A Terra Devastada escrita por Cereal Killer


Capítulo 2
Freedom, equality and humanity




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Uma coisa realmente desagradável é você ter montado acampamento em um prédio semi-destruído ao norte de Washington e acordar, numa bela manhã, ao som de tiros e gritaria. Infelizmente, desde que sai da Vault, essas coisas desagradáveis são mais comuns que eu gostaria.
Como sempre, meu rifle de caça estava ao lado da minha cama (que é basicamente um colchão que eu tinha tido sorte de encontrar e um cobertor feito de pele de brahmin). O rifle estava carregado e eu tinha algumas granadas guardadas, pegadas ‘emprestadas’ da Brotherhood of Steel.
Fui até a janela e vi que a coisa era mais séria que pensava. Um bando de homens estava na frente de outro prédio, do outro lado da rua. Estavam a poucos metros de mim e minha posição dava uma boa vantagem para atirar. Porém, eles eram cinco e eu era apenas um. Enquanto estivesse preparando outro tiro já teria sido provavelmente alvejado pelas balas dos homens, todos armados com pistolas ou rifles de assalto.
Parei alguns segundos para analisar a situação. Os homens atiravam alguams vezes contra o outro prédio e gritavam com pessoas que deveriam estar ali. ‘Escravos imundos, saiam agora ou iremos entrar e cortar a garganta de vocês’, entre outras coisas nem um pouco agradáveis.
De uma janela do outro prédio, um homem apareceu. Armado com uma pistola de laser, ele apontou para um dos caçadores de escravos, mas foi abatido antes que pudesse atirar. Naquele momento, enquanto os homens riam e debochavam do homem que estava debruçado sobre a janela, derramando sangue na calçada, eu puxei o pino de uma granada e joguei na direção deles. Por via das dúvidas, joguei outra.
Quando eles se deram por conta que aquelas coisas rolando em seus pés eram granadas, elas já estavam prestes a explodir. Sorri enquanto a explosão jogava-os para os lados, despedaçando-os e derramando sangue na rua. Rapidamente, peguei minhas coisas e guardei meu cobertor de brahmin. Desci as escadas do meu prédio rapidamente e fui até a rua, observando o prédio vizinho.
O homem que estava na janela havia sido retirado dela, mas a mancha de sangue permaneceu. Pus as mãos em formato de concha na boca e gritei, para todos ouvirem.
– Podem sair, tá seguro aqui fora! – falei, imaginando há quanto tempo não haviam escutado algo tão amigável.
Poucos minutos se passaram, mas parecia uma eternidade. Quando já estava me preparando para chutar a porta do prédio e tirar eles de lá a força, os escravos sairam. Um deles, o primeiro a sair, estava com a pistola de laser do homem da janela. Apontou-a pra mim ao sair. Tomei posição de tiro e apontei meu rifle em direção a cabeça do homem.
– Nem pense. – disse. Claro que não eram pessoas más, obviamente, mas não era legal ter uma arma apontada para mim. Para demonstrar que eu não era hostil, guardei o rifle nas costas, bem preso pela bandoleira. O homem abaixou a arma, rapidamente.
– Podem sair. – o homem ordenou, com uma voz firme porém cansada.
Sete pessoas sairam, três homens e quatro mulheres. Todos usavam roupas feitas de pano e estavam extremamente sujos. Extremamente sujos até para o padrão de hoje em dia. Pareciam cansados e um dos homens mancava. As mulheres pareciam assustadas.
– Escravos? – perguntei, sem medo. Já sabia a resposta, mas uma confirmação não seria mal.
Todos assentiram. Pareciam assustados e sem lugar para ir. Abaixei a cabeça, um pouco abatido pela situação. Quando vi que estavam se preparando para sair, pedi que parassem.
Fui em direção aos escravistas e peguei suas armas. Tinham três pistolas 10mm e seis rifles de assalto. Nas mochilas, bastante munição. Fui até os homens e entreguei um rifle para cada um. Haviam sobrado dois rifles e as três pistolas. Dois rifles e duas pistolas para elas. Entreguei boa parte da munição para os homens, mas cuidei de entregar dois pentes para cada mulher. Eles pareciam assustados com a generosidade e um dos homens até balbuciou um ‘não tenho dinheiro, meu senhor’.
– Daqui, sigam ao sudoeste e vão para Megaton. Em hipótese alguma entrem nos metrôs e de jeito nenhum fiquem mais de um dia no mesmo lugar. Se virem a cidade de Washington, passem longe, a não ser que tenham amigos super-mutantes. Megaton é uma grande sucata retorcida no meio do deserto, impossível de errar. Encontrem Lucas Simms e digam que vocês são amigos do Johnny e ele ajudará vocês. – disse. Reuni as mochilas dos escravistas, que levavam água limpa e um pouco de carne de brahmin. – Racionem a comida e a água e vocês não passarão fome até chegarem lá. Boa sorte.
Apertei a mão dos homens e guardei uma pistola para mim, me preparando para sair. Entre uma chuva de agradecimentos, um homem fez uma pergunta.
– Qual seu nome, senhor?
– Johnny. Jonathan Thompson, camarada. – disse. Já estava preparado para sair e, com um aceno, preparei para continuar minha caminhada.
Essas pessoas rapidamente se retiraram, agradecidas e em busca de um novo – e menos hostil – lar. Essa foi a primeira vez que ajudei escravos, mas não a última. Mas não, não foi isso que me fez ter que sair da capital.


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