A Exilada escrita por Fates Warn1ng


Capítulo 8
Assassinos


Notas iniciais do capítulo

Eu não estou morto kkk e hoje tem capítulo. Boa leitura.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/547505/chapter/8

Estava difícil para Riven permanecer cavalgando logo atrás de Yasuo. A chuva havia engrossado muito e os cortes que recebera a haviam feito perder uma quantidade relativamente considerável de sangue. Estava fraca e exausta. A fome e a dor também não ajudavam.

Não demorou muito para cair do cavalo, de cara no chão.

– Ai... - Deu um gemido baixo, já sentindo partes do corpo meio dormentes por causa do excesso de dor.

Yasuo se virou para ela e a fitou, com um semblante misterioso. Sinceramente, Riven não sabia o que esperar dele. No fundo, tinha um pouco de compaixão. Assim como ela, era um soldado que havia tido sua vida destruída para sempre nas praias de Ionia. Ela sabia o que aquilo significava.

Ao mesmo tempo, o rapaz fazia milhões de acusações infundadas contra si. Riven não havia matado ancião nenhum. Como poderia, se nem conseguiu nem mesmo entrar em Ionia? Seria o tal tão louco a ponto de sair de peito aberto para o campo de batalha?

– Levante-se, e monte novamente. - Seus pensamentos foram interrompidos pela voz do espadachim.

Riven simplesmente o ignorou, e ficou fitando o céu, enquanto mais gotas de chuva caiam sobre si. Sentia como se pudesse ficar ali para sempre. Como se desejasse morrer ali.

Yasuo não compartilhava do mesmo sentimento. Desceu do cavalo e caminhou até ela.

– Está tentando se matar? Antes de assumir sua culpa? Eu sinto muito, loirinha. Não vai funcionar! - Ele a pegou no colo.

Involuntariamente, Riven se apertou no pescoço dele, tentando obter algum conforto. A pele de Yasuo era tão fria, e ela se sentiu bem. "O que você está fazendo, sua louca?", uma voz disse dentro de sua cabeça. Mas estava cansada demais para dar atenção a ela.

– Yasuo... será que a gente pode parar só um pouquinho? Por favor... eu não aguento mais...

– Você não tem direito a nada! - Ele disse, mais frio que o vento e a chuva. Ainda assim, pegou os cavalos pelos cabrestos e se pôs a andar.

Riven não estava se sentindo bem. Não bastasse a chuva fria e a surra que havia levado de Vi, o próprio Yasuo lhe infligira diversos ferimentos, que não paravam de arder. A garota fechou os olhos, enquanto era carregada. Sentia sua cabeça rodando, e um frio terrível, que a fez se apertar ainda mais ao rapaz.

– Você está quente... - Ele comentou, fingindo despreocupação.

– Pois é... - Ela comentou, com voz fraca. - De que vai adiantar, se eu morrer agora?

Ele não disse nada, e continuou andando, o que irritou um pouco a loira. Odiava aquela sensação de fraqueza que dominava cada centímetro do seu corpo. Queria se libertar daquele homem, e colocá-lo no lugar dele. Já havia visto Yasuo lutar, e ele era realmente bom. Mas tinha certeza que podia vencê-lo, numa luta séria.

– Tem uma caverna perto daqui... naquelas montanhas do norte. - Suspirou. - Vamos passar a noite lá. E depois podemos seguir viagem. Ainda preciso que me diga como recuperar sua espada.

Riven só assentiu. Era capaz de prometer qualquer coisa para se livrar daquela chuva,


***************


A caverna era fria e úmida. Para completar, a escuridão lhe tornava nem mesmo um pouco acolhedora, mas, pelo menos, os protegiam do vento e da chuva. Yasuo a colocou deitada em cima de uma pedra seca, e começou a retirar suas roupas.

– O que está fazendo? - A loira disse, alarmada, despertando um pouco do estado de torpor no qual se encontrava.

– Você está com febre, não vai ficar com essas roupas molhadas! - Ele disse, sem parar o serviço. - Você tem duas opções, pode deixar, ou pode resistir. Em ambas as hipóteses, vai terminar nua do mesmo jeito.

Riven não percebeu nada além do "profissional" na fala dele - se é que poderia se chamar uma atitude daquelas de profissional -, e estava tão cansada que desistiu de impedí-lo. Yasuo logo a despiu, e se afastou, sem olhar para ela.

Logo o único som audível era o de sua própria respiração pesada. Uma sensação de solidão extrema foi, lentamente, dominando seu corpo, como o frio cada vez mais intenso que fazia seus pelos se eriçarem e seu corpo se recolher, abraçando a si mesma. Seus dentes começaram a bater, e a sensação térmica aos poucos foi se tornando desagradável.

– Ya...suo... - Ela chamou roucamente. Um segundo. Dois. Três. Nenhuma resposta. - Por favor... faz o frio parar... - Os cortes ardiam, e as manchas roxas incomodavam, mas não eram nem de perto tão incomodas como aquela temperatura baixa, já agravada pela ausência de roupas e pela febre.

– Isso vai ajudar. - Ele disse, colocando uma garrafa de alguma espécie de bebida alcóolica em sua mão.

Riven não tinha a menor intenção de beber aquilo, mas não havia opção melhor, então deu um gole profundo.

– Gasp! - Engoliu com dificuldade. - Como você consegue beber isso?

– Se não quiser, pode devolver.

Ela suspirou, e deu mais alguns goles, enquanto a sensação do álcool dominando seu corpo a distraia do frio intenso. Então arregalou os olhos, por alguns segundos, fitando a atitude inesperada do rapaz de vestir sua jaqueta de couro ao redor do tronco dela.

– Obrigada... - Ela sussurrou, de modo muito baixo, se recolhendo como podia.

Não demorou muito para pegar no sono.

Yasuo acabou suspirando, enquanto a observava. Não conseguiu evitar sentir pena da moça, naquele estado. E estaria mentindo se não houvesse parado para pensar um pouco nas palavras dela. De fato, Riven não havia entrado em Ionia. Fora parada na porta, pelo próprio Yasuo.

Mas, se não houvesse sido ela, quem poderia tê-lo matado?

Esse era o pensamento que lhe passava pela cabeça, quando escutou o som de passos. Ergueu a sobrancelha, instantaneamente sendo assaltado por um misto de curiosidade e preocupação. Quem poderia estar em seu encalço, numa noite chuvosa daquelas? Havia se certificado de matar todos os guardas de Piltover.

Assim que viu os cabelos ruivos, entretanto, não teve mais dúvida.

– Que surpresa! A putinha está acompanhada. - Katarina disse com um sorriso provocador. Na verdade, não pareceu muito animada, com a presença do rapaz.

– Que surpresa desagradável! - Yasuo emendou, em sequência. - Escória noxiana! - Deu um passo para trás, se aproximando mais da loira.

Riven ainda não estava acordada e, mesmo que estivesse, não tinha condições de lutar. "Que besteira!", Yasuo pensou. "Por que ela lutaria por alguém que quer matá-la?". O que queria dizer que ele teria que se resolver com os dois sozinho. O parceiro de Katarina estava silencioso, mas Yasuo sabia exatamente que se tratava de Talon DuConteau, seu irmão adotivo.

Katarina deixou as mãos descansarem sobre as espadas. Ela era bastante bonita, com um corpo cheio de curvas, cabelos ruivos volumosos, que escorriam até quase a cintura e olhos verdes penetrantes. Uma cicatriz profunda se desenhava sobre seu olho esquerdo. Talon usava uma roupa cinza azulada, com um capuz que lhe escondia maior parte do rosto.

– Quem diabos é você? - Ele perguntou, se aproximando a um ritmo lento, mais constante.

– Meu nome é Yasuo. E a garota está sobre minha custódia.

– Ah é? - Talon deixou um sorriso maldoso escapar do seu rosto. - Isso é o que vamos ver.

Katarina levou as mãos às facas de arremesso que estavam espalhadas por vários pontos de seu traje. Ela parecia mais um arsenal ambulante. Talon também sacou suas facas.

Yasuo não era ingênuo. Sabia que uma luta dois contra um contra assassinos experientes era uma cilada. Na melhor das hipóteses, Riven seria morta. Precisava fazer algo, e rápido.

– Estou avisando! É bom se afastarem! - Disse sacando sua katana. Na verdade estava apenas tentando ganhar tempo, enquanto pensava em alguma coisa.

Não houve resposta. Mas as facas vieram assim mesmo.

Yasuo não soube dizer quem arremessou primeiro, mas levantou a parede de vento no momento exato, bloqueando as lâminas. Instantaneamente jogou Riven sobre seu ombro esquerdo, segurando-a como um saco de batatas. Mas ela não iria cair. E precisavam sair dali rapidamente.

Katarina apareceu diante de si no momento seguinte, com duas espadas. Ela sumira da sua visão por meio segundo e aparecera ali, perto demais. Os reflexos de anos de luta do espadachim foram tudo que lhe permitiu bloquear o ataque.

Então avançou, na direção da saída da caverna, com uma estocada. Katarina rolou para o lado. Mas Yasuo sentiu a ponta da espada lhe fazendo um corte na lateral do corpo. A noxiana estava claramente lhe subestimando, ainda mais com um corpo no ombro. Aquela era a chance que precisava.

– O que está acontecendo!? - Riven gritou, alarmada.

Yasuo não tinha condições de responder. Talon era tudo que lhe separava da saída. Ele sacou suas lâminas. O ioniano não lhe daria chance de atrasá-lo.

A espada passou no vento, e um furação gigante se desenhou dentro da caverna. Talon não teve escolha, a não ser desviar. E Yasuo não perderia aquela oportunidade. Era a chance que estava esperando. Passou por Talon, e invocou um segundo furacão, lançando-o para dentro da caverna. Controlou o primeiro furacão, para seguir o caminho contrário ao que havia indicado primeiramente. Logo os dois tornados avançaram contra Katarina e Talon os empurrando mais para o fundo da caverna.

Yasuo já havia saído. Montou em um cavalo e enfiou Riven em cima do outro.

– Cavalgue, e não pergunte o porque, nem olhe para trás! - Ordenou a loira que, mesmo doente, fez o que ele pediu imediatamente.

Yasuo assassinou as duas montarias pertecentes aos assassinos, e se pôs a cavalgar no rastro da noxiana, enquanto a chuva fria escorria por seu corpo.

***************

– Filho da puta... - Katarina acariciou a lateral do seu corpo. Havia um corte considerável ali, que sangrava.

– Nós o subestimamos... - Talon admitiu, centrado. - Não deveria ter acontecido.

– Nem sabíamos que ela estaria com esse cara! Aliás, de onde ele saiu? Quem é esse filho da puta desse Yasuo?

– Não faço ideia... - Talon suspirou, percebendo os seus cavalos mortos. - Mas, quando Riven estiver bem... - Olhou a ruiva.

Katarina mordeu o lábio inferior, enquanto uma expressão de raiva se espalhava por seu rosto. Havia entendido exatamente o que ele queria dizer.

– É... vai ser um dois a dois interessante!


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Reviews?



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A Exilada" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.