– Sonhando acordado, Damien? - Theodore jogou um balde de madeira para o irmão. Ele pegou antes que caísse, por reflexo.

– Vai me dizer que não está também? Mamãe está buscando a melhor noiva para você.

– Não nego que estou ansioso, mas também não estou animado para me prender. Você sabe que eu gosto de aproveitar a minha vida sem nenhum peso morto.

– Como você pode dizer que uma esposa é um peso morto? - Damien riu.

– Meu irmão, você sabe muito bem e acredito que até aprecia certas mulheres, as que não são de casamento.

– Então você está falando delas. Theodore, você precisa parar de frequentar essas casas de perdição...

– Não seja idiota, você sabe muito bem que até nosso pai anda por lá e você nem pode reclama irmãozinho, já passou noites de farra.

– Não sou eu que estou comprometido - Damien riu malvado

– Muito breve para falar, muito breve.

– Levantar âncora! - Capitão Estevan gritou.

A embarcação era menor que as de costume, pois não havia tantos homens. Logo partiram em direção a uma área que eles não tinham mapeado

***

– Por que você está fazendo isso comigo?! - Teresa gritou.

Teresa era uma mulher bela, mãe de duas filhas; Lucinda de vinte e dois e Olívia de dezessete.

– Eu te odeio! - Olívia gritou - Eu não tenho culpa! Vocês vivem uma vida de faixada e eu não sou obrigada a fazer o que você quer.

Teresa deu um tapa na cara de Olívia.

– Você é minha filha e enquanto estiver na minha casa, sobre meus domínios, você vai me obedecer e respeitar; seja pelo bem, seja pelo mal.

Teresa bateu a porta e foi até o comércio comprar as coisas para o jantar.

Quando a porta se fechou, Olívia desabou no chão com o rosto enfurecido e os olhos verdes brilhando com lágrimas de raiva. A vontade de Olívia era rasgar o vestido que a mãe comprou para ela usar.

Lucinda abraçou a irmã no chão.

– Você não pode falar assim com ela, é pior para você.

– Eu não quero falar sobre isso com você. Você sabe que ela me odeia,você é o troféu dela. Você foi o motivo dela herdar tudo que tem hoje! - Olívia falou.

A situação daquela família estava crítica quando se falava de harmonia. O pai de Lucinda,George, era rido e reconhecido na área do comércio de produtos e peças raras. Mas morreu, deixando Teresa com uma filha nos braços e boa parte da herança.Teresa foi obrigada a casar novamente com Cornélio, também de família rica mas com o desejo de explorar e descobrir novas coisas. Quase não parava em casa e Teresa não o amava da mesma forma que amou George. Por esses e outros motivos, Olívia tem suas próprias conclusões. Mas mães sempre amavam seus filhos, Teresa queria que Olívia fosse disciplinada, pensasse como a irmã e tivesse modos mas só estava causando problemas por ideias e por ser curiosa demais.

– Olívia...

– Cala a boca Lucy.

Liane, mãe do futuro noivo de Lucy iria conhecê-la esta noite mas isso não significava que Olívia tinha que se vestir como uma prostituta para chamar atenção. A mãe planejava o casamento da irmã mais velha mas logo ficou animada com a notícia de que Theodore tinha um irmão. Quanto mais cedo ela casasse, mais cedo sua mãe iria ficar feliz.

Entrou na grande banheira de madeira e a fundou a cabeça para ter, pelo menos, uma paz momentânea.