Chuva de flores escrita por tenten25689


Capítulo 14
Vida de rico não é fácil




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Alguns dias mais tarde, quando Michele estava chegando para nadar, encontrou Safira olhando a piscina com carinho.
–Olá Safira, tudo bem?
–Tudo sim... Só vim pegar uns documentos que estavam na secretaria do colegio. Vou pedir transferencia pra universidade de Paris.
–Quer dizer que você não vai mais voltar para o Brasil?
–Voltar eu volto... Mas não moro mais aqui. Voltarei pra férias. Tenho uma casinha simples aqui perto que será minha casa de férias, quando eu não estiver na faculdade nem trabalhando. Agora venha, quero lhe mostrar uma coisa.
–Sim, eu recentemente ganhei um campeonato pelo Elite.
–Então tenho algo para lhe mostrar.
E elas foram até a sala de trofeus do colégio, onde tinha um canto separado, escrito "era de ouro".
–Talvez nunca tenham lhe contado o porquê que decidiram fazer aquela competiçao pela qual voce conseguiu a bolsa para estudar no Elite.
–Exato. Até hoje nao sei.
–Bom, a verdade é que o Elite so teve duas vezes alunos bons em natação: o irmão do Renato, e a minha geração, chamada "era de ouro".
–Por quê?
–Bom, nessa epoca o Elite era imbatível em todas as categorias: tinha alunos gênios em todas as materias, e em todos os esportes só dava o Elite nas competições entre as escolas. Inclusive na natação, onde tinhamos eu e meus amigos. Porem, após o ultimo nadador se formar, ninguem mais se interessou por nataçao no colégio, e a direção nao aguentava mais, precisava de alguém. Por isso fez a bolsa e aqui esta você.
–Que coisa, nunca imaginei que fosse assim - e sorriu, olhando as medalhas.
–Achei. Olha eu aqui, eu tinha a sua idade, mais ou menos. - e mostrou uma foto com toda a "equipe de ouro" junta. - E ali na frente, uma foto do Tomas. - e apontou uma onde um jovem muito bonito, parecido com o Renato mas de cabelo mais escuro, ao lado de quem deveria ser a diretora da escola da sua época.
–Como ele parece o Renato!
–Sim, mas eles são pessoas completamente diferentes.
–Lion e Alex me contaram a historia da família Moreira...
–Ótimo, me poupou de contar uma história que nao gosto nem um pouco. Mas enfim, depois da minha época, passaram-se alguns anos sem nenhum aluno se interessar mais por natação, até pensaram em dar bolsa na época, mas a diretora era contra. Sabe quem era a diretora do colegio então?
–Não...
–A avó do Fernando. A família Ribeiro era dona do Elite. Porém, quando ela faleceu, os pais de Fernando decidiram vender o Elite, achando que tinham dinheiro o suficiente para se manter sem o lucro do colégio, com todos os outros empreendimentos que eles são donos. Com a nova administração, eles começaram a ser mais tolerantes, aceitando novos ricos como o Miguel e criando bolsas, como a sua. A família Ribeiro é bem rígida e tradicional, nunca aceitariam pessoas assim. Não queira conhecer a mãe do Fernando, ela é a pior pessoa que conheci, pior que meus pais.
–Que coisa, não? E eu não me conformo tambem com os pais do Renato que o tratavam tao mal...
–É normal no mundo dos ricos ter um filho favorito. Eu, por exemplo, não sou filha unica. Tenho uma irmã mais nova. Porem ela tem Sindrome de Down, e meus pais a escondem.
–Caramba!
–Pois é. Sabe a casa que eu disse que vou usar nas ferias? É onde ela mora. Irei leva-la comigo para Paris, pois ela ficará muito sozinha. Quer conhecê-la?
–Claro!
E elas foram até a casa. Não era nada comparada a casa de Safira, parecia mais a casa de Michele, uma casinha bem simples ao lado de enormes mansões dos Jardins.
Lá dentro, apareceu a irmã de Safira, uma menina muito bonita de cabelos cacheados, com os olhos puxados, tipicos de quem possui Sindrome de Down.
–Mana!
–Ola, Iris! - e Safira abraçou bem apertado sua irmã. - Iris, esta é Michele, minha nova amiga.
–Ola Michele, você é muito bonita, sabia?
–Ora, muito obrigada, Iris! Você também é muito bonita! - respondeu Michele.
Então as três entraram na casa, onde Iris morava com sua babá. Michele notou que a casa por dentro nao parecia em nada as chiques mansões onde Fernando e Safira moravam.
–Mana, eu tenho uma noticia para você.
–Diga mana.
–Eu irei morar lá para Paris a partir de agora. E estou lhe convidando para vir morar comigo, o que acha?
–Jura? Claro que eu aceito! Mas e a Maria?
Maria era o nome da babá.
–Logico que Maria vem conosco!
Maria sorriu. Sabia do enorme carinho que a Safira tinha pela irmazinha. E também se sentiu honrada por ser convidada a morar em Paris. Sem filhos, nem marido, a unica familia que ela tinha eram as duas.
–Fico lisongeada Safira. Seria um enorme prazer morar com vocês la!
–E o titio Renato? Vem tambem? - perguntou Iris.
–Não... Ele precisa terminar os estudos aqui no Brasil.
Michele se esquecera completamente de Renato. Notou uma cara triste em Safira.
Depois de comerem um lanche na casa de Iris, Safira a levou para sua casa.
–Tem uma coisa que eu quero lhe dar, Michele.
E entrou no seu quarto, seguida por Michele. Michele se sentou na cama.
–Lembra-se daqueles sapatos que você usou no navio?
–Sim, por quê?
–Eles são seus agora.
–Mas... Eles são muito caros!
–Não tem problema, eu sou modelo, lembra? Sempre ganho novos sapatos. Eles são seus, ok? Eles vão te levar pra onde voce quiser.
Então Michele segurou a mão de Safira.
–Safira... Repense bem nessa sua viagem!
–Que foi Michele?
–O Renato! Ele te ama! Você não pode deixá-lo aqui!
–Eu já pensei sobre o Renato, e decidi ir... Não posso deixar meus sonhos de lado por causa dele.
–Eu lhe peço, pense mais um pouco... Todas as vezes que ele fala em você, ele sorri, mas agora ele anda muito triste, cabisbaixo... Ele vai sofrer muito sem você!
–Olha Michele, tem coisas na vida que não são tão simples assim... Eu queria ficar, mas nao posso.
Michele decidiu ir embora, pois estava tarde. Porém, no caminho até a porta de saída da casa, se encontrou com o Renato.
–Quem te pediu pra fazer o que fez?
–Ninguém...
–Exatamente, EU não te pedi pra falar com ela sobre mim! Você nao precisava fazer isso, ok?
–E vai deixá-la partir assim? Sem nem ao menos lutar por isso?
–Eu já tentei impedí-la antes! Deixe-me em paz.
Então Michele percebeu o erro. E foi chorando para casa.


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