O Acampamento é muito legal. Sinto que estou vivendo as lendas de mitologia que minha mãe me contava. Um aperto surge em meu peito. Peter. Minha mãe. A saudade bate em mim como uma bola de demolição.

Procuro em minha mochila os papéis, envelopes e canetas que trouxe exatamente para isso.

Escrevo na carta como é o Acampamento, quem já conheci e pergunto se todos estão bem. Peço também que minha mãe conte à Peter onde estou. Minha mãe disse a ele que eu fui viajar com umas amigas da escola. Mas odeio mentir para Peter. Só quero que ele saiba que eu não fui viajar, quero que ele saiba que estou em um ótimo lugar. Na verdade, até espero que ele dê gargalhadas e não acredite. Mas toda criança de 9 anos acredita em tudo. Eu por exemplo, aos 9 anos acreditava que quando tivesse 11 anos, iria virar uma fada. Mas então, percebi que isso nunca aconteceria, então passei à acreditar que seria uma atriz famosa. Mas agora meu sonho desmoronou. Meu sonho agora é apenas ficar aqui, no Acampamento.

Saio do chalé para colocar a carta em uma caixa na entrada. Grover me explicou que todos os dias eles recolhem a caixa e entregam as cartas. Eles recolhem também as respostas e as entregam.

O céu está estrelado e uma fraca brisa me atinge. Está calor, mas por algum motivo, estou de calça, tênis e blusa de manga comprida. Volto ao chalé e coloco um shorts jeans vermelho e uma blusa regata preta com um panda na frente. Resolvo radicalizar também.

Em casa, eu tinha uma tinta de cabelo laranja e um pouco de pó descolorante.

Caminho até o lago e começo a descolorir as pontas do meu lindo cabelo.

Quando termino de descolorir, preparo a tinta e começo a pintar as pontas. Não tenho problemas com escuro. Sempre consigo enxergar muito bem.

Meia hora depois, vou até o chalé para tirar a tinta. Me olho no espelho e não consigo conter um sorriso.

O laranja entrou em contraste com o preto. E além disso, não tinha clareado tanto o cabelo então o laranja não ficou tão chamativo como eu previa.

Volto para o lago e encontro Percy sentado na margem, jogando pedrinhas no lago.

– Oi. – Digo

– Oi Sarah. – Ele diz

– Bem, te contei de quem eu era filha, mas você não me contou de quem era filho.

Ele dá uma risada curta.

– Eu sou filho de Poseidon. Todos os dias tenho mais uma tentativa frustrada de falar com ele.

– Mas Tyson não é seu irmão?

– Sim. Mas Tyson também é um ciclope, e não entende muitas coisas. Além disso é um péssimo espião.

– Porquê? – Pergunto

– Por que ele faz o maior barulho quando você implora para ele ficar quieto.

Nós rimos. Percy quebra o silêncio que segue.

– Podemos ser melhores amigos? – Pergunta.

Olho para ele. Seus olhos são azuis. Na verdade, são lindos.

– Que pergunta Percy. Claro que sim! – Pego uma pedrinha e jogo ela também. Mas ao tocar na água ela acende.

– Agora não há dúvidas de que você vai acabar conseguindo materializar raios sozinha.

Rimos de novo. Mas dessa vez Percy vai para o seu chalé e eu vou para o meu.

Não estou com o mínimo sono, então começo a desenhar. Nunca fui muito boa em desenhos mas ao finalizar meu desenho, percebo que fiz um único raio que forma uma pessoa. Fiz o meu pai.

Automaticamente coloco o desenho na parede com um pouco de durex e deitei na cama, de bruços, olhando para o desenho até adormecer.