A Exilada escrita por Fates Warn1ng


Capítulo 7
Reencontro


Notas iniciais do capítulo

Feliz ano novo xD Boa leitura.



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Parou o cavalo no topo do penhasco. O vento frio balançava lentamente seus longos cabelos, quase como mau agouro, mas não era suficiente para lhe amedrontar. Havia anoitecido há muito. E a chuva, finíssima, e ainda mais fria que o vento, ajudavam a reduzir ainda mais a, já precária, iluminação concedida pela lua cheia, milagrosamente aparecendo por entre as nuvens.

— Riven... - Yasuo sussurrou, esperando pacientemente. Aquele era o dia mais importante da sua vida. Nada poderia dar errado. Nada. Ele teria que garantir aquilo.

Nenhum sinal dos noxianos, o que era um bom sinal. Pelos seus cálculos, a comitiva de Piltover deveria se encontrar com o pelotão de Noxus ali. Acariciou o cabo de sua espada. Sentia a tensão aumentar, a medida que ficava impaciente. Seu coração batia alto. E ia ficando cada vez mais alto, até que o som, soava insistentemente em sua cabeça, já dolorida por causa da ressaca.

Finalmente viu as lamparinas surgindo no horizonte. Respirou fundo, e então incitou o cavalo a andar, assumindo um galope logo em seguida, para descer a ravina. Podia ver o grupo, a uma certa distância. Não saberia dizer quantos homens estavam ali, mas as 6 lamparinas eram bem visíveis. E, de qualquer modo, Yasuo iria lutar contra todos, de qualquer jeito, então aquilo não importava muito. Agora estar tão perto da pessoa que havia o feito perder tudo, isso sim importava.

Parte de si tinha medo que ela não estivesse ali, e que toda aquela sua ansiedade fosse para nada. Um medo real, difícil de controlar. Mas tinha a intuição de que ela estava ali. E, a partir daquele dia, sua história começaria a mudar.

— Quem vem lá? - Alguém da comitiva perguntou, diante da dificuldade de vê-lo.

— O vento! - Foi a resposta.

Yasuo sacou a espada e fez um corte no ar, lançando um poderoso tornado da direção do grupo. Acertou em cheio. O furacão levantou homens, cavalos e até mesmo a carruagem, os jogando todos longe. O ioniano desceu do cavalo com um sorriso no rosto. "Não morra, Riven. Não ainda", pensou.

Os tiros vieram em seguida.Mas desorganizados. E a escuridão não ajudava nem um pouco. A chuva apertava, reduzindo ainda mais a iluminação. Era hora de acabar com aquilo.

Yasuo podia se mover muito mais rápido que os humanos comuns. Havia aprendido a deslizar no vento, de modo que sua aproximação era extrema. Cada corte, um novo cadáver, entre os guardas de Piltover, completamente perdidos e assustados. Não deixou nenhum escapar. Foram 7, no total. Todos mortos em questão de segundos.

Respirou fundo, ao fim. Foi quando ouviu a voz dela.

— O que está acontecendo!? - O grito veio de dentro da carruagem, dando a certeza a Yasuo da presença da loira ali. Nunca esqueceria aquela voz.

— O que pesa mais, Riven? Sua espada ou sua consciência? - Respondeu, checando o corpo do líder. Não demorou a encontrar a chave.

— Perdão? - A voz agora assumiu um tom de dúvida. Incerto.

"Ela não sabe com quem está falando", percebeu. A ideia de ser completamente insignificante, para a pessoa que povoava seus pensamentos a todo segundo era insuportável, e o deixou irritado.

— Todo mundo tem contas a acertar, Riven! - Pegou uma das lamparinas, se aproximando da carruagem, que estava de cabeça para baixo. - Você não pode fugir de si mesma. Acredite em mim. Eu já tentei.

Encostou a lâmpada no gradeado da carruagem, aproximando seu rosto da luz. Era incrível a sensação de revê-la. Um misto de dor, raiva e angústia. A assassina do ancião. A mulher que roubou tudo que ele amava. Riven estava desconfortável lá dentro. Deitada de um modo estranho, por causa da posição da carruagem. Estava bastante machucada também. Cheia de hematomas e ferimentos pelo rosto.

— Ya... Yasuo? - A voz dela não escondeu a surpresa, bem como seu rosto.

— Então ainda se lembra de mim? Que bom. Vai facilitar as coisas. - Ele colocou a chave na fechadura e a girou. - Saia. - Disse seco, se afastando.

A loira não demorou para atender ao seu pedido.

— O que... você está fazendo aqui? - Ela olhou ao redor, percebendo a chacina realizada pelo espadachim.

Ele sorriu novamente, sentindo a boca espumar de irá.

— Você deve se lembrar da Batalha de Ionia...

— Não há um único dia que eu não me lembre.

— Então deve se lembrar de Hazhor Lonkar. Um dos anciões chefes. Que você covardemente assassinou. - Acusou com ódio, apertando o cabo da lâmina. Tinha que se segurar para não voar em cima da mulher. Se pudesse realizar sua vontade, a liquidaria ali mesmo. - Estou aqui por que eu era o seu protetor!

— Ancião? Do que você está falando? Não sei de ancião nenhum! - Riven se defendeu, fazendo uma cara de surpresa real.

Aquilo confundiu um pouco Yasuo. "Besteira, ela deve ser uma ótima atriz". Avançou então, tão rápido quanto um raio.

— Como se atreve a mentir desse jeito!? - Gritou, atacando-a. A barreira de energia esverdeada até tentou proteger a loira, mas foi rapidamente rompida, e Yasuo abriu um corte em seu rosto. - Acha que pode me enganar!? - Ele lhe deu um soco na cara, com força excessiva.

Riven caiu sentada no chão, respirando pesado. Estava desarmada, ferida e exausta. Aquilo irritou um pouco Yasuo. Qual era a graça? Qual a dificuldade em derrotá-la daquele jeito? Em humilhá-la?

— O que aconteceu com você? - Perguntou, chutando seu rosto. - Por que está tão fraca? Não aguenta uma surrinha? - Deu mais um chute. - Esse é o exemplo de guerreira noxiana? - Colocou a espada em sua garganta. - Eu deveria te matar agora...

— Então mate... - Ela cuspiu sangue, o olhando nos olhos. - Ainda não entendi porque está perdendo tanto tempo.

— Eu vou. Mas primeiro você irá comigo a Ionia. E vai admitir que matou Lonkar. - Perfurou lentamente o pescoço dela.

— Eu não matei ninguém em Ionia tirando soldados!

— Um pouco de dor pode refrescar a sua memória. - Perfurou um pouco mais.

— Nem toda a dor do mundo vai me fazer admitir um crime que não cometi! - Ela gritou, tentando resistir aquela tortura.

Ele ergueu a espada e cortou a barriga dela.

— Sua putinha! O ancião foi morto por uma técnica de vento! Quem mais poderia ter sido, além de você?

Ela estava se esforçando para não choramingar de dor, e arfava incessantemente.

— Estão acusando você injustamente. - Perguntou com dificuldade. Então riu. - Eles tem certeza que foi você. E não importa o que você diga. Eles não vão mudar de ideia. E essa injustiça não poderá ser reparada. - Passou a mão no ferimento. - Então você me acusa injustamente. Você tem certeza que fui eu. Não importa o que eu diga... você não vai mudar de ideia. É incrível como o mundo é irônico, não é?

Yasuo ficou olhando para ela, enquanto a chuva caia, cada vez mais forte. Será que ela estava dizendo a verdade? Improvável. Ele não poderia acreditar. O ancião fora morto por uma técnica de vento. Seu próprio irmão havia dito isso. Quem mais poderia ser?

— Onde está sua espada? - Perguntou, frio.

— Acho que... no compartimento de carga.
Ele assentiu lentamente, colocando a lâmina sobre a coxa da loira. Então deu um talho profundo, a fazendo gritar.

— Não me importa o que você diz. Vem comigo para Ionia! E nem pense em tentar fugir. Não irá muito longe com essa perna. E não faça nenhuma loucura. Posso te matar em um piscar de olhos. - Afastou-se, na direção da carruagem.
Aquilo não estava sendo nem um pouco como ele esperava. Não era divertido ver Riven naquele estado. Havia sido tão emocionante lutar contra ela na primeira vez.

E agora, tudo que havia dentro de si era um vazio imenso.

Encontrou a espada. Ou melhor... a metade dela?

— O que é isso? - Ele perguntou para ela, lhe mostrando sua meia lâmina.

— Minha... espada... - Respondeu com dificuldade, fitando-o nos olhos.

"Ela está perdendo muito sangue", percebeu. Aquilo não era bom.

— A espada está quebrada.

— A espada representa seu portador...

Yasuo mordeu o lábio inferior, olhando para a lâmina. Conhecia aquele tipo de arma. Uma espada rúnica. A manipulação do vento de Riven vinha daquela arma, e não de si mesmo, como era o caso dele. Sem as runas, nem ela, e muito menos a espada serviam como provas.

"Que filha da puta!", xingou, dentro de sua própria mente.

— Bom saber. Sem runas você não manipula o vento. Se não manipula o vento não tem serventia para mim. - Ergueu a espada.

Riven o olhou nos olhos. Sua expressão era completamente vazia. Sem medo, irá, raiva ou desespero. Só um vazio imenso, enquanto sangrava lentamente naquela chuva fria.

Yasuo ficou naquela posição, por vários segundos, tentando se decidir se iria finalizá-la ou não. Então fechou os olhos, e embainhou a espada. Quando tornou a abrí-los, devolveu o olhar dela.

— Você virá comigo. E vamos conseguir uma espada rúnica nova para você, pode apostar nisso. Vamos para Noxus, se preciso...

— Essa espada é Demaciana. E tudo que está quebrado pode ser reforjado.

— Noxus, Demacia, o raio que os parta. Mas eu serei livre dessa acusação. Pode apostar nisso, assassina!

Yasuo amarrou as mãos dela com uma corta que trazia em sua mochila, e prendeu a espada quebrada no compartimento de armas da sela de seu cavalo. Colocou Riven em uma das montarias provenientes dos guardas de Piltover e montou.

— Você está se tornando um inimigo de Noxus agora. Acredite em mim, não quer minha nação em seu encalço. - Riven alertou.

— Não tenho medo de nenhum deles. E você agora é minha loirinha, então cale essa boca. - Ele deu um gole em sua garrafa de sakê e colocou os cavalos para andar.

O primeiro dia de sua nova vida havia começado mal.

Ou bem.

Sinceramente, ele não saberia dizer.


**************

— Ela fugiu. Como isso é possível?

— É a Riven. Não estou surpreso. Mas veja essa carruagem. É óbvio que foi virada por uma técnica de vento.

— É... você está certo. Eu sempre soube que não dava para confiar nos imprestáveis de Piltover. Como eles deixam Riven permancer com a espada dela?

— Pelo menos isso deixa tudo mais interessante. Faz tempo que não realizo uma missão desse tipo. E minha antiga parceira será um bom teste para nossas habilidades.

— Você está sempre certo. - Ela deu risada, virando para trás. - Eu e Talon vamos atrás da fugitiva. Vocês podem voltar. - Disse para os seus subordinados.

— Só vocês dois? Mas Katarina! - O General LeFevre prostestou. - Mas como vão capturar e levar algém como Riven de volta a Noxus?

— Quem disse que vamos capturá-la? - Talon disse, entediado. - A burrice dessa guarda imprestável colocou todo o plano de execucação por água abaixo. - Chutou um dos cadáveres multilados.

— Volte, LeFevre. Volt, e avise a eles. - Katarina montou em seu próprio cavalo. - Pode avisar a eles que Riven está morta. Eu mesmo vou garantir que isso aconteça.


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