. Ele podia sentir a tensão no ar, as sombras que estavam a espreita para serem convocadas se não decidisse soltar o colarinho daquele traidor logo. Kenai não sentia medo, mas por um instante fugaz Liam pareceu mais importante do que quebrar a cara de Loke e ter de lidar com consequências mais tarde. Ele abriu as mãos, que haviam tornado-se garras sem que percebesse, e deixou Loke cair como um pedaço de pano no chão.

Bem menos leve que um pedaço de pano, para ser bem sincero.

— Muito obrigado. — ele pôs-se de pé com certa dificuldade, mais uma vez batendo as palmas nas vestes para limpá-las.

— Eu estou de olho em você.

— Você não tem olhos suficientes para me vigiar, Kenai. — ele deu de ombros com despreocupação. — Mas considere que não precisarão se preocupar comigo.

Ele quase pode ouvir o “por hora” que passara pelos pensamentos do homem. Kenai decidiu deixá-lo com sua arrogância. Ele poderia afundar aquela carinha bonita no chão mais tarde.

Não precisou se apressar muito para reencontrar Liam.

Ele não era alguém que mentia, mas controlara suas emoções o suficiente na presença de Loke para aparentar vestir uma máscara. De fato, agora o rapaz mantinha a mão enfiada nas mechas de seus cabelos, bagunçando-os ainda mais, de um jeito quase que frenético.

— Se descabelar não vai resolver nada, Rato de Biblioteca.

— Se você veio me atazanar, pode ir embora, Lagartixa.

Kenai controlou, mais uma vez, o ímpeto de começar a esbravejar e encostá-lo contra a parede. Da última vez que o fizera, as coisas acabaram um pouco… estranhas. Na verdade, essa era uma das razões pelas quais ele decidira destruir o próprio quarto enquanto tentava organizar a bagunça que havia se tornado sua cabeça.

— Eu quero saber o que você está pensando disso. — Cada palavra saiu rascante, bastante rude. Nada a se fazer. Ele não tinha muito controle sobre o próprio temperamento. — Essa história do Loke ser… filho de um Guardião, seja lá o que for que isso signifique. Aliás, quem lhe disse isso?

— Surm disse.

— O deus de quinta categoria é nosso prisioneiro, óbvio que ele vai dizer esse tipo de coisa.

— Ele tem razão. Tudo se encaixa. As maquinações, as mentiras, tudo! — Liam retirou o que parecia ser um livrinho de anotações do seu bolso, folheando-o vagamente. — Loke é humano. As bençãos e maldições não conferem imortalidade ou longevidade, a menos que sejam específicas. Sabe o que isso significa?

— Não faço ideia. — Kenai respondeu, sentindo-se um pouco entediado diante de tanta informação. Odiava quando Liam começava a tagarelar um monte de coisas juntas, em vez de simplesmente dizer a ele a conclusão que chegara.

— Significa que ele foi gerado depois de Pesadelo ser trancafiado.

— Mas os guardiões não são presos aos santuários?

— Eles deveriam. Pelo visto, um deles está solto por ai. Você consegue ter a vaga noção do quanto isso é problemático? Nós temos um Guardião, quiçá tão poderoso quanto os outros que encontramos, cujo qual não sabemos nada além de que é um Filho de Hildin e provavelmente tem o mesmo poder do Loke. Nós não temos como saber se ele é capaz de interferir no que estamos fazendo… aliás, ele pode ter interferido em algum ponto e nunca saberemos!

Ele atirou bruscamente o livro contra o chão, fazendo algumas folhas se soltarem. Kenai viu-o mover o pé para chutar suas anotações longe, mas Liam parou no meio do movimento e suspirou, recobrando um pouco de calma e agachando-se para recolher o objeto e as folhas soltas, reorganizando-as.

— Se ele escondeu uma informação tão importante quanto essa, imagine o que mais pode estar escondendo?

Kenai piscou os olhos, seus músculos dos braços retesando com a fúria que ameaçava surgir outra vez. — Então por que simplesmente não nos livramos dele?

— Porque nós precisamos do poder dele, tanto quanto ele precisa de nós. E eu fui muito longe para voltar atrás. Pesadelo renascerá neste mundo, e as vozes na minha cabeça haverão de se calar… para sempre. Não me importo com o que vier depois.

Liam endireitou os óculos, subindo seu olhar do livro para Kenai. Havia algum sentimento estranho naquele olhar, diferente… algo que o mokolé não conseguiu entender. O homem ergueu-se, guardando o objeto no bolso e aproximou-se dele.

— Odeio ter de admitir, mas agora só posso confiar em você e em Lyla. Ambos são cabeças quentes demais para tentarem armar contra mim. Loke é um caso perdido e Corine… está apenas conosco por conta da grandeza e do dinheiro

— E o que te garante que eu não vá matá-lo agora mesmo?

— Você não vai. Escute, Kenai, se tudo correr certo, essa será nossa última missão. Depois disso, só restará a viagem para as Terras Abandonadas.

— E daí?

— Quando estivermos com todas as Chaves Principado em mãos… então conversaremos.

— O que? — O mokolé rangeu os dentes, andando em direção a Liam, diminuindo mais ainda a distância entre os dois. — Não estou gostando disso que você está sugerindo. Seja o que tiver que dizer, diga agora mesmo!

— Se você conseguisse manter sua boca fechada, talvez eu dissesse. — ele cutucou o peito de Kenai com a ponta do dedo indicador, no que poderia ser uma tentativa de afastá-lo, embora não houvesse muita força envolvida no gesto.

— Nós temos algumas coisas a discutir, Quatro-Olhos, e eu não vou sair daqui até…

Um estrondo que pareceu abalar todas as estruturas da mansão fez Kenai se calar. Os dois pararam de se encarar para olharem ao redor, Liam em especial levando a mão à testa.

— Uma coisa atrás da outra…

— O que foi que…?

— Loke irritando Surm. — ele se apressou em direção ao salão onde o deus deveria estar trancafiado. Muito embora o estrondo fosse um sinal bastante ruim do que poderia ter ocorrido ali. — Sinceramente… ele vai acabar matando todos nós.

 

oOo

 

Mais uma vez o salão havia sido destruído. Corine se questionava quantas vezes ela ainda teria de ajudar a colocá-lo em ordem. Se bem que, considerando as personalidades conflitantes daquele grupo e seus próprios poderes, era natural que esse tipo de coisa ocorresse.

Ela havia seguido de perto, ainda que em silêncio, a discussão anterior. Os Seguidores do Pesadelo tinham tantos conflitos entre si que a sua missão poderia ser facilmente comprometida. Era uma sorte, para eles, que Corine viera ajudá-los. Mas é claro que, mesmo com toda a ajuda que ela poderia oferecer – esperando, obviamente, por um pagamento – nada poderia salvá-los deles mesmos.

Ou melhor, nada conseguiria salvá-los da capacidade surreal que Loke tinha de irritar as pessoas.

Ela apostara todas as suas fichas que Surm seria imune àquilo. Ele estava mostrando-se paciente com todos os outros. Mas os outros não tinham controle sobre sua única obra, além do Reino dos Mortos: o Dorehan. A criatura de aparência demoníaca era vinculada a um contratante, de tal forma que suas vidas estavam atadas. Se qualquer um deles morresse, o outro morreria.

Mas Loke, por alguma razão, obtivera uma dessas criaturas. Corine estava tentada a questioná-lo como conseguira o Dorehan, já que ficara-lhe claro que ambos não tinham um contrato estabelecido entre si. Como esperado, o homem estava mais interessado no deus do que nela, o que era um absurdo tremendo demais para sequer mencionar.

Bastaram poucas palavras.

Um amontoado de ganidos da criatura, que parecia um bicho de estimação perto da Morte, incapaz de chegar ao seu criador.

Uma demonstração de que era Loke que estava no controle ali, e mais palavras zombeteiras da parte dele.

Pronto.

O salão estava um caos, várias rachaduras haviam surgido do ponto onde a ventania que circundava Surm havia por um segundo enfraquecido, deixando o poder dele vazar para o mundo exterior. O local tocado por aquele poder parecia ter apodrecido, ou meramente morrido… se é que uma casa poderia se considerar viva, aquela sala parecia muito morta agora, pelo menos aos olhos da bruxa.

Ela ainda deixou uma risada baixa escapar, ao ouvir a ameaça do deus.

Simples, vaga e aterrorizante, mesmo que Loke não tenha levado em consideração aquelas tais palavras.

— Escarnece da Morte e ousa escravizar um dos meus. Pois bem… eu garantirei a ti: Você pagará, Loke Jason Colins IV… e eu e minha irmã recolheremos sua dívida.

 


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Notas finais do capítulo

Oiiii outra vez!

+Acho que deixei o capítulo bem tenso, apesar de não achar que ele está devidamente do jeito que eu queria. Mas dessa vez consegui mostrar as perspectivas de todos os Pesadeletes de uma só vez (com exceção do Liam, mas acho que ele está espressivo o suficiente nesse cap. Hehe). Também temos Espex e Tenebrae com suas participações ocasionais. E um pouco da perspectiva do próprio Surm, que coitado, ta lá trancado, perdendo a paciência...
Vamos todos torcer para que ele não exploda, mesmo que com o Loke por perto... já que as coisas podem ficar bem feias se ele se estressar demais.

+A imagem do dia é do Liam. Okay, eu sei que não está muuuuuuuuito Liam, mas eu queria ao menos o óculos, que é a marca registrada dele. E, bem, todas as imagens dessa sequência eram de Legend of Cryptids, não queria fugir disso apenas na última (já basta ter perdido a fonte que eu costumava usar na ultima formatação).
Enfim, isso marca o fim da nossa sequência de imagens do cast atual. Estou pensando em usar imagens de outros personagens que não estejam no círculo principal de protagonistas e antagonistas, para variar um pouco.
Se tiverem uma sugestão sou toda ouvidos. ♥

+Com esse cap estamos próximos de terminar esse pequeno, hum... Interlúdio? Bem, como vocês podem ver tudo está caminhando para o final. Vai ser um final um pouco mais demorado do que eu esperava, já que to levando meses pra escrever um cap, mas uma hora ele vai sair, tenham fé!

+No mais, espero que tenham gostado desse capítulo, e até breve, pessoal!
Kisses kisses para todos. ♥



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