Quando Um Pesadelo se Torna Real escrita por Pat Black


Capítulo 2
Inferno


Notas iniciais do capítulo

Se o inferno existisse ele seria assim.



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IInferno

 

 

Estava caminhando ao que lhe pareceu horas e ao mesmo tempo dias, uma sede implacável fazendo sua boca secar e seus lábios racharem. Apesar disso não suava... Engraçado como mesmo sentido um calor que deveria superar e muito os quarenta graus, seu corpo não produzia uma gota, nem mesmo uma gotinha de suor.

 

Sua mente ao longo do caminho divagava sobre diversas coisas, algumas besteiras e possíveis explicações para estar ali. Contundo, assim como sua primeira incursão há um mundo de fantasia, universo alternativo, faz-de-conta, Terra do Nunca, ou como quisesse chamar onde se encontrava agora, não tinha explicações concretas ou certas para aquele estranho fenômeno. Só sabia que acontecera e acontecia de novo, e se pensasse muito sobre tudo isso ia acabar ficando louca, caso ainda não estivesse.

 

Olhou para os pés sem parar de caminhar questionando-se absurdamente no porque de estar sempre descalça nessas situações.

 

Olhou para o espaço a sua frente, fixando seu objetivo... Agora sentia estar mais próxima do que quer que a impulssionava... Sentia nos ossos, apesar do “horizonte” ainda parecer tão distante.

 

Raios muito mais poderosos riscavam o “céu” naquele ponto, como se bombas atômicas estivessem sendo jogadas em “Stormtown”.

 

A cada passo que dava sentia-se mais confiante de estar no caminho certo, porém mais ciente que corria perigo.

 

Tempo e espaço, como disse algum sábio, são relativos... Lia descobria isso das maneiras mais estranhas e bizarras. Pois enquanto meditava em sua maldita sorte e em como queria estar mais perto do seu objetivo, experimentou um efeito catapulta... Seu corpo foi lançado para frente a uma velocidade impressionante, mesmo que sentisse estar parada... Poderia dizer que foi como atravessar uma porta e cair durante um longo tempo.

 

Foi assim que se viu em meio ao fogo cruzado... Uma pequena criatura indefesa jogada no centro de um imenso show pirotécnico nuclear... Raios acima, abaixo, em todos os lados possíveis; muito barulho, explosões... Não como bombas... Estava mais para repicar de sinos, metal contra metal ou vidro trincando... Só que amplificado mil vezes.

 

Por todo o lado, em todo o seu raio de visão bolas de fogo caindo, ou simplesmente explodindo no ar e havia sangue, muito sangue, em toda a parte... Vermelho vivo. Em alguns locais o sangue era tão escuro e em tão grande quantidade que mais parecia petróleo a brotar do chão.

 

Não poderia dizer claramente de onde os raios partiam, muitas vezes era como observar o choque entre duas forças, tão poderosas que tudo tremia e a luz quase cegava. E o mais terrível daquilo tudo era não ter onde se esconder... Estava no que parecia ser o centro de Stormtown, e tudo era um monte de nada sangrento onde forças poderosas guerreavam.

 

Lia como uma boa menina, só pensou em correr... Bem, é claro que foi o que fez. Correu o mais que pode, escorregando algumas vezes no sangue, em gosma preta e no que quer que manchasse mais o chão... Seu objetivo estava próximo... Darkland. Aquele ponto escuro e terrivelmente assustador para onde ilogicamente se dirigia com todo o empenho de seu corpo cansado.

 

Estava ainda em desabalada carreira quando uma imensa bola de fogo caiu alguns metros à sua frente, abrindo uma cratera no chão.

 

Derrapou e teria parado mesmo que não quisesse diante do tremor resultante do impacto, que a lançou a de cara no chão.

 

O que quer que fosse pareceu uma estrela cadente. Se recompondo e com o rosto doendo Lia observou o brilho poderoso ir se extinguindo aos poucos e nada mais restar que uma leve fosforescência a emanar da cratera aberta a sua frente.

 

- Que droga de lugar é esse e que merda eu estou fazendo aqui?

 

Praguejou se erguendo e se aproximando devagar do buraco à frente. A curiosidade não era a questão, ter algumas respostas sim.

 

Por um momento não acreditou no que viu. O ser caído, brilhando fracamente diante dos seus olhos com vários ferimentos pelo corpo possuía imensas asas multicoloridas, como se alguém tivesse criado penas com pedras preciosas, onde o tom mais lindo de verde e azul se mesclavam formando uma cor que só podemos ver nas águas do mar quando são iluminadas pelos raios do Sol.

 

Suas feições eram indefinidas, cabelos longos e escuros, roupa branca, praticamente esfarrapada, mesmo assim não era possível ver sua pele ou qualquer parte de seu corpo. E estava morrendo... Aquele ser fantástico estava morrendo diante de seus olhos.

 

Quando deu um passo em direção ao anjo, pensando tolamente em tentar ajudá-lo de alguma forma, outro daqueles exuberantes seres já estava ao seu lado... Este se inclinou sobre o caído e proferiu algumas palavras, apesar de Lia não entender, soou como música... Como uma canção de ninar que uma mãe ou um pai cantam para o filho, espantando seus temores.

 

As asas da cor do mar, se ergueram e fecharam-se sobre o corpo até que aquela tênue luz se apagou e o anjo ferido sumiu no ar.

 

Quando a primeira lágrima escapou de seus olhos o anjo recém-chegado a fitou com a mais profunda incredulidade nas feições indefinidas.

 

Em um átimo de segundo... Por Deus, talvez até em menos tempo que isso, ele estava à frente de Lia, em toda a sua glória. Diferente do outro, as asas deste eram alvas e imaculadas.. E ele brilhava de um jeito que teria lhe cegado tinha certeza.

 

- Quem é você? – A voz como repicar de sinos ecoou na mente de Lia causando um desconforto momentâneo. A reação da jovem foi dar um passo para trás sem responder.

 

Era o máximo da bizarrice tê-lo ali tão calmo lhe perguntando quem era quando ao redor deles uma batalha épica se desenrolava... Por que por tudo que era sagrado, a ficha finalmente caiu para Lia.

 

Estava no inferno... No inferno, de uma história na qual era jogada pela segunda vez, e os anjos batalhavam para resgatar Dean Winchester, tentado a todo o custo chegar até ele antes que o primeiro selo fosse rompido.

 

- Você não é daqui. Não deveria estar aqui!

 

A voz na cabeça de Lia a questionava com uma nota latente de incredulidade e curiosidade. Devagar o anjo inclinou a cabeça em uma atitude tão conhecida, que não pensou muito nas conseqüências.

 

- Castiel!


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