Era um simples chá da tarde, com canecas fundas e feitas a mão e com um pedaço de terra do fundo da floresta, aquelas que podemos saborear seus sais minerais.

–Sem perguntas? – pergunto Magdalena curiosa pelos netos não perguntarem nada que envolvessem bruxas aquela tarde.

Os dois se olharam com uma cara que tinham um linda pergunta para disparar.

–Vamos passar pelo conselho?

–Cla-claro – disse a velha se engasgando com o chá.

–Quando? – perguntou o garoto com olhos arregalados.

–Aos 16 anos passamos pelo conselho apenas para testar nossa magia, mas aos 20 passamos pelo conselho novamente para resolver em que lado ficaremos e o tanto de magia que podemos administrar, cada um tem um tanto de magia em si!

–Como é o conselho? – disse garota não tão curiosa.

–Fica no meio da floresta, precisamos lançar um feitiço em si para podermos enxergar o palácio que é o conselho, e lá dentro é tudo bem lindo e arrumado, vão saber quando completarem seus 16 anos!

***

Samantha

A loja de brinquedos estava quase cheia, mas ainda sim tinha uma fila vazia. Ângelo não fazia a menor idéia do que comprar, ele ficava perguntando a toda hora.

–Será que ele vai gostar?

Eu não sabia o que responder. Tive irmãos menores e nunca tive duvida do que comprar já que eles me pediam e então eu não precisava escolher, meus irmãos viviam falando “eu quero”, e eu sempre mantinha a atenção para que em épocas como aniversario ou natal soubesse exatamente o que comprar!

–Bem, o que seu filho gosta de fazer ver...- disse tentando pensarm em algo.

–Não sei! – ele diz as palavras como se tivesse lendo um relatório amargo. – Bem ele gosta de vídeo-games, mas não sei o gênero, mas ele também gosta de ler aqueles livros filmes!

–Ah, então estamos no lugar errado – digo parando o que estava fazendo e o encarando.

–o que? – ele disse com uma cara de duvida.

–Vamos aqui do lado tem uma livraria, sei bem o tipo de gênero que esses garotos gostam! Eu tenho irmãos adolescentes e eu também amo ler esses livros filmes – começo a soltar uma risada ‘livro filme’, achei engraçado e chocante ao mesmo tempo.

A livraria deixava Ângelo confuso como se não soubesse o que fazer ali, ele observou algumas prateleira e depois se virou para mim surpreso.

–O que vim fazer aqui mesmo? – ele diz com muita duvida.

–Livraria...- digo tentando explicar o obvio.

–...- ele tenta falar alguma coisa, mas parece que as palavras ficam presas na garganta.

–Livro Ângelo! Não vamos comprar algo que seu filho não curta como brinquedos! Precisamos que ele saiba que você sabe do que ele gosta!

–Confuso, mas entendi! – ele diz e volta a procurar algum livro.

–Olha! – digo estendo Maze Runner para Ângelo.

–Legal, mas o que fala?

–Sobre adolescentes presos em um labirinto, sem memória e...

–Não vou comprar essa babaquice para meu filho! – ele diz abaixando o livro.

–Não é o que você quer! – digo levantando-o novamente. – Seu filho é prioridade.

–O.k, mas se ele não gostar?- ele diz abismado.

–Você troca! – fico com raiva e sigo para o caixa.

O lugar é tão bonito que não quero sair da livraria, o cheiro de paginas novas, o chão de madeira polida, as prateleiras que acomodam tanta diversidade que é impossível contar os inúmeros títulos de livros que existem naquele lugar, simplesmente perfeito.

–Obrigado – Ângelo diz ao sairmos.

–Pelo...

–Me ajudar, eu provavelmente iria comprar um carrinho como sempre! – ele diz sorrindo.

–Precisa observar seu filho sr. Michelangelo – digo arqueando uma sobrancelha.

–Aqui – ele diz correndo de um modo lerdo ate uma cafeteria com um cheiro delicioso de café feito na hora.

–O cheiro esta bom – digo me sentando em uma cadeira que estava totalmente gelada.

–Aqui! – ele diz para um homem de terno com uma bandeja prateada. -Eu quero um café com leite...

–E eu um chocolate quente tamanho médio. – digo sorrindo para Ângelo, tenho a sensação que nos daremos bem, é estranho tomar um café na rua com o meu chefe.

Começo a olhar para os lados já que estamos sem assunto, então os olhos mais bonitos que já vi cruzam comigo, Simon!

Ele esta me encarando com lagrimas nos olhos, sinto um aperto no peito, preciso ir lá.

–Ai nossa! – digo me levantando.

– O-o que foi? – ele diz quase se levantando.

–Fique ai! – digo olhando para Simon.- Meu irmão que mora na França veio visitar minha família, mas eu não pude vê-lo vou lá rapidinho!

–Chame-o para um café – ele diz confuso.

–Ele só quer me dar oi, é anti-social então...- faço um sinal de parada com a mão. – Não saia daí! – corro na direção de Simon.

***

–Simon – digo ofegante.

–Quem é esse seu amigo? – ele diz furioso.

–Meu chefe! – digo tentando ser mais furiosa ainda. – Porque ta aqui?

–Porque eu...

–Eu... – digo curiosa demais para acalmar minha respiração.

–Um trato! Eu não vinha para cá por uma razão! Antes de ti conhecer eu namorei uma bruxa negra assim como eu, e um dia ela descobriu que eu não sentia nada por ela, então me lançou uma maldição em mim, eu só poderia atravessar para outro mundo se ficasse mais poderoso! – ele olha para baixo – Eu tive que matar uma bruxa, quer dizer retirar um terço do seu poder, pode fazer um pouco de falta, mas...

–Ai que burrada – eu digo encarando meus pés.

– Não sei o que fazer, eu fui um idiota! – ele começa a bater sua cabeça contra a parede atrás dele.

–Volta pra sua família, tenta não pensar nisso...- digo, ou melhor, enrolo.

–Não posso – ele tem uma voz falhada e cortada por soluços.

–Eu te amo, mas não sei, você esta livre – diz e me volto para Ângelo.

–Vai embora para sempre? – ele diz ainda virado para a parede.

–Para sempre é tão forte Simon – digo ainda parada.

–Eu também te amo Samantha – ele diz e então finalmente se vira para mim.

O amor não é tudo Simon, o amor não é tudo.

–Ainda, namoramos? – diz Simon me seguindo para o café do outro lado da rua.

–Nunca namoramos – digo sendo grossa.

–Agora que estou livre podemos! – ele diz e nos aproximamos da mesa.

–Ah, Ângelo meu irmão Simon! – digo piscando para Simon.

–Prazer – ele se cumprimentam.

–Vou indo – diz Simon

–Tchau! – dou um abraço nele.

–Eu te amo – ele sussurra.