Eu morei lá por uma semana eu acho, mas o tempo passou tão rápido que até esqueci que tinha que ir embora. Belle insistia para eu ficar mais um dia então acabei ficando tempo demais. Acordei com o sol batendo em meu rosto. Era uma bela manha, a janela do meu quarto estava aberta e uma leve brisa tocava meu rosto, era uma brisa macia e estava acariciando minha bochecha sem parar... Essa brisa era uma mão humana.

Quanto abri os olhos deu de cara com Annabelle tocando meu rosto e com um enorme sorriso que mostrava todos os dentes, esfreguei seus cabelos os desarrumando. Dei um longo bocejo e me levantei.

Eu estava vestindo outra roupa que pertencia a seu filho. Era uma calça jeans, uma camiseta simples azul escura e um colete masculino preto. Quando me olhei no espelho parecia um ator italiano ou algo assim. Menos meu cabelo que logo tratei de arruma-lo.

Deixei o quarto para encontrar uma totalmente sedutora mesa de café da manha. Parecia melhor que o café da manha da escola, ou até melhor que qualquer café da manha que eu tive em minha casa.

Diana estava parada junto a mesa usando um vestido simples vermelho sem mangas e um avental com algumas manchas, talvez de coisas que ela cozinhou recentemente. Seu cabelo estava preso em um rabo de cavalo

–- Buongiorno – Eu disse.

–- Bom dia. Nossa você ficou bem nessa roupa. Muito bonito.

–- O-obrigado. Você também está.

Ela sorriu e eu corei.

–- Belle! – Ela chamou sua filha.

Nós três no sentamos para comer. Annabelle ficava olhando para mim a para a mãe dela, nós estávamos comendo em total silencio. Ela falava algumas coisas e sua mãe respondia entoa voltava a ficar em silencio.

E foi assim até que ela disse algo. Eu não sei o que ela disse, mas sua mãe cuspiu e engasgou com o suco que estava bebendo.

–- O que foi? – Perguntei, não entendia italiano, mas queria.

–- N-nada – Eu nunca achei que o rosto de uma mulher mais velha podia ficar tão vermelho – Não se preocupe com isso.

–- Tudo bem – Eu queria mesmo saber.

Bem, hoje era o dia em que eu ia voltar para casa, não, para casa de Alex. Era o dia onde eu ia deixar todo o conforto e uma breve sensação de calor de família para voltar a minha vida normal.

O tempo passou, mas não tanto. Diana se ofereceu para me levar. Nós seguimos pelas ruas de Capri. Andávamos cada um de um lado de Belle, com as mãos juntas. As pessoas na rua nos dirigiam sorrisos e algumas nos olhavam talvez como um casal e sua pequena filha.

–- Eles acham que você é meu filho mais velho.

–- Eu não acho que eu pareça muito com ele.

–- Mas está usando as roupas dele.

Annabelle disse algo. Sua mãe levou um susto.

–- Annabelle Giotto! – Ela ficou visivelmente alterada – Eu já disse não!

Acho que ela esqueceu de falar em italiano com sua filha, mas logo após isso ela gritou algo em italiano com a garota que fez cara feia. Continuamos nosso caminho e logo chegamos a praia, eu não fazia a mínima ideia de caminho que fizemos para chegar aqui, mas pelo menos chegamos. Felizmente, a casa de Alexandra Della Torre era muito conhecida nas redondezas.

Demoramos somente alguns minutos para chegarmos a casa gigante com as paredes de vidro. Parecia estar vazia, talvez eles estivessem me procurando no momento. Suspirei aliviado ao acharmos a casa, mas no fundo e estava um pouco triste, tentei afastar a ideia de que não ia mais ver Diana e Belle novamente. Ah, odeio despedidas.

–- Chegamos ao fim – Eu disse.

–- É... – Ela concordou – Foi bom ter você morando com a gente por um dia Daivid.

–- Foi bom morar com você... – Parei para pensar no que eu estava falando -- Vocês por um dia. Espero que possa ver vocês novamente.

–- Eu também – Ela sorriu – Ei, tenho algo para te dar.

Ela tirou algo da bolsa, e me entregou uma pequena folha de papel. Percebi que era uma fotografia. Era uma das fotos que eu vi em sua casa, umas das mais atuais onde somente ela e Belle apareciam, eu sorri ao ver a foto, mas senti um aperto no coração.

–- Obrigado. Acho que tenho que ir agora.

–- Eu sei...

–- Belle... – Eu fiquei de joelhos e dei um abraço apertado na garotinha – Vou sentir sua falta me acordando de manha. Foi legal, mas eu acho que vou ser morto por ficar uma semana fora, com certeza vou ser morto.

A garotinha disse algo, ela já havia aprendido bastante da minha língua em uma semana, então acho que ela entendeu o que eu disse.

–- Ela disse que também vai sentir sua falta – Diana explicou – E não só ela...

Imediatamente corei, eu andei corando muito esses dias, queria saber o porque. Não é nada a ver com sentir algo por uma mulher mais velha ou nada assim. É só...

–- Ah...é..hã... – Eu já estava ficando bom nisso – Tem algo que eu queria perguntar antes de você ir embora.

–- E o que seria?

–- Bem, é que quando eu estava com vocês as vezes Belle falava algo que eu não entendia, mas você respondia com algumas evasivas e hoje de manha você explodiu com ela, eu fiquei curioso desde então.

Dessa vez foi o rosto dela que ficou vermelho.

–- Não vou te dizer o que era – Ela riu – Mas eu acho que você tem uma ideia do que seja. Estou certa?

Fiz que sim com a cabeça. Ela me abraçou eu retribui. Ela então me deu um beijo na bochecha se afastou e segurou a mão de sua filha.

–- Se cuida Daivid.

Ela foi embora e me deixou na praia na frente da casa de Alex eu a vi indo embora até ela desaparecer da minha vista. Assim acabou minha aventura na casa de Diana. Resolvi entrar, somente para ver Tony andando de um lado para o outro preocupado com um telefone na orelha e Aisha sentada no sofá ela também parecia preocupada.

Anthony se distraiu ao ouviu o barulho da porta. Assim que ele me viu ele largou o telefone e correu até mim.

–- Seu merda! – Ele gritou enquanto eu levava um soco no rosto.

–- Daivid! – Aisha gritou.

Pelo menos ela me abraçou, e eu retribui o abraço dela, mas ele já estava ficando longo demais.

–- Aisha, também senti sua falta, pode me soltar agora?

Ela me soltou. Seus olhos estavam cheios de lagrimas.

–- Uma semana Daivid! – Tony disse – Uma semana, por onde você andou durante uma semana? E que roupas são essas?

–- Bem... – Eu comecei a explicar, mas meu desejo de tirar sarro era maior – Eu me perdi, então andei sem rumo pela Italia até chegar a uma época medieval onde um rei me aprisionou por eu ser um simples plebeu. Então eu fiquei preso no calabouço do rei até o dia em que o povo iniciou uma revolução e eu acabei me libertando, fugi no meio da guerra e acabei parando na casa de um estilista famoso que disse que tinha futuro como um modelo, mas eu não fiquei lá e ele me deu essa roupa, ai eu voltei. Foi isso.

Os dois me olharam sem expressão, mas a de Tony virou raiva instantaneamente.

–- Eu vou te matar.

Ele começou a apertar meu pescoço me enforcando. E eu lutava para me soltar, mas tinha que admitir que ele era forte quando queria.

–- Ei... Onde estão os outros?

Ele me soltou, Aisha olhou para o chão e Tony suspirou fundo.

–- Depois que você desapareceu na época medieval as coisas aqui ficaram um pouquinho tensas..

–- Final Anthony -- Exigi

–- Eles estão no hospital – Aisha disse – Bianca ficou mal depois que você sumiu. Hoje ela acordou terrível então meu irmão e Alexandra correram com ela para o hospital e enquanto Tony e eu procurávamos por você.

Ouvir isso foi como levar uma facada direta no peito. Bianca ficou mal por minha causa? Eu precisava vê-la, agora.

–- Eu tenho que ir lá!

–- Daivid, mantenha a calma – Tony tentou me aclamar.

–- Manter a calma. Ela está mal por minha causa e você quer que eu fique calmo? Eu preciso vê-la, eu tenho que vê-la.

–- Então vamos. – Uma voz disse da porta.

Alexandra, sua prima tinha acabado de chegar.

–- Mas no caminho eu quero saber de tudo. Vamos para o carro.